Eu estava tão cansada que dormi basicamente todo o voo, ao sair do portão de desembarque vi um homem segurando uma plaquinha com meu novo nome, olhando em todas as direções com olhar aflito. Esse só poderia ser o Charlie, como seriamos uma família eu tinha que fazer o possível para termos uma convivência agradável, então fui sorrindo em sua direção.

— Charlie? Perguntei me aproximando.

— Isabella? Olá... – Ele parecia um tanto quanto desconcertado, eu também ficaria no lugar dele, descobrir do nada que se tem uma filha de 17 anos e que ela quer morar com você é um tanto quanto chocante. O melhor que eu poderia fazer nesse momento é dar um grande abraço e mostrar simpatia.

— Me de sua bagagem, vamos lá – ele disse se sentindo mais confortável. Imaginei o quanto isso estava sendo difícil para ele então decidi não forçar nada.

— Então, como vai Renne? – ele me perguntou com a intenção de quebrar o gelo, talvez.

— Ela está bem, acho que as coisas com Phill estão dando certo. – Eu não poderia entrar em muitos detalhes, afinal eu a conhecia a menos de 48 horas

— Hum, que bom para ela então. Isabella ... – Pode me chamar de Bella (eu interrompi, acho que soa melhor dessa forma) – Então, não sei o quanto você sabe sobre minha vida, se eu estivesse em seu lugar eu também gostaria de conhecer meu pai, então vou fazer o possível para que isso seja uma experiência proveitosa para nós dois. Eu só gostaria que você entendesse que antes de você aparecer eu também já tinha uma família, me casei novamente e tenho dois enteados, mas acho que vocês podem se dar muito bem. – ele disse sem olhar em meus olhos.

— Sim, sem problemas – Eu refleti, irmãos, madrasta... isso iria ser diferente. – Como eles se chamam? Quantos anos têm? – Perguntei mais interessada.

— Seth tem 13 anos e Leah a sua idade. – Ele mencionou pensativo.

— Ótimo, já tenho alguém para me passar as dicas sobre o colégio. – seria bom não estar sozinha nesse momento, eu nunca passei por isso antes, afinal sempre tive Caroline e Bonnie para tudo.

— Fico feliz em saber disso Bella. – Ele continuava a olhar para frente, não soava natural, eu realmente queria que minha intuição estivesse errada, mas algo estava preocupando Charlie e essa altura do campeonato o que preocupasse ele provavelmente seria um problema para mim.

Quando chegamos em casa eu senti um pouco de nostalgia, a casa de Charlie tinha uma estrutura bem parecida com minha antiga casa, exceto pela viatura estacionada.

— Chegamos! – Ele anunciou entrando rapidamente, abraçando e beijando uma linda mulher que me olhava com curiosidade.

— Isabella, Sue, Sue, Isabela. – Ele nos introduziu. Antes que eu pudesse responder um garoto muito simpático veio ao meu encontro. – Olá mana, sou Seth, prazer em conhecê-la. – O prazer é todo meu! – eu admiti lisonjeada, seria fácil lidar com ele, o que me deixou muito feliz.

— Onde está Leah? – Charlie indagou.

— Saiu com alguns amigos, em breve estará em casa – Sue respondeu – Isabella, venha guardar suas coisas, o jantar está quase pronto.- Subimos as escadas e ela me mostrou o quarto.

— Veja, como foi tudo muito rápido não tivemos tempo para organizar nada, então em primeiro momento você terá que ficar no quarto de empregada. Leah não está acostumada a dividir quarto então isso pode ser um problema e eu quero muito que isso de certo, Charlie não deve sofrer mais. – Ela disse me olhando com atenção. Por um momento eu me senti acuada, mas eu entendi que eu era uma estranha invadindo a casa e a vida de uma família já estruturada. Eles não me conheciam, apenas o fato que minha mãe me manteve por anos em um colégio interno, por que será?

— Tudo bem Sue, não se preocupe, eu vou ficar muito bem aqui obrigada.

Ela assentiu e saiu em direção à cozinha. Para Sue eu era a representação da ex de seu marido na vida dela e eu espero que ela possa superar logo essa má ideia. Respirei fundo e entrei no quarto, era realmente pequeno, havia uma cama simples, uma pequena cômoda e uma prateleira com uma cadeira, a vista da janela dava nos fundos da casa onde começava uma trilha em meio a muitas arvores, pelo menos seria mais fácil de fugir caso fosse preciso, pensei presumidamente.

Terminando tudo desci as escadas e todos eles estavam conversando e rindo, mas no momento que me viram o silencio reinou, Sue começou a colocar os pratos na mesa e fui ajuda-la, mas minha iniciativa não foi bem interpretada. – Pode deixar que faço isso Isabella, sente-se na sala por favor. – Então calada fui me sentar fingindo prestar atenção na TV. Nesse momento a porta se abriu e entrou uma bela garota, ela era muito parecida com Sue, só que mais jovem e mais estilosa, algo nela me lembrava Caroline.

— Mãe você não vai acreditar no que o Erick fez!

— Leah querida depois você me conta tudo, primeiro quero lhe apresentar Isabella. – Sue segurou a mão da filha e veio em minha direção sorrindo (algo que não parecia muito real depois de tanta “simpatia” desde que cheguei).

Leah me olhou especulativamente, e não acho que a conclusão que ela chegou tenha sido boa, ela apenas assentiu e foi para o seu quarto. – Mãe, pode guardar meu jantar, agora estou sem fome.

A parte que pensei que fosse ser fácil, na verdade seria ser mais difícil ainda. Suspirei e me afoguei de vez no sofá tentando ao máximo prestar atenção na TV para que as lágrimas estúpidas não chegassem tão rápido.