Queda para o Alto - Interativa escrita por Captain Butter


Capítulo 2
Capítulo I - Os dois lados de uma escolha


Notas iniciais do capítulo

Oowla ^-^
Eu pretendia publicar esse capítulo amanhã... mas estou realmente ansioso para continuar publicando então cá está :v
Muuuito obrigado a todo mundo que dedicou um pouco do seu tempo para comentar no último capítulo, sério, vocês são incríveis ♥
Espero que gostem :3

Até lá embaixo o/



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Capítulo I

Os dois lados de uma escolha

 

— Tudo bem, lá vamos nós de novo.

Fazem aproximadamente quinze semanas desde que todos esses eventos se iniciaram, bem… um pouco mais ou um pouco menos que isso, eu perdi minha noção de tempo faz alguns dias. Flare e eu fizemos pouco progresso desde que nossos pais foram atingidos pela praga, não sabemos exatamente como funciona e nem o que a causou toda essa epidemia, mas não parece estar perto de seu fim. Passa a impressão de que esse é só o início.

Flare ainda se sente assustada por conta do que fomos forçadas a ver. Ela diz que não dorme faz noites por conta de seus pesadelos. Eu tento ajudá-la, mas sinto que não faço muito progresso.

Nos primeiros indícios desse apocalipse mamãe e papai ficaram doentes. Suspeitamos que fosse malária ou coisa assim, Londres havia acabado de sair de um grande surto, mas possivelmente algumas sequelas restaram e foram capazes de contaminar os dois, ao menos foi o que pensamos na época. Porque, com toda certeza, não era malária.

A primeira semana correu tranquilamente e quase não trouxe perigo algum, apenas pequenas crises de febre e ânsias acompanhadas de dores corporais e insônia. Havia momentos em que realmente pareciam melhores. Passaram-se alguns dias e o estado de mamãe começou a piorar, foi súbito. Sangramentos nasais, convulsões, perda de memória e até mesmo automutilação, chegou a um ponto em que tivemos que prendê-la para que não se machucasse, ela aparentava ter perdido o controle de seu próprio corpo.

Os suprimentos começaram a ficar escassos e fiquei responsável por buscar mais, Flare continuou em casa para cuidar dos dois, ela me ligaria se algo acontecesse. Naquele dia o governo declarou estado de emergência. Desastres naturais, ondas de doenças contagiosas, ataques criminosos, genocídio, roubo, sequestro… esses foram os primeiros sinais que essa maldição deu em territórios do exterior, as coisas realmente ficaram feias. Temendo que algo assim chegasse até o Reino Unido, os aeroportos foram fechados e tornou-se proibido sair ou entrar do território inglês.

Centros militares para doações de recursos – que por sinal era para onde estava indo –, abrigos e tudo mais foi construído para proteger a população. Eles diziam que terroristas – responsáveis pelos ataques – e a poluição – pelos desastres – eram os culpados, mas nós sabíamos que não eram. Esses fatores não possuíam quase nenhuma relação com o que realmente acontecia.  

Magia sempre existiu e, atualmente, poucos sabem disso. Nossa família é uma das raras do século XXI que ainda possui esse traço em algum de seus integrantes. Não é um dom hereditário, , nossos avós eram humanos comuns, mas tiveram uma filha que consegue usá-la, papai ainda é uma pessoa normal e, mesmo assim, Flare e eu também o temos. Uma coisa clara sobre a magia é que por mais que você tente escondê-la, sempre poderá ser sentida por alguém que sabe utilizá-la… e não existe um único canto nesta cidade que não esteja encharcado com feitiços. Tenho certeza que isso não se restringe somente a Londres.

Fiquei poucas horas fora naquele dia, mas foi rápido o suficiente para que tudo acontecesse. Móveis derrubados, vasos quebrados, arranhões na parede, parecia que uma verdadeira tormenta havia passado por ali. O telefone de Flare estava espatifado no chão. Eu senti medo. Larguei as coisas no chão e avancei pelos corredores, passando de cômodo em cômodo a procura das pessoas que haviam ficado ali. Eu confesso ter achado que haviam sido sequestrados e que Flare não havia conseguido defender ela e nossos pais, mas aí alguém gritou. Eu corri, torci o pé e tenho quase certeza de que rasguei a calça que vestia, porém eu não me importei.

