20 ANOS ATRÁS

O vento soprava forte naquela noite, as folhas das arvores se movimentavam com brutalidade, os animais se escondiam em tocas na floresta prevendo a tempestade que não demoraria muito a chegar.

No castelo onde residia a família real, um pouco afastado da cidade, a Rainha estava inquieta, não por causa da tempestade, mas pelo que acabará de descobrir, estava em conflito com os seus sentimentos. Seu bebê se mexeu inquieto dentro de sua barriga e a mesma passou a mão com carinho para acalmá-lo. SeonDeok não poderia permitir que o trono de seu filho fosse ameaçado, ela não queria fazer o que estava prestes a fazer, mas não tinha escolha.

— Vossa alteza, o que faz aqui? – Kim Chi pergunta ao entrar em seu quarto e se deparar com a Rainha sentada em sua cama.

Kim Chi era uma grande guerreira da tropa do Rei Park Hyun, até poderia ser considerada a melhor com uma espada, melhor que muitos soldados. Ela também era amiga intima da rainha, desde a infância.

— Por que mentiu para mim Kim Chi? – A rainha foi direto ao ponto.

— Do que está falando alteza? – Kim Chi perguntou nervosa e de forma protetora colocou a mão em sua barriga, assim como a rainha, ela também estava grávida.

— Nunca entendi como aconteceu sua gravidez, apenas acreditei na historia que contou, por que não me falou a verdade?

— Eu tive medo do que pudesse fazer ao saber a verdade – a Guerreira falou ainda mais nervosa, temia pela sua vida e a de seu bebê.

A Rainha respirou fundo e se levantou, caminhando calmamente até aquela que já considerou sua melhor amiga e retirou uma espada de suas vestes.

— Espero que entenda o motivo de eu ter que fazer isso Kim Chi, não posso deixar que está criança venha ao mundo – ao falar isso a Rainha ergue a espada e atinge o peito esquerdo da guerreira que grita em desespero, esta cai no chão, abraçando a barriga protetorarmente e chorando.

Ao olhar uma ultima vez para o rosto em prantos de sua antiga amiga, engole o remorso e a vontade de chorar e se retira do quarto, logo Kim Chi estaria morta e seus problemas resolvidos.

A tempestade finalmente começou a cair lá fora, a chuva molhava os campos e as arvores, chovia tão forte que não era possível enxergar nada perfeitamente. No meio desse caos de água, Kim Chi se arrastava pelo caminho escuro, sua respiração estava devagar e suas pernas trêmulas, ela sabia que não tinha muito tempo, mas tinha que salvar a vida de seu filho.

Ao chegar em frente a grande porta vermelha, reúne todas as forças que lhe restam e bate três vezes, depois de alguns minutos a porta é aberta por um homem de estatura media e cabelos presos em um coque bem feito. Este se assustou ao ver o estado da mulher na porta de sua casa.

— Im JungMyeon me ajude – Kim Chi fala baixinho e acaba perdendo as forças caindo em seguida. Porém é amparada rapidamente pelos braços do médico que a olhava desesperado.

— Choooa – Gritou o médico para sua esposa, estava desesperado – prepare a cama rapidamente.

Falando isso, pegou a guerreira com facilidade e entrou no quarto onde realizava os atendimentos, sua esposa já havia preparado tudo. A pobre mulher se assustou ao ver o estado de moça nos braços de seu marido. JungMyeon colocou a guerreira na cama e logo tratou de cuidar do ferimento em seu peito.

— Jung – Kim Chi fala com a voz fraca e segura a mão do médico que também era um grande amigo – salve o meu bebê, por favor – dizendo isso, a mulher leva a mão do médico até o seu ventre, onde estranhamente seu filho estava quieto, o que a preocupava muito. Com muito esforço tirou de seu bolso um pergaminho, entregando ao médico.

— Só você saberá desse segredo, por favor, esconda meu filho e deixe-o em segurança – Kim Chi fala e com um ultimo suspiro fecha os olhos, calma sabendo que seu filho estará em boas mãos.

