— E o que faz pensar que poderia pleitear não só por sua vida, mas por um lugar no meu governo?

— Vai negar o poder que tenho sobre você? Ou fingir que esqueceu da forma como eu te controlava? Você era uma boa menina na época... Acho que nunca deixou de ser. É o tipo de coisa que não se esquece tão facilmente. – Ele sorria, sempre aquele mesmo ar arrogante e zombeteiro. – Claro, pode negar, mas o povo vai adorar ouvir sobre os anos da rainha no mosteiro, não? Até por que é uma tradição que condenados possam dizer suas últimas palavras.

Ela se controlava. Não permitiria a ele nenhuma vantagem neste momento. Ele estava preso, e não poderia mais feri-la. Se aproximou, puxando a cabeça dele para trás, forçando-o a lhe encarar.

— Só quando chegam vivos ao palanque. Infelizmente, as condições da masmorra podem ser duras, especialmente para alguém da sua idade...

A magia fez seu trabalho. Os olhos dele se arregalaram quando percebeu o que ocorria, mas não havia fuga: sua energia estava sendo drenada, a fortalecendo. As correntes que o prendiam chacoalharam inutilmente, até seu corpo flácido pender sem vida.

— Uma pena. Eu gostaria de te ver queimar.