Flare estava jogada no chão, encolhida em uma das paredes enquanto papai e mamãe, completamente fora de si, avançavam em sua direção, grunhindo. Eles viraram para mim no instante em que escancarei a porta.  

Seus globos oculares pularam para fora, haviam buracos escuros e profundos no lugar deles. Seus rostos estavam completamente distorcido, como se paralisassem em uma careta diabólica – as maçãs do rosto erguidas, mantendo os lábios altos nos cantos, formando um sorriso demoníaco –, o suor, a pele amarela e apodrecida... eu travei, tinham o mesmo rosto, as mesmas roupas, mas não eram meus pais, eram como cópias baratas que estavam ali para me assustar e machucar Flare.

Senti meus joelhos virarem água e minhas mãos gélidas foram diretamente para os meus olhos, tapando-os. Me recusava a vê-los daquela forma. Não sei ao certo quanto tempo se passou, podem ter sido minutos ou segundos, sinto que nunca vou saber, mas quando pareceu que estava voltando a realidade, ouvi som de tiros e baques surdos, Flare havia feito o que era preciso com a arma de papai. Ela me agarrou pelo pulso e arrastou-me para fora de casa.

   

— Fim da segunda gravação. – a garota declarou – Desligando. – Lucy apertou o mesmo botão que pressionara para começar a gravar o áudio e a máquina parou, ela não esperava começar a fazer isso e muito menos continuar fazendo depois de finalizar sua primeira sessão de “desabafos” duas semanas antes. Mas aquele simples ato de conversar com uma invenção humana parecia funcionar melhor do que conversar com sua própria irmã (ela nunca havia sido uma boa pessoa para fazer esse tipo de coisa, não sabia ouvir, não sabia falar, ela simplesmente se desligava e fingia dar atenção, Flare não era ruim, longe disso, mas temia dizer a coisa errada para a irmã e piorar a situação).

Lucy se arrastou para trás e levantou-se, afastando-se da beirada do prédio. As duas se instalaram no alto daquele edifício próximo a Stoke Newington no dia anterior e montaram acampamento. Poucas coisas conseguiram ser salvas de sua casa, dentre elas uma barraca – que se tornara extremamente útil, o inverno chegara mais cedo naquele ano e as noites eram incrivelmente frias –, mochilas, comida nutritiva e portátil – vindas dos Centros Militares –, água e roupas quentes o suficiente para os primeiros dias daquela estação, não era muito, elas sabiam, mas procuravam usar com sabedoria cada um de seus mantimentos.

— Como vamos fazer a partir de agora? – Flare abriu a porta que levava às escadarias para os andares inferiores, Lucy agradeceu aos céus por ter chegado logo após ter terminado sua gravação. Ela trazia consigo fósforos, garrafas vazias, barras de cereal e dois pares de tênis – É tudo o que encontrei nos três andares que restavam. Os sapatos são do seu número, caso queira saber. – Flare entregou os sapatos, abriu uma das barras de cereal e mordeu um pequeno pedaço, dando as costas para Lucy.

— Sinceramente, eu não sei o que poderíamos fazer a não ser nos movimentarmos – ela tirou seus coturnos – Ainda temos comida e água para mais ou menos quatro dias, podemos nos arriscar em ir procurar em outro lugar. Só precisamos tomar cuidado com… essas coisas. – calçou o par recém adquirido, dobrando os dedos do pé algumas vezes para sentir-se confortável.

— Kensington ou Westminster poderiam ser bons locais, considerando que o centro foi uma das áreas mais atingidas a segurança nos condomínios devem ter sido reforçadas para que ninguém entrasse, depois de tanto tempo duvido que tenham se aguentado, água e energia foram cortadas e, por mais que fossem bairros de classe alta, devem ter sido levados a sair de casa depois de um mês, nada dura para sempre. Isso desconsiderando a possibilidade de que a epidemia não chegou lá dentro.

Flare sempre foi uma estrategista nata, Lucy apreciava a forma como ela dominava qualquer batalha que fosse dentro de um antigo RPG que jogavam quando ainda crianças e dedicou grande parte de sua infância para conseguir superar a irmã dentro do game, quando, prestes a conseguir, o jogo foi a falência e forçado a fechar. Ela se lembrava que Flare ficou furiosa e chorou por vários dias além de enviar e-mails e mais e-mails para a empresa responsável, sem nenhuma resposta, é claro.

