— FIIIINNNN!!! – O grito da princesa vermelha ecoava forte.

A sala estava completamente coberta por fumaças enegrecidas de CO2 provenientes da quantidade absurda de chamas que ali se postavam. Flame tentava trespassar as chamas, sentindo que elas estavam mais quentes que o habitual, completamente confusa com a situação, abria o caminho com seus poderes de pirotecnia, mas a visão limitada lhe deixava sem sinal algum do herói, o líquido quente e semi espesso que poderiam ser chamados de lágrimas dos seres de fogo escorriam de seus olhos enquanto seus joelhos iam de encontro ao chão, já desamparada.

Aminos continuara inconsciente sobre a mesa na qual ele fora arremessado depois da explosão, se ouvia no lugar vários estalos e ruídos provenientes dos diversos objetos que eram consumidos pelo fogo e que se confundiam misturados aos prantos da jovem que lentamente se desamparava cada vez mais sem notícias de seu amado.

— Finn.... – Já sem energias, Flame olhava inexpressivamente para o nada.

Com o passar de algum tempo, Aminos passa a lentamente recobrar sua consciência. Abrindo seus olhos lentamente, com visão ainda turva, consegue ver com dificuldade sua sala completamente coberta pelas chamas, ele tenta se levantar em velocidade e devido sua recente inconsciência e golpe tomado ele acaba cambaleando um pouco, logo ele consegue chegar o mais rápido que sua condição permitia até o para peito do local – onde em busca por algum sinal de vida – se depara com a princesa ajoelhada no chão lamentando-se.

— Princesa?!! – Surpreso exalta o escamoso.

Ele havia notado, então, que naquele momento era possível de não existir um único estímulo no mundo que conseguisse qualquer fosse uma reação da avermelhada, não havia sequer um único sinal de Finn entre as chamas.

— Princesa! Precisamos sair daqui o quanto antes! As vigas de sustentação irão ser consumidas pelas chamas a qualquer instante, precisamos... F... – Não demorou para que ele gagueja-se e engolisse em seco as suas próximas palavras, assustado.

Pelas sombras se erguia o motivo da surpresa de Aminos, um ser por entre as sombras cuja face era coberta uma vez que somente sua silhueta se erguia devido a forte luz do fogo.

Aquilo seria... Finn? – Se perguntava Aminos — Princesa! Há algo entre as chamas!! – Alertou-a.

Suavemente a princesa levantava seu rosto coberto por lágrimas para então notar que entre as chamas algo surgia, de fato. A figura se aproximava ignorando o fogo, cruzando as labaredas tão quentes quanto o corpo de um ser de chamas .

Aminos continuava apreensivo enquanto Flame se aproximava da silhueta que seguia se aproximando dela, a princesa então ergue seus braços para tentar alcançar aquela imagem, que por outro lado a segura enquanto diz:

— Eu atendi ao seu chamado, minha princesa. – Finn surgia por entre todo aquelas chamas trazendo consigo palavras calorosas seguidas de um puro sorriso.

Ele então enxuga as lágrimas da princesa para então se ajoelhar em frente a mesma, deixando-a surpresa. Como poderia ser diferente? Nosso herói surgia das chamas com as roupas em farrapos, queimadas, seu gorro havia sido completamente consumido pelas chamas, mas nenhum sinal de queimaduras podia ser visto em seu corpo e seu cabelo continuava brilhoso e elegante como sempre, e ele a tocava sem sequer mudar a expressão em seu rosto, não doía ou incomodava-o tocar nela.

— Finn... – Foram as únicas palavras que a princesa conseguiu proferir.

— Tch, que irritante... – Fala, aparentemente incomodado pelo calor da sala.

Com uma expressão fria em seu rosto ele arremessa seu braço direito para o lado com força extinguindo todas as chamas do local, cumprindo o feito que muitos diriam impossíveis mesmo pra Flame naquela situação.

Finn não deixou sequer um único sinal de fogo naquele lugar, Flame e Aminos o olharam abismados, enquanto Finn soltava o ar em seus pulmões para então mudar sua expressão para um novo sorriso encarando a princesa, porém não demorou para que ele fechasse seu olho esquerdo e cambaleasse, suas pernas então falharam e ele foi ao chão caindo com força sobre seus joelhos e então dos joelhos ao chão sem sequer proteger seu rosto.

— Finn!!! – Em uníssono se ouvia Aminos e Flame preocupados com o herói.

Flame então vai ao chão tentando erguer o herói, enquanto Aminos salta sobre o para peito até o nível mais baixo para ajudá-los.

***

O canto dos pássaros podia ser ouvido enquanto uns pousavam na janela de um quarto qualquer, neste quarto – malmente decorado – repousava inconsciente sobre uma cama nosso herói enquanto Flame ficava ao seu lado, sentada sobre uma cadeira.

Desde o ocorrido então haviam se passado três dias, enquanto encarava – entristecida – o rosto de seu amado, Flame evocara a lembrança de dias atrás...

