— F-Finn... — Dizia a jovem Princesa incrédula no que acabara de ver.

— Bom dia Princesa. — Respondeu o herói.

Ao escutar a voz suave atrás de si, Flame titubeou por meio segundo, desacreditando no que acabara de ouvir. Virando-se, então, oscilando entre a fé de ter ouvido de fato o seu amado e o desespero de talvez ter apenas ilusionado tal situação, ela se depara com a visão deste em roupas casuais – sem seu capuz – e ainda com o lençol cobrindo a metade inferior de seu corpo, sorrindo para si.

Esta era, de fato, a visão mais linda que poderia recordar dele naquele momento, pois não havia no mundo sequer uma pessoa que ela gostaria de ver mais que ele, naquele singular momento.

— ... — Permanecendo sem palavras, a princesa vermelha só podia projetar com seus lábios qualquer possibilidade de fala.

— Devo desejar bom dia novamente, majestade? — Adicionou o loiro, acreditando não ter sido ouvido.

Ao ver Finn acordado novamente a princesa cai em prantos, não segurando sequer uma lágrima, pulando nos braços do loiro sem sequer pensar duas vezes.

— Fiinnn!! — Berrava com uma voz mais estridente devido ao choro.

— Ai ai... calma princesa... — Por estar com o corpo um pouco dolorido do acontecido, Finn recuava um tanto.

A recepção calorosa de Flame fez com que o herói se sentisse em casa. Era como um lar aconchegante ter seu corpo abraçado pelo dela, ter seu peito como abrigo para o repouso da cabeça da mesma e ter seus braços livres para tocá-la leviana e inocentemente.

Ele move sua mão acariciando vagarosamente o rosto de sua querida princesa até chegar em seu queixo, puxando-a carinhosamente para perto de seu rosto.

— Olá, Phoebe. — Dizia passando a mão na nuca da mesma, enquanto beija suavemente sua  testa.

— Princesa!! Princesa!!

Gritos são ouvidos vindo em direção a eles, cortando o clima do momento, seu dono se revela ser Aminos, que passava por galhos e arbustos na floresta sem deixar de gritar um segundo sequer.

— Princesa, eu consegui, decobri! — Gritava angustiado.

Finalmente fazendo seu caminho até o quarto onde o herói repousava, ele fica um tanto quanto preocupado, mas ainda assim aliviado de ver Finn já de pé.

— Senhor Finn! Seja bem vindo. — Dizia o jovem animado

— Obrigado, eu acho.

Aminos então olhou fundo nos olhos do garoto, segurou sua mão e com os lábios já tremendo em dizer sua descoberta, disse:

— Ugh, com licença. — Ao sentir sua barriga roncando, ele passa a correr para fora do quarto.

Finn e Phoebe passam a escutar um grande alvoroço vindo da cozinha daquela cabana fazendo que ambos decidam ir até o local para então ver Aminos com o rosto na geladeira comendo tudo que via pela frente sem sequer esquentar.

— Ei!! Aminos!! — Gritou a jovem — Você vai acabar com a nossa comida!!

— Hmm? — Reagiu aos gritos olhando-os com a boca cheia de comida e várias migalhas em seu rosto.

Finn então passa a rir da situação, entre risos e leves contorções de dor devido ao recente acontecimento, logo sendo acolhido por Phoebe que suspirou encarando Aminos que sorriu desengonçado.

Ambos voltaram para o quarto, para que só então Aminos passasse a dizer suas descobertas.

— Durante esses três dias, durante as minhas pesquisas, cheguei a conclusão de que Finn se tornou um ser de fogo. — Afirmava o jovem escamoso.

— Huh?! — Finn e Phoebe ficam angustiados e surpresos.

— De acordo com os dados, toda a essência que extraímos e introduzimos em você Finn, alterou parte de seu DNA —  responde rapidamente — tecido e celulas humanas, em partes se transformaram para as de seres do fogo, elas são parecidas com as que extraí da princesa, portanto acredito que tenham tranformado você em uma especie de hibrido humano de fogo — Concluiu.

— Bem, isso explica as coisas estranhas ao redor dele recentemente, contudo... o que aconteceu comigo? Digo... eu não queimo as coisas ao contato... — Retrucou a princesa, embora ainda surpresa com o que dito por Aminos.

— Hmm?  — Finn, que ainda nem mesmo havia visto a pedra em seu corpo passou a se olhar e notar a mesma, passando a cutuca-la e investiga-la com os olhos.

— Bem, acredito que ao extrair parte de sua essência, deixamos seus poderes bem mais fracos... cerca de cinquenta por cento eu acredito...? — Concluiu Aminos.

— Huh? Como assim?! — Parecendo indignada, respondeu de imediato a princesa.

— Antes se você tocasse em qualquer objeto ou coisa, ela rapidamente era consumida pelo fogo ou se aquecia.... mas agora nada mais se queima quando você a toca, pelo o que eu vejo nosso plano deu certo, usar Finn como um ponto de armazenamento para 50% da sua energia de fogo, digo. Por termos retirado de uma forma bruta, suas celulas foram danificadas, tornando a regeneração natural delas dificultada, agora sua força se torna momentânea por estarem fracas. — Afirma Aminos.

— E por que essa energia dela, transferidas para meu corpo, não me destruíram por completo? — Finn perguntou astutamente.