Depois disso ela e Flare passaram a criar suas próprias batalhas, usando personagens e habilidades imaginárias que elas mesmas criaram e, a princípio, até pensaram em desenvolver um jogo por conta própria – infelizmente não avançaram com a ideia . O engraçado em toda essa história é que aquela situação lembrava Lucy de uma partida que ela e Flare travaram anos antes dos servidores do jogo fecharem em que Lucy saiu vitoriosa. O objetivo era simples, quem conseguisse derrotar o maior número de inimigos dentro do tempo estabelecido, venceria.

O problema de Flare naquele momento foi que a cautela que teve. Os inimigos possuíam uma quantidade considerável de dano e poderiam matá-la se a atacassem em grandes hordas, ela derrotou um por um até que o tempo acabasse. Lucy sabia que a irmã usaria algo do gênero, cuidado e eficiência eram coisas que sempre acompanhavam Flare, mas, em um caso como aqueles, com um tempo limite escasso, ela precisava ser mais radical.

Os inimigos em si eram realmente fortes, porém ela foi capaz de usar algo que Flare não usou. O terreno. Com isso, Lucy prendeu os alvos em emboscadas e eliminou grandes grupos quase sem nenhum esforço. A questão em um ponto como o que Lucy e Flare se encontravam era a mesma que se passava pelos pensamentos da garota que voltou a se sentar na borda do prédio. Por que pensar pequeno se posso pensar grande?

— Kensington e Westminster podem realmente ser boas jogadas, mas ainda assim são peixinhos. Em ambos os lugares existe uma quantidade considerável de casas para se procurar recursos, mas… eles não seriam tão escassos quanto o que temos aqui? Pense que, em cada casa, existisse uma família de cinco pessoas. Se saíram de lá por falta de sustento para si mesmo por que deixariam algo para nós? – Flare se sentou ao lado de Lucy, o vento cortante acariciou-lhe a pele e brincou com os fios de seu cabelo – Certamente pegaram o que podiam e partiram, como nós fizemos. Mas a família real…

— Não me diga que você… – Flare cortou-a, ela sabia que a irmã era de extremos, mas realmente não conhecia os limites de Lucy.

— Em ataques terroristas, como o que aconteceu em 2019, a família real foi levada para um esconderijo enquanto o exército tentava contê-los. Em evacuações de emergência são levados poucos pertences pessoais, considerando que existem recursos nesse tal esconderijo. A probabilidade de que outra dessas evacuações tenha acontecido com a família real é grande. Isso ou eles simplesmente sabiam que esse apocalipse aconteceria. – ela fez uma pausa, não era necessária, Flare aparentava estar seguindo sua linha de raciocínio – Pode significar que os armazéns subterrâneos do Palácio de Buckingham podem estar quase intactos.

Flare continuou com a mesma expressão, encarando a luz quase nula do sol poente por conta das nuvens pesadas de inverno. Lucy havia crescido, isso era fato. Mas ela se preocupava em que lugar esses pensamentos “grandes” poderiam levar sua irmã.  

— Às vezes eu me esqueço que não somos mais duas garotinhas jogando RPG no meu quarto. Eu tenho saudades daquele tempo, sabe? Mas é bom ver que você não usa mais estratégias de principiante, Lucy.

 

Havia anoitecido. Poucos momentos antes as garotas haviam deixado seu acampamento e apagado a fogueira improvisada com embalagens velhas de comida, o cheiro não era muito agradável, mas era tudo o que tinham para ferver a água não tratada.

Londres nunca esteve tão vazia. Elas não pensavam ser as únicas na cidade, mas também não esperavam topar com ninguém. Os sinaleiros piscavam sem parar em certas avenidas lotadas de carros sem vida, lojas permaneciam abandonadas com seus mostruários quebrados, caos espalhado, sangue no chão, o cheiro de um cadáver em putrefação não muito longe dali, as nuvens ameaçando despejar lágrimas a qualquer momento…

Os desastres pareciam não ter fim quando aquilo aconteceu. Primeiro a magia tomou conta de tudo, cercou a cidade e o restante do mundo em um domo de pura perdição. Poucas pessoas dentro da capital inglesa sentiram esse impacto, o número de humanos com o dom para magia se tornava cada vez menor conforme os anos se passaram a ponto de fazerem parte de menos de 1% da população mundial no século XXI.

