A candeia em suas costas é tudo que consigo observar por um longo tempo, enquanto isso, você continua sem fala, sem reação, e isso me preocupa. 

Não posso exigir que você pule de felicidade por eu estar grávida, mas eu confesso que esperava, ao menos, um pequeno sorriso. Talvez um pouco de esperança no seu olhar, também.

Não é o que encontro, entretanto. Naquele momento mórbido eu sei o que lhe aflige, e gostaria de lhe dar a certeza de que nosso filho jamais nasça com licantropia, mas é algo que não posso assegurar.

Sinto que nós estagnamos de novo. 

Não deixo que isso me abale, porém. Há alguém dentro de mim, alguém por quem eu já me apaixonei profundamente em questão de poucos dias. Como alguém pode amar um ser do qual não conhece tão rápido e tão intensamente? 

 "E se ele nascer como eu?", ouvi, ao mesmo tempo em que te abracei. 

E então o medo voltou, profundo e visível em seus olhos. Tão grande e corrosivo, que você quase me abandonou. Quase nos abandonou.

Eu não o culpo, pois estou tão medrosa quanto você. 

Mas há ainda esperança; é a última que morre, certo? Talvez ainda haja uma chance para nós três.