Jung Myeon sente seu coração apertar ao ver aquela grande guerreira falecer ali em sua frente, mas logo trata de tirar a criança do ventre da mulher que agora se encontrava morta.

Choa estava chorando em desespero, mas logo se acalma ao ouvir o chorinho de bebê, de inicio pensou que fosse seu filho que tinha apenas 5 meses, mas então constatou que seu marido havia tirado o bebê com vida da barriga da Guerreira Kim Chi. Logo tratou de pegar o bebê e limpá-lo.

No dia seguinte, na calada da noite Jung Myeon saiu as escondidas da cidade em direção ao pequeno vilarejo que havia no meio da floresta. Em suas mãos levava uma cesta com o filho de Kim Chi dentro, ele precisava deixar aquela criança o mais longe possível da cidade, principalmente depois de ler o conteúdo do pergaminho entregue pela falecida. Deixaria aquele bebê com um amigo de confiança que morava na aldeia, lá ele seria bem cuidado.

13 ANOS ATRÁS

Im JungMyeon era o maior médico da cidade e também a pessoa mais querida, pois atendia a todos e sempre dava o melhor de si e nunca pedia nada em troca. Mas, ele tinha um passado sombrio com um envolvimento amoroso com a rainha, desconhecido por todos e que nunca deveria ter acontecido. Devido a isso, a impiedosa Rainha o perseguia até hoje, pois ainda sofria por ter sido trocada,  razão que levou o médico a novamente está fora da cidade, dessa vez com sua mulher e seu filho, eles haviam sido banidos pela rainha, e, para proteção dos mesmos Jung myeon resolveu se afastar.

— Choa, quando nosso filho estiver grande o suficiente, volte e isso ajudará a me encontrar – Ele colocou um colar com uma linda pedra azul no pescoço de sua esposa – Eu te amo.

O homem deu um beijo em sua esposa, cheio de amor e dor pela despedida e em seguida abraçou seu pequeno filho de apenas 7 anos, que não tinha culpa de nada do que estava acontecendo, assim como não estava entendendo nada. De coração dilacerado observou sua mulher indo embora.

— Corre filho, mais rápido – Choa gritava desesperada no meio da floresta. A rainha havia descoberto o paradeiro dela e de seu filho  e mandará guardas para matá-los. Para proteger sua cria, Choa acabou levando uma flechada nas costas, mas se mantinha firme, não iria desistir até ver seu menino a salvo.

Após algumas horas ela conseguiu despistar os guardas, estava muito fraca. Então avistou o vilarejo mais a frente, sentiu seu coração se aliviar e criar um pouco de esperança.

— Omma, aqueles caras maus já foram? Vamos ficar bem? – o pequeno pergunta, estava assustado e agarrava a perna de sua mãe.

— Vamos ficar bem filho – Choa fala com um leve sorriso e faz carinho nos cabelos do menor.

— CHOA – o velho Byun corre em direção a mulher ferida.

Choa fica aliviada ao ver o Senhor de cabelos pretos meio grisalhos em sua frente, Byun era um velho amigo de seu marido, sabia que ele cuidaria bem de seu filho.

— Aquela perversa nos baniu e colocou guardas par nos seguir e nos matar na floresta, Byun! Preciso que cuide do meu pequeno, vou sair e tentar levá-los para longe daqui – Choa fala com lagrimas nos olhos em ter que deixar seu filho. O mais velho apenas assentiu com uma expressão triste e nada falou.

Choa se ajoelha em frente ao menor e tira o colar, colocando no pescoço dele.

— Quando você estiver grande o suficiente para se proteger volte à cidade, este colar te ajudará a encontrar seu pai e sua irmã, eu te amo pequeno – ao falar isso, dá um beijo na testa do menino e sai sem olhar para trás.

O velho Byun segura a mão do garoto e o leva para dentro, agora ele tinha três crianças para cuidar, sentia que seus cabelos brancos logo apareceriam de vez.