Temari não conseguia segurar mais o sorriso bobo olhando para o teto do seu quarto. Seu coração ainda batia forte e o rosto esquentava só de lembrar daquele breve encontro com Shikamaru.

Ela não se reconhecia mais!

Esfregou o rosto quente com as mãos e suspirou se virando para olhar a hora. Droga, estaria ferrada no outro dia se não dormisse logo. Mas simplesmente não conseguia.

Fechou os olhos e começou a ter pensamentos relaxantes que a ajudassem a dormir. Logo ouviu em pensamento a voz dele falando o nome dela daquele jeitinho arrastado, reclamando de algo banal ou fazendo aquele barulhinho depois que bocejava com prazer.

Ela bocejou se ajeitando no travesseiro.

Sorriu um pouco lembrando daqueles olhos pequenos e brilhantes na direção dela enquanto ela falava sem parar sobre as coisas que gostava, sobre os seus pais, os irmãos, os amigos… Ele fazia algumas observações breves, mas na maioria do tempo ficou em silêncio, com o rosto apoiado na mão e um sorriso pequeno e encantador.

Desde quando se sentia daquele jeito por ele?

Havia tentado se distrair durante o dia depois de mal ter dormido pensando nos beijos que trocaram, mais especificamente no que sentiu beijando-o.

Era uma atração forte demais, muito forte para ser chamada assim…

Ela estava apaixonada por aquele garoto, não havia como negar ou justificar o contrário. Tudo o que já havia visto, escutado e lido sobre o assunto agora acontecia com ela.

Era tão assustador e tão bom.

Caminhando sozinha para casa depois de escutar a noite toda que estava estranha na casa de Itachi, foi falando consigo mesma o que deveria fazer. Não era mais uma opção fingir que eles não tinham se beijado e seguir com a vida do jeito que estava por dois motivos:

1 - Ela não conseguiria.

2 - Ela não queria.

Nunca havia sido medrosa, mas naquela noite ela sentiu medo. Sentiu-se também insegura.

Droga, nunca havia sentido aquilo, era muito novo e era difícil saber organizar seus pensamentos com os sentimentos tão aflorados. Ela não era uma covarde, não era desorganizada e não era alguém que esperaria que ele tomasse uma iniciativa e falasse com ela.

Foi então que ergueu a cabeça e o viu parado embaixo do poste em frente a sua casa a esperando. Ele estava tão lindo.

Shikamaru havia ido atrás dela antes mesmo dela ter pensado no que faria a seguir, antes de analisar todo o tabuleiro que os dois jogavam para escolher a melhor estratégia.

Mas no fim, ela viu que não havia outro caminho. Somente aquele que ela se negava a aceitar como único.

Então ele segurou na sua mão e juntos foram ao café perto de sua casa.

— Você é uma mulher intimidante e eu sou um cara covarde, mas… eu não iria me perdoar se me acovardasse e não dissesse que eu não paro de pensar em você, Temari. Que eu… eu… gosto de você desde que sorriu para mim pela primeira vez.

Temari apertou os olhos e abraçou o cobertor como se fosse ele ali naquele momento. Ela jamais esqueceria do rosto dele rubro de vergonha e os olhos brilhando de determinação. Jamais esqueceria da declaração sem jeito dele enquanto se esforçava para não desviar os olhos para o chão.

— Bebê chorão. — sussurrou sorrindo enquanto se entregava ao sono.

♚♛

Foi difícil acordar cedo naquela manhã. Temari rolou na cama quando o celular despertou e resmungou insultos ao aparelho inanimado como se ele estivesse fazendo algo completamente insolente. Porém, seu mau humor voou com o vento quando viu nas notificações uma mensagem recebida de madrugada.

“Se não conseguir dormir bem, aconselho que tire um cochilo durante o dia.”

— Besta. — sorriu boba para o aparelho respondendo em seguida com “É por isso que você não dorme bem a noite. Bom dia, preguiçoso.”

Se arrumou com mais disposição que teria normalmente e não precisava de ninguém para lhe dizer o porquê daquilo. Com certeza Tenten teria coisas para falar sobre aquela novidade, coisas como estar feliz em ver Temari parecendo uma boba apaixonada. Fez uma careta para o espelho terminado de arrumar o cabelo e se encarou por um tempo, não queria que as pessoas achassem que ela mudou tanto, tinha que ter pelo menos controle sobre as outras pessoas. Além do mais, Tenten não saberia nada por enquanto, os dois haviam acordado na noite anterior que tudo ficaria em segredo, para que não houvesse pressão e desentendimentos.

