Rose Weasley estava sentada em sua cadeira na aula de matemática. O professor falava sobre fatorações e simplificações — um nome irônico, já que a ruiva não entendia nada do que estava escrito, e tudo só ficava mais complicado, nunca mais simples, como o nome da matéria sugeria.

Rose suspira e começa a arrastar a ponta do lápis pelo papel, formando rabiscos aleatórios num simples e puro ato de procrastinação. Os traços no caderno foram tomando forma, gradativamente: primeiro, uma curva que viria a ser a de um quadril; a próxima tornou-se a lateral de um dos seios, e assim prosseguia. Uma curva levando à outra. E cada curva levava a um pensamento, todos ligados a uma pessoa. Dominique. As curvas dos quadris fizeram com que Rose pensasse em quando a vira dançar em suas roupas de banho, achando que ninguém a estava observando. Os fios do cabelo que desenhava faziam com que Rose se lembrasse de Dominique fazendo vários penteados no próprio cabelo, sempre achando-se insuficiente — não tão boa quanto a mãe e Victoria, não tão graciosa quanto o irmão, Louis —, mesmo que fosse a coisa mais bonita que Rose já tivera o prazer de admirar. Ao fazer os detalhes dos olhos, Rose pensou nas borboletas no estômago que sentiu quando Dominique a maquiara, para seu aniversário de 15 anos, quando descobriu que gostava de garotas… mais do que de garotos.

Ao fazer os traços das mãos e dos pés, Rose lembrou-se de quando ela é Dominique pintavam as unhas na beira da piscina, trocando sorrisos e palavras bobas, enquanto sentiam os raios de sol esquentarem suas peles.

Rose desenha os lábios, lembrando dos carnudos e avermelhados de Dominique. Rose tinha limpado muito o batom borrado dos lábios da loira. Durante as férias, esta fugia pela janela da casa de verão, prometendo contar à prima as histórias interessantes que vivera quando voltasse. Porque Dominique sempre tinha algo interessante para contar. E sempre voltava.

Quando os pés foram totalmente formados, Rose lembrou de quando Dominique treinava o andar e a postura, usando saltos altos e com livros apoiados no topo da cabeça.

Ao terminar, Rose encarou o resultado final atentamente. Ela tinha desenhado Dominique, e o desenho estava perfeito. Por quê?, a ruiva poderia se perguntar, mas já tinha a resposta. Porque havia decorado cada detalhe de Dominique, a garota perfeita: a curva entre o ombro e o pescoço, os olhos densos e profundos, os dedos longos e o queixo fino.

Simplificações, o professor dizia, e Rose percebeu que era aquilo que precisava, e aquilo que fizera. Deixara as coisas mais simples. Quer dizer, tinha deixado de lado a necessidade de complicar tudo. Garotas gostavam de garotas; era simples, sempre havia sido.

E Rose, uma garota, gostava de Dominique, outra garota. Simplificações.

Pronto, professor. Está simplificado.