Operação Cinderela escrita por Lily


Capítulo 22
21. Felicity


Notas iniciais do capítulo

Sinto muito mesmo pelo enorme atraso, faz mais de um mês que eu não posto. Mas bloqueios criativos são uma merda. Sinto muito mesmo.
O capítulo não está revisado, então desculpe qualquer erro de digitação.
Boa leitura.



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F E L I C I T Y

—Próxima pergunta, qual filme ganhador do Óscar foi protagonizado por um personagem negro? - Cisco indagou e falou todas as alternativas, Kara e Iris pareceram pensar e rapidamente a loira bateu no botão acionando as luzes e respondendo a pergunta.

Felicity observou Caitlin animadamente comemorar a resposta certa com Kara, embora aquela disputa não fosse de times, era óbvio que as noivas haviam se dividido em duplas por afinidade. Cobras de um lado, coelhinhos de outro.

Kara sorriu alegremente enquanto pegava a torta feita de chantilly misturado com corante comestível e a passava na cara de Iris, aquele definitivamente era o melhor jogo que alguém tinha sugerido, pois além de provar que a capacidade intelectual era bem mais atraente do que o físico. Ver uma pessoa levando uma torta na cara de graça alegrava qualquer dia.

Tentou prestar atenção na próxima rodada que seria entre Caitlin e Laurel, o placar estava empatado entre Kara e Laurel, Felicity não podia deixar de notar que a sua noiva estava um tanto avoada naquele momento, Caitlin estava com a cabeça em outro lugar e aquilo não era nada bom.

—De quem é a obra “Dom Quixote”? Letra a, William Shakespeare. Letra b, Félix Lopes de Vegas. Letra c, Emily Dickinson. Ou letra d, Miguel de Cervantes. Valendo. - Cisco gritou animado com a competição. Felicity olhou para Caitlin esperando muito que não fosse tola o suficiente para deixar aquela chance escapar, sabia muito bem que Cait já tinha lido aquele livro, ela até tinha dado um resumo dele a Lily dias antes para aula de literatura dela.

Felicity cruzou os dedos esperando Caitlin ser rápida e bater naquele botão, mas Laurel foi primeiro, por um mísero segundo. Bufou irritada.

—Letra d, Miguel de Cervantes. - ela disse com um sorriso convencido no rosto, felicity se segurou para não revirar os olhos.

—Certa resposta. - Cisco afirmou, o placar  digital que ficava em uma televisão em cima da cabeça dele mudou a pontual adicionando um ponto a mais para Laurel. - Agora você já sabe o que fazer.

Laurel pegou uma das tortas restantes e se aproximou de Caitlin, Felicity a viu fechar os olhos e esperar pela sujeira, mas então Laurel se aproximou ainda mais e murmurou algo tão baixo que nem o microfones que estava em sua blusa conseguiu reproduzir, porém Felicity notou que as palavras afetaram Caitlin, pois a mesma fechou as mãos em punho e abriu os olhos encarando Laurel.

Felicity não soube explicar exatamente o eventos que se sucederam, mas podia dizer com certeza que a culpa havia sido de Caitlin, pois de repente Cait empurrou a mão de Laurel para cima fazendo-a acertar a torta na própria cara. O estúdio todo entrou em silêncio enquanto Laurel limpava o chantilly de seu rosto, Felicity prensou os lábios impedindo o riso de escapar.

—Sua vaca! - Laurel gritou antes de pegar outra torta e acertar na cara de Caitlin.

—Vadia! - Cait retrucou com palavras e tortas, porém Laurel desviou e a tornar acabou parando em Iris.

E foi assim que a confusão começou ao vivo via YouTube e Instagram. Felicity respirou fundo vendo as quatros noivas entrem em guerra, aquilo definitivamente daria audiência, mas também traria uma imagem negativa para a revista.

