Operação Cinderela escrita por Lily


Capítulo 21
20. Caitlin


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou menor do que normalmente, mas espero que gostem.



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Sunday morning tocava na rádio enquanto Caitlin dirigia calmamente pela rua em direção ao seu café favorito, manhãs domingo só servia para duas coisas, esquecer da vida e dormir por horas a fio ou tentar focar em sua vida reorganizá-la.

No caso de Caitlin a segunda opção era a mais válida. Tinha marcado de se encontrar com Barry para resolver os últimos assuntos antes da venda da casa. Caitlin ainda não conseguia acreditar na sorte que havia tido por encontrar alguém que estava disposto a pagar o preço que ela havia pedido e ainda por cima estava completamente satisfeita por vender a casa para alguém como Barry.

Seu destino era naturalmente estranho.

Abriu a porta do café sentindo o cheiro dos grãos sendo moídos, era algo tão familiar que a fazia se sentir bem. Caminhou até uma mesa vazia e se sentou, havia chegado mais cedo do que o combinado então aproveitaria para tomar uma xícara de café. Acenou para o atendente e fez seu pedido, enquanto esperava pegou seu celular e começou a vasculhar sua rede social, havia ganhado vários seguidores por conta do concurso, pessoas que não estavam nem aí para saber quem ela era de verdade e preferiam acreditar no que a revista mostrava, Caitlin se sentia incomodada com aquelas pessoas, mas não podia simplesmente ignorar os pedidos para lhe seguir, eles se acumulavam como formigas e enchiam sua tela até ela desistir e passar quase duas horas apenas apertando o botão de confirmar.

Um notificação apareceu na tela de seu celular, clicou nela ao ler o nome de Ronnie, a mensagem rápida dizia: “Querida, tenho uma viagem de última hora, então não poderemos almoçar juntos. Te vejo amanhã. Com  amor, Ronnie.”

Caitlin respirou fundo tentando não perder o bom humor que estava tendo. Não havia visto Ronnie durante a semana toda então quando finalmente havia encontrado um horário para se encontrarem, ele teria que viajar.

—Pelo seu olhar acho que alguém vai morrer daqui a pouco. - Caitlin ergueu a cabeça encarando Barry que lhe sorria, instantaneamente sua impaciência se dissipou deixando apenas seu bom humor. - Espero que não seja eu.

—Você está fora da minha lista negra, por enquanto. - brincou fazendo-o rir.

—O que houve? - ele indagou se sentando à frente dela.

—Apenas Ronnie. Ele teve uma viagem de última hora e só me avisou agora. - disse, sabia que não deveria falar aquele tipo de coisas para Barry. Ele ainda era apenas um conhecido e aquele tipo de assunto ela tratava com Amaya ou Felicity, mas estranhamente, toda vez que via Barry sentia uma vontade enorme de contar tudo sobre o seu dia, apenas jogar conversa fora ou apenas ficar em silêncio. Barry lhe trazia paz e lhe fazia bem.

—Ah, ele faz muito isso? - Barry acenou para o garçom que rapidamente se aproximou dele, ele pediu um cappuccino e biscoitos, aquele pedido a fez rir. - O que foi?

—Nada, é que você parece a Lily, ela sempre pede Frappuccino com biscoitos de chocolate.

—Então ela tem um bom gosto.

Caitlin assentiu tomando um gole de seu café.  

—Mas viemos falar sobre a casa, você fez a lista que o corretor pediu sobre o que eu tenho que consertar antes de você se mudar?

—Sim. - Barry puxou o papel de dentro do bolso e estendeu para ela, Caitlin o desdobrou e o leu lentamente, não havia muita coisas, na verdade só tinha dois itens.

—Os degraus da varanda e o telhado. Você só encontrou isso na sua varredura? - indagou, era estranho ter apenas aqueles problemas sendo que a casa já era um tanto velha.

—Na verdade não, esse são o que eu sei que você pode consertar. O resto eu viro.

—Barry não, eu sou a proprietária, eu tenho que entregar a casa em condições de você morar. Você não pode simplesmente cuidar disso sozinho. - insistiu, mas ele apenas riu. - Não seja cabeça dura.

—Não estou sendo. Apenas, não conheço muito bem sua história e não sei qual a sua atual situação financeira, mas se fosse comigo, nunca cogitaria vender a casa em que eu cresci com os meus pais. Seria um pecado. - ele disse, Caitlin se retraiu. - Meus pais ainda vivem na mesma casa há mais de trinta anos, eu gosto de ir lá e ver como nada parece ter mudado. É como voltar no tempo, sabe? Quando as coisas pareciam mais simples.

Ela assentiu. Realmente tinha aquele sentimento toda vez que visitava a casa, por muito tempo ela havia sido seu refúgio, seu templo sagrado, mas agora ela tinha que vendê-la, não tinha mais como mantê-la, e o dinheiro ajudaria a pagar o advogado que contrataria.

