Simplesmente Acontece escrita por Jenny


Capítulo 25
"Não é nada! Acho que estou meio sensível..."


Notas iniciais do capítulo

Hello! Eu voltei!

Boa leitura!



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Pov's Katniss

* 2 anos depois *-

— Bom dia, flor do dia! - ouço uma batida na porta e logo minha mãe coloca sua cabeça loira pra dentro do meu quarto. Eu estava terminando de prender meu cabelo, viro o rosto para olhar em sua direção e recebo um largo sorriso brilhante, o qual eu retribuo.

— Bom dia, minha rainha! - lanço um beijo no ar.

— Onde a senhorita pensa que vai? - ela ergue uma sobrancelha.

— Trabalhar, ué. Por que a senhora tá só com a cabeça aparecendo ao invés de entrar de uma vez? - pergunto, ja que ela continua do lado de fora.

— Porque eu não tinha certeza se você estava sozinha mesmo, e tive medo de entrar e me deparar com um Peeta pelado. - ela dá de ombros e finalmente entra no quarto.

— Ele nem dormiu aqui ontem! Tinha um projeto urgente pra terminar. Disse que até iria pro trabalho mais cedo hoje. - explico.

— Certo! E você, porque vai trabalhar hoje? - ela questiona em um tom repreensivo.

— Porque tem pessoas morrendo no hospital precisando de cirurgias em seus corações problemáticos! - é minha vez de dar de ombros e ela revira os olhos.

— Não importa! O hospital tem outros médicos. Amanhã é o grande dia. Você deveria ficar em casa se preocupando apenas com os preparativos pra amanhã. - mamãe responde, como se fosse uma questão de vida ou morte.

— Sem chance! A senhora melhor do que ninguém sabe que eu não farei isso. É por isso que estamos pagando pessoas pra cuidarem de tudo, oras. E por isso também que Evelyn e Effie se prontificaram a supervisionar tudo. Assim eu só preciso me preocupar realmente amanhã, certo? - caminho até minha cama, sentando ao lado da loira que me olhava indignada.

— Então você vai mesmo trabalhar na véspera do seu casamento? - pergunta, ainda desacreditada.

— Com certeza, meu bem! - dou uma piscadela e ela nega com a cabeça, mas ri.

— Fazer o quê! Então eu é quem vou pra casa da Evelyn e ajudarei elas. - decide.

— Certeza? a senhora devia ficar e descansar, mãe. Seu vôo chegou de madrugada. - aconselho.

— Nada disso! Das 3h30 até agora já deu tempo suficiente de descansar. De jeito nenhum vou ficar aqui! Você é minha filha e eu não quero ser uma inútil folgada que não ajudou em nada na preparação do seu casamento! Sem contar que, você vai trabalhar e eu ficaria aqui sozinha. Então prefiro ir ajudar as duas. - ela afirma e sei que não mudará de ideia.

— Certo, a senhora que sabe! Mas agora eu preciso ir. Até mais tarde. - deposito um beijo em sua bochecha direita.

— Não vai tomar café? - pergunta, me seguindo até o andar de baixo da casa.

— Eu tomo lá no hospital! Antes da senhora ir, acorde a Manu por favor? Ela tem que estar no colégio em 1 hora. - peço, enquanto pego minha bolsa e meu jaleco.

— Claro! - responde.

— Beijo! - mando outro beijo no ar e ela retribuiu.

Sigo para o hospital e no caminho só consigo pensar em uma coisa: Meu pai.
Mais 2 anos se passaram e nada mudou. Eu vivo dizendo que estou bem, que posso lidar com isso, afinal é o que faço a minha vida inteira. Mas não é verdade! Eu não estou bem. Nunca estive realmente bem com essa situação e odeio o fato de que vou me casar amanhã e não terei meu pai para entrar comigo na igreja. O mais doloroso é saber que eu não terei meu pai ao meu lado nesse dia tão especial, não por um motivo específico, como pessoas que perdem os pais muito jovens. O único motivo é justamente ele não querer! Deus, é infinitamente muito mais doloroso não ter o meu pai ao meu lado porque ele não quer do que se ele estivesse morto.
Minha mãe tentou de todas as formas convencê-lo a pelo menos estar presente na cerimônia. Como já deu pra notar, ele não fez questão de estar presente nem mesmo na cidade onde ela acontecerá! Sinto meu rosto molhado e sou obrigada a parar o carro para evitar um acidente causado pelas minhas vistas embaraçadas com as lágrimas. Que belo jeito de começar o dia, em? Chorando compulsivamente dentro do carro, no meio da rua, na véspera do meu casamento! Obrigada por isso, pai.
Levo um susto ao notar a porta do passageiro se abrindo e demoro alguns segundos para notar a loira sentando no meu banco de carona.

