Crônicas de uma gordinha escrita por Roberta Dias


Capítulo 8
Coisas realmente importantes


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♡



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Adoro minha família. Mesmo com primos chatos, tios que falavam pelos cotovelos e outros familiares que eu mal conhecia, só os via em festas ou ocasiões especiais, eu gostava muito quando todos se reuniam. Primeiro porque coisas épicas aconteciam; na última festa de natal, na casa dos meus avós paternos, meu primo bebeu tanto que resolveu vestir um dos vestidos da minha avó e dançar sozinho uma valsa. O pessoal da minha família não era de beber, mas sempre tem um torto nessas ocasiões. Meus parentes sempre vinham nos visitar, porque minha mãe raramente saía para visitá-los, e hoje minha tia Angelica era quem viria. 

 

Angelica era a irmã mais nova da minha mãe. Era divorciada e aquele tipo de pessoa super incrível, para quem se podia contar qualquer coisa e sempre sabia o que dizer. Além de parecer a versão mais madura da barbie. Suas duas filhas, Anna e Marina, vinham junto. Anna também era gordinha, talvez tivesse o mesmo peso que eu mas parecia ser um pouco mais por ser mais baixinha, e achava que todos os problemas dela podiam ser resolvidos com comida. Na verdade, ela parecia confundir falta do que fazer com fome. Era 2 anos mais velha que eu e tinha sérios problemas com roupas — sério, ela gastava todo dinheiro dela com roupas e sapatos. E Marina tinha minha idade e era louca por garotos. A cada seis meses tinha um amor diferente e era muito popular, o centro das atenções por onde passava. As três eram loiras e estonteantes, e também animadas demais para nós, que éramos a personificação da tranquilidade. 

 

— Vou sair com Elisa e volto mais tarde. — Tomás pegou suas chaves na mesinha que ficava ao lado da porta. — Não quero ser o único homem aqui. Quando eu menos esperar já estarão falando de coisas de mulher... 

 

— Que tipo tipo de coisas? — levantei as sobrancelhas e olhei para ele, desviando meu olhar da televisão. Estava passando "como se fosse a primeira vez", meu filme favorito. 

 

— Sei lá, sobre as tendências esquizofrênicas de toda mulher? — Revirei os olhos. — Quer alguma coisa da cidade? 

 

— Se achar algum livro legal pode me trazer. 

 

— Certo. Até mais tarde. 

 

Continuei vendo meu filme. Drew Barrymore era minha atriz favorita. Adorava todos os filmes dela. Além de linda, era talentosa e uma verdadeira diva em todos os sentidos. Se eu quisesse me inspirar, fisicamente falando, em alguém, seria nela. Não sou do tipo de fã que pesquisa a vida toda de um ator ou cantor; mas se falando de histórias sobre desenhos animados? Hum, teremos assunto de sobra por dias. Mas você entendeu: Drew Barrymore era "a" mulher. Perdendo apenas para minha mãe e Ester, as duas mulheres que inspiravam minha vida. 

 

Já percebeu que quando estamos sozinhos sempre acabamos pensando besteiras? 

 

— Seu irmão saiu, não foi? — Minha mãe entrou cheia de sacolas. Confirmei com a cabeça. — E por que você não o impediu? 

 

— Ninguém disse que eu tinha que fazer isso! — Minha mãe sendo a minha mãe: ela queria que simplesmente adivinhasse o que ela queria que eu fizesse. Poxa, não era mais fácil falar? — Quer ajuda na cozinha? 

 

— Seria ótimo, filha. 

 

Desliguei a televisão e fui para cozinha. Dona Tereza era uma ótima cozinheira, sabia e era muito convencida por isso. Ninguém cozinhava melhor do que ela, e sempre que provava a comida de outras pessoas achava algum defeito. "Está salgado demais. Doce demais. Com muito tempero..." por isso, quando tínhamos visitas em casa era ela quem cozinhava. Eu ficava responsável pela sobremesa. E até que sabia cozinhar, viu. Dava pra comer, pelo menos. 

 

— Alguma novidade? — Perguntou minha mãe, pegando tudo que usaria para cozinhar e deixando sobre a mesa. 