— Bom dia. — cumprimentou o pai e Gaara como sempre fazia de manhã. Rasa acenou com a cabeça lendo o jornal, mas Gaara a olhou e puxou um sorriso estranho com o canto da boca. Ela juntou as sobrancelhas questionando a estranheza e ele suspirou balançando a cabeça e voltando a olhar para o celular.

— Acordem o Kankuro se ele não aparecer em 10 minutos, tenho uma reunião na empresa agora de manhã. — Rasa fechou o jornal e se levantou da cadeira segurando uma pasta quase nova que praticamente não usava trabalhando em casa.

— Pode deixar. — Temari respondeu indo até a geladeira para beber um copo de água. Ela não imaginava que seria tão difícil fingir não estar tão feliz quanto estava, fingir não estar pensando naquele moleque preguiçoso e bonito e parecer casual.

— Aconteceu alguma coisa?

Temari ergueu os olhos confusa para Gaara, ele a olhava intensamente, parecendo procurar respostas com a  reação dela.

— Por que a pergunta? — decidiu ficar na defensiva quando se sentou à mesa. Não, ela não confiava em si mesma para mentir estando naquele estado novo de euforia contida.

Gaara pareceu pensar um segundo e estalou a língua.

— Você parece… — apertou os lábios contrariado e Temari começou a achar aquilo muito estranho. — Ele fez alguma coisa pra você?

— Ele quem? — a pergunta foi automática, e o espanto também.

— Shikamaru.

Temari demorou segundos para compreender o sussurro de Gaara. Ficou em estado de choque, olhando o irmão sério esperando que ela dissesse algo.

— O que você sabe?

— Tudo. — suspirou passando a mão no rosto.

— Ino… — o nome da cunhada saiu entredentes. Claro que ela ia falar! Mas Gaara a interrompeu antes que começasse a rodada de insultos raivosos dando mais crédito a sua confissão.

— Não foi a Ino. Foram vocês dois. — ele se inclinou na mesa e não parecia feliz. Temari estalou os dedos por baixo da mesa e respirou fundo — Chegava a ser nojento.

— Eu não sei do que está falando.

Gaara revirou os olhos enfaticamente e encostou-se na cadeira com força. Temari controlava a turbulência dentro dela, não imaginava que Gaara pudesse saber algo e não estava preparada para brigar com os irmãos por causa daquilo.

— Já faz um tempo que percebi que vocês dois estavam muito juntos. Só tive a confirmação de que estava rolando algo quando jogamos War e ele olhou para você quando eu falei da minha princesa, e você ficou vermelha. Eu desconfiei que ia sair com ele naquele dia que estava arrumada e só confirmei quando vi ele te deixando na porta de casa.

— Me escuta bem, — Temari decidiu que não deixaria Gaara fazer um grande espetáculo com aquilo, tinha que colocar ele no lugar antes que criasse coragem para se meter na vida dela como Kankuro imbecilmente fazia. Apontou o dedo na direção dele e fechou a cara  — isso não afeta diretamente você, então…

— Eu sei, eu sei. — ele a interrompeu erguendo uma mão cansado. Temari não esperava aquela reação dele — Ainda acho estranho, mas eu... quero dizer… não penso num cara melhor para ser meu cunhado. — ergueu os ombros e Temari sentiu algo estranho com aquele laço familiar sendo verbalizado por Gaara. — Eu conversei com ele ontem na praia — disse mais baixo e Temari se surpreendeu — achei que iam se acertar, ou sei lá. Mas você…

— Nos acertamos. — respondeu no mesmo tom que ele ouvindo passos pesados na escada. — Isso é um segredo, por enquanto.

Gaara ergueu as sobrancelhas quase transparentes e se mexeu desconfortável na cadeira. Temari imaginava o quão difícil deveria estar sendo para ele aceitar aquilo, sua irmã mais velha com um de seus melhores amigos.

Então Gaara assentiu duas vezes, mais parecia que fazia aquilo para ele mesmo do que para ela e voltou a olhar para o celular na frente dele.

— Fiquei sabendo que o Naruto está namorando a Hinata, doido né? Todo mundo se acertando, tenho que arrumar uma namoradinha também. — Kankuro chegou arrastando os pés com as notícias da manhã fresquinhas. Temari lançou um olhar debochado na direção dele e Kankuro puxou um sorriso no mesmo tom  — Vai acabar ficando para titia, Tema. Do jeito que é insuportável, os únicos que vão aguentar ficar do seu lado vão ser os seus cinquenta gatos. — e gargalhou como se fosse a melhor piada do mundo.