— De acordo com a minha teoria, as células, tecidos e etc foram associados e assim elas se transformaram, não todas, algum tipo de anticorpos fizeram a adaptação de seus genes para suportar as suas celulas  e assim seu DNA esta dividido, para suportar e não serem incinerada tornando-as células hibridas que agora o compõe. — Sempre rápido com suas respostas Aminos.

Finn então sorri, e em um movimento rápido puxa Phoebe para próxima de si, abraçando-a.

— Finalmente, posso te abraçar Phoebe. — Dizia o loiro com felicidade e amor em suas palavras.

Flame inicialmente se espanta, mas aos poucos se aconchega no primeiro abraço que consegue dar no jovem loiro sem machuca-lo. Então, fechando seus olhos sentindo-se bem e não apenas protegida, amada, não demora muito para que ela passe a corresponder ao abraço do nosso heroi. Quando derrepente os cabelos de Flame começam a ficar mais claros, um vermelho ardente surge em suas mechas junto a labaredas em cada fio até que todos se estruturam ficando em pé novamente, e quando Flame percebe que ela estava brilhando novamente e ficando quente ela se afasta de Finn empurrando-o.

— Mas como? Você não disse que eu não iria conseguir voltar? — Pergunta Flame assustada.

Mas antes mesmo que Aminos pudesse dizer alguma coisa a Princesa começa a perde sua luz e calor no corpo e aos poucos seus cabelos vão se desestabilizando caindo em seus ombros.

— Como isso é possível? Esperem um pouco, não saiam desse quarto.

Aminos rapidamente vira-se e sai correndo do quarto, passando pelos corredores, uma porta e descendo as escadas chega a sua antiga sala que ainda estava com cinzas espalhadas, por sorte muitos livros não foram atingidos pelo fogo, ao chegar ele começa a vasculhar sua mesa.

— Onde está? Onde está? — Perguntava-se nervoso

Depois de retirar alguns papéis de sua mesa, parcialmente quebrada, ele lembra-se de olhar dentro das gavetas, e finalmente encontra o objeto desejado. Há uma agulha no aparelho e logo atrás um arco com três cores: verde, amarelo e vermelho. Ainda neste aparelho, há um suporte de apoio para a mão, parecia uma pistola (aparelho de medida de calor). Rapidamente o escamoso arranca de volta para o quarto do casal.

— Vocês poderiam fazer aquilo de novo? — Dizia Aminos calibrando seu aparelho

Finn e Flame se encaram, para depois devagar e – um pouco sem graça – darem as mãos e antes mesmo de se abraçarem, Flame volta a brilhar como antes. Assim que Aminos percebe ele liga seu aparelho rapidamente, disparando uma espécie de laser em Flame.

— Não se mexam. — Pediu.

— Finn? — A voz suave de Phoebe ecoou.

— Você não está me machucando princesa. — Responde Finn percebendo a aparente preocupação da jovem.          

Logo a agulha do pequeno aparelho de Aminos começa a enlouquecer.

— Como isso é possível? — Aminos diz angustiado — Não faz o menor sentido.

— O que Aminos? — Perguntou Flame.

— Eu estava pensando alto apenas...

— Fala logo o que foi cara! — Grita Finn angustiado.

— É que o calor da princesa voltou, acredito que a princesa armazena em seu corpo apenas metade do seu poder original, mas não consegue regenera-lo, contudo quando vocês se abraçaram, por serem dela os genes, seus corpos de alguma forma conseguem interagir e meio que vocês se tornam um — disse Aminos passando o laser para o corpo de Finn enquanto a agulha continua a enlouquecer — É ambos estão com a mesma temperatura, então vocês são um só.

Finn e Flame começam a se encarar novamente, sem reações, Aminos ao ver aquilo, apenas decidiu que já era a hora. Vagarosamente ele dava seus passos para trás indo em direção a porta do quarto.

— Obrigado Aminos! — Gritou Finn ao ver seu amigo saindo.

Ele simplesmente sorri e fecha a porta do quarto e segue para a saída, e assim saindo da cabana do casal, indo direto para a floresta, a cada passo a cabana ia se perdendo entre as arvores.

— Acho que o meu trabalho aqui está feito — afirma o jovem escamoso com um sorriso no rosto de orgulho — Mas não saiu como esperávamos, acredito que tenham gostado mesmo assim não é? — pergunta parando subitamente e olha para trás com o mesmo sorriso carismático em seu rosto — tomara que possamos nos reencontrar novamente, sr. Finn e sra. Phoebe.

E assim ele volta a seguir seu caminho entre as árvores e segue sem olhar novamente para trás.

***

Em uma espécie de salão se encontrava sentado em um trono um homem cujo o rosto não se podia enxergar por estar parcialmente iluminado por candelabros apenas, tomando a forma de uma silhueta.

— Todos os preparativos já estão prontos? — perguntou.

Rapidamente saia das sombras outra figura, encapuzada com vestes pretas com detalhes verdes, faixas, arrumando sua roupa indo em direção ao trono e logo curvando-se diante do homem.

— Yes, my lord, estamos prontos, iremos iniciar à seu pedido. — respondeu de imediato seu servo.

— Ótimo, chame meus cavaleiros, partiremos em breve.

Logo o encapuzado levanta-se  indo em direção as sobras novamente caminhando devagar, seus passos ecoam no salão.

— Ignis! — Gritou o homem — Espero que desta vez não haja falhas.