 

— O professor de português elogiou minha redação. Matheus está apaixonado pela nova assistente do diretor e acho que perdi meu celular. — Minha mãe me lançou um olhar cético. — Acho que foi na escola. Mas relaxa, estou tranquila. Não tinha nada de importante lá. 

 

Não sou ligada com bens materiais. Nem com dinheiro. Me livrei de todas as minhas bonecas sem problemas; sem apegos com roupas ou qualquer outro tipo de coisa que tive. O que eu tiver de me livrar, me livro numa boa. Com exceção dos meus desenhos. Tenho todos os desenhos que já fiz e nunca vou jogá-los fora. Tenho umas quinze pastas guardadas (arrumadas por ordem de cor, tipo de desenho e qualidade) e nenhuma, jamais, iria para o lixo. Por esse motivo a perda do meu celular nem foi tão importante assim. Quando Daniel perdeu o dele, ano passado, só faltou se desmanchar em lágrimas. Passou pelos cinco estágios da negação: Raiva, negação, barganha, depressão e aceitação. Ah, e a aceitação só veio quando ele comprou um novo. 

 

— Só vou poder comprar outro no mês que vem, Lizzy. — Avisou minha mãe. 

 

— Sem problemas, dona Tereza, não vou sofrer por isso. — A campanhia tocou e nos duas nos olhamos. — Vai, mãe. Vou colocar o bolo para assar e começar a fazer a cobertura. 

 

— Tudo bem, fique de olho nas panelas para mim. 

 

Bolo de chocolate com cobertura e muito granulado... minha especialidade culinária. Nem íamos fazer sobremesa, mas Anna insistiu tanto que não fazer poderia deixá-la zangada e tudo que minha mãe queria era agradar, então... 

 

— Lizzy, é um colega seu. — Minha mãe entrou novamente na cozinha e para minha surpresa, Nicolas também. 

 

— Nicolas? Como sabe onde eu moro? — Sorri amigavelmente, tentando disfarçar que estava com a boca cheia de granulado. 

 

— Liguei para Ester e pedi seu endereço. Você esqueceu isso — ele tirou meu celular do bolso da calça — comigo. — Ah, claro. Esqueci que tinha emprestado para ele fazer uma pesquisa urgente. Como pude esquecer isso? Na verdade, eu esqueceria minha cabeça se não estivesse grudada no resto do corpo. — Pensei que estaria surtando agora, achei melhor trazer. 

 

— Eu? Surtando? É claro que você não me conhece mesmo — fiz um gesto para que ele o deixasse em cima da mesa. — Bem, obrigado. Eu já estava fazendo planos de comprar outro. Daqui uns três meses, sei lá.

 

— Mas é claro que eu ia devolver... 

 

— Não. Eu pensei que tinha perdido. Podia jurar que... Não tinha emprestado para ninguém. Emfim, obrigado. 

 

— Não quer ficar para almoçar conosco, Nicolas? — Perguntou minha mãe. — Minha irmã e as filhas dela estão vindo, mas sempre tem lugar para mais um. 

 

Nicolas pensou um pouco em silêncio. Daí olhou para mim como se buscasse aprovação. 

 

— Eu não sei, eu... 

 

— Fique. Vai comer o melhor bolo da sua vida. — Ele sorriu para mim. — Porque, claro, foi eu quem fiz. 

 

— Bem, acho que vou aceitar o convite. Precisam de ajuda? — Ele perguntou, hesitante. 

 

— Não, querido. Já fizemos o que tínhamos de fazer. — Minha mãe me olhou com um sorrisinho cheio de significados. Pelo jeito ela devia achar que Nicolas e eu éramos mais que amigos. Balancei a cabeça para os lados, resignada. — Vou na sala arrumar o que puder. 

 

— Já está tudo arrumado, mãe... 

 

— Não faz mal arrumar mais um pouco. — E minha mãe saiu da cozinha. Como sempre, queria causar uma excelente impressão. Não só para irmã e as sobrinhas, mas para Nicolas  também. 

 

— Seu celular quase me meteu em encrenca, mocinha. — Nicolas se aproximou de mim e encostou na pia, com os braços cruzados sobre o peito. — Chegou várias mensagens para você, no meio da aula. — Eu ri. — Por que o Rafael não manda uma mensagem inteira ao invés de várias? 

