Pov'Victória Stewart

Ares continuou abraçado à mim. Eu sabia que ele estava preocupado comigo. Mas, me senti incapaz de falar para ele sobre o pesadelo. Sempre que eu tentava comentar com ele alguma coisa relacionada ao mesmo, minha mente automaticamente projeta a imagem daquela mulher sinistra e de suas ameaças. Uma vez eu vi num documentário sobre a vida animal, que as presas sentem sabe quem são os seus predadores naturais. Que elas sabem qual o animal que quer te caçar. E toda vez que eu penso na mulher, isso me vem a cabeça. Sou a presa e ela a minha predadora. Eu sou a caça e ela o caçador. Eu não estou gostando nada dessa situação. A última vez que eu fiquei assim tão acuada e medrosa foi nos tempos de Gaia.

Eu mudei para melhor, depois de tudo. Ganhei mais autoconfiança e mais coragem. Tenho uma família e amigos para me preocupar e tudo parecia perfeito e de fato é. Infelizmente, a vida não è só feita por perfeições. Nada é perfeito para sempre. Uma hora ou outra tudo se complica. Contudo, não posso deixar essa mulher fruto de um pesadelo me destruir. Sou mais forte que ela. Eu nem sei se ela de fato existe.

– Victória! – Ares me chamou. – Você ficou muito tempo quieta. – Ele comentou. – Você está bem querida?

– Foi só um pesadelo Ares. Não precisa de tanto alarde! – Digo dando de ombros.

– Você parecia estar nervosa! - Ares observou. – Sabe que pode me contar qualquer coisa Victória, em breve seremos marido e mulher. – Ares diz e alisa o meu rosto com carinho.

– Eu sei disso amor. – Dou um sorriso

– Lembra o que os segredos fizeram com a gente no passado? – Ele me questionou.

– Eu lembro! – Afirmo. – Eles nos separaram diversas vezes. – Respondo e me sinto mal.

Eu tenho que compartilhar esse sonho e o encontro com aquela menina esquisita da loja. E se estiver ocorrendo algo sério envolvendo esses eventos? Tenho que falar com Ares sobre isso, ele tentaria me ajudar e buscaria respostas comigo. Duas cabeças pensam melhor que uma, dizia minha mãe e eu sei que está certa.

Já estava pronta para me abrir para Ares e revelar tudo, quando batidas na porta do quarto nós assustam.

– Quem será à essa hora? - Falhou Ares.

Eu não respondi nada ao mesmo. Aquela interrupção tinha minado toda a coragem que reuni para me abrir, agora o que ocupa minha mente é aquela mulher e os meus atuais problemas.

– Amor, eu já volto, descanse. – Ares diz rapidamente.

– Ares! Quem era? – Perguntei, mas ele já havia saído do quarto.

– Ares!! – Berrei.

Ele não me respondeu. Seja lá quem for veio falar diretamente com Ares. Por mais curiosa que eu seja, não fui atrás para ouvir a conversa por dois motivos. Preguiça e confiança. Preguiça pois a cama estava quentinha e aconchegante. Já a confiança era um lance que nós trabalhamos dia após dia. Eu confio em Ares e sinto que ele confia em mim. Seja lá quem for não deve ser importante.

(...)

Pov' Ares

Quando abri a porta do quarto tive que ter muito autocontrole para não alarmar Victória. A pessoa do outro lado sorria maldosa e tudo que eu queria era quebrar essa fileira de dentes brancos. Como esse embuste entrou no meu templo?!

Antes que ela fizesse-se qualquer gracinha, a puxei pelo braço e tampei sua boca. Levei a mesma até a sala e a joguei no sofá de qualquer jeito. Ela me olhou maliciosa e eu revirei os olhos. O que essa demente faz aqui?

– Sentiu saudades? – Ela perguntou.

– Pode apostar que não! – Respondi frio.

– Nossa garanhão, assim você me magoa. – Ela fez beicinho.

– Éris para agora com suas viadagens e sai da minha casa, antes que eu te chute daqui a ponta pés! – Ameacei sem paciência alguma.

– Poxa! Logo agora que eu iria falar com a vária de marca maior que te tirou de mim - Provoca.

– Meça suas palavras para falar da minha noiva! – A pego pelo pescoço. – Tenha um pouco de amor próprio e saia daqui. Já falei que não sou porra nenhuma sua e nem vou ser, então tenha um pouco de semancol e se situa Éris! – Falo com raiva.

Éris me olha com raiva. Não importa o que eu diga para esse encosto, ela nunca para com essa paixão doentia por mim. Ela não tinha limites e queria sempre arruinar a vida da mulher que estivesse comigo. Não deixaria essa lunática chegar perto da minha Vick. Victória está passando por coisas de mais para ser importunada.

– Ares será que não percebe que eu te amo! – Grita.

– Cala a boca! – Rosno. – Fala baixo sua retardada. – Ralho.

– Sinto muito por você Éris, mas eu não sinto nada por você! Quer que eu tatus essa frase na testa? - A olho com ódio. – Agora saia daqui! - Ordenei.

Com Éris sempre tinha que ser duro. Ela era uma metida à gótica no visual e garota mimada pela mamãe, que não sabia ouvir a merda de um não! Faz milênios que ela tem essa fixação por mim e isso me irrita bastante. Ela era uma pedra no meu sapato.

Éris saiu rapidamente do meu templo e eu suspirei aliviado. Voltei ao quarto e Victória estava deitada de costas para a porta. Me aproximei da cama e deitei ao lado da mesma. Ela se virou para mim e foi ai que eu notei que havia algo de errado.

– Victória , mas o que...