Blanket Kick escrita por beaeqn


Capítulo 8
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As aulas passaram muito rápido e eu combinei de me encontrar com as duas meninas na cafeteria próxima ao campus. Para ser honesta, eu realmente queria virar amiga delas, já que as únicas pessoas com quem eu tinha contato na Coreia era meu irmão, meu pai e um idol abusado que tinha decidido não dar as caras depois de me beijar. Eu precisava de amigos. Por mais que sempre nos ligássemos, as meninas tinha suas próprias vidas no Brasil e não podiam ficar solucionando meus dramas por telefone todos os dias, até porque o fuso horário e o preço das ligações e da internet não colaboravam. Eu estava cada vez mais vidrada em Jimin e necessitava que alguém me ouvisse e me ajudasse a sair ilesa daquela situação. Talvez não fosse uma boa ideia comentar com as duas garotas que eu, a estrangeira sempre atrasada, tinha ficado com Park Jimin, o cantor queridinho da Coreia. É sério, parecia que todo mundo naquele país o adorava e era fã de seu grupo.

Estava tão distraída no caminho e centrada em meus pensamentos que só percebi que havia chegado ao local combinado quando esbarrei em Aram, a loira.

Aigoo, você deveria prestar mais atenção por onde anda! - ela ralhou com os braços cruzados.

Omo, me desculpe. Eu serei mais atenciosa - pedi perdão fazendo uma reverência. Ótima forma de começar, Mei. Eu tive a impressão que a coreana não gostava muito de mim, o que poderia dificultar minha vida e...

—Alô, tem alguém aí? - ela perguntou, estalando os dedos na minha cara - Não vai entrar?

Dizendo isso, foi para dentro do restaurante e eu a segui. Era um lugar muito amigável, com algumas mesas espalhadas pelo salão e com o caixa e a cozinha em um patamar mais alto, como um palco. De fato, havia um tablado no canto direito do restaurante, onde eu pude ver um piano, alguns suportes para microfone e violão.

—Você toca alguma coisa?

Me virei para encontrar a dona da doce voz e dei de cara com a outra colega de classe, Yoona. Agora mais de perto pude percebia que ela tinha umas pequenas sardas perto dos olhos e cílios muito longos. Bonita, muito bonita.

—Hein? Você é sempre assim?

—Assim como?

—Desligada! Parece que vive no mundo da lua! - nós duas começamos a rir e nos viramos com uma terceira pessoa chamou por seu nome. Yoona se dirigiu à uma mesa com outras duas garotas, Aram e uma desconhecida por mim, e um garoto, que parecia muito mais novo do que elas. - Gente, essa é moça de quem eu estava falando antes, a Mei. Mei, esses são Myung-Hee e o George. Ah, aquela é a Aram, mas vocês já se conhecem!

Acenei para todos e puxei uma cadeira para mim. Ficamos ali jogando conversa fora por quase 3 horas e descobri várias coisas sobre eles. George, por exemplo, também está fazendo intercâmbio e é de Nova Jérsia (New Jersey); Aram não faz curso de Dança, ela é de Música, mas a obrigaram a assistir a pelo menos uma aula de coreografia e por isso sempre toma bomba nessa matéria; Myung-Hee faz Computação e já vai terminar esse ano; Yoona falava muito e muito rápido, então eu mal consegui acompanhar, mas ela também é gente boa. Pra falar a verdade, todos foram bem legais e estavam tentando me deixar confortável, puxando assuntos divertidos e perguntando sobre minha vida.

—Então, vamos logo ao assunto: como é fazer dupla com Jimin? - Yoona perguntou falando baixo, mas gesticulando muito.

—Hã... é normal. Ele é gente boa.

—Ah, fala sério! Tudo o que você tem a dizer sobre Park Jimin é que ele é "gente boa"? - Aram me cortou, revirando os olhos. Tudo bem, eu tinha muitas outras coisas pra falar sobre Jimin, mas eu não podia escorregar acabar falando o que realmente aconteceu entre nós. Pra ele, eu não sabia que ele era um cantor mundialmente famoso, então eu deveria repetir a história para os outros também. Assim não haveria nenhuma possibilidade de minha mentirinha ser descoberta.

—O que ele tem de tão especial? Ele dança bem e é só isso.

—Você não sabe quem ele é?!

—Não...

