Tudo por você escrita por Lilissantana1


Capítulo 3
Capítulo 3 - Penélope


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, estou feliz em ter vcs aqui. BJO Miss Doida Ana Gabi



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742830/chapter/3

 

 

 

PENÉLOPE

 

No final da aula de sexta-feira dei a eles algumas tarefas para o final de semana, mas não vieram exatamente como as da semana anterior. Logo compreendi porque. Teve festa na fraternidade do time de basquete. Mesmo que os jogadores de futebol, de hóquei e de basquete não sejam os melhores amigos do planeta. Eu sei que na hora de se divertir, muitas rixas podem ser total e completamente esquecidas. E o quarteto foi. Bebeu mais do que deveria. Com isso o cérebro não funcionou devidamente. E a qualidade do trabalho caiu muito.

Qualquer um chega a essa conclusão facilmente. Sequer precisa conhecê-los para isso.

Passei um sermão rápido dizendo que eles estavam muito bem para relaxar. Que precisavam manter o foco. E que os deixaria a mercê da sorte se voltasse a acontecer. E para que não sobrasse qualquer dúvida no ar, caso não levassem a sério o que estávamos fazendo ali, deixaria de dar aulas a eles. Porque realmente não estava a fim de levar aquela azucrinação por um tempo mais longo do que o extritamente necessário.

Brendan, como era de se esperar, foi o primeiro a se desculpar.

— Nós acabamos perdendo a noção da hora. - ele falou olhando para os outros.

— Fica complicado resistir. - Gregory completou sorrindo – A gente já deixou para trás duas festas durante a semana...

Aquela desculpa não colava comigo.

— Se vocês tem a intenção de conseguir as notas. É melhor deixar as festas passarem por alguns dias.

— A gente sabe disso. - Brendan reforçou – E vamos levar mais a sério... não é? - outra vez ele olhou para os amigos e desta vez ninguém comentou nada em contrário.

Bancando a professora de que precisavam passei a eles o texto daquele dia. Sem reclamações o grupo fez o que mandei. Sorri achando que estava pegando o jeito de como lidar com um bando de garotos mal criados. Sorri internamente. Na maioria do tempo eles eram isso mesmo, meninos mimados cheios de manias. Com exceção de Brendan que, além de lindo, parece ser o mais sensato do grupo, os outros brincam de ser infantis. Imaturos.

Meus olhos passaram pelos rostos sérios. Já em matéria de beleza fica difícil dizer qual deles poderia ser considerado o mais bonito. Até porque não são parecidos fisicamente, exceto no que se refere a beleza é claro.

Sentado ao meu lado Dean lia com afinco o texto que acabara de passar para eles. Não podia negar que ele tinha um ar maroto, um sorriso debochado e um olhar penetrante. Isso o diferenciava levemente dos outros. E talvez por isso ele estivesse entre os favoritos da maioria das garotas. A pele dele tem um tom bronzeado saudável. Um bronzeado natural. Dá para perceber de longe. Ele também é mais peludo que os outros.

Desviei os olhos. Estava observando detalhes demais. Dean era bonito sim. Mas eu estava ali, sendo paga, para ajudar com a matéria. Não para ficar medindo o nível de beleza do quarteto. Especialmente o nível de beleza de Dean Anderson.

De repente a perna dele roçou na minha, foi um movimento involuntário. Mas esse pequeno choque me deixou em alerta. Juntei o joelhos tentando me colocar o mais longe possível de outro acontecimento como aquele. Só que foi impossível me manter realmente afastada como pude constatar nos dias seguintes. Não apenas Dean, mas todos eles passaram a sentar perto de mim na aula de Recursos Humanos. Geralmente Gregory e Brendan ao meu lado, Alan e Dean no degrau acima. Passaram a me cumprimentar quando topavam comigo pelo campus. Passaram a ligar, mandar mensagens, recados, áudios para mim se por acaso surgiam dúvidas. E quando menos esperei estavam me tratando como se eu fosse mais uma integrante do grupo.

Foi esquisito. Mas ao mesmo tempo, quase inacreditável isso, foi agradável.

Era uma experiência nova para mim de repente fazer parte de um grupo como aquele. Mesmo que fosse apenas como uma professora.

 

********************

 

Estávamos tendo aula há mais ou menos quinze dias quando minha colega de quarto decidiu levar uma amiga para fazer as unhas no nosso dormitório e praticamente me correu do quarto ao começarem a falar futilidades. Não reclamei porque o clima, apesar de frio, estava bom e eu poderia ler meu livro em paz em algum lugar calmo. Mas, era certo que no próximo semestre eu ia pedir uma transferência. Não estava suportável aquela convivência. Para falar a verdade, estava pior do que conviver com o quarteto de jogadores.