 

— Viu minhas mensagens? 

 

— Não. Só apareceu na tela. Jamais me intrometeria no relacionamento alheio. — Ele fez uma careta, mas sua voz estava levemente  estranha. 

 

— Nada de relacionamento! — Entrei em alerta. — Ele é meu amigo. Só amigo. 

 

— Tudo bem, tudo bem. Relaxa, estou de brincadeira. Esqueci que você é um verdadeiro repelente de relacionamentos. Eu gostaria de saber por que... — Balancei a cabeça em negação: não iríamos entrar nesse assunto mesmo! — Ei, não sou seu amigo? Não confia em mim? 

 

— Não é questão de amizade ou confiança. É questão de que não quero mesmo lembrar disso. É um assunto delicado para mim. Tenho certeza que se eu te perguntasse da perseguidora e o porque do término de vocês, você iria... 

 

— Além de me perseguir, o que era bem estranho, ela também ficava com meu melhor amigo pelas minhas costas. 

 

Fiquei quieta por instantes. 

 

— Uau. — Talvez não fosse a coisa mais certa para se dizer, mas o que se dizia nesse tipo de situação? — Eu adoraria te contar sobre minha vida amorosa, é só que... 

 

— É brincadeira, Lizzy. Eu jamais te forçaria a nada. Mas a história sobre Queila é verdade. Realmente fui traído, por isso terminei. 

 

— Pelo menos você teve um motivo. — Murmurei. 

 

— O quê? 

 

— Lizzy, minha princesa. — Marina entrou na cozinha e me atropelou com um dos seus abraços. — E oi para você também. — Por mais incrível que pareça, ela esmagou Nicolas com um abraço também. — Você não me contou que estava namorando! Eu estava namorando, mas enjoei do jeitinho nerd dele e acabei tudo. Você me imagina com alguém inteligente e chato? Eu não me imagino! Eu gosto mais dos extrovertidos e alegres... Há quanto tempo estão juntos? — Ela abriu um sorriso enorme. Acho que dar a chave da casa para minha tia não foi muito legal; nem tive tempo de me preparar psicologicamente para toda animação dessa garota. 

 

Juro que não entendi uma palavra depois do "você não me contou que estava namorando".

 

— Ele não é meu namorado. Nicolas, esta Marina, minha prima. Marina, Nicolas, meu amigo. 

 

Marina visivelmente se interessou por ele, enquanto ele se mostrou altamente intimidado. Para ajudar — ou melhor, sacanear ele um pouco — eu os expulsei da cozinha para poder colocar a mesa e terminar meu bolo em paz. É claro que Anna quis ver como estava a preparação da comida e ficou comigo o tempo todo. Se lamentou um bocado por não vestir 36 — sorte a minha não ser assim! — e comeu um pedaço de bolo sem que eu nem percebesse. Só notei quando vi o canto da boca dela sujo de chocolate. Demos boas gargalhadas e servimos juntas o almoço. 

 

Não gosto de estrogonofe. Sei que é o prato favorito de muitos, mas eu realmente não gosto. Por isso, enquanto todos se deliciavam com o preparado da minha mãe, eu resolvi comer só uma omelete que preparei para mim. Anna pareceu ficar satisfeita porque, segundo ela, "sobrou mais". Conversamos à mesa e Nicolas se enturmou rapidamente; minha tia o adorou, embora ficasse insistindo que ele fosse meu "namoradinho", que era "melhor que  o primeiro". Se eu pudesse enfiar minha cabeça em um buraco faria sem hesitação, já que por mais que eu insistisse para não falarmos sobre isso, o assunto continuava rendendo. Se eu estivesse com a cabeça enterrada em algum lugar seria mais difícil escutar, pelo menos. 

 

— Eu preciso ir — Nicolas disse, logo depois de pegar mais um pedaço de bolo. Com certeza estava uma delícia. — Minha mãe nem sabe onde estou. 

 

— Mas já? — Todas, com exceção de Anna e eu, exclamaram. Marina continuou: — Não pode ficar mais nem um pouquinho? 

