Chess escrita por Pan Alban


Capítulo 13
Entregue


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!

Ui, cheguei! hahahahah Vocês me perdoam por ainda não responder os comentários? Juro que vou dar um jeito nesse feriado hahahaha E me perdoam também por achar que conseguia terminar em dois capítulos? Acho que vai mais um pouquinho... Mas não muito, pretendo acabar ainda mês ;)


Boa leitura!



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Um olhar. Apenas um olhar duro e frio de Temari na direção de Kankuro mostrou que não iriam discutir naquele momento.

Soltando um palavrão, Kankuro balançou a cabeça e olhou com descrença para Shikamaru.

— Você… Justo você.

Temari revirou os olhos com impaciência enquanto Chouji e Karui saíam da mesa e Ino insistia em continuar ali.

Kankuro achava que não demonstrava, mas era irritantemente sentimental e ligado a família. Ele sempre ficava perto de Gaara mesmo sendo mais velho e podendo ter outro grupo de amigos, comprando as brigas do irmão e defendendo ele de qualquer um. E com Temari não era diferente, havia um dever de honra exagerado em relação à irmã mais velha. Temari suportava aquilo por nunca levar a sério e nunca ter sido tão diretamente envolvida, mas agora ela não tinha um pingo de tolerância para com ele.

— Kankuro — A voz de Temari soou impaciente. Ele a olhou com um “Por quê?” sofrido nos olhos — Eu juro que estou me controlando para não ser agressiva e tentando colocar na sua cabeça, de forma civilizada, que você não tem que se meter em porra nenhuma na minha vida. Compreendeu?

Mesmo dizendo que não queria soar agressiva, sua forma de falar contradisse tudo e Ino deu um sorriso trêmulo e nervoso na direção de Gaara, se encolhendo para o canto enquanto Kankuro começava a tremer um olho sem se importar com nada.

— Você não vê o quanto isso é bizarro? — ele justificou aumentando o tom e apontando para Shikamaru que, pela primeira vez, mostrou uma expressão diferente da serenidade que ele tentava manter, ele ficou ofendido.

— Bizarro é você ficar cagando regras sobre como as pessoas têm que viver suas vidas. — ela respondeu no mesmo tom, antes que Shikamaru abrisse a boca para se defender.

Temari bufava, Kankuro não estava diferente.

— Não estou estou cagando merda nenhuma… — Kankuro disse atormentado com as próprias palavras e Temari ouviu o riso baixo de Ino, talvez fosse pela escolhas de palavras de Kankuro, mas ela estava furiosa o suficiente para queimar qualquer resquício de bom humor. — Porra, isso… Que merda, Shikamaru. — Virou sua atenção para o rapaz que mantinha as mãos pousadas uma sobre a outra em cima da mesa da lanchonete. Kankuro o olhava do mesmo jeito de antes. — Por que fez isso, cara?

Temari quis voar no pescoço do irmão naquele momento. Ele falava como se Shikamaru tivesse a coagido a ficar com ele, como se ele estivesse abusando de alguma superioridade que existia na cabeça de Kankuro para os dois estarem ficando.

Mas, antes que a resposta ácida saísse de sua boca, Shikamaru soou pela primeira vez. A voz dele era tão calma e baixa que fazia com que o contraste com de tons usados pelos dois fosse enorme, e ainda assim causou maior estrago que os gritos dos irmãos.

— Porque eu sou apaixonado por ela.

E ouvir aquelas palavras lentas, diretas, claras e surpreendentes não desarmou somente Kankuro, mas também Temari que abria a boca lentamente olhando para o perfil solene do rapaz que começava a corar nas orelhas.

Temari não acreditava que ele havia dito aquilo, quando nem ao menos com ela havia usado a palavra “apaixonado” para categorizar o que sentia. Estar apaixonado parecia ser um degrau acima de simplesmente “gostar”, mesmo que diversas vezes os dois termos fossem a mesma coisa. Mas admitir estar apaixonado, com essas palavras, em voz alta, dava um peso maior para uma declaração, um peso que balançava o coração e tingia a vida de cor.