—Para! - gritou empurrando Caitlin para longe de Iris com a ajuda de Cisco, aquelas duas eram as que mais tinham chances de se matarem. - Isso já foi longe demais. Ajam como mulheres que são.

—Não se mete garota, porque o assunto é entre elas. - Laurel disse. Felicity achava adorável como ela tentava ter razão sendo que a culpa daquilo tudo era provavelmente dela.

—Cala a boca Laurel. E fica no seu canto. - falou sem olhar para ela, então de repente sentiu algo bater contra sua cabeça, levou a mão até a parte de trás e sentiu a textura familiar do chantilly. Se virou para Laurel que mantinha a pose e as sobrancelhas perfeitas arqueadas. - Nossa quanta maturidade.

—Maturidade tenho de sobra, já que não fico por aí tentando roubar o noivo dos outros.

Felicity riu sarcasticamente.

—Não precisa se descrever, nos duas já sabemos disso. - disse, a pose de Laurel desmoronou.

—Para sua informação, ele me escolheu.

—Por falta de opção. - retrucou. - Porque, convenhamos, ele nunca teria te escolhido se as coisas tivessem sido diferentes.

—E você era uma opção melhor. Bolsista, endividada, uma mãe depressiva e um irmão fraco. Bela opção que você é.

Felicity a encarou descrente, não conseguia acreditar que Laurel estava falando aquilo. Não conseguia entender como alguém poderia descer tão baixo.

—Felicity. - Caitlin a chamou tentando segurar seu braço. Porém, em um ato de impulso primitivo, Felicity partiu para cima de Laurel a derrubando no chão. Havia certos limites que ninguém poderia ultrapassar e além do mais ela já estava de saco cheio de Laurel.

Os socos e tapas que eram distribuídos entre as duas não passavam de sons altos, faziam mais barulho do que machucavam. Felicity não queria matar Laurel, mas até que parecia uma boa opção naquele momento, talvez enforcá-la com seu próprio cabelo e observar lentamente seu rosto se arroxear pela falta de ar.

Mas de repente ela foi elevada, puxada de cima de Laurel por alguém.

—Sua louca! - Laurel gritou, Cisco havia se colocado à frente dela tentando impedi-la de avançar. - Olha o que você fez?!

—Nunca mais ouse falar do meu irmão, está me ouvindo? Nunca mais quero ouvir nada que saia de sua boca suja! E que direito você tem de falar sobre a minha família? Que moral você tem?

—Oliver estava muito melhor antes de você aparecer! Ele estava feliz comigo!

—Oh Laurel, a quem você quer enganar? Esse relacionamento de vocês é só uma fachada. Oliver só está fazendo isso por Moira. Pelos pais dele! Você sabe disso, Laurel. Mas porque insiste tanto em se enganar? Você poderia ser feliz de verdade com outra pessoa. Amar e ser amada de verdade.

—Você não sabe de nada! - Laurel a encarou irritada, seus olhos faiscavam de raiva. - Você nunca soube! Eu sou o melhor para o Oliver.

—Quem disse isso? Moira?

—Ela sabe o que é o melhor para ele. Ela fez tudo por ele.

—Moira não sabe o que significa limites! Ela é má! Ela destruiu minha vida apenas para me deixar longe de Oliver. Você não sabe do que ela é capaz.

—Vamos sair daqui. - Caitlin a puxou pelo braço a arrastando para os camarins. Felicity sentia o coração na boca e sua cabeça doía dos gritos e puxões em seu cabelo.

Elas entraram no camarim e Caitlin rapidamente fechou a porta, Felicity se jogou na cadeira deixando o corpo afundar. Ainda estava em choque com tudo o que havia acontecido. Era como se ela estivesse vendo um filme, podia ver as cenas, as falas, mas não parecia ser ela. Era como estar do lado de fora, apenas observando.