—Sei como é sentir isso, mas eu sei o que estou fazendo. Estou totalmente segura disso. - afirmou forçando um sorriso. O garçom voltou com o pedido de Barry, ele agradeceu e Caitlin aproveitou aquele momento para mudar de assunto. - Mas agora me diga, quando vai dizer para Iris sobre a casa? Tenho certeza que ela irá amar decorá-la a sua maneira.

Barry coçou a nuca desviando o olhar do dela. Ele parecia meio hesitante e perdido.

—Posso te contar uma coisa? - ele indagou se debruçando sobre a mesa e consequentemente ficando mais perto dela. Caitlin mordeu o lábio conta aquela proximidade, Felicity havia pedido que ela ficasse longe, mas às vezes ficar longe não era uma opção, assentiu pedindo que ele continuasse. - Sabe aquelas histórias de cinema, o cara conhece a garota desde criança, ele se apaixona, mas ela tem outro amor, então o tempo passa e ele sai da friendzone, e no fim eles ficam juntos? Tecnicamente essa é minha história, mas tem uma coisa que os filmes de comédia romântica, às vezes o final nem sempre é feliz.

—Como assim? - questionou sem conseguir conter sua curiosidade.

—Sabe o que acontece depois que a tela fica escura e o filme acaba? Depois do último beijo e a música final? Quando os créditos terminam de rolar e a sensação de encantamento começa a esvair? A vida real bate à sua porta. E ela acontece. De forma intensa e inesperada. O amor não é nada como nos filmes. Ele é bom, mas não mágico. - algo no olhar de Barry fez Caitlin perceber que ele realmente estava falando sério, era incrível como ele não conseguir conter seus sentimentos, era fácil lê-lo apenas com o olhar. Caitlin sentia inveja dessa facilidade. - Eu quero algo mágico, algo incrível, algo que me faça ver o mundo cor de rosa.

—Você quer um amor de cinema. - disse e ele assentiu. Então Caitlin percebeu o que ele estava tentando lhe dizer e percebeu para que rumo aquela conversa estava indo. Mordeu o lábio antes de continuar. - E você não tem isso com Iris? Vocês são um casal de cinema, literalmente. Quase consigo imaginar um filme com a história de vocês dois. Acho que Andrew Garfield poderia fazer seu papel, enquanto Shay Mitchell * faria Iris. - brincou fazendo Barry rir. Por mais que adorasse conversar com com ele, conselhos de relacionamento não eram sua melhor habilidade. - Você está preocupado com seu relacionamento?

—Um pouco. - Barry revelou, em seus olhos haviam aquela hesitação como se quisesse falar algo, mas não conseguia. - Sabe qual é a pior parte de ser adulto? É perceber que as pessoas crescem e mudam, e que às vezes não conseguimos acompanhar as mudanças.

—Olha, eu não sou a melhor pessoa para lhe dar conselhos sobre relacionamentos,  eu deveria ser a última pessoa a fazer isso. Mas, na minha opinião, seja sincero. Sinceridade é muito importante em um relacionamento, sem ela nada dá certo.

Barry assentiu parecendo realmente pensar nas palavras dela.

—Você considera seu relacionamento bom?

Caitlin o encarou um tanto surpresa com aquela pergunta.

—Acho que sim. - afirmou. - Por que?

—Quando cheguei você parecia chateada com a mensagem de Ronnie. E disse que ele faz isso às vezes, então já se acostumou, não é?

—Não é como se eu pudesse pedir para ele abandonar o emprego por minha causa. Ele ama aquele emprego, então. - deu de ombros roubando um dos biscoitos de Barry.

—Se eu fosse ele, eu nunca ficaria longe de você. Isso seria até um crime. - Barry disse, Caitlin tossiu se engasgando com o chocolate, não estava acostumada com aquele tipo de comentário. Barry chamou o garçom e pediu um copo de água, rapidamente ele trouxe, Caitlin agradeceu virando o líquido de uma vez. - Uau, vamos com calma.

—Desculpas, eu apenas comi rápido demais. - murmurou secando os lábios com o guardanapo. - Você deveria parar de falar essas coisas em voz alta, as pessoas podem acabar achando que somos um casal.

—E seria tão ruim assim?

Caitlin sentiu as bochechas esquentarem com aquela pergunta. Balançou a cabeça sem saber o que falar.

—Você é um bobo. - sussurrou. Barry riu.

—Que pena que percebeu isso tarde demais, não tem mais como fugir.

—Na verdade tem. Assim. - afirmou e então se levantou. - Você paga a conta já que quase me matou. - Barry riu novamente, Caitlin sorriu contida. - Te vejo em breve, Barry.

—Até, Caity.

Caitlin se afastou da mesa sem conseguir conter o sorriso que se espalhava pelo seu rosto. Porque diabos ele conseguia fazer com que ela se sentisse uma adolescente?!


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