Ela estava apaixonada por aquele menino, ela sabia daquilo, mas se houvesse qualquer dúvida anteriormente, ela havia se dissipado como fumaça no vento.

Kankuro mexeu a boca aturdido, sem conseguir dizer algo imediatamente, e Temari não se pronunciou verbalmente para não expôr o quão abalada ela ficou, apenas deslizou sua mão um pouco hesitante até colocá-la por cima das mãos dele sobre a mesa. Shikamaru a olhou surpreso e virou a palma para segurar a dela apropriadamente. Temari então sentiu como as mão dele suavam e teve vontade de rir.

Kankuro olhava as mãos unidas com terror no rosto, Gaara permanecia calado e sério, enquanto Ino estava agitada parecendo querer fazer algo. Kankuro então abriu a boca para falar, seu rosto se avermelhava e Temari sabia que ia sair mais absurdos. Acabou a paciência dela.

— Kankuro — Temari respirou fundo e inclinou o corpo para frente para olhá-lo nos olhos. Todos ali podiam sentir a aura perigosa de Temari — Eu não preciso da sua aprovação para nada, eu beijo quem eu… — as palavras foram perdidas quando Shikamaru apertou levemente sua mão e suspirou alto ao lado dela, chamando a atenção de um Kankuro que estava quase roxo.

— Podemos conversar lá fora?

Pouquíssimas vezes Shikamaru parecia tão sério. Ele era aquele tipo de cara que ficava na dele a maior parte do tempo, tendo preguiça de argumentar e dar sua opinião sem que peçam, o tipo de cara que preferia ficar nos bastidores e não tomar decisões importantes para não ter que lidar com as responsabilidades. As pessoas normalmente deixavam-no no lugar dele, quietinho e tranquilo, mas quando Shikamaru se impunha e erguia a voz, todos se calavam.

Temari nunca o viu tão maduro quanto naquele momento, os lábios finos apertados e os olhos puxados encarando Kankuro diretamente sem hesitação. Sua voz havia saído clara e alta o suficiente para apenas eles ouvirem e sentirem que não haveria brincadeira e que aquilo seria o ultimato.

O silêncio que se fez foi breve, mas o suficiente para sentir que todo mundo sentia o mesmo peso que Temari diante de um Shikamaru com aquela atitude.

Kankuro desviou os olhos para a mesa e balançou a cabeça numa discussão interna, mas arrastou a cadeira com ruído desnecessário e se levantou dando as costas para Shikamaru, este último também se levantou, com menos barulho e com o queixo erguido. Temari quis ir também, mas Shikamaru a olhou por cima do ombro e puxou um sorriso pelo canto da boca.

— Não se preocupa, problemática, vai ser uma conversa de amigos.

O sorriso dele se tornou tranquilizador e Temari suspirou assentindo. Quando Shikamaru saiu, Gaara foi atrás mesmo não sendo convidado e deixou as duas garotas na mesa.

— Eu odeio esse tipo de coisa — Temari resmungou, só então percebendo que as pessoas ao redor olhavam para elas. Com uma cara feia, ela os fez desviarem os olhos.

— Eu sei que vocês se resolvem de outra forma — Ino disse suavemente, parecia receosa e Temari a olhou com as sobrancelhas tensas — Mas, confia no Shika. Ele com certeza não vai pedir a sua mão pros seus irmãos. — Ino riu e Temari apertou os olhos na direção da janela, de onde podia ver os três num círculo. Shikamaru gesticulava com uma mão enquanto a outra estava no bolso, ele estava de costas para ela. Kankuro estufava o peito com os braços cruzados e cara fechada. E Gaara também estava com os braços cruzados, mas seu rosto era uma tela em branco. — Eles são amigos antes de tudo e Shikamaru não quer perder isso, independente do que aconteça…

Independente do que aconteça…

Não tinham um relacionamento sério ou algo perto daquilo, só haviam se beijado e estavam prontos para conhecer um ao outro de outra forma que não fossem como amigos. Nem namorando estavam e aquilo já acontecia. Temari balançou a cabeça fingindo ser passiva quanto àquilo, mas por dentro ela deixava claro para si mesma que deixaria os três conversarem como amigos, porque quando chegasse em casa ela iria ter uma conversa de irmãos. Gaara e Kankuro sabiam como era uma reunião particular com uma Temari brava.