Depois as doenças se espalharam. Um surto de dengue no Brasil, pneumonia na Coréia do Sul, AIDS nos Estados Unidos, caxumba na Tailândia, hemorragia viral na costa oeste da Nova Zelândia. Hospitais ficaram lotados, aulas suspensas, fronteiras fechadas, em menos de nove dias grandes nações haviam perdido quantidades avassaladoras de sua população. Desastres se iniciaram. Tsunamis no Japão, a explosão de uma fábrica nuclear na China, erupções vulcânicas constantes no Chile. Cidades precisaram ser evacuadas outras centenas de milhares de pessoas perderam suas vidas.

A coisa realmente saiu dos eixos quando os desastres passaram a envolver maldições e feitiços. Os doentes que ainda restavam transformaram-se, viraram criaturas grotescas, enlouqueceram, passaram a se portar como animais. Matavam o que viam pela frente. A população mundial surtou. Com a perda de quase dois bilhões de pessoas por conta de tudo o que ocorrera, cada um começou a viver por conta própria, recursos do governo foram cortados, tudo se tornou um verdadeiro pandemônio. A humanidade colapsou, decaiu, entrou em um apocalipse.  

— Lucy? – a voz de Flare despertou a garota de seus devaneios – Quantas balas ainda te restam?

— Ah… – ela tirou o revólver da cintura e tirou o pente de balas, despejando os objetos de metal em seu mão esquerda – Cinco.

— Pegue mais essas – Flare entregou sua pistola para Lucy, ela se remoía por dentro, temendo que algo acontecesse com sua irmã – Com isso vai ter nove. Não me olhe com essa cara, vamos, sabe que não preciso disso.

A verdade estava na frente de Lucy, só bastava aceitar. Ela nunca invejou sua irmã nem desejou algo de ruim, mas o fato de depender dela – não exclusivamente de Flare – para usar magia a deixava um pouco frustrada. Combate corpo-a-corpo nunca foi o seu forte, sua única saída para situações perigosas em que Flare não estava presente foram as armas. Lucy as utilizava com maestria, não havia um alvo que não pudesse acertar.

Caminhavam havia quase uma hora e meia e se aproximavam do Queen’s Theatre, houve um tempo em que Lucy se interessara por atuação e implorara por aulas à sua mãe, ela, cansada de ouvir os pedidos da menina, atendeu e a matriculou em aulas semanais no teatro. Lucy detestou e parou de comparecer depois de três dias.  

A distância considerável entre o Palácio de Buckingham e Stoke Newington cansava qualquer um, principalmente se esse qualquer um, estivesse a pé. O tempo frio contribuía para que não se gastassem tanto energia, mas ainda era um longa caminhada. Flare observava algumas lojas de roupas que poderiam passar, na volta, para conseguir algo novo, as jaquetas não conseguiriam aguentar as baixas temperaturas que apareceriam dali para frente.

— Vamos alterar um pouco a rota, estamos expostas demais na aqui na Shaftesbury, podem… – foi tempo o suficiente para que Lucy empurrasse Flare para o lado, desviando da bala que estava sendo mirada na lateral de seu abdômen, estourando um dos vitrais da grande construção ao lado de ambas.

Merda! – o som ricocheteou por entre os prédios, espalhando-se pelas ruas como água, chegando aos ouvidos de almas vivas não muito longe dali – Lucy! – a garota escondeu-se atrás de um carro enquanto Lucy se escondeu atrás de um poste.

Uma pequena mira a laser balançava de um lado para o outro, procurando um alvo, Flare espiou pelo reflexo de uns dos retrovisores do carro, as janelas de vidro dos edifícios mais altos escondiam a pessoa por trás do ato, ela só não sabia exatamente onde. Bastava uma única tentativa para que fizesse todo o lugar pegar fogo, mas ela preferia não correr os riscos, chamaria muito atenção – não que o tiro já não o tivesse feito –, elas não precisavam de mais problemas.

Lucy saiu de seu esconderijo e correu, ela não sabia quem estava se escondendo por trás da arma, mas não gostaria de saber, havia tentado acertar Flare, isso ela não perdoaria. Lucy avançou para frente, ganhando velocidade para saltar em cima de um dos carros enquanto observava atentamente, procurando algo que indicasse a localização do indivíduo.

