16 de Outubro, Rússia, 1942.

O céu plúmbeo mostrava o atual cenário da União Soviética. Após o massacre na fronteira na noite anterior, alguns feridos foram encaminhados para o hospital em Moscou, e eu estava entre eles, como sempre.

Minha perna não estava boa, e meu superior preferiu que eu voltasse e recebesse o devido tratamento. Segundo ele, após me ver matar a sangue frio cinco soldados nazistas de forma consecutiva, eu era peça chave para seus planos de ataque, e agora estou aqui, de volta ao meu lar por tempo limitado.

Ficaria na cidade apenas por uma semana e logo voltaria para meu destino, mas dessa vez, ainda mais visado pelos inimigos.

Não sei ao certo o que se passou pela minha cabeça após levar o choque de ter uma vida se esvaindo em minhas mãos, mas tenho certeza que não me orgulho daquilo, diria até que sinto vergonha, contudo, chegamos a um ponto em que, ou você morre ou você mata para não morrer.

E foi com aquele pensamento que eu finalmente pisei na costumeira sala de estar. Minha mãe deixou um prato escapar de suas mãos e seus olhos se preencheram de lágrimas.

Eu estava de volta.