Histórias Cruzadas escrita por calivillas


Capítulo 36
O recém-chegado




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Quando entrei pela primeira vez com o um filho nos meus braços, em casa, depois de alguns dias no hospital, sentia-me ansiosa e com medo. Não sabia o que fazer, como agir, receio que não conseguiria cuidar bem dele, ele era tão pequenininho e tão indefeso, completamente dependente de mim, e isso me deixa muito assustada.

— Coloque o bebê no berço, assim ele vai se acostumar – minha mãe sugeriu e eu fui para o meu quarto, onde colocamos o berço, ficou muito apertado, com todas as coisas de David.

Gentilmente, coloquei-o dentro do berço, ele resmungou um pouquinho, mas, logo voltou a dormir, eu o observei, com admiração e medo. O que farei agora? Notei que alguém chegou e parou ao meu lado, Jean Pierre, que também observava aquele serzinho estranho para nós.

— Jean-Pierre, eu sou mãe agora e não sei o que fazer – confessei, baixinho.

— Tudo vai dar certo – ele afirmou, mas não tenho muita certeza.

Os primeiros dias e, principalmente, as noites eram terríveis, pois David chorava o tempo todo e eu não conseguia amamentá-lo direito, meus peitos estavam rachados e doíam muito, quando ele tentava sugar e asa lágrimas escorriam dos meus olhos. Minha mãe ficava acordada junto comigo e tentava me ajudar, acalmando o bebê, segurando-o no colo. Por fim, ao amanhecer, o bebê dormia e estávamos esgotadas, dormíamos um pouco, mas logo e ela teria que se levantar para trabalhar.

Um pouco mais tarde, estávamos sozinhos em casa, David acordou chorando alto, estava tão cansada e com tanto sono, que mal conseguia me levantar, eu o retirei do berço e troquei a sua fralda, em seguida, amamentei e ele voltou a dormir, coloquei-o, novamente, no berço, então, eu senti o cheirinho. Não acreditei! Era café! Mas, quem? Descia a escada, com cautela, entrei na cozinha e lá estava Jean Pierre, colocando a mesa para o café da manhã, levei um susto.

— Sua mãe me deixou entra, quando estava saindo para o trabalho – explicou. – Eu trouxe croissants e fiz café fresco.

— Jean-Pierre, você não deveria estar aqui e sim aproveitando as férias.

— Eu quero estar aqui, com você, ajudar.

— E Mariane?

— Você sabe? Eu e Mariane terminamos, mas continuamos amigos.

Ele terminou de arrumar a mesa e eu estava com muita fome, nós sentamos, começo a comer.

— Você não precisa fazer isso tudo.

— Eu sei, mas eu quero fazer.

Comi sem parar, sirvo-me de outra xícara de café.

— Eu daria tudo por cigarro agora.

— Você não devia tomar tanto café, pois pode passar para o leite e o bebê ficar mais agitado – ele me advertiu e, imediatamente, empurrei a xícara para longe de mim.

O bebê começou a chorar forte, expirei com força, desanimada, pronta para me levantar.

— Fique aí, que eu vou pegá-lo para você – Jean Pierre se ofereceu, mas eu hesitei, porém, ele não esperou, para a seguir retornar segurando David no colo, com todo o cuidado. – Se quiser descansar, eu fico com ele para você.

Nesse instante, meu coração apertou, um nó na garganta, tive vontade de chorar, pensei que deveria ser Olivier ali, acalentando o filho nos braços, ajudando-me a cuidar dele.

— O que vocês irão fazer no Natal? – Jean-Pierre perguntou, trazendo-me de volta dos meus pensamentos.

— O quê?

— O Natal será na próxima semana. O que irão fazer?

— Eu não sei, esqueci-me completamente, ainda, não pensamos em nada ainda.

— Vocês poderão ir lá para casa. Tenho certeza que minha mãe não se importará.

— Eu acho melhor ficar aqui, porque David ainda é muito pequeno.

— Você tem razão. Então, ficarei aqui com vocês.

— Não, nada disso. Você precisa ficar com a sua família.

— Mas, e vocês ficarão aqui sozinhas?

— Daremos um jeito.

O Natal desse ano não teve árvore, festa ou presentes, apenas um simples jantar somente eu e minha mãe, enquanto David dormia em uma poltrona. Já íamos começar, no momento em que a campainha tocou, lembrei-me do ano anterior, quando Jean Pierre veio me visitar para fazermos as pazes, mas, bem no fundo do meu coração, imaginei que seria Olivier voltando para passar o Natal comigo. Mas, para minha surpresa, era o meu pai parado do lado de fora da porta.

— Oi. Boa noite e feliz natal. Eu trouxe presentes para vocês e para o menino – disse, sem jeito, mostrando-me as sacolas.

— Obrigada, pai. Entre!

Ele entrou um tanto encabulado, como se aquela casa não tivesse sido sua. Minha mãe se ergueu, surpreendida, e em um gesto automático, ajeitou a roupa.

— Vamos jantar agora. Não quer comer com a gente? - ela perguntou, ele assentiu com a cabeça e eu corri para pegar mais um prato e talheres. Assim, depois de muito tempo, passamos um verdadeiro Natal em família.


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