Histórias Cruzadas escrita por calivillas


Capítulo 13
O que você está fazendo aqui?




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Na minha cabeça, mil hipóteses surgiram a respeito do desaparecimento do meu anel, não podia acreditar que Olivier o tivesse pegado, que fosse alguma espécie de ladrão, deveria haver algum engano ali. Precisava ligar para ele e saber o que houve, o número de telefone dele está no meu celular. Então, pego minha bolsa e abro, ansiosa, acho o meu telefone, ligo para Olivier, mas caiu na caixa postal, insisti e, de novo, caixa postal. De repente, silêncio, olhei para tela escura e não acreditei, a bateria está descarregada. Não sabia o que deveria fazer, precisava recarregar o telefone, no entanto, estava atrasada para o jantar com as famílias dos noivos. Fiquei rodando pelo quarto tal qual um pião, sem saber como agir.

Nesse instante, o telefone do quarto tocou, era da recepção avisando que o táxi que pedi já havia chegado. Não tinha outra escolha, precisava segurar minha ansiedade por algum tempo, o que seria muito difícil para mim. Então, rapidamente, deixei o meu telefone carregando e sai apressada, ligaria para Olivier quando regressar.

O táxi rodou pela cidade até parar na frente de um restaurante italiano lotado, os cheiros de molho de tomate, manjericão e massa fresca invadiram minhas narinas assim que abri a porta, a recepcionista me guiou para uma grande mesa, onde reconheci o casal de noivos e a família da minha amiga, os outros convidados eram da família e amigos do noivo. A conversa é bilíngue, Luana e William servem de interpretes entre os dois grupos. Eles me receberam com alegria, Luana se levantou para me beijar no rosto.

— Onde você esteve o dia inteiro, ontem? – ela indagou baixinho, no meu ouvido, com um misto de curiosidade e preocupação.

— Explicarei depois – sussurrei para ela.

— Não pense que vai escapar dessa conversa – ela insistiu, determinada, fiz um ar de falsa inocência, continuando com os cumprimentos, quando sou apresentada a todos e me indicaram um assento no meio da mesa, como uma espécie de embaixadora, ao lado da mãe de Luana e do pai de William. A conversa continuou animada, enquanto escolhemos nossas entradas.

— Soube que você também ficou noiva, Gisele? – a mãe de Luana perguntou, olhando para a minha mão a procura do meu anel de noivado, acompanhei o seu olhar, para o meu dedo desnudo.

— O meu anel estava muito largo, por isso mandei ajustar antes que o perdesse – menti, ela me deu um olhar complacente e não disse mais nada.

O restante da noite foi leve e alegre, até que a recepcionista veio me informar que havia alguém me aguardando na entrada. Levei um susto, falei que deveria ser um algum engano, porque não conhecia mais ninguém naquela cidade, mas ela insistiu que sou eu mesma, que a pessoa foi bem específica. Levantei-me um tanto reticente, ainda não acreditando que fosse comigo, andei até a porta, então parei a alguns passos dele, arregalando os olhos.

— O que você está fazendo aqui? – questionei com um fio de voz, Olivier ergueu a mão e vejo que segura a caixa do meu anel.

— Você esqueceu isso? – Ele me dá um sorriso torto. – Eu havia guardado no cofre do quarto, mas você saiu correndo, quando tentei avisar.

— Obrigada – disse, estendendo a mão e pegando a caixa, nossos dedos se tocaram levemente. – Você veio até Londres só para me entregar isso? – Estava perplexa, ele confirmou com a cabeça.

— Eu moro aqui.

— E como soube onde me achar? – Estou cada vez mais surpresa.

— No seu hotel, contei a eles que era seu namorado, que cheguei de longe para fazer um pedido de casamento surpresa e mostrei o anel para provar, assim me informaram o endereço que você deu quando pediu o táxi - Olivier deu um sorriso travesso, fiquei fitando os seus olhos azuis e profundos, sem conseguir o olhar, com medo que ele sumisse.

— Oi! – Ouvimos uma voz atrás de mim, quando me virei, dou com a cara de espanto da minha amiga Luana. – O que está acontecendo aqui?