Todos começaram a rir e me "explicaram" quem ele era. Aparentemente, Jimin era bem reservado fora dos palcos e das câmeras e sempre ficava sozinho durante as aulas e intervalos, por isso todos estranharam ele ter se voluntariado para ser minha dupla. Sua postura era compreensível, tendo em vista a atenção que ele recebia a todo momento e a preocupação de sempre fazer a coisa certa para não sujar a imagem de seu grupo. Que gracinha de pessoa.

—Bom, ele era legal, mas isso não importa mais, né? Ele saiu da faculdade... - por minha culpa, pensei. Eu só conseguia pensar em uma opção: a BigHit descobriu que ele ficou com uma colega e como punição, o obrigou a sair do curso. Tudo bem que a empresa não tem nenhuma restrição aos meninos namorarem, mas ainda assim eles não devem desejar seus maiores sucessos se distraindo com garotas (os).

—O quê? Ele não saiu da escola! Ele só está em turnê pelo resto da Ásia. - Aram me repreendeu me olhando como se eu fosse a pessoa mais burra do Universo.

—É mesmo? Então eu não vou ver a dupla de vocês até o final do semestre?

—Não... Ele volta em mais ou menos 2 meses - Yoona falou aparentando tristeza. Ok, essa menina é muito fofa.

A conversa engatou em uma fofoca sobre algum k-idol que foi pego beijando uma menina, mas eu não conseguia me concentrar em mais nada. Então quer dizer que Jimin não largou a faculdade? E que nada disso foi minha culpa? O alívio me preenche e solto a respiração que eu nem sabia que estava perdendo. Pera, então você não vai ver o Jimin por mais dois meses! Não, isso não podia acontecer. Eu precisava ter algum contato com ele; uma carta, telegrama, ligação, sinal de fumaça, que seja! Eu só não podia me abster do Park. De repente, me lembro de um papelzinho, que teria uma função crucial no desenrolar da história, que eu abandonei na bolsa logo depois de ter saído do avião. Ele tinha me dado seu número de telefone pessoal. Eu podia falar com ele! Mas será que não é muito invasivo eu mandar mensagem pra ele assim? Nah, se ele me deu, queria que eu ligasse, certo?

—Gente, eu preciso ir embora agora.

—Ué, por quê?

—Me-meu pai pediu pra eu chegar cedo em casa. A gente vai... a gente vai ter um jantar especial. É! Um jantar especial e eu tenho que estar cedo em casa - o nervosismo era claro em meu rosto e Aram com certeza percebeu que eu estava mentindo, mas não fez nenhum comentário à respeito. Me despedi de todos com uma reverência e saí apressada pela rua. Eu tinha urgência em tentar contatar Jimin. 

Corri até meu prédio e nem esperei o elevador; subi os 11 lances de escada em tempo recorde e entrei esbaforida em casa. Estava tão focada em ligar para ele que nem me preocupei com a bagunça que estava deixando pelo caminho ou com a minha respiração descompassada; eu só precisava falar com ele.

—Argh, onde diabos está aquele papel?! - eu revirava meu quarto em busca da bolsa que usei na viagem, mas ela parecia ter evaporado - Aaaaaaah, que ódio! - avisto a bolsa em cima da minha cadeira depois de 10 minutos revirando o quarto inteiro. Tiro tudo de dentro e, para minha alegria, encontro o bilhetinho com os números escritos em uma caligrafia desajeitada. É agora ou nunca. 

 Oi

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Depois de duas horas (DUAS HORAS!) em frente ao celular, esperando uma resposta, desisti. Eu sabia que ele iria me eixar no vácuo. Provavelmente ele fica com mil meninas diferentes por semana e eu fui só mais uma. Arrumei meu quarto, adiantei uns trabalhos para a faculdade, liguei para as meninas e desci para jantar com meu irmão.

—Kwan, onde está o pai? Ele some às vezes e só volta no outro dia... ele trabalha tanto assim? - nós estávamos na cozinha, preparando arroz e frango quando me dei conta que nosso pai ainda não havia chegado. Meu irmão deu um sorriso e uma risadinha, resmungando que eu era muito ingênua. Eu hein, menino maluco. 

Comemos assistindo à Stranger Things e só paramos depois de meia-noite. Subi para o meu quarto e fui mandar mensagem para minha mãe quando tive uma surpresa. Soltei involuntariamente um gritinho e me joguei na cama, beijando a tela do celular.

Jimin: Oi 

Jimin: Senti sua falta.


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