Se Brenda fosse comparar Cecil com algo, ela compararia com uma pantera negra. Não apenas porque o cabelo de Cecil, liso e sempre preso, era completamente negro.

Cecil movia-se de forma silenciosa, majestosa, imponente. Olhos afiados, penetrantes. Intimidantes.

Mesmo lutando, Cecil era incomparavelmente elegante. Parecia uma dança, e Brenda se sentia hipnotizada.

Geórgia podia ser a mais observadora do grupo. Kevan era focado e atento. Luca era atencioso. Brenda, sinceramente, era bem distraída. Ainda assim, ela prestava mais atenção em Cecil do que qualquer outro dos seus amigos.

Brenda não saberia dizer quando começou a fazer isso, mas se tornou um hábito.

Ela observava Cecil desde os primeiros momentos do dia, em que os cinco jovens soldados se levantavam para o café da manhã, entre bocejos e desejos de bom dia.

Ela observava Cecil até os últimos momentos do dia, em que os cinco jovens soldados se deitavam para dormir, entre desejos cansados de boa noite.

Brenda notou, por exemplo, que a fruta favorita de Cecil era o pêssego. E que Cecil gostava de beber água pura mais do que qualquer outra bebida. E Cecil jamais bebia nada com álcool.

Brenda notou que os olhos de Cecil eram completamente negros, como o seu cabelo. E que Cecil tinha dois centímetros de altura a mais do que a própria Brenda.

Brenda notou que Cecil jamais elevava seu tom de voz, independentemente de seu humor ou da situação.

Brenda notou que Cecil era pacifista. Isso jamais foi dito em voz alta. Porém, mesmo no caos da batalha, Cecil ainda tomava o cuidado de derrotar seus inimigos sem tirar suas vidas. Cecil não matava.

Cecil sempre fora pacifista? Brenda tentou se lembrar se alguma vez vira Cecil matar algum inimigo, mas não tinha certeza.

Isso apenas tornou Cecil mais fascinante aos seus olhos.

Cecil era um conjunto de perguntas sem respostas para as pessoas ao seu redor. Não falava sobre sua família ou como cresceu. Brenda tinha vontade de saber mais.

Cecil cuidava dos machucados dos seus companheiros, quando necessário. Sua mãe é médica, elx comentou de forma distraída certa vez, em meio a uma conversa despreocupada, e Cecil aprendeu o básico com ela. Cecil também queria seguir o caminho da medicina.

Em vez disso, Cecil estava no meio de uma guerra, sem ter opção. Era uma piada cruel. Seria engraçado, se não fosse trágico.

Brenda não tinha certeza do que ela queria, mas certamente não era aquilo. Não queria acordar todos os dias, olhar para os rostos sonolentos dos seus amigos e se perguntar se todos estariam vivos no fim do dia.

Se ela estaria viva no fim do dia.

Brenda queria reencontrar sua mãe e sua irmãzinha. Cecil também tinha uma mãe esperando pelo seu retorno. Cecil não tinha irmãos.

Por um momento, Brenda pensou em como seria depois da guerra. Se Cecil faria parte de seu futuro. Brenda não sabia se Cecil pensava nesse tipo de coisa, se tinha esse tipo de sonho. Talvez não. Geórgia costumava falar que Brenda era uma romântica sonhadora.

“Sei disso porque você é como eu”

Foi o que Geórgia disse.

E, bem, ela estava certa. Brenda era aquela garota que lia e ouvia mil histórias de amor e suspirava com elas. E ela acreditava em almas gêmeas fielmente. Sonhava em encontrar o amor e viver pelo resto da vida ao lado da pessoa amada.

Quando estava com Cecil, Brenda não conseguia evitar de pensar que queria que Cecil fosse essa pessoa.

Talvez Cecil não sonhasse com esse tipo de coisa, mas isso não impedia Brenda de sonhar com Cecil.

Porque Brenda era uma romântica sonhadora.