— Luana, esse é Olivier. Ele é um... – demorei um pouco, porque não sabia como apresentá-lo, não tinha ideia de como completar a frase.

— Um amigo, conheci Gisele no avião vindo para cá – Olivier se adiantou, Luana estendeu a mão para cumprimentá-lo. – Você é a noiva? Meus parabéns!

— Obrigada. Quer se juntar a nós? – Luana o convidou, com uma expressão matreira, estou pronta para responder que não, que ele teria um compromisso agora.

— Será um prazer! – Olivier foi mais rápido.

Nós voltamos juntos para a mesa, quase como se fosse um escudo de proteção, tirei meu anel da caixa e coloquei no dedo, sentindo que minha mão pesar uma tonelada. Luana apresentou Olivier como meu amigo, todos se ajeitam para abrir espaço para ele se sentar ao meu lado. O pai de William ficou feliz por ter um homem junto a ele, puxou uma conversa sobre futebol. A mãe de Luana observou a minha mão e se espantou com o mágico surgimento do anel no meu dedo, felizmente, não falou nada, assim não precisava inventar mais uma mentira.

 Em pouco tempo, Olivier estava enturmado, conversava sobre o esporte, política, economia até sobre o clima, sem perceber, pensei em Samuel ali. Meu noivo não teria tanto traquejo social para lidar com variados assuntos tão facilmente, tenho que reconhecer que ele é um tanto elitista.

A certa altura, após os pratos principais, Luana deu a velha desculpa das mulheres quando querem fofocar, ela me chamou para irmos ao banheiro juntas.

— O que isso? Onde você encontrou esse homem? – indagou, ao mesmo tempo abismada e curiosa, assim que chegamos ao banheiro.

— No avião - repeti a verdade, mas ela me encarou com uma expressão irônica. – O que você está pensando? – perguntei, meio indignada.

— O que eu posso pensar? Você some, misteriosamente, por dois dias, depois aparece sem dar nenhuma explicação e, de repente, aquele homem surge do nada e seu anel de noivado se materializa, como mágica, na sua mão. – Arregalei os olhos só de imaginar o que ela está pensando, mas não precisava usar muito a minha imaginação. - Gisele, não vou culpar você por cair em tentação, uma vezinha só. Você sempre foi tão certinha – finalizou em um tom compreensivo.

— Você acha que ... – não consegui completar a frase.

— O que eu estou pensando é que você conheceu o bonitão no avião e tiveram uma tórrida relação carnal, nesses dois últimos dias, e que acabou esquecendo seu anel de noivado no quarto dele. Você sabe que quando se está no estrangeiro isso pode acontecer, cair em tentação e ninguém precisa saber.

— Não foi nada disso! – gritei, as outras mulheres no banheiro me encaram pasmas, mesmo sem entender o que acabei de falar, abaixo a voz. – Eu não dormir com ele! – Daí, fiz um rápido relato do que aconteceu nesses dois últimos dias, contei sobre troca de malas, da viagem-relâmpago à Paris para resgatar o meu anel, o enterro, a viagem a Saint-Antoine, contudo, não falei para ela sobre a confusão de sentimentos, que ocorria comigo quando estou ao lado de Olivier.

— Puxa! Eu nunca imaginaria algo parecido – Luana disse, chocada, mas já estávamos há muito tempo ali, precisávamos voltar para mesa.

Quando voltamos, Olivier aparenta estar mais enturmado que nunca, conversava com todos alegre e educadamente. Após a sobremesa, começaram os discursos dos pais dos noivos e dos padrinhos louvando a ocasião e o amor verdadeiro e inesperados de Luana e William, que cruzaram o oceano para ficarem juntos, isso me emocionou, pensei se Samuel faria isso por mim, ou mesmo, se eu faria isso por ele, algum tempo atrás acharia que sim, mas, agora, não sei. Seguiram-se brindes animados, o jantar chegou ao fim e começaram as despedidas, já que o casamento seria no dia seguinte, logo no começo da tarde.


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Notas finais do capítulo

Notas finais do capítulo
Oi,
Está percebendo uma mudança nos capítulos?
É porque o capítulo 10 não havia sido publicado, eu percebi agora e corrigir. Se quiser, dê uma olhadinha nele.
Desculpe. Beijos.



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