Temari não puxou assunto com Ino depois disso, continuou olhando para a janela e comendo o restante das batatas fritas que Shikamaru havia sido obrigado a deixar. Ela não podia ouvir o que eles falavam, mas analisava os gestos deles e tentava adivinhar do que se tratava. Ela fervia por dentro imaginando que poderiam estar falando sobre ela.

Shikamaru coçou a nuca em certo momento e as feições de Kankuro se suavizaram drasticamente. Temari ficou curiosa com o que poderiam estar falando, ainda mais quando tanto Kankuro quanto Gaara começaram a gargalhar quebrando completamente o clima anterior. Temari apertou os olhos na direção deles e Kankuro a viu, ficando sério na mesma hora, então ele disse algo que fez Gaara e Shikamaru olharem para trás. Ela apertou ainda mais os olhos na direção deles e Shikamaru fez uma cara de sofrimento para algo que Kankuro disse rindo. Agora eles falavam dela.

Shikamaru voltou a coçar a nuca e Gaara segurava um sorriso matreiro quando Kankuro bateu duas vezes no ombro de Shikamaru, sorrindo.

Temari não acreditava que eles tinham se acertado tão rápido e sem violência.

— É, parece que tudo acabou bem. — Ino comentou rindo e Temari suspirou vendo eles voltarem para dentro da lanchonete. — Uma pena você ainda não ter conhecido o Shikamaru que a gente conhece. — Então Temari teve a atenção dela. A olhou sem entender e Ino tampou o riso com a mão. — O gênio. Ele parece um idiota perto de você. Nunca percebeu?

Ela balançou a cabeça e olhou por onde os três entravam. Ino estava errada, se fosse um idiota ela não teria criado um interesse tão forte e não acabaria se achando uma idiota perto dele.

Ele sorriu um pouco antes de parar de pé perto da mesa. Gaara estendeu a mão para Ino mostrando que já iam embora e Kankuro apareceu sorridente atrás de Shikamaru, olhando perverso para Temari.

— Quero só ver quanto isso vai durar, guerreiro. — deu um tapa no ombro de Shikamaru e Temari ergueu uma sobrancelha para o irmão, mas o sorriso de Kankuro se transformou em um que Temari não conhecia, sem humor algum e talvez até meio triste.

Shikamaru foi embora com Ino e Gaara os acompanhou, Temari queria o caçula no carro também enquanto voltavam para casa, mas ele parecia pressentir que ela iria descarregar nos dois.

Ela ainda estava chateada com Kankuro pelas coisas que ele disse. Fechou a porta do carro com força e puxou o cinto com brutalidade. Kankuro passou a mão pelos cabelos e suspirou com as mãos no volante. Ela o olhou, não começaria o ataque tão rápido, começaria com um pouco de tortura até que ele estivesse pedindo arrego e só então despejaria tudo. Mas, Kankuro a surpreendeu falando primeiro algo que ele não dizia com frequência:

— Me desculpe, Tema.

Um pouco da fúria dela foi abalada, mas ela se recompôs rápido erguendo o queixo e respirando fundo.

— Por qual dos motivos?

Kankuro não a olhava, ele não gostava de ficar naquela situação e Temari sabia muito bem daquilo, mas ele parecia estar se esforçando.

— Por ter falado aquelas coisas, você sabe…

Temari fechou os olhos e apoiou a cabeça no encosto do banco.

— Você foi ridículo, babaca…

— Eu sei. — Os dois ficaram em silêncio uns segundos, ambos chateados de alguma forma um com o outro — Eu fiquei puto… porque você não me contou.

— Eu não contei para ninguém.

— Gaara sabia. Ele também não me conta. Vocês dois... — Temari abriu os olhos e apertou os lábios olhando-o de canto. Kankuro não era a melhor pessoa para expressar o que pensava e ela entendia aquilo. — Eu não penso que… aquelas coisas sobre você, tá? Desculpe.

