Chess escrita por Pan Alban


Capítulo 2
O movimento da Rainha


Notas iniciais do capítulo

Hello!!

Voltei mto tempo depois do que planejei, mas espero que agora eu consiga me organizar melhor heheheheh
Sim vou pegar várias referências do anime pq me divirto muuuito fazendo isso!
Quero agradecer demais o pessoal que ta acompanhando, tem mais gene do que eu esperava *-* Obrigada!!!

Boa leitura ;)



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A pizzaria que foi com seu clube do xadrez não ficava tão longe de casa e ela precisava andar para digerir aquela pizza amarga com sabor de vitória concedida.

Tanto Itachi quanto Izumi estavam radiantes com seus sorrisos perfeitos em suas vidas perfeitas comentando sobre a inusitada vitória, Izumi mesmo havia dito que já havia atualizado as redes sociais com a vitória da escola deles, mas Temari sentia-se mais como Konan e Nagato, a escuridão em pessoa.

— Vamos lá. De certa forma você o derrotou! — Izumi a cutucou com o cotovelo num certo momento da noite — Temari é a responsável por honrar nossa passagem pelo Ensino Médio, um brinde à ela.

E todos brindaram com seus copos de refrigerantes enquanto ela tentava de verdade aceitar aquela vitória, mas aqueles olhos pequenos e a forma sonolenta com que ele havia entregado o jogo e mostrado para ela que foi por pura preguiça atiçava seu lado mais amargo.

No fim, ela recusou que os outros pagassem seu rodízio.

Ouvira muita zoação de Kankuro no início, até mesmo quando ela esquecia o que havia acontecido ele fazia questão de lembrar com sua falta de noção do perigo.

Mais de um ano havia se passado desde aquele dia. O seu clube de xadrez foi desfeito com a graduação dos companheiros e a falta de interesse dos outros alunos. A oriental que ela havia jogado contra no torneio anterior havia sido transferida para seu colégio e as duas jogavam juntas, mas não eram o suficiente para um time. Tenten, o nome dela, virou sua amiga.

Mais de um ano e ela não viu mais aquele menino franzino e esquisito, nem soubera nada sobre ele. Mas foi quase um ano sem conseguir esquecer.

Nada de interessante estava acontecendo na sua vida, e aquilo era entediante.

Mais de um ano depois…

— Tema. — a batida na porta do seu quarto a fez suspirar cansada. Já estava há horas fazendo cálculos e nem havia notado a hora.

— Que é?

A porta foi aberta por Kankuro que aprendera a educada arte de bater na porta antes de abrir depois de quase ver sua irmã trocando de roupas. Aquilo seria um trauma grandioso que ele levaria para a vida, nas palavras dele.

— Preciso de um favor. — ele coçou a cabeça sem jeito olhando para os pôsteres na parede da irmã.

Ela ergueu uma sobrancelha estranhando aquilo, a primeira coisa que ele faria era reclamar do tom dela e depois pedir o favor. Acenou com a cabeça para ele continuar, ajeitando as maria chiquinhas no alto.

— O Gaara, ele saiu escondido com um pessoal estranho de outra escola e me mandou essa mensagem.

Temari juntou as sobrancelhas atenta a tela que Kankuro havia acabado de virar para ela.

“Deu treta. Chama a Temari e vem me buscar no cais”

— Por favor, não conta pra mãe e pro pai.

Temari fechou os olhos com força e respirou fundo.

— Aquele pirralho.

Era fácil para os pais acreditarem na sua vontade doida de dirigir desde que tirou a habilitação, e pensar que ela faria a gentileza de levar seus irmãos para passear não gerou qualquer questionamento ou estranhamento no pedido pelo carro. Mas o que Kankuro não ouviu de seus pais, foi ouvindo de sua irmã por todo o caminho. Coisas como “Se ele não apanhar lá, vai apanhar de mim quando chegar em casa” eram ignoradas por seus instintos estarem todos em alerta com Temari na direção.

O cais era só um lugar silencioso e vazio a noite, havia somente os galpões enfileirados e uns containers enferrujados e empilhados. Não havia navios, eram até raros por ali, por isso não havia vigia ou qualquer sinal de vida responsável àquela hora. Era o lugar perfeito para mini encrenqueiros irem se encrencar.