Mal havia me recostado sob uma árvore, cruzado os pés um sobre o outro apoiando a cabeça na minha bolsa quando vi alguém cobrir o resquício de sol que cruzava pelas ramas verdes e batia na minha cintura.

— Ei Penélope!

Reconheci a voz imediatamente. Era Dean.

— Saiu da toca garota!

Falou e já foi se sentando ao meu lado como se tivesse sido convidado.

— Estava meio abafado no meu quarto. - expliquei sem explicar, jogando o livro sobre o peito, colocando a mão acima dos olhos para poder vê-lo melhor. - E você? Vai encontrar alguém?

Ele estava sempre encontrando ou agarrando alguém.

— Não... estava indo malhar.

Só então percebi as roupas que mostravam mais do que escondiam. Um rápido arrepio deslizou pelas minhas pernas.

— Sabe como é... - ele falou sorrindo – manter este corpo dá trabalho.

Esticou o peito para a frente, e a camiseta debaixo do casaco de malha pareceu querer se romper. Dei um sorriso de lado e encarei os olhos escuros dele.

— Se você acha que isso impressiona alguém...?

Ele riu. Tão alto que parecia que eu tinha contado alguma piada.

— Ah!, qual é Penélope... vai me dizer que você não gosta de um abdômen sarado?

Segurou minha mão sem que eu tivesse tempo para impedir, ergueu a camiseta e a passou pelo peito levemente peludo. Sim, ele é peludo. Fios macios e estruturados cobrindo um abdômen firme e definido. Puxei a mão de volta antes de falar:

— Prefiro caras com um cérebro malhado.– mas meu coração estava batendo a mil.

Outra risada gostosa e contagiante.

— Se é você quem fala eu acredito. - achei que ele ainda estava brincando - De qualquer outra, sendo sincero, não acreditaria.

— Pois pode acreditar.– reafirmei.

— Já falei garota! Acredito em você... qualquer outra no seu lugar já teria espalhado para o campus todo que estava dando aulas pra nós.

— E o que eu iria ganhar com isso? - perguntei parecendo uma estúpida. Por que quando Dean conversa comigo eu sempre pareço estúpida? Droga!

— Créditos extras no que se refere a popularidade. Influência social. Essas coisas que todos parecem querer.

Os olhos dele se moveram pela volta como se estivesse pensando em algo muito distante.

Me apoiei nos cotovelos, ficando mais próxima dele.

— Não dou atenção para isso. - expliquei.

Ele voltou a me olhar. E de repente veio com uma assunto inesperado e no mínimo surpreendente.

— Minha irmã quer conhecer você.

— O quê?

Outro sorriso debochado, só que desta vez gentil perpassou nos lábios dele.

— Minha irmã... eu tenho uma irmã pequena. - Dean explicou – Eu contei a ela que estava tendo aulas com a Penélope Charmosa. E ela quer te conhecer.

Fiquei literalmente sem palavras. Com a voz travada. Ele tinha uma irmã pequena? E falou sobre mim para ela? Por quê?

— Mas eu não sou a Penélope... - sussurrei.

— Eu sei... - olhou para as mãos – Mas não pude evitar, desde que soube que esse era o seu nome fiz a imediata ligação. Michelle adora a Penélope Charmosa.

— Pobrezinha. Que maldade! Se sua irmã viesse a me conhecer iria se decepcionar. - falei quase sorrindo para ele. - Ela e eu só temos o nome de semelhantes.

— Ela é loira. - ele falou e passou a mão pelo meu rabo de cavalo.

Não poderia negar.

— Verdade. - foi tudo o que consegui dizer. Penélope era charmosa. Elegante. Bonita. Nada do que eu sou. Nossas semelhanças se resumiam ao nome e a cor do cabelo.

— Você poderia se fantasiar de Penélope Charmosa na festa de Hallowenn. - ele sugeriu.

— Nunca participo do halloween, Dean.

Ele me encarou como que decepcionado.

— É, esqueci que você não é chegada em diversão.

Aquela frase tinha também um tom de crítica.

Vi ele ficar em pé. E estranhamente me senti esquisita. Eu queria que ele ficasse ali mais um pouco? Estava gostando da conversa? Merda! A resposta era sim para as duas perguntas.

— Preciso ir... maneira ai na leitura. Seu cérebro já está bem malhado. Dá um descanso pra ele de vez em quando.