Ao chão do salão parcialmente consumido, Flame mantinha a cabeça do herói em seu colo enquanto Aminos se ajoelhava ao seu lado.

— Aminos! – Flame entoou o nome do jovem que se ajoelhava ao seu lado — O que aconteceu com Finn? – Perguntou preocupada.

Aminos virou o rosto encarando o chão desajeitado, ao que respondeu:

— Princesa... vamos... – Disse levantando-se.

Carregando Finn em seus braços, Aminos segue com Flame até a cabana na superfície.

No quarto da cabana, eles deixam Finn sobre a cama. Aminos nota que além das roupas rasgadas ele também possuía um corte em sua testa, então se retira do quarto sem mais delongas para cuidar do mesmo.

— Com a sua licença, princesa. – Aminos então se retira do quarto.

Flame, após consentir a saída de Aminos, como em um insight decidiu trocar também as roupas do herói, para procurar por feridas e – caso houvessem – para que a roupa suja e em estado deplorável não infeccionasse-a. A princesa escarlate se dirigiu até o armário onde se encontravam as roupas de Finn, e sem se perceber tocou nos objetos normalmente. O susto lhe fez retirar em reflexos rápidos suas mãos de onde tocava, por lembrar que ela queimá-los-ia, contudo, surpreendeu-se ao ver tudo em perfeito estado, como se ela não tivesse tocado-as.

Ainda surpresa, porém aliviada por conseguir cumprir seu desejo, foi até o loiro com as mudas de roupa. Assim que chegou ao mesmo, quando dirigiu sua mão até ele, se viu corada visto que ela devia retirar a roupa deste e então notou quão constrangedor seria para si a situação, apesar de tudo, ela estava determinada em fazer isso por ele.

Colocando as roupas próximas de si na cadeira em que sentava e – sentando-se ao lado de Finn – a jovem escarlate começou a retirar suavemente a blusa do herói.

Com seus olhos semi-cerrados e ruborizada ela vê o peitoral do loiro bem enfrente aos seus olhos, contudo, ao retirar completamente a camisa em farrapos do garoto, ela nota que incrustado no peito deste, um rubi, semelhante aquele que ela tem em sua testa se fazia presente.

— Mas o que... – indagava quase em silêncio.

Flame então passa a analisar a pedra preciosa tocando-a suavemente com a ponta dos seus dedos e examinando-a de perto. A princesa é então interrompida ao notar o som do ranger da porta que se abria suavemente, Aminos acabara de voltar já em roupas novas, sendo estas um jeans azul comum e um casaco preto que ele olhava atenciosamente limpando com as mãos, andava de sandálias por estar dentro de casa. Ao levantar seu rosto ele se depara com Flame sentada na cama com o rosto próximo ao peitoral de Finn, só não tão próximo quanto sua mão, já que esta o tocava.

— Princesa, eu... o que você...? – Ele queria perguntar, mas receava a resposta.

— Nada!! Não é nada do que você ta pensando! – A princesa respondeu quase berrando — Não fiz nada ainda – Completou.

— Ainda? – Indagou Aminos ainda surpreso.

— Aaaaaaaa – A jovem ruborizou e suspirou respondendo com apenas tal som, envergonhada e possivelmente sem qualquer outra resposta na cabeça.

— Eu devia me retirar? – Indagou vez mais.

— N-não!! Na verdade... você sabe o que é isso? – Disse a jovem apontado para o peito do herói.

— Difícil dizer, mas não seria o peitoral desnudo de Finn – Brincou, embaraçando a princesa.

— Não, digo, olhe mais de perto! – Respondeu-o.

— Hum, isso é... estranho, digo, eu precisaria de uns três dias de análise para ter certeza, princesa, pois posso ter uma sugestão – Afirmou o escamoso.

— Pois tome as medidas necessárias, obrigada – Terminou a jovem.

Aminos então se dirigiu para fora do quarto indo atrás do material necessário para colher sangue de ambos Finn e Flame, para que pudesse testar quaisquer fossem as hipóteses que lhe passavam na cabeça.

E então, hoje era o prazo estipulado por Aminos para a entrega do resultado. Flame levantou-se e foi em direção a porta, sem abri-la, para que pudesse olhar uma última vez para seu amado que permanecia desacordado sobre a cama.

Flame então dirigiu-se até o próximo cômodo, onde encontravam-se as bebidas e comidas. Consciente do que teria ido fazer, ela começa a preparar alguns lanches, para então colocar sobre uma bandeja dois sanduíches e uma garrafa d’água juntamente a um copo de suco, na esperança de que pudesse oferecer a Finn contanto que ele acordasse logo.

Ao chegar no quarto, suas pupilas dilataram e seus ouvidos tremeram com a voz que lhe preenchia de felicidade naquele instante.

— Isso é pra mim?

O loiro estava acordado, seus olhos azuis como o céu encaravam-na com brilho, só não tanto brilho quanto o de seu sorriso, enquanto ele cumprimentava-a.

— Bom dia, princesa.