— De verdade?

— De verdade.

Suspirou uma vez sentindo aquela raiva derreter diante do irmão. Não precisavam de muitas palavras para se entenderem, sempre foram assim e ela sabia que sempre seriam.

Quando mais novos, Temari sempre saía com eles e todo dia tomavam café da manhã juntos e conversavam, mas desde que ingressara na universidade ela sabia que havia se afastado um pouco dos seus irmãos. Havia sentido isso no dia que foi assistir o jogo de futebol deles, e agora sentia de novo.

Estaria Kankuro sentindo essa falta da irmã, dos velhos tempos, como ela também sentia? Ele estaria descontando sua frustração em qualquer acontecimento e feito ainda mais alarde como uma forma de chamar a atenção dela?

No final, ele era seu irmãozinho.

Ela sorriu para si mesma e se virou na direção dele. Kankuro a olhou de canto, envergonhado. Então ela estendeu os braços e o abraçou desajeitadamente e forte.

— O.. quê? Tema… — ele resmungou e ela riu apertando o rosto no ombro dele. Kankuro era um imbecil, mas era o seu imbecil. Se afastou e deu um tapa na cabeça dele, rindo da cara de aparvalhado dele.

— Se mete na minha vida de novo e eu acabo com a tua raça, moleque.

Kankuro a imitou com a voz fina e fazendo caretas, dando partida no carro e saindo daquela situação constrangedora. Ela encostou a cabeça no vidro e sorriu suavemente.

Talvez não fosse só ela que estivesse tendo dificuldades para acreditar que o tempo estava passando e os irmãos crescendo.

— Hmmm… Tema? — Kankuro a chamou depois de um tempo em silêncio e ela o olhou de esguelha. Ele estava sério olhando para a rua. — Se… se acontecer algo, digo… se ele fizer algo você deixa eu acabar com a raça dele?

Temari riu espreguiçando-se louca para tirar um cochilo e inclinou a cabeça na direção do irmão. Era engraçado como todos já pensavam na possibilidade dele fazer merda, logo o Shikamaru…

— Se sobrar algo depois de eu ter arrancado o couro dele… claro. — Kankuro riu sem jeito e ela o olhou perigosamente de repente — O que ele falou para você e para o Gaara quando deram risada lá na lanchonete?

Kankuro ergueu uma sobrancelha morena para a irmã e estalou a língua.

— Isso é muito estranho, cara… Você e o Nara.. Ok, ok, eu falo. Não precisa beliscar. Em resumo ele é um cara legal.

— Só isso? — Temari o olhou com as sobrancelhas juntas e Kankuro sorriu estranho dando de ombros.

— Tem coisas que devem ficar entre os homens, mana.

— Ora essa... — Temari revirou os olhos e soltou o ar com uma lufada, voltando a apoiar a cabeça no vidro da janela.

A rua passava rápida com a velocidade do carro e Temari sentia seu corpo cansado sucumbindo ao balanço suave do veículo em movimento. Fechou os olhos por um momento e não teve mais vontade de abri-los, daquela maneira ela conseguia pensar com nitidez na manhã esquisita que teve e em como tudo estava acontecendo rápido demais em relação a Shikamaru e ela. Tão rápido que ela tinha medo de se perder no tabuleiro que havia se enfiado e não saber que jogada fazer, como não cair em uma armadilha...

De olhos fechados, ela sentia sua consciência indo devagarinho para longe quando ouviu a voz baixa e um pouco zombeteira de Kankuro.

— Dormindo durante o dia? Aquele cara...

Ela sorriu um pouco, apenas uma puxadinha do canto da boca, incapaz de contra argumentar enquanto se entregava ao sono.

 

♚♛

 

Temari olhou a hora no celular mais uma vez somente para ver se Shikamaru já havia respondido sua última mensagem. Bateu o caderno que anotava na própria testa, se censurando por aquilo.

