Take me To Church escrita por Charles Gabriel


Capítulo 5
Capítulo Cinco


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥
Eu imagino Nuray como Mia Wasikowska.



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Eu não sabia o que fazer.

Será que esse é o preço por eu amar uma pessoa do mesmo sexo que eu?

Deus deve me odiar e muito para me trazer tanta desgraça.

Eu achei que, nada mais iria impedir meu amor por Ruzgar.

Eu sou tão idiota.

Fiquei em frente a minha casa por vários minutos, eu não poderia voltar, caso contrário papai perceberia que eu não estava bem.

Decidi me sentar no chão.

Aquela vontade de chorar, que fazia algum tempo que eu não sentia, voltou com força total.

Permiti-me chorar, baixinho, para que meu pai não fosse até lá fora.

Um vento calmo passou por mim e aquilo me lembrou de Ruzgar, e um sorriso involuntário escapou de meus lábios. Ruzgar sempre seria o vento que trazia calmaria para meu coração.

Papai me dissera uma vez que o mar, sempre se torna um turbilhão quando o vento se aproxima.

Se os meus sentimentos fossem o mar, Ruzgar seria o vento, e toda vez que ele se aproximasse, ele saberia o quanto meu sentimento por ele é um turbilhão sem fim.

O que será que ele estaria fazendo? Com certeza, estaria dormindo, viajando pelos seus sonhos. Eu queria poder observá-lo dormir, deve ser algo mágico!

Mas a verdade é que eu nunca poderia fazer isso.

A verdade é um purgatório sem fim.

Ruzgar teria que ser meu, mas em segredo.

Isso doía em cada célula de meu corpo.

— Por que está aí fora ainda, filho? – Meu pai se aproximou, se sentando ao meu lado.

— Ah, não se preocupe – Olhei para seu rosto que estava sendo iluminada pela luz do luar – Estou só aproveitando a noite.

— Você deveria dormir, filho! – Papai passou a mão em meus cabelos – Está tarde e você precisa descansar para trabalhar amanhã.

— Está tudo bem, papai! Eu aguento – Sorri, olhando para o chão.

— Tem algo de errado, Sevilin?

— Não – Menti – Por quê?

— Você anda distante, parece mais pensativo.

— Eu só estou muito cansado, papai! – Menti, evitando olhar em seus olhos.

— Cansado de quê exatamente, Sevilin?

Silêncio.

Como eu poderia dizer a ele que estava apaixonado por outro garoto? Que ainda por cima, é meu amigo de infância?

— Acho que já sei o que se passa com você...  – Papai sorriu – Você está apaixonado! Na sua idade, quando conheci sua mãe, eu ficava assim como você.

Oh, sim! Eu estava muito apaixonado.

Olhei para o rosto de meu pai, e em seus olhos mostravam felicidade.

Dei um sorriso sem graça para meu pai, que me abraçou com força.

— Vá em frente, Sevilin! Não desista daquilo que te faça feliz, mesmo que tenha obstáculos, siga em frente. – Ele sussurrou contra meu ombro – Afinal, você só irá se arrepender daquilo que não fez.

Soltou-me logo em seguida, dando tapinhas em minhas costas e saindo.

E era isso que eu faria.

Não desistiria de Ruzgar, por mais que Nuray, a igreja ou qualquer