Simplesmente Acontece escrita por Jenny


Capítulo 26
"O grande dia"


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas! Eu voltei!
Espero que gostem do cap.
Boa leitura!



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Pov's Katniss

"Eu pedi rosas brancas e azuis, não vermelhas e brancas! Azul e vermelho é bem diferente, você não acha?! Não me importa. Vá arranjar a porcaria das flores azuis!" Evelyn era quem gritava com alguém ao telefone.

"Ai meu Deus! Eu amei esse bolo. Ficou fabuloso!" Effie dessa vez, em um áudio no whatsapp.

"Tá legal. Ah, e nada de colocar cogumelos na comida, a noiva é alérgica, pelo amor de Deus!" minha mãe agora, no telefone com o pessoal do buffet.

As três andavam de um lado para o outro, agarradas a seus respectivos celulares. E eu? Bem, eu estava há um bom tempo sentada no sofá da casa da minha sogra, apenas observando as três loiras histéricas a minha frente.

— Então, tem certeza que eu não posso ir passar o dia com Johanna e Manuela? - pergunto, com esperança de ser finalmente liberada.

— Não! - as três respondem em coro. Reviro os olhos. Hoje vai ser um longo dia.

***

Desesperada. Era assim que eu me encontrava. A organização do casamento saira impecável, como imaginado. Tudo já estava devidamente pronto! Eu já estava devidamente pronta. Mas eu não podia evitar ficar desesperada. Estava explodindo de nervoso. Talvez por conta da ansiedade.
Olhei no relógio mais uma vez. Faltavam exatos 20 minutos para o início da cerimônia. A essa hora os convidados já deviam estar chegando no local. Minha mãe, que fora se arrumar no mesmo lugar que Evelyn e Effie, virá junto com o motorista me buscar.

— Katniss, você tem uma visita. - A maquiadora do salão onde eu estava, informou abrindo a porta do quarto que eu estava aguardando.

— Visita? Aqui? Não é o motorista que veio me buscar? - questionei, sem entender.

— Não! É... bem, vou mandar entrar! - ela respondeu e apenas saiu do recinto, antes que eu pudesse contestar. Alguns segundos depois a porta se abriu novamente, revelando a pessoa que viera me ver. Minha respiração falhou assim que coloquei meus olhos nele. Senti minhas pernas bambas e um nó se formar na minha garganta! Não consegui pensar num motivo para sua presença.

— Pai? - chamei, quando ele não disse nada, apenas continuou parado no mesmo lugar, me encarando com um olhar indecifrável.

— Olá, Katniss! - depois de alguns segundos, ele decidiu responder.

— O que faz aqui? - levantei uma sobrancelha, ainda me esforçando para manter o nó preso na garganta e não me derramar em lágrimas. Meu casamento será em 20 minutos. Preciso me manter firme agora.

— Eu... - ele começou, mas pareceu ter perdido as palavras. Deu mais alguns passos para frente, entrando por completo dentro do quarto. Fechou a porta, passou a mão no cabelo grisalho e mordeu o lábio inferior. Ele estava bonito. Muito bem arrumado, usando um belo smoking e uma gravata cor vinho. - Eu imagino que eu sou a última pessoa que você imaginou que veria, e que gostaria de ver hoje. Especialmente agora, quase na hora do seu grande dia. - ele volta a falar e suspira.

— Eu só estou um tanto surpresa. Não sei o que dizer. Não te esperava aqui, na cidade! - confesso.

— Katniss eu... Eu sei que não sou um exemplo de pessoa e muito menos de pai. Sei que você tem raiva de mim por... por ter sido um verdadeiro cretino com você! E sei também que você tem total razão pra isso. Mas, eu vim porque gostaria de fazer uma coisa que nunca fiz antes. E que deveria ter feito há muito tempo. Eu vim porque quero falar com você! Sobre mim. E sobre você. - James explica a razão de estar ali, mais uma vez me surpreendendo. Não sei o que dizer, mais uma vez. Então apenas assinto com a cabeça, esperando que ele continue.

— Eu não conheci minha mãe, como você sabe. Fui criado pelo meu pai. O mundo é um lugar difícil e, se você não for realmente bom, você não vence. Você perde e apanha feio. Você se machuca e, algumas vezes até se mata! Eu não tive um suporte de vida. Seu avô nunca fora um homem amoroso. Eu não aprendi com ele como dar amor fraternal. Ele não era só rígido. Era mal. Violento. Quando ele morreu, eu tinha 16 anos. Não tinha ninguém, me virei sozinho. Errei, apanhei, sofri, me machuquei e quase morri. No sentido literal. Viver na rua, sem família e sem esperança de uma vida melhor não é nada confortável. Fui mendigo. Fui ameaçado de morte tantas vezes! Aos 17 anos consegui um emprego como entregador de jornal. Foi quando consegui dinheiro pra comer. Sempre fui bom com números e aprendi administrar meu dinheiro o suficiente pra, em um ano, conseguir alugar um apartamento bem pequeno. Continuei trabalhando, ora entregador, ora balconista. Terminei a escola, passei pra faculdade com bolsa de estudos. E conheci sua mãe. Me apaixonei. Ela era a principal razão pra eu continuar me esforçando pra uma vida melhor. E graças a Deus consegui! Me formei, montei minha própria empresa, consegui ficar realmente rico e bem sucedido, tal como sonhei. Mas, minha maior conquista foi ela. Nos casamos! Um ano depois, veio você. Quando ela contou sobre a gravidez, foi o dia mais feliz da minha vida! Eu mal podia esperar pra conhecer você. Então, no dia que você nasceu, quando olhei para seu pequeno rostinho e seus olhos cinzas como os meus, tive certeza sobre o que era o amor fraternal que eu nunca houvera conhecido. Eu me transformei no próprio amor. - ele dá uma pausa e sorri, como eu nunca imaginei que veria. Meus olhos estavam marejados, mas ainda conseguia me manter firme, sem deixar escapar nenhuma lágrima. Eu nunca, em toda minha vida, imaginei que ouviria qualquer coisa parecida vinda dele.

