Goku seguiu pela escadaria sentindo um odor leve, quase que imperceptível, de rosas.

— É, essa é a última batalha. Mal posso esperar para ver o que me aguarda!

Ao chegar ao seu destino, admirou aquela construção. A Última Casa possuía a mesma disposição de colunas das demais e teto triangular, com duas estátuas de peixes, uma em cada extremidade da laje.

Adentrou-a e fitou o guardião. Um homem alto, de feições suaves, cujos cabelos longos ficavam entre o azul claro e o verde claro. Sua armadura diferia das demais por possuir sobras, como escamas, e por estar sem o elmo. O homem ainda segurava entre seus dedos indicador e médio da mão direita uma rosa negra.

O homem sorriu e disse:

— Parabéns por ter chegado até aqui, mas não vai sobreviver. Nem mesmo passando por mim.

— Olha, depois do que os outros disseram, não sei se eu devia dar bola pra você.

— Insolente! Vai morrer no funeral das rosas de Afrodite de Peixes!

Afrodite deu um passo para frente e uma névoa de pétalas de rosas surgiu ao seu redor, para em seguida, inundar toda a Casa.

— Eu treinei muito os meus sentidos. Algo assim não funciona em mim.

— Saiba que, depois disto, seus sentidos serão inúteis.

Com Goku de lado para si, Afrodite estendeu os braços e gritou:

— Rosas Diabólicas Reais!

Rosas vermelhas se formaram e avançaram, acertando o corpo do Sayajin, sem lhe dar danos. Goku girou o corpo para o lado de onde estava sendo atacado e bradou:

— Há!

Junto ao eco de sua voz, sua energia fez a cortina de pétalas se dissipar para fora da Casa. Afrodite avançou e desferiu dois cruzados, sendo o último capaz de levar Goku a recuar. Sorriu para sua rosa e atacou novamente.

Goku bloqueou o cruzado com o antebraço direito, mas teve seu soco bloqueado por outra rosa negra. Passou os olhos rapidamente pelas rosas e girou levemente o quadril, para um chute de esquerda. Afrodite inclinou o corpo para trás e o atingiu no queixo com o bico de sua bota, arrancando gotas de sangue Sayajin.

Rapidamente, Goku o agarrou pelo pé e o girou, batendo-o no chão de um lado ao outro por quatro vezes. Ainda segurando firme, o lançou contra o alto da parede da entrada. Enquanto Afrodite caía, tornou a avançar.

Afrodite ergueu as mãos e gritou:

— Rosas Piranhas!

De suas mãos se projetaram dezenas de rosas negras, cujas quais atingiram e fizeram Goku deslizar para trás. Com o adversário aparentemente sem danos, Afrodite disse:

— Pelo visto golpes genéricos não são um grande problema para você. E também não são para mim.

— Essas rosas, o que tem nelas?

Afrodite riu:

— Elas não são fruto de um “lugar especial”, como você pode estar pensando. Elas são geradas por mim, nesse momento, o único capaz de fazer isso neste mundo. É uma habilidade lendária que passa de geração para geração entre os cavaleiros de peixes.

 Conjurou uma rosa vermelha na mão direita e degustou seu cheiro.

— As rosas diabólicas emitem uma fragrância que entorpece os sentidos e mata lentamente quem as aspirar. Uma morte lenta e indolor, algo convenientemente belo para encerrar uma batalha. Eu sou o único que não é afetado por elas, o que também me incumbe da maior defesa que o Santuário possui.

— Você fala demais.

Goku apontou as palmas para Afrodite e disparou dezenas de esferas de energia amarelas, enquanto que o cavaleiro disparou suas rosas negras e as desarmou.

— Você pediu a explicação, agora vai ouvir tudo. Essas rosas negras são imparáveis, destruirão tudo em seu caminho. Mas não são o meu trunfo.

Goku avançou, com a mão esquerda à frente do rosto e a direita abaixo da linha do coração. Começou a arquear o braço direito, mas teve o ombro atingido por uma rosa negra, que o tirou de seu movimento. Vendo o adversário ainda em movimento, Afrodite arremessou outra rosa negra contra sua canela direita, o que o fez dobrar o joelho para trás.

Goku mergulhou o braço esquerdo em diagonal e deu uma cambalhota no mesmo sentido, desferindo um chute. Para proteger seu pescoço, Afrodite usou o antebraço direito, mas sua defesa foi quebrada pelo golpe, que o jogou contra o solo.

O Sayajin avançou com um salto, mas Afrodite refletiu o movimento na direção oposta e manteve a distância. Enquanto tirava a poeira dos ombros, disse:

— Há também a rosa branca. Ela investe sempre contra o coração do alvo, e o mata sugando seu sangue, tornando-se assim, vermelha.

— Não me parece difícil de evitar.

— Claro, então tente fugir dela.

— Prepare-se. Vou pegar um pouco mais pesado.

Goku ergueu a guarda e flexionou as pernas. Afrodite soltou um princípio de riso, mas se conteve e disse:

— Rosas Piranhas!

Dezenas de rosas negras voaram em direção a Goku, mas ele avançou e as evitou sem dificuldades. Forçando seus músculos ao máximo, atingiu Afrodite no rosto e no tronco por seis vezes, mais rápido do que Peixes conseguia ver. Girou o corpo e atingiu a face esquerda do cavaleiro com o pulso, o que o arremessou contra uma das paredes laterais da casa.

Com sangue nos lábios e alguns órgãos fora do lugar, Afrodite se reergueu, o encarou e conjurou uma rosa branca. A cheirou dedicadamente e a arremessou. Antes que a rosa chegasse na metade da distância entre ela e Goku, o Sayajin tocou a testa com os dedos.

Após se teleportar para frente do cavaleiro, tocou-o no ombro e tornou a se teleportar, para o local de origem desta vez. Com o aperto firme em seu pescoço o paralisando, Afrodite recebeu a própria rosa em seu peito. Seu coração fora picado por ela.

— Não... Mas... Desgraçado...!

— Seu golpe é interessante. Mas esse tipo de técnica que pode ser revertida contra si mesmo não deve ser usada. Você não é o primeiro que eu derroto com essa estratégia.

Com a consciência se esvaindo, Afrodite desabou. Goku o deixou cair e andou até a saída.

— Uma outra construção? Será que tem outro guerreiro...? Seria ótimo!

Seguindo pela escadaria enfeitada com rosas, Goku sorriu e alisou seu uniforme, um tanto avariado pelas batalhas de até então.

Com o fim do jardim de rosas, a entrada da Sala do Grande Mestre surgiu. Enquanto na Quarta Casa, cinco Cavaleiros de Bronze corriam contra o tempo.