Havia cochilado durante a volta para a casa e quando chegou recebeu uma mensagem dele perguntando se haviam feridos. Ela havia respondido que havia sido misericordiosa com Kankuro, mas que não daria uma segunda chance. Então perguntou se ele estava bem e não obteve resposta desde então. Rolou os olhos imaginando que ele estivesse dormindo, aquele preguiçoso.

Voltou sua atenção à organização feita para montar os relatórios para Itachi e não foi fácil se concentrar, Shikamaru havia virado uma constante nos pensamentos dela e Temari ficava furiosa e atordoada com aquilo. Ah, como queria beijar aquele menino quando o viu mais cedo, provocá-lo para ver até onde ia aquela paciência e quanto tempo ficava com aquela expressão imperturbável.

Fechou os olhos e desistiu do planejamento, inclinou a cabeça para trás e suspirou alto. Se apaixonar por alguém era mesmo problemático, ficaria com aquela sensação de querer ficar por perto e não conseguir se concentrar até quando?

Uma batida na porta a fez se sentar ereta e mandar a pessoa entrar com a voz um pouco estranha. A cabeça que apareceu ali foi uma surpresa para Temari.

— Seu irmão disse que eu podia entrar. Preciso falar com você.

— Tenten... O que aconteceu? — puxou o caderno que usava e bateu na cama para que Tenten se sentasse. Ela estava com o rosto vermelho como se tivesse corrido até lá.

Tenten se sentou e suspirou pesadamente, soltando os braços e deixando um breve silêncio que só aumentou a curiosidade de Temari. Então a garota com coques sorriu para o nada e virou o mesmo sorriso para Temari.

— Neji me beijou.

Temari ergueu as duas sobrancelhas com espanto enquanto Tenten apertava o rosto que ficava gradualmente vermelho mais uma vez. Cruzando as pernas sobre o colchão, ela sorriu de maneira mais empolgada que o habitual, tinha ciência disso, mas não queria evitar e perguntou como tinha acontecido. Tenten estava tão fora de órbita que não estranhou o comportamento peculiar de Temari.

— Saímos com o Lee aquele dia, não? Foi divertido, nostálgico. Parecia que nós nunca nos separamos. Então quando estávamos indo embora, Neji perguntou se podíamos repetir aquilo e tal... Bom, o que importa é que eu respondi “claro” e ele ficou de me ligar. Obviamente eu pensei que Lee estaria lá quando recebi a ligação de Neji, mas quando cheguei éramos só nós dois. Não imagina o quanto fiquei nervosa, Tema. Já fazia muito tempo, mas sabe? Eu nunca esqueci o Neji.

Aquilo era óbvio para Temari, conhecia Tenten bem demais, apesar disso não significar muito, pois Tenten era péssima em esconder o quanto ficava agitada com a menção do nome do rapaz.

— Onde vocês foram? — perguntou mostrando ter interesse e Tenten sorriu grande.

— Cinema. Assistimos um drama histórico, a cara do Neji gostar dessas coisas. Mas não me pergunte nada, porque eu estava tão nervosa com ele ali do lado que eu não prestei muita atenção ao filme. Mas que seja, lá pro meio do filme, ele começou a recitar exatamente o que o cara falava para a mocinha, algo sobre o tempo e os sentimentos. Eu não lembro e quero me bater por isso, porque aí… Ai, Deus! Ele segurou a minha mão e eu apertei no susto. Quando vi, Neji estava inclinado na minha poltrona e me beijava! Temari, aconteceu!

Temari riu encostando-se na cabeceira da cama e Tenten bateu nas bochechas tentando se acalmar da euforia.

— Olha, já gostei desse Neji. E depois disso?

— Eu agarrei ele, né? Não sou idiota. Foi tão booooooom. — Cantarolou se jogando de costas na cama.

Temari balançou a cabeça rindo. Observava Tenten e pensava se parecia tão boba quanto. Claro que Tenten não tinha problemas em ser daquele jeito na frente de Temari, coisa que ela nunca faria na frente de ninguém, mas será que parecia brilhar tanto quanto?