— Para o carro aqui, o Gaara falou que não era pra chamar atenção. — Kakuro desceu com o celular na mão assim que ela parou perto do primeiro galpão.

— No que esse moleque tá metido? — resmungou para si mesma desligando os faróis, apoiando o cotovelo na porta e esfregando a testa com a mão.

Não eram nem dez da noite e Gaara já estava testando sua paciência. Estava sendo ridículo o comportamento de pré-adolescente incompreendido dele. Há tempos vinha andando com um povo estranho e ficado cada vez mais calado, recluso. Deixou passar, entendia que cada um passa por suas fases e acreditava que o melhor jeito de aprender o certo era errando, mas desta vez ele tinha ultrapassado os limites, e ela ia ensinar o caminho certo para ele nem que fosse na pancada.

Era esse seu pensamento enquanto esperava Kankuro voltar com Gaara e esperando que os dois estivessem bem quando ouviu o som de algo metálico caindo no chão entre dois galpões. Prestou atenção no lugar tentando ver se eram seus irmãos surgindo por ali, mas ninguém apareceu.

Temari desceu do carro e bateu a porta com suavidade para não fazer barulho, andou desconfiada e com a chave do carro na mão de um jeito que poderia perfurar alguém que a atacasse.

Foi escondida nas sombras do galpão ouvindo cada vez mais sons baixos.

— … seu perdedor. Passa logo. — Temari ouviu a voz de uma garota e parou esperando para ouvir mais vozes.

— Eu já disse que não tenho nada aqui comigo. — aquela voz…

Ela escutou mais um som abafado e o resmungo do garoto. Quase não tinha dúvidas, aquela voz molenga, mesmo que parecesse mais grossa, era daquele menino estranho do xadrez.

Esgueirou-se para mais perto e olhou na direção do carro para ver se seus irmãos já haviam chegado, ainda estava do jeito que deixou, então se aproximou até conseguir olhar entre os dois galpões e ver a inusitada cena de uma garota punk ameaçando um garoto um
pouco maior que ela com um canivete. Temari quase não conseguiu acreditar, não só por ser realmente bizarro aquilo como por poder confirmar que a voz era do mesmo menino que ela havia colocado em sua lista negra. Talvez um pouco mais alto, mas o mesmo cabelo preso, a mesma cara de tédio - mesmo em uma situação desfavorável - e os mesmos olhos cansados e pequenos.

Temari observou a cena por mais um segundo. A garota punk de cabelo vermelho era decididamente menor que ela, mas estava armada… Seria mais sensato não fazer nada brusco e chamar a polícia, mas Temari não era uma pessoa sensata em algumas ocasiões. E só a percepção de ser maior que a garota e a distância que começava a diminuir entre a encrenqueira e o garoto a fez agir sem pensar, trombar seu corpo contra o dela e derrubá-la no chão.

Temari jogou o corpo para cima do da menina que gritava palavrões e tentava se desvencilhar violentamente. Procurou com os olhos o canivete que deveria estar na mão dela, mas viu um pé chutando para longe a arma branca.

— Vamos sair daqui.

Temari ouviu perto dela enquanto estapeava a cara da garota com uma mão enquanto a outra prendia os dois braços cheios de pulseiras de couro e correntes que tilintavam ao novo tapa.

— Jiroubooooooooooou — a menina berrou movendo as pernas querendo chutar Temari por cima de seu corpo.

— Vamos… — E Temari foi puxada com força de cima do corpo da ruiva pela cintura, e já ia batendo em quem fez isso quando viu os olhos arregalados do preguiçoso na sua direção. — Os amigos dela vão chegar aqui. Rápido.

— Mas que merda… — ela puxou o braço que ele havia segurado e saiu correndo na frente com o garoto em seu encalço.

Havia chegado aos 16 anos com o orgulho de não ter se metido em brigas ou qualquer tipo de encrenca juvenil, mas lá estava ela correndo em um cais mal iluminado, fugindo de um bando de punks que gritavam de onde eles haviam acabado de sair depois de ter batido em uma menina que usava um canivete e ameaçava um garoto tranquilamente mais forte e mais alto que ela.

— Ela era menor que você! — Temari gritou assim que alcançou o carro e o garoto se jogou no banco do passageiro com pressa, colocando o cinto todo atrapalhado.

— Eu não bato em mulheres. Corre!