— Kat, você tá bem? - ela pergunta, preocupada, antes de dizer qualquer outra coisa, notando meu choro insistente. Nego com a cabeça, mas não consigo dizer nada, então desajeitadamente, Madge consegue me abraçar de lado. Ainda ficamos em silêncio por alguns minutos, enquanto eu tento me recuperar. Passado uns 5 minutos, meu choro cessa e eu consigo falar.

— Você não devia invadir o carro dos outros. Quase tive um infarto, achando que fosse um assalto. - digo com um meio sorriso, tentando descontrair um pouco.

— Achei que você tinha me visto e por isso tinha parado, pra me dar uma carona. Mas percebi que não era esse o motivo, quando te vi chorando. - explica minha amiga.

— Eu não tinha te visto mesmo. O que houve com seu carro? - mudo de assunto.

— O carro do Thresh estragou e ele mandou pro concerto. Como o trabalho dele é bem mais longe do que o hospital, deixei ele com meu carro e resolvi vir andando mesmo. - conta e eu assinto. - Por que você tava chorando, amiga? - ela ainda me olha preocupada.

— Não é nada! Acho que tô meio sensível e ansiosa com o casamento amanhã. Só isso! - minto com um sorriso, torcendo para que ela acredite na minha desculpa, já que eu não estava nenhum pouco afim de explicar o real motivo.

— Eu sei! Quase fiquei doente na semana do meu casamento, você lembra? Mas vai dar tudo certo. Aposto que vai ser tudo perfeito. Evelyn e Effie tem muito bom gosto. - ela sorri, na tentativa de me transmitir algum conforto.

— Vai sim! Já está tudo devidamente encaminhado. Já me sinto melhor, não se preocupe! - Asseguro, ligando o carro novamente e voltando a estrada.

***

Trabalhar realmente foi uma boa ideia. Consegui passar o resto do dia sem pensar no meu pai. Pode ser uma frase estranha para a maioria mas, o hospital me faz bem. Digo, quando não sou eu ou um dos meus entes queridos como paciente! O fato de poder estar em um lugar onde eu posso, literalmente, salvar tantas pessoas, é reconfortante. Por esse motivo, me permiti tomar meu café da tarde, ao fim do meu horário, ali na cantina do hospital, onde meu pai não rondava incessantemente meus pensamentos.

— A gente realmente devia ter pensado em fazer uma despedida de solteira pra você, em! Droga. Agora não dá mais tempo. - Mad comenta, sentando ao meu lado.

— Até parece! Não tenho disposição pra isso mais não. - rio e nego com a cabeça.

— Ah, deixa disso, Katniss! Eu te compraria um pênis de chocolate - ela umidece os lábios com a ponta da língua e dá um sorriso malicioso, me fazendo gargalhar. - Você acha que Peeta se importaria? - pergunta como se fosse algo sério, de fato.

— Suponho que não mais do que se importaria com a ideia da Johanna. - dou de ombros.

— Que era? - a loira levanta uma sobrancelha.

— Um stripper! - respondo e ela quem gargalha dessa vez.

— Oh céus, definitivamente deveríamos ter feito isso! Deixa pra próxima. - afirma.

— Espero que não tenha uma próxima, Mad. Não pra mim! - rio.

— É, né! Eu também! - concorda, rindo também.

Mad e eu ficamos por mais uns 20 minutos conversando no refeitório do hospital, até que finalmente decido ir embora. Durante o caminho de volta me obrigo a pensar em qualquer outro coisa que não tenha a ver com James Everdeen. Porém, isso torna-se inevitável quando ponho os pés dentro de casa. Minha mãe estava na cozinha, de costas para a porta recostada no balcão, enquanto falava no telefone. Estava distraída e não notou minha presença.

"James, por favor! É o casamento dela. Por que você é assim? Por que faz isso?" ela soa aflita e magoada.

"Ela é nossa filha! Sua filha!" percebo que ela queria gritar, mas se controla, provavelmente para evitar que minha filha, que estava no andar de cima, ouça.

"James, eu não aguento mais isso. Por favor! Katniss não merece isso. Nossa família não merece isso. Eu estou tão cansada! Não aguento mais! Não aguento mais!" sua voz é chorosa.

Não consigo mais ouvir e corro dali antes que ela me note! Quando percebo, já estou chorando novamente. Entrei no meu quarto e me permiti desabar, deitada na minha cama. Toda essa história com meu pai já é difícil demais. Ver minha mãe tão machucada por conta disso, foi o ápice. Me despedaçou completamente. E eu não faço ideia de como resolver isso!

Peguei meu celular, disquei os números tão conhecidos e deixei chamar. Duas, três vezes. Só dava caixa postal. Meu noivo estava trabalhando, provavelmente, e não tem tempo para ouvir minhas lamentações. Mas, eu queria tanto que ele estivesse aqui. Me abraçando e dizendo que tudo vai ficar bem. Só Peeta consegue me acalmar de verdade. Choro, choro sem parar até meus olhos começarem arder e em algum momento, acabar pegando no sono.