 

— Acho que não. — Ele sorriu e se levantou. — Me leva até o portão, Lizzy? — Fiz um gesto afirmativo com a cabeça e me levantei também. Nicolas fez uma pausa. — Será que eu posso pegar mais um pedaço do seu bolo delicioso? É sério, tá muito bom. 

 

— Claro que pode. — O observei pegar mais um pedaço e saímos juntos da cozinha. 

 

— Você é mesmo uma boa cozinheira. — Saímos para fora e ele parou em frente ao portão aberto. — Sua prima é... uma graça. 

 

— Ela é insuportável, eu sei. Pode falar. 

 

— Não é isso... 

 

— Quer o telefone dela? 

 

— Não mesmo. Já estou de olho em uma garota da escola. — Nicolas deu os ombros. O canto de sua boca estava sujo de chocolate. Fiquei tentada deixar daquele jeito e deixá-lo perceber sozinho, mas como já sabe sou uma boa samaritana. Passei o dedo por cima do chocolate delicadamente, até pareceria um carinho se não fosse apenas uma boa ação minha. Ele levantou as sobrancelhas. — Mas o que é isso? 

 

— Chocolate, seu comilão. — Dei uma risadinha. — Vou adivinhar: Sara. Acertei? 

 

— Não. Não passou nem perto. — Nicolas riu. — Eu só ficaria com a Sara... na verdade eu nunca ficaria com a Sara. Garotas bonitas demais são complicadas. 

 

— Você é o primeiro cara que conheço que prefere as feias. 

 

Rimos. Nicolas era realmente diferente. Era o tipo de pessoa com quem você podia conversar sobre tudo, e mesmo que não entendesse ou concordasse, respeitava sua opinião. Tinha atitude e personalidade, e não seguia "modinhas" ou gostava daquilo que os gostavam, só para ser aceito. Era original e seguia seus próprios raciocínios; eu duvidava muito que ele fosse ficar com Sara só por ficar ou porque os outros incentivavam ele a fazer isso. 

 

— Sua prima está vindo... — ele sussurou. 

 

— Nico, que bom que ainda está aqui. — Marina se plantou na minha frente, ficando entre nós dois. — Na semana que vem eu vou voltar, e se quiser a gente pode dar uma volta em algum lugar. Pode me passar seu número, daí combinamos... 

 

— Marina — eu a empurrei um pouco para o lado. — Não quis dizer isso antes, mas estamos juntos. 

 

Ela me olhou surpresa. Nicolas entrou no jogo e apenas concordou com a cabeça. Por que fiz isso? Não gosto de mentir e me sinto muito culpada quando faço, mesmo que seja sobre uma coisa boba. Mas eu sabia que se não fizesse isso Marina ficaria no pé dele, e até o seguiria se fosse preciso, para conseguir o telefone dele. E já sabemos que ele tem má experiências com perseguições. Conheço minha prima muito bem e a única maneira dela não insistir nele, seria se ele já estivesse alguém. 

 

— Por que não me disse isso? — Ela cruzou os braços sobre o peito. — Eu não teria dado em cima dele! 

 

— Eu não queria que ninguém soubesse. Sabe como Tomás é. Mas agora que sabe... 

 

— Bom — ela deu os ombros. — Fico feliz por vocês dois, então. 

 

— É, é ótimo. Tchau, Nicolas. — E comecei a fechar o portão. 

 

— Poxa, Lizzy. Nenhum beijinho de despedida? 

 

— É, Lizzy? — Nicolas deu um sorrisinho. — Nenhum beijinho, meu amor? Olha que eu fico chateado, ein. Sabe como eu sou carente... 

 

— Tchau, Nicolas. — Repeti e peguei Marina pelo braço. Quanto mais eu fujo mais assombração me aparece. 

 

— Olha, Lizzy, estou realmente contente por você finalmente ter se focado no que é realmente importante! Que bom que se desprendeu do passado e seguiu em frente... 

 

— Não estamos juntos, Marina. Foi só pra você deixá-lo quieto. — Revirei os olhos. O queixo dela caiu, mas eu tinha que ser sincera! Aquela mentirinha me perseguiria por bastante tempo. — Sorry. 