— De repente, me senti desesperado. Eu era completamente responsável por outra vida e não fazia ideia de como lidar com isso! Eu tinha medo. Todos os dias. Medo de não ser o suficiente pra sua mãe e pra você, como meu pai sempre dissera que eu não era. Tinha medo de que, eventualmente você não estaria mais sob meu controle e poderia passar por coisas terríveis no mundo, assim como eu passei. Porque o mundo definitivamente não é um bom lugar. Então me tornei frio, focado e calculista. Na minha cabeça inexperiente e confusa, essa era a única forma de te manter segura. De te ensinar a lidar com a vida e evitar que você sofresse. Eu nunca havia reparado que você já sofria. E eu era o principal causador disso!
Você nunca precisou me convencer que era boa, Katniss. Eu sempre soube. Você sempre fora extraordinária!                          Eu não soube lidar com a notícia da sua gravidez, porque eu sabia que aquilo traria grandes consequências na sua vida e, mais uma vez, eu tive medo. Por isso me afastei mais. Eu me culpava, sentia que tinha falhado com você. Mas então veio Manuela e ela foi a melhor coisa que nos aconteceu! Eu sinto tanto por ter demorado tanto tempo pra perceber isso. Por ter te culpado e me distanciado de você por tanto tempo. - ele para novamente e suspira outra vez. Ainda surpresa e chocada com tudo aquilo, continuo em silêncio o ouvindo atentamente. - Bem, eu sei que você tem que ir, então vou concluir de uma vez. A questão é que eu achei que não poderia vir hoje, porque sabia que isso te abalaria. E eu não queria te chatear no dia que deverá ser o mais feliz da sua vida. Mas, ontem a noite falando com sua mãe, eu não pude evitar repensar isso. O quanto ela estava magoada com toda essa história. O quanto Manuela se magoou quando soube. O quanto você, principalmente, sempre sofreu com isso. O quanto eu magoei tanta gente importante pra mim. E foi aí que decidi vir. Como eu disse antes, você tem toda razão pra ter raiva de mim, Katniss, por tudo que eu te fiz. Afinal eu nunca fui um exemplo de pai. Mas toda essa reflexão que fiz sobre nossa vida, percebi que errado seria eu não vir! Eu acho que nunca disse isso. Talvez nem tenho realmente demonstrado com atitudes. Mas, acredite Katniss, eu amo você! De um jeito torto e provavelmente não o melhor e mais claro de todos. Mas real! E eu definitivamente não perderia o seu casamento, minha filha! Provavelmente é tarde demais pra esperar que você me perdoe. Mas eu precisava te dizer tudo isso. Porque eu quero estar lá dentro daquela igreja quando você finalmente se unir com aquele rapaz, e precisava que você soubesse do motivo da minha presença antes de me ver no meio dos convidados! Você é a noiva mais linda que já existiu! E eu realmente espero do fundo do meu coração que você seja muito feliz! Apesar da minha suposta antipatia, sei que Peeta é um bom rapaz e uma boa escolha pra você! - ele finaliza com um sorriso de canto e com lágrimas nos olhos. Se aproxima um pouco mais, pega minha mão direita e deposita um beijo no dorso dela. - Agora eu vou embora. Sua mãe deve estar chegando pra vocês irem! Até logo, Katniss. - lança outro sorriso singelo, solta minha mão e se vira pra ir. A essa altura eu não estava mais segurando coisa nenhuma. As lágrimas já rolavam pelo meu rosto incontrolavelmente e eu continuava inacreditada com o que acabara de acontecer. Eu não sabia o que dizer, o que sentir. Mas eu sabia que, de alguma forma, mesmo completamente confusa com tudo aquilo, eu estava com uma sensação boa. Então, antes que ele pudesse sair do quarto toquei sua mão o fazendo parar e se virar para mim.

— Nunca é tarde demais! - foi a única coisa que consegui dizer, com um meio sorriso, antes dele me enlaçar com os braços. A sensação de estar nos braços do meu pai era algo novo. Era gostoso, inesperado, estranho e confortável ao mesmo tempo. Pela primeira vez em 29 anos, eu estava realmente abraçando meu pai. Sorri em meio as lágrimas. Ao que parece, hoje é definitivamente o início de uma nova era da minha vida...


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Notas finais do capítulo

Tchanam! Hahaha
Capítulo não muito grande porque o propósito dele era só fazer essa conversa (que tá mais pra um monólogo) finalmente acontecer.
Vamos conversar nos comentários, queridas!
Beijocas e até mais ♥



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