— Mire entre o quarto e o sétimo andar! – Flare gritou às suas costas – Ele não poderia nos ver se estivesse nos andares superiores! – isso era fato, os postes não acendiam havia tempos, caso o atirador estivesse entre o oitavo e décimo andar a visibilidade seria comprometida, estaria escuro demais.

A garota ouviu a irmã e saltou para o parachoque de outro carro, pulando para o seguinte e depois para mais outro, Lucy via o laser perseguindo-a, mas não conseguia acompanhar sua velocidade, para isso o atirador precisaria se movimentar e ela não queria isso. A menina parou em cima de uma camionete e contou seis pisos para cima, Lucy só tinha quatro opções para ajudar Flare, ela torcia para que escolhesse a certa. O ponto vermelho aproximou-se, ficando em cima de seu ombro, ela segurou a respiração, girou seu corpo e pulou. Brincando com as pistolas em suas mãos, Lucy mirou no sexto andar e apertou o gatilho.

A janela explodiu em milhões de cacos de vidro e, de relance, ela viu os pés de uma pessoa, cobertos por uma bota negra.

— Flare! Agora!

As mãos da garota se fecharam, ela apontou dois dedos para o chão e concentrou-se,  direcionando sua energia para seu braço e imaginando uma extensão de seu corpo, um feixe de luz, poeira cósmica, um relâmpago. Flare correu até a irmã que havia alcançado o chão e formado uma base de apoio com as mãos, ela saltou de um carro para o outro até conseguir apoiar-se em Lucy e ser lançada para cima. Ela conseguiu ver o mesmo que Lucy, mas desta vez não se resumira somente a uma bota, lá estava o rosto do homem por trás da euforia, os cabelos negros, os olhos verdes, a pele morena, em situação diferente ela talvez tivesse achado-o atraente. Flare era capaz de fazer qualquer coisa cair sobre aquela construção e destroça-la por inteiro, mas conteve seus pensamentos, ela não precisava chamar atenção. Na forma mais contida que conseguiu, a garota liberou labaredas de suas mãos que iluminaram aquele pequeno trecho da Shaftesbury Ave. As línguas de fogo travavam uma batalha épica, despejando faíscas.

Embaixo, Lucy observava cada ato de Flare, sua respiração, o movimento dos músculos, a posição das mãos, a maneira de seu cabelo pular no ar, o jeito como suas pernas se posicionaram e murmurou para si mesma, em um sussurro quase inaudível:

Copy— seus olhos brilharam e a tontura dominou-lhe por um instante, mas se recompôs logo em seguida, aquela era sua verdadeira natureza, Lucy era capaz de replicar qualquer feitiço que as pessoas ao seu redor lançassem.

Enquanto sentia as chamas de Flare preencherem suas veias, Lucy correu para dentro do prédio e subiu as escadas. Era como se estivesse cheia de energia, renovada, escalando dois degraus por vez, cada passo que dava parecia ser um pulo, ela mal viu quando chegou no sexto andar e encarou o homem através das paredes de vidro, mirando a sniper para Flare que preparava outro ataque, concentrada na luta.  

Ela abriu a porta com estardalhaço e a figura virou em sua direção, por um momento ela jurou ter visto algo familiar naquele rosto, mas o sentimento logo se desfez quando o homem avançou, deixando Flare de lado.

Paste— Lucy sussurrou para si mesma mais uma vez e, assim como Flare havia feito, rajadas escaparam de seus dedos, queimando o ar e rumando para o homem, acertando-o.

Ele esperava sentir o calor cobrindo seu corpo por inteiro, mas assim que as chamas lamberam sua pele, congelaram. Prendendo-o em um bloco de gelo que partiu-se ao meio após ser derrubado do prédio com o chute de Lucy.

A megera que o invocou não disse que as garotas eram capazes de usar magia.


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Notas finais do capítulo

Ayoooo
E aí, como ficou? Tem alguma ideia do que pode acontecer a partir daqui? Uma teoria de conspiração? Uma nova receita de bolo? Caso tenha, por favor, deixe-me saber! Comente sua opinião, é realmente muito importante :3

Nesse capítulo tivemos a aparição de Lucy (personagem criada por Mr Potato Head) e Flare, sua irmã. O que acharam delas, minha gente? Prometo que não mordem ashausha (ao menos que alguém peça õ3õ)
Acho que é só por hoje, essa semana ainda tem mais um :3 (pelo menos é o que espero q-q)

Até maixx o/