— Pode deixar. - respondi enquanto ele se afastava caminhando daquele jeito maliciosamente erótico. A bunda dele é linda!

Oh! Céus!

Estou reparando na bunda de Dean?

Desde quando eu fico reparando nessas coisas?

Desde a escola. Lembrei.

Desde quando passava dias a observar Taylor Klein. O melhor jogador de basquete do colégio, por quem fui perdida, loucamente apaixonada. E que nunca na vida olhou para mim.

Recostei a cabeça na bolsa novamente, mas não voltei a ler o livro. Minha cabeça estava em outro lugar. Na minha casa, com a minha tia. Uma solteirona convicta que me criou depois que meus pais morreram num acidente de carro quando eu tinha três anos. Ela é contra relacionamentos afetivos. Diz que sempre há a possibilidade da gente ser infeliz. Que estudar, ter uma carreira é bem mais proveitoso e seguro. Faz de nós mais fortes e menos susceptíveis a amores fracassados. Afinal, a maioria dos homens têm medo de mulheres bem sucedidas assim como ela é. O que literalmente os afasta. Por isso, e também porque eu não sou, nem nunca fui, do tipo atraente que tenho me mantido longe do sexo masculino.

Mas... não imune a ele como minha tia parece ser. A prova disso é que eu me apaixonei por Taylor. E agora estou atraída pelos dotes físicos de Dean.

Me sentei na manta olhando em volta como quem tem um lampejo de iluminação celestial. Espera aí! Se sentir atraída por um cara gostoso não é estar apaixonada. E afinal, a mulherada toda é unanime em dizer que Dean é um cara gostoso. Malhado. Forte. Sensual. Dizem que é bom de cama também. Anormal seria se eu nunca prestasse atenção ao espécime masculino que está diante de mim três horas por semana... não, mais de três horas as vezes, pois já passamos do horário estipulado com frequência. E apesar de não haver apenas um único cara gostoso e bonito naquele grupo, tenho a sensação de que... é Dean quem chama minha atenção...

Porém. Ele não sabe disso. E se depender de mim, vai morrer sem saber.

 

****************

 

Na segunda-feira, no horário de sempre, nos encontramos na biblioteca. Ele foi o primeiro a chegar. Largou o livro sobre a mesa, beijou o topo da minha cabeça. Veja bem, beijou o topo da minha cabeça e se sentou.

— Quem te deu liberdade para me beijar? - perguntei fingindo irritação.

— Relaxa Penny! Foi só um beijinho.

Eles agora deram para me chamar de Penny. Do mesmo jeito que minha tia faz.

— E onde estão os outros? - insisti.

— Vindo. - ele respondeu se recostando na cadeira.

— Tenho compromisso depois... se eles atrasarem vão ficar com menos tempo de aula. Hoje só posso ficar uma hora.

Ele tamborilou os dedos sobre o livro enquanto me oferecia aquele sorriso debochado.

— Compromisso Penélope? Com quem?

— Com “não é da sua conta” Dean.

— Tá ficando engraçadinha agora é?

— Convivência. - expliquei vendo o restante do quarteto se sentar a volta da mesa.

— Ei Penny... - Alan cumprimentou sorrindo.

— Tudo bem? - perguntei me acomodando, sentindo os olhos de Dean em mim.

— Ei... - desta vez foi Gregory, e por fim Brendan.

— Bem, já que estamos todos aqui, podemos começar. - falei.

— Ela tem um compromisso. - Dean informou apoiando os cotovelos na mesa. Com um olhar prescrutador sobre mim.

— Compromisso? - ouvi o trio repetir em uníssono enquanto me lançavam olhares tão curiosos quanto o de Dean.

Ignorei. Ou tentei ignorar.

— É! Tenho um compromisso. - falei firme sem deixar dúvidas de que não ia explicar que tipo de compromisso. - Vamos começar logo com isso.

Milagrosamente calados pensei vendo o quarteto abrir o livro e sorri internamente satisfeita comigo mesma. Na verdade fiquei de ligar para a minha tia ainda naquela manhã, ela queria saber meus planos para o feriado e jamais contaria esse fato a eles. Mas, devo confessar que um certo prazer me invadiu vendo aqueles garotos me olhando como se de repente eu pudesse ser como qualquer outra garota e ter uma vida afetiva e sexual normal igual a de tantas universitárias que conheciam.

Como se eu não fosse virgem.

Droga!

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mais um capitulo. Estou amando ter vcs aqui.
Estou amando escrever sobre eles.
BJO e OBG amadasssssssssssssssssss