— “Eu não bato em mulheres” — a voz de Temari saiu mais aguda do que esperava ao imitá-lo no meio da confusão que fez ao tentar ligar o carro e sair cantando pneus enquanto um garoto muito gordo e grande ia até eles com um pedaço de pau. — Ela tinha um canivete, pelo amor de Deus!

— Ela não ia me machucar. — ele disse mais calmo olhando para trás. Voltou a se sentar certo e respirou fundo passando a mão pelo cabelo preso. Temari o encarou com ar assassino. — Ela queria meu celular, mas eu não estou com ele. Ela ia só me dar um susto. — Justificou calmo demais e Temari não conseguia acreditar naquela paz de espírito quando ela ainda tremia com a adrenalina.

— Como pode ser tão inocente? — ela resmungou entredentes tentando se situar onde estava. De canto viu o garoto se segurando na porta do carro e a noção de que ele estava como Kankuro “com medo de sua direção” a fez ferver. — Kankuro!

Deu a volta e ignorou as duas mãos dele se agarrando ao suporte da porta com mais força.

— Se ela tentasse me atacar é claro que ia desarmar ela. Vai mais devagar!

— Meus irmãos estão lá. — ela respondeu por cima da respiração, de longe viu o gordo com um pau na mão e deu meia volta de novo — Merda, merda, merda, merda. — O celular dela tocou então e trêmula de nervoso e raiva ela atendeu com uma mão só enquanto voltava para a pista principal — Cadê vocês?

— Tivemos que sair por outro lado e pegamos um ônibus para casa.

— O quê?

 Você não atendia o celular! — a voz de Kankuro subiu também para se defender.

— Cuidado!

— Quem está aí?

Temari respirou fundo depois de desviar de um gato no meio da rua. Pensou em responder Kankuro, mas desligou na cara dele e jogou o celular no banco de trás.

— Eu vou matar aqueles dois. Onde você mora, garoto?

Ele deu um pulo no banco à repentina pergunta e balançou a cabeça.

— Pode me deixar aqui.

— Onde você mora? — perguntou com ênfase.

Ele não a conhecia, não sabia o quão nervosa ela estava e se a conhecesse com certeza ia fazer o que ela mandava e ficar quietinho, sem objeções, sem questionar.

— É Shikamaru — ele suspirou abaixando os ombros. Temari ergueu as sobrancelhas se lembrando então do nome dele — Moro perto do bosque ao norte.

— Ótimo — ela fez o mapa em sua cabeça de como chegaria lá. Em sua mente já via seus pais questionando onde estava e por que os irmãos voltaram antes dela se saíram junto. Ela ia matar aqueles dois.

— Posso ligar o rádio?

Piscou e viu Shikamaru olhando o aparelho antigo do seu carro com os olhos curiosos.

— Não funciona.

— Ahn… — ele virou o rosto para o vidro e ficou em silêncio. Os dedos magros batendo levemente no vidro com ritmo.

Temari respirou fundo e tentou não pensar no que faria quando chegasse em casa. Estava um silêncio que poderia ser incômodo se ela se importasse, mas o menino ali não tinha nada a ver com o seu humor, então decidiu que puxar um papo seria uma boa até mesmo para ela. Apesar de não ter ideia do que poderia falar com um moleque daquela idade, bom, poderia ser qualquer coisa que não fosse sobre xadrez.

— Sua escola não participou do torneio esse ano. — mas ele foi mais rápido e tinha que falar sobre.

— O clube foi desfeito. — ela respondeu sem vontade — Então, se mora tão longe, o que estava fazendo lá?

Ele demorou um pouco para responder e parou de batucar na janela. Ela não estava curiosa, mas a pausa dele a fez ficar.

— Vendo as nuvens. Acabei cochilando.

Já se passava das nove da noite, certamente ele havia ido muito mais cedo para conseguir ver alguma nuvem no céu. Ela balançou a cabeça com a inutilidade que olhar as nuvens era.

“Não vai conseguir dormir a noite desse jeito” pensou com um riso anasalado.

— E você?

Ela olhou para ele quando o sinal fechou e passou a mão pelos olhos.

— Meus irmãos andando com as pessoas erradas.

— Eu não tenho irmãos. — ele comentou dando de ombros e apontando com a cabeça para o sinal que abria.