— Estou orgulhosa de você. E como vai ser agora? — se deitou ao lado de Tenten e as duas ficaram olhando para o teto. Aquela era uma pergunta que Temari fazia para si mesma constantemente nos últimos dias. E agora? Com os outros caras que ela ficou a resposta era bem simples, mas Shikamaru havia surgido para deixar tudo complicado.

— E agora que eu não sei — Tenten suspirou e Temari virou o rosto para olhá-la — Não depende somente de mim, não é? Por mim sigo para ver no que dá, não digo já namorar, sabe? Mas continuar saindo com ele para ver se rola.. Ain, eu ainda gosto daquele patife. — ela resmungou virando a cabeça para Temari e apertou os olhos — O que é esse brilho no seu olhar, dona Temari?

Pega de surpresa, não havia como Temari disfarçar o rubor em suas bochechas. Tenten soltou uma gargalhada abismada e Temari escondeu o rosto com as duas mãos, maldizendo o nome de Shikamaru por deixá-la daquele jeito.

— Não fala nada.

— Esse dia chegou! Não acredito. — Tenten cutucou as costelas de Temari ainda rindo e ela teve que se sentar para não sentir cócegas e parecer mais patética do que ela já estava.

— Cala a boca. — resmungou sentindo o rosto quente, mas teve a coragem de revirar os olhos como se não estivesse acontecendo nada.

— Menino gênio? — Tenten bateu no próprio queixo tentando adivinhar, mas seu tom mostrava que era só uma brincadeira, era bem óbvio quem seria. Temari soltou o ar com uma lufada e assentiu derrotada fazendo Tenten gargalhar e bater palmas. — Neji e eu já somos uma história antiga, me conte sobre vocês. Detalhes, por favor.

E Tenten se virou na cama, apoiando o queixo nas duas mãos como uma criança curiosa, os olhinhos castanhos brilhando na direção da amiga. Temari nem sabia como fazer aquilo, o que contar. Aquele tipo de situação não era comum nem quando estava no ápice da adolescência, quem dirá perto da vida adulta?

Estava constrangida, seu rosto esquentava de tal forma que ela já nem mais se importava.

Queria conversar com alguém sobre ele, queria falar sem ser julgada e ali estava a pessoa que a ouviria sem apontar o dedo para a idade deles ou qualquer outra diferença. Levantou os ombros, abraçou o travesseiro com um sorriso brincando em seus olhos e começou seu relato a partir do primeiro e mal entendido encontro que tiveram, mostrando que havia sido ali que ela tinha aceitado sacrificar as defesas no tabuleiro e avançar com sua rainha até o rei. Foi falando de como ficou irada e da vergonha que passou ao descobrir que havia entendido tudo errado, e Tenten, como a boa amiga que era, a ajudou a xingar Shikamaru aos risos. Então ela foi falando, completamente alheia ao fato de que a cada frase dita, a cada acontecimento lembrado, ela sorria mais e parecia mais leve, mais empolgada. Tenten estava se deslumbrando com aquela imagem que parecia tão aversa da Temari que achou conhecer.

Então ela narrou o beijo.

Neste momento ela teve de parar para respirar e acalmar seus pensamentos. Dizendo aquilo em voz alta era como vivenciar tudo de uma vez, e ainda pior era encontrar palavras para expressar o que ela havia sentido, a mágica que aconteceu naquele dia.

Tenten quebrou o encanto dizendo que eles eram muito fofos e Temari voltou a realidade revirando os olhos como se aquele adjetivo fosse um absurdo.

Tenten começou a pontuar coisas do passado, como o jeito que sempre andavam juntos, como eles completavam sentenças um do outro, as conversas com os olhos que os dois tinham e que deixavam qualquer um incomodado achando estar invadindo a privacidade de um casal… Temari ia ouvindo aqueles apontamentos e um sorriso pequeno ia crescendo a cada prova irrefutável de que os dois combinavam de forma esplendorosa.