 

— Você é uma pessoa ruim. — Ela me seguiu até meu quarto e se jogou na minha cama. — Estou carente, preciso de companhia. E a companhia do Nicolas deve ser ótima! 

 

— Você não cansa de ficar correndo atrás de garotos? 

 

— Adolescência é assim. Se resume a escola, garotos, espinhas e crises de existência. Você que é anormal. 

 

— Temos uma diferença gritante de pensamentos sobre o que é "realmente importante" — sentei em minha poltrona laranja espaçosa e macia, enquanto Marina me sorria com solidariedade. — Garotos são problema, prefiro me envolver com eles depois  que já tiver mais maturidade, experiência. 

 

— Como vai adquirir experiência se não tiver "experiências"? Livros e filmes não refletem exatamente a realidade, você sabe, não é? Precisa de experiências reais. 

 

— Preciso de um trabalho, arrumar o que fazer da vida e aprender a tocar violão... tem alguns louvores lindos para serem tocados no violão. Não tenho tempo para namorinhos. — Cruzei os braços e dei um sorrisinho. — Mas até que eu conheci um cara legal. — Marina entrou em alerta na hora. Peguei meu celular e coloquei na foto que o Rafael tinha me mandado uns dois dias atrás. — Esse é o Rafael. Mas somos só amigos... mas nunca se sabe, vamos ver no que dá. 

 

— Ele é gato! — Ela deu pulinhos e seus cabelos amarelos como o sol pularam sobre os ombros. — Será que ele tem algum amigo que possa me apresentar? Daí podíamos sair juntos... 

 

Enquanto eu gostava de ficar tranquila, Marina gostava de pular de galho em galho em busca de seu amor verdadeiro. Uma hora ele tinha que aparecer, e até lá ela aproveitaria todas as oportunidades que aparecessem para conhecer garotos novos. Não que ela ficasse com todos os garotos que conhecia, mas ela conversava com todos e dizia já estar apaixonada depois de duas semanas de conversa, isso sem nem trocar um beijo sequer. Felizmente, ela não se deixava abalar por decepções amorosas: no máximo um chorinho de duas horas e já estava pronta para outra. Queria ter essa disposição toda que ela tem, toda essa animação e coragem. 

 

— Na verdade — interrompi a animação toda com um gesto. — Ele disse que tem um amigo que vive esperando o amor bater em sua porta. Se quiser posso arrumar um encontro... 

 

— Eu quero. — Marina começou a dar mais pulinhos. — Vamos sair nós quatro. 

 

— Claro, se é pra te ajudar. — Além disso, Rafael e eu já estávamos marcando de ir ao cinema juntos. Assim como eu ele era um fã de animações e tinha alguns filmes ótimos em cartaz. E seria mais fácil lidar com ele se eu estivesse com a Marina e o amigo dele; com ela presente o assunto não iria acabar. 

 

— Adivinha? Vamos ficar para jantar, mamãe e a tia Tereza vão ao salão para fazer as unhas. — Anna entrou no quarto. Ah, já falei que minha mãe é dona de salão de beleza? Pois é, ela é sim. Um dos mais procurados por essas bandas — sem querer me achar muito, ok? — Vamos cozinhar! 

 

— Você só pensa em comer? — Marina colocou as mãos nos quadris. — O médico disse que você precisa perder peso. E depois não reclame se o Jonas te largar! 

 

— Jonas me ama pelo que sou! — Anna cruzou os braços sobre o peito e fez uma cara convencida. — Você tem inveja disso, não é? Eu tenho um namorado lindo há tanto tempo e você não para com ninguém. 

 

— Pois saiba que a Lizzy vai me arrumar um encontro com o amigo do namorado dela e eu já sinto que é pra dar certo. 

 

— Ele não é meu namorado...

 

— Dar certo? E por quanto tempo dessa vez? Duas semanas? — Anna me cortou. 

 

Revirei os olhos. Aquela briga não era séria, se você quer saber. Que irmãos que não curtem se alfinetar de vez em quando? Mas as alfinetadas das duas eram simplesmente épicas, e com isso eu já sabia que não ficaria entediada pelo resto do meu dia.


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