— Sorte a sua. — ela respondeu azeda. Mas era da boca pra fora e nem precisava se explicar. Amava aqueles dois moleques, mas a raiva que eles a faziam passar era sem tamanho, e naquela noite tinham extrapolado. — Onde entro?

— Ali. — ele apontou para uma estrada estreita no meio do bosque.

Temari achou esquisito, mas não questionou. Entrou na estrada de chão sendo tomada pelo cheiro gostoso de eucaliptos e ar fresco da natureza. Era refrescante e não pôde segurar o suspiro profundo.

— Depois de um tempo enjoa — o garoto disse ao lado dela, com os olhos na janela. Temari duvidou que enjoaria daquilo, mas não respondeu — Valeu por chegar lá, talvez ela tivesse mesmo feito algo louco ou sei lá. — ele disse baixinho, meio contrariado.

— Não foi nada. — respondeu surpresa com a grandiosa casa que aparecia por trás de portões bem protegidos no meio do bosque. — E vê se aprende a não ficar vagabundeando por aí. — olhou séria para ele, ignorando o objeto de sua fascinação e falando como se o garoto ali fosse um dos seus irmãos, a ideia dele estar olhando nuvens ainda lhe parecia muito absurda.

— Problemática — ele revirou os olhos e abriu a porta assim que ela estacionou em frente à casa e a luz da frente se ascendeu.

— O que disse?

— Nada. Aliás, você é violenta. Você estava mais assustadora que a minha mãe. — ele parecia estar resmungando, mas para ela foi engraçado a forma como ele se expressou.

— E você parecia mais retardado do que da última vez. — Puxou um sorriso sarcástico e continuou — Sempre desiste? — E não pôde segurar a vontade de alfinetar ele com o que havia feito com ela no xadrez.

— Eu não estava desistindo, estava pesando as probabilidades das minhas ações. — Temari sorriu ainda mais com o tom emburrado dele. — Eu deveria ter parado você antes que chegasse. Um homem de verdade não deixa uma mulher lutar por ele.

Temari rolou os olhos rindo ácida e então olhou para ele com o sorriso ainda desenhado em seu rosto.

— Ainda com esse papo machista? Você fala demais para um garotinho. Mas fala sério, aquele ataque foi bom, hein? — e sorriu novamente, agora de verdade, pronta para receber o elogio dele, pronta para amaciar o seu ego e se sentir quite com ele. Orgulhosa de seu próprio feito, sim, mas satisfeita internamente por ter recebido um agradecimento e reconhecimento dele.

Abriu os olhos quando não recebeu resposta e tudo o que viu foi um sorriso pequeno de canto e os ombros encolhendo-se, mas o que mais chamou a atenção dela foram os olhos. Não havia como explicar, mas aquele garoto, Shikamaru, tinha algo nos olhos que um garoto de treze anos não deveria ter.

— Boa Noite, Temari.

E ela voltou para casa tentando definir - sem parecer estranho - o que era aquele olhar. Estacionou o carro com a estranha constatação que Shikamaru era charmoso. Um moleque charmoso. Riu para si mesma e balançou a cabeça pensando no trabalho que ele poderia dar quando estivesse mais velho, ou se já tivesse consciência do que podia fazer.

— Psiiu, Tema.

Ela olhou assustada para o canto da área, atrás de um vaso gigante, e viu tanto Kankuro quanto Gaara esperando por ela encolhidos. Os dois esperaram o esporro que não veio, e ela até pensou mesmo em dizer algo, mas a atitude deles de ficarem escondidos esperando por ela para que os pais achassem que tivessem chegado juntos e talvez por ter finalmente acertado as contas com o garoto gênio, a fazia sentir uma calma incomum numa situação como aquela.

Gaara e Kankuro se entreolharam confusos, mas nenhum dos dois seria idiota em questionar aquela aura de paz envolvendo a irmã.

E naquela noite ela teve um sonho muito estranho.

 

 

betado por Ayaneyanoy


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Notas finais do capítulo

hehehehehehehe como eu poderia deixar isso fora? Temari salvando o Shikamaru e limpando sua consciência ashuahsuahsuh ADORO NÉ?
Com viram, neste capítulo pulamos um ano e pouco, no próximo irei pular mais um pouquinho e seguir uma linha mais consistente com a aproximação dos dois em idade mais favorável hahahhahha E atenção aos detalhes, Shikamaru trabalha com eles ;)

Obrigada pelo carinho *-* Até o próximo!



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