Abro os olhos e sinto um cafuné carinhoso. Viro meu rosto para cima e encontro minha filha, com suas mãozinhas delicadas acariciando minha cabeça enquanto assiste um desenho na tv do quarto.

— Oi, mamãe! - ela me lança um sorriso brilhante igual ao do pai, aquecendo meu coração.

— Oi, meu amor! Que horas são? - pergunto, me sentando na cama para poder abraçá-la. Beijo o topo de sua cabeça e a solto, recebendo outro sorriso em resposta.

— Já são quase 19h30. A senhora chegou do hospital e eu tava tomando banho, depois quando vim ver, já tava dormindo! Vovó tá preparando o jantar, disse que era pra te deixar descansar, porque ela, tia Effie e vovó Evelyn vão te acordar bem cedo amanhã. - conta a loirinha.

— Desculpa por nem ter te falado oi quando cheguei, filha. Mas eu estava tão cansada que apaguei. - me desculpo e ela nega com a cabeça.

— Tudo bem! Eu sei que a senhora também tá preocupada e chateada por causa do vovô! Eu queira que ele estivesse aqui. Mas vai dar tudo certo! Vovó Clara sempre diz que, uma hora as coisas melhoram, de uma forma ou de outra! Ela tem razão. E eu tenho certeza que o vovô queria estar aqui também. Ele só não consegue porque é teimoso! Mas aposto que, no fundo, ele tá feliz igual todos nós e que te ama muito, mamãe. - Manuela fala e acaricia minha bochecha, com um sorrisinho reconfortante. Sorrio. Minha filha é de longe a melhor coisa que já me aconteceu. Olho para seu rostinho delicado e fico admirada com o tamanho da inteligência dela. Nem parece só uma criança de 9 anos. Tão sábia, tão esperta. Já faz um tempo que ela sabe sobre minha relação com meu pai. Agora ela já não é mais tão pequena e percebeu que havia algo errado. Eu preferi contar a verdade, afinal alguma hora ela iria descobrir. Claro que fiz questão de deixar claro que a relação dela com ele não devia mudar, porque não tinha nada a ver com o problema dele comigo. No começo não foi nada bom. Ela não queria falar com ele e ficou um tempo afastada. Mas depois, acabou entendendo as coisas e ficou tudo bem. Mas ela sabe que eu sofro com isso.

— Quando foi que você fez 40 anos, Manuela? - pergunto fazendo piada e ela ri. - Eu te amo, filha! Você é demais! Você é o presente mais lindo que Deus me mandou, pra me confortar quando as coisas não são tão boas. Obrigada, meu anjinho. Tenho certeza que você tem razão e já me sinto muito melhor. - abraço minha filha e ela retribui, enlaçando minha cintura com seus bracinhos. Sorrio e sinto uma lágrima escapar dos meu olhos. Mas dessa vez é uma lágrima de gratidão e felicidade. Ficamos por mais alguns minutos abraçadas, com aquela sensação gostosa que é ter minha pequena nos braços. Então, beijo o topo da sua cabeça mais uma vez antes de nos separar. 

— Vamos comer agora? Tô com fome. - Manu faz uma careta e se coloca de pé, desligando a tv.

— Sim senhora! Também tô morrendo de fome. - concordo e nós duas seguimos para a cozinha, nos juntando à minha mãe.

Jantamos, assistimos tv, conversamos e nem vimos a hora passar. Até que, já era tarde. Minha mãe foi dormir e Manuela veio dormir comigo essa noite. Depois de mais algum tempo de conversa, a pequena adormeceu. Meu celular vibrou notificando uma mensagem.

* Peeta *
"Passei o dia enrolado com o final do projeto, mas deu tempo de terminar. Só agora vi que ligou! Não sei se aconteceu alguma coisa, mas hoje tive essa sensação esquisita, que você não estava bem. Seja o que for, tudo vai ficar bem! Eu prometo! Nós estamos juntos, pra sempre!
Boa noite e sonhe comigo! Até amanhã, quase senhora Mellark.
Eu te amo! ♥"

Leio a mensagem e sorrio! Ainda que ele não esteja fisicamente aqui, é como se eu conseguisse sentir seus braços me abraçando, me protegendo e confortando. Abraço minha filha e fecho os olhos, ainda pensando em Peeta.
Acabo pegando no sono com um sorriso no rosto e com o coração bem mais tranquilo graças a essas duas criaturas loiras que me salvam todos os dias. Definitivamente, eu não poderia ter mais sorte, independente dos dias ruins...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Vamos conversar nos comentários. Adoro saber a opinião de vocês.
Beijos e até o próximo ♥



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