— É uma química única — Tenten disse gesticulando com uma mão — Eu já falei para você que tinham uma tensão sufocante entre vocês dois e você sempre desmereceu. — Temari ergueu um ombro sem defesa e Tenten inflou as bochechas fingindo irritação, mas então sorriu — Além de conversarem com os olhos, o que já acho assustador demais e me fazia sentir ignorante não percebendo o óbvio que os dois percebiam, também tinha a questão de vocês parecerem dois titãs jogando xadrez.

— O que isso tem a ver? — Temari tentou se mostrar desinteressada, mas àquela altura do campeonato não conseguia nem fingir não estar brilhando com tudo aquilo.

Tenten estalou a língua com impaciência e respirou fundo.

— Vocês dois pareciam se conhecer demais, antecipando cada jogada que nós, espectadores, não tínhamos nem ideia de que era possível. Parecia que tinha um domo separando vocês do mundo quando pensavam juntos, entende? Acredito que não há nada mais sexy que a atração intelectual, que com certeza foi a primeira coisa que houve entre vocês.

Temari pensou um pouco sobre aquilo tudo e acabou assentindo com um sorriso pequeno no canto dos lábios. Shikamaru era um homem bonito, charmoso em níveis que ele não fazia ideia, e estiloso de forma única. Mas, mesmo isso, ficava completamente ofuscado pela gentileza natural dele, a preocupação com os amigos, a calma e a facilidade que lida com coisas que parecem problemáticas, os seus conselhos sábios quando ninguém espera algo assim dele, a forma com que ele consegue antecipar o que as pessoas precisam e age rápido antes que se inicie um caos. Além, é claro, da inteligência e esperteza fora dos gráficos que ele tinha e não fazia questão de se gabar.

Antes de ficar impressionada com o corpo bonito do menino, o sorriso discreto e extremamente charmoso, o cabelo solto que dava a ele um ar de galã, o jeito que ele irresistivelmente fumava aquela droga de cigarro… Antes de tudo isso, ela havia se impressionado pelo intelecto de Shikamaru. E Tenten estava certa, não havia nada mais sexy do que a inteligência em um homem.

Tenten soltou uma risadinha marota e Temari teve que balançar a cabeça para sair das viagens que fazia em sua mente.

— E olha que vocês dois tem uma personalidade completamente oposta, ele é como nuvem sabe? Calmo, no tempo dele, igual um velho. Você é como um furacão, arrastando tudo e fazendo as coisas se agitarem no seu movimento… Eu estou muito feliz por vocês!

Temari desviou o rosto enrubescido para baixo e sorriu sem conseguir segurar. Ela também estava feliz e aquele sentimento parecia crescer cada vez mais quando se dava conta do quão fantástico e fascinante Shikamaru era aos olhos dela.

— Obrigada. — respondeu sem graça, algo que ela jamais pensou que faria.

Tenten piscou se sentando e abraçou os joelhos olhando atenta para Temari.

— Agora, sou eu quem te pergunto: E como vai ser agora?

Temari não sabia o que responder de imediato, mas tão breve foi finalizada a pergunta, chegou a mensagem de Shikamaru.

“Desculpe, problemática, eu cochilei. Estou bem, mas queria conversar mais tarde. Só nós.”







betado por Thaeryn


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Notas finais do capítulo

Me pediram um pouco de NejiTen e tentei colocar aqui ahsuahsuah vou ver se consigo colocar mais deles em capítulos futuros ;) O próximo vai ser todinho com ShikaTema, já estou ansiosa. E, como já sabem, não vai acabar no próximo. Eu sou péssima com planejamentos hahahahaha

Outra coisa, estão me pedindo hentai, mas não nunca quis fazer nada explícito e por isso não vai ter. Entretanto, pretendo fazer uma insinuação porque vai ser importante para o próximo capítulo, ou pelo menos penso que vai ahusahsuahushaushaushuahsuahsuhausha

Quero agradecer imensamente esse serumaninho maravilhoso que betou a fic ♥ Thaeryn, a senhora é foda! Obrigada por tudo ♥

Vou ficando por aqui, até semana que vem amorecos! Juízo nesse carnaval, senão vários escorpianos vão nascer esse ano hehehehehe



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