Temari olhou de soslaio para Gaara e ele olhava para a tela do celular, um pouco tenso. Ela ergueu o queixo e riu sem humor, engolindo a vontade de jogar na cara de Kankuro o que estava acontecendo.

Kankuro se desfez do sorriso olhando desconfiado para a irmã.

— Já está pronto? Temos que chegar cedo na clínica. — ela apontou para ele que ainda a encarava. — E não me olha desse jeito, senão eu mando um dos meus gatos te atacar. — e deu uma piscada rindo baixo como se só ela entendesse a piada.

— Gaara, o que ela quis dizer com isso?

Temari viu o irmão mais novo erguer os ombros e Kankuro ficar inquieto até chegarem na clínica onde fariam seus exames de rotina.

Sentados na sala de espera, ela lia uma revista de meses atrás enquanto se distraia do fato de Gaara estar mexendo as pernas de forma nervosa com aquele medo de agulhas que agora ele fingia não ter e Kankuro de cara fechada parecendo estar pensando muito. Ela estava sentada entre os dois. Suspirou audivelmente e virou uma página não lendo uma palavra do que estava escrito lá.

— Você está saindo com quem, Tema? — Kankuro perguntou baixo e Temari revirou os olhos.

— Ninguém.

Virou mais uma página.

— Você está sim. Sabe, eu não vou falar nada.

Virou mais uma página.

— Qual é, Tema? É até bom porque aí meus amigos param de ficar falando de você. É alguém da faculdade?

Temari estreitou os olhos para a página que tinha uma propaganda de esmaltes. Nunca que acreditaria naquela passividade de Kankuro.

— Gaara, para de mexer a perna. Está me deixando irritada. — Fechou a revista e abriu outra mais antiga ainda.

— Temari…

— Cala a boca, Kankuro. — respirou fundo e fechou a revista sobre as pernas cruzadas o olhando séria — Por favor, só fica quieto.

Kankuro ficou quieto, mas a olhava mais desconfiado que antes. Temari o ignorou e quase teve que empurrar Gaara quando o nome dele foi chamado. Somente os dois e a secretária ficaram na sala quando Kankuro soltou uma exclamação e socou a própria mão.

— Shikamaru!

Temari deu um salto na cadeira e o olhou abismada. Não, não havia fúria ou coisa parecida na voz e no rosto de Kankuro, e sim um sorriso gigantesco.

— O-o que tem ele?

— Vou perguntar ao Shikamaru, ele com certeza deve saber. Você são amigos e andam pra todo lugar juntos. — Kankuro riu malignamente e esfregou as mãos.

Temari o olhou sem acreditar, querendo dar um tapa na cabeça dele e ao mesmo tempo rir. Balançou a cabeça e voltou a olhar a revista.

— Pergunte a ele e você vai dar adeus às suas bolas.

— Hmmm, nervosa? — ele se arrastou pela cadeira até empurrar ela com o ombro e receber uma revistada na testa. Riu esfregando o local e Temari cruzou os braços segurando a vontade de rir e fingindo estar sem paciência. — Eu vou descobrir, Tema.

— Boa sorte, Kank. E quando descobrir — puxou um sorriso malicioso para ele — passa para pegar seu Nobel, gênio.

— Kankuro no Sabaku. — a enfermeira o chamou e ele se levantou coçando a nuca e deixando uma Temari risonha para trás.

Abriu novamente a revista e sorriu sem ler uma única palavra da página perto da sua cara. Queria contar ao Shikamaru e ver a reação dele, talvez aparecesse lá de surpresa a tarde… Não, não, não. Tinha que dar um tempo para ele sentir saudades e para ela não parecer uma desesperada. Isso!

♚♛

Os três irmãos foram liberados da clínica perto do almoço e não viam a hora de comerem algo. Gaara apontou para uma lanchonete que tinha ali perto e continuou andando quando Kankuro disse que não queria ir lá. Temari não ligava para onde eles iriam, ela estava faminta e aceitava qualquer coisa.

Ia andando e pensando no que faria naquele dia. Tinha uns livros para ler, seu quarto para arrumar e talvez chamasse Tenten para conversar a noite. Talvez mandasse uma mensagem para Shikamaru… Não, ela esperaria que ele mandasse e depois ela o responderia. Será que ele iria chamá-la para sair?

— Ursinho!

Temari piscou e precisou olhar duas vezes para acreditar no que ela via. Ino corria de braços abertos para abraçar Gaara, atrás dela estavam Chouji e uma morena de mãos dadas e, por último, Shikamaru batia a porta da caminhonete e se virava com preguiça para eles.