—Você enlouqueceu por acaso? - Caitlin indagou estendendo um copo com água para ela. Sua mão tremia enquanto pegava o copo e tomova vários goles tentando refrescar a garganta e acalmar seu corpo. - Mirabella vai te demitir. E Laurel pode te acusar de agressão.

—Foda-se. Eu não me importo. Eu apenas não aguentava mais. - admitiu sentindo um bolo se formar em sua garganta. - Laurel andava por aí se a achando a tal por estar com Oliver. Mas nós sabemos que eles não estão juntos de verdade, Oliver não a ama, ele me ama e já falou isso.

—Eu sei, querida. - Caitlin colocou a mão sobre o ombro dela tentando passar apoio. - Felicity, sua reação hoje foi um pouco inadequada. Sei que não gosta de Laurel, sei que vocês têm desavenças. Mas nada se resolve na briga, ou no grito. Vocês tinham que conversar.

—Cait, me faz um favor e cancela a vibe psicóloga pelo menos por hoje. - pediu, Caitlin bufou. - Você sabe muito bem que nunca que eu e Laurel teríamos uma conversa “formal” ou normal. E gritar com ela me fez me sentir bem.

—Mas fez você perder seu emprego.

—Que se dane meu emprego. Já não me importo mais com isso, não quero trabalhar em um lugar que o dinheiro está acima dos valores morais. - disse, então umedeceu os lábios antes de continuar. - Quando comecei a trabalhar na Vênus pensava que tudo seria perfeito. Estava trabalhando em algo que gostava e me via feliz, mas percebi que a felicidade não existe se você trabalha em um lugar que em um modelo continua a fotografar mesmo depois de insistir que estava passando mal ou que planeja “flagras” de celebridade. Eu estudei jornalismo para dar notícias verdadeiras para as pessoas, não para enganá-los e fazê-los comprar resmas de papéis sem sentido. Eu me envergonho do que eu sou hoje, me envergonho do que me tornei. Eu não era assim. Eu era viva, tinhas meus ideais determinados e sabia o que queria fazer de verdade. Eu quero voltar a ser ela.

—E como pretende fazer isso? - Caitlin indagou um tanto receosa com aquilo tudo.

Felicity se levantou e ajeitou a blusa retirando o que havia de chantilly grudado, abriu a porta e saiu sendo seguida por Caitlin. Avistou Mirabella perto da saída com o celular no ouvido gritando para alguém, porém assim que a viu seu rosto se contorceu em raiva.

—Fique aqui. Eu tenho que fazer isso sozinha. - murmurou para Caitlin antes de seguir sozinha até Mirabella, sua chefe abriu a boca, porém ela ergueu a mão. - Antes de qualquer coisa, eu não vou pedir desculpa a Laurel, eu não me arrependo do que fiz e se pudesse faria novamente. Mas sinto muito por ter feito essa confusão em frente às câmeras, a revista não merecia isso. Eu reconheço meus erros e por isso estou pedindo demissão, vou sair da empresa por motivos pessoais e  profissionais. Você, Mirabella, era uma das pessoas que eu mais admirava, você construiu essa revista do zero, apenas você, suas ideias e toda a sua disposição. Você era uma grande mulher, era uma guerreira, uma vencedora, mas se deixou corromper, se vendo para eles e armou esse circo já sabendo o final. Eu não posso continuar com isso, não posso fazer parte disso. Sinto muito. Passo para pegar minhas coisas segundas.

Mirabella a encarou sem dizer nada. Felicity ergueu o queixo e passou por ela em direção a saída, já estava na porta do elevador quando ouviu passos se aproximarem, nem precisou se virar para saber quem era. Quando as portas se abriram ela entrou junto com Caitlin. Apertou o botão indicando o térreo e assim que as portas se fecharam o grito que estava entalado na garganta dela saiu em alto e bom som.

—Está melhor? - Cait indagou.

—Nunca estive tão bem em toda minha vida. - afirmou deixando o sorriso tomar conta de seu rosto. - Nunca.


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