O rosto dela esquentou. O dele avermelhou na hora quando a viu. Os dois parados no lugar que estavam enquanto os outros se cumprimentavam.

Ela ensaiou um sorriso sem sucesso e ele ergueu uma mão acenando uma vez e colocando atrás da cabeça sem jeito.

Ela estava quase pedindo socorro.

Kankuro então apareceu na visão de Temari abraçando Shikamaru pelos ombros com um sorriso que remetia a traquinagem.

— Shikamaru, meu irmão. Precisava mesmo conversar com você sobre a minha irmã e os urubus que ficam atrás dela. Acho que você pode me ajudar...

Temari quis bater nele e afastá-lo de um Shikamaru que ficava pálido a cada passo para dentro do estabelecimento quase sendo arrastado por Kankuro. Ela passou a mão pelo rosto e balançou a cabeça tentando colocar os pensamentos em ordem. Apressou o passo antes que Kankuro ou Shikamaru dissesse algo que estragasse tudo.

O lugar era um típico fastfood, mesas coloridas, paredes coloridas, uniformes coloridos, painéis com preços e imagens coloridos, cadeiras desconfortáveis… Kankuro e Shikamaru já haviam pego um lugar com seis cadeiras e os outros os seguiram conversando animadamente. Temari engoliu em seco quando Shikamaru balançou a cabeça negativamente para algo que Kankuro disse e olhou para ela pedindo socorro.

— Para de ser intrometido. — ela bufou quando Kankuro a olhou sorrindo inocente. E Temari nem ao menos havia percebido que iria ficar de pé se Shikamaru não tivesse se livrado de Kankuro e pegou uma cadeira para ela, colocando entre ele e Ino. — Obrigada.   

Ele balançou a cabeça uma vez mordendo o lábio inferior e voltou, sem um pingo de vontade, a olhar para Kankuro.

Ino e Kankuro eram os mais animados na mesa, Chouji e a morena ao lado dele, que depois foi apresentada como Karui, pareciam viver num mundinho só deles - Temari, do jeito que estava, achou a coisa mais fofa do mundo a relação daqueles dois - ela, Gaara e Shikamaru só escutavam e observavam, calados. Como se os três soubessem de algo que os outros não tivessem ideia.

Temari constantemente sentia o braço de Shikamaru resvalar no seu, parecia proposital e ela tinha que conter o sorriso. Ino jogava olhares furtivos para os dois tentando detectar algo e Kankuro havia pegado o dia para descobrir quem era o pretendente de Temari.

Em circunstâncias normais, Temari teria acabado com aquilo com apenas uma frase, mas ela não estava normal e tinha medo de contar a verdade quando tinham concordado que seria melhor guardar para eles por enquanto. Mas parecia que até mesmo Kankuro não estava normal, tão obstinado daquele jeito.

Ela ouviu a voz dele mais baixa que de Ino para Shikamaru.

— Fala ai, cara. Já viu minha irmã com alguém lá?

— Já vi ela com muitas pessoas. — Shikamaru parecia sereno e respondia com seu típico tom aborrecido. Temari usou aquilo como um lembrete de que ela era boa em controle emocional, estava na hora de colocar aquilo em prática. Kankuro exclamou surpreso e Shikamaru continuou — A Tenten, a Shiho…

— Estou falando de homens. — Kankuro revirou os olhos como se Shikamaru não tivesse entendido.

Temari balançou a cabeça e Shikamaru deu um sorriso pequeno para ela, bem rapidinho. Temari suspirou alto pegando seu lanche e olhou com deboche para o irmão.

— Por que esse interesse todo, Kankuro? A fim de pegar os caras que fico? — A mesa toda estourou em risadas e até a namorada quieta de Chouji sucumbiu. Kankuro soltou um palavrão e gaguejou ofendidíssimo — Ah, que masculinidade frágil, irmãozinho. — finalizou erguendo uma sobrancelha para ele e comendo seu hambúrguer com gosto. A reação dos presentes não foi outra a não ser rir mais uma vez deixando Kankuro encabulado, raivoso e tentando provar que era “homem” sim.

— Cruel.

Sorriu ao sussurro de Shikamaru ao lado dela e piscou. Aproveitou que Kankuro mudou de assunto para comer em paz e observar as pessoas - estava sendo difícil, ela percebeu, não ficar olhando todo o tempo para Shikamaru.

Ino a apresentou a Karui e Temari gostou muito da moça. Ela era um pouco mais velha que os outros também e bastante sincera, Temari gostava muito daquilo e também sentia que eram parecidas. Karui também tinha cara de brava (como todos diziam que Temari também tinha) e dava sua opinião com confiança, mas havia algo sobre ela que surpreendeu Temari: o jeito que ela tratava Chouji.

Temari estava sempre cercada de casais, mas nunca parou para reparar na dinâmica deles como agora ela fazia. Ela era nova nessa coisa de estar apaixonada e qualquer lição na vida real era bem acatada, menos Ino e Gaara porque ela não aguentava aquele açúcar todo da loira. Então ela viu como Karui era com Chouji, a atenção que ela dava a ele, adiantando as coisas que ele queria sem ele pedir, atenta a se ele estava satisfeito e dando carinhos discretos o pegando de surpresa e deixando-o com as bochechas fofas e vermelhas. Ela dava sorrisos a ele que eram diferentes dos que dava aos outros. Chouji, em contrapartida, pagava da forma mais doce possível, sem ser incômodo ou exagerado. Ele segurava a mão dela por cima de sua perna, sempre a colocava na conversa pedindo a opinião dela e dando sorrisos bobos de um rapaz completamente apaixonado. Além do mais, ele oferecia sua comida antes de comer, fato que Temari descobriu ser um ponto forte para demonstrar o quanto ele gostava daquela garota.

— Chouji parecia que estava numa guerra quando íamos na churrascaria, sabe aquelas que nós mesmos grelhamos a carne? — Ino disse deixando o amigo enrubescido e Karui atenta com um sorriso pequeno no canto da boca. — Ele quase passava por cima de mim e do Shika para pegar o último pedaço de carne. Era violento!

Temari se pegou rindo com os outros e olhou de canto para Shikamaru, ele a olhava também. Coração bobo que insistia em bater mais forte.

— Estranho, porque ele sempre me oferece a primeira e a última fatia ou pedaço do que for. — Karui alisou o ombro dele e ele ficou ainda mais vermelho.

— Chouji sempre pensou com o estômago — Shikamaru disse suave sorrindo um pouco para o amigo — Se sinta especial por isso.

— Se sinta mesmo! Eu ia pegar uma batatinha e ele quase mordia meu braço. — Ino jogou o cabelo fingindo estar ofendida e Karui riu deixando um beijo no rosto do embaraçado rapaz. — Sempre falei para ele fazer dieta, sabe?

— Ainda bem que ele não te ouviu — Karui cortou Ino e apertou a mão de Chouji por cima da mesa. Todos se calaram e Ino olhou para a ruiva na defensiva. — Eu não ficaria com alguém que não fosse o meu Chouji.

Temari achou que Ino fosse bufar, revirar os olhos ou algo do tipo, mas foi surpreendida com o sorriso bonito e discreto que ela deu para Shikamaru e ele lhe devolvendo na mesma dose. Chouji disse algo baixo para Karui, algo que pareceu um agradecimento, mas Temari preferiu não prestar atenção e deixá-los voltar para o mundinho deles.

— Agora só falta Shikamaru e Kankuro para arrumarem alguém, hein? — Ino disse de repente. Temari agradecia por seu nome não estar no meio.

— Ino… — Shikamaru censurou baixo.

— Eu estava falando sobre isso mais cedo. — Kankuro atacava seu terceiro hambúrguer e arrotou quando começou a falar. — Naruto tá namorando a mudinha, cara!

— Não fala assim da Hinata. — Ino jogou algo em Kankuro que desviou rindo.

— E eu vou à caça. — ele continuou dando de ombros — Acho que consigo alguém primeiro que o Nara, hein? — empurrou Shikamaru com o ombro três vezes e ele só respondeu  com um levantar de sobrancelhas, fingindo estar mais interessado nas suas batatinhas. — As universitárias não devem nem olhar para você. Está no paraíso, mas as mulheres não querem saber de serem papa-anjo.

Temari quase engasgou com o suco que bebia e Gaara começou a mandar Kankuro ficar quieto. De repente a mesa ficou com aquele silencioso pesado. Parecia que todo mundo sabia, menos Kankuro.

Shikamaru soltou um suspiro audível e olhou sério para Kankuro.

— Cara, guarda a sua opinião para você.

— Devia ir para o colegial atrás de gatinhas — continuou indiferente aos olhares tensos na direção dos dois. — Só falar que é universitário e cai umas dez em cima de você.

— Você é um babaca. — Temari disse entre dentes.

— Assim como a Tema quando meus amigos estão perto, parece que atrai.

— Kankuro, já chega.

Ele encarou a irmã sério.

— Vocês dois estão ficando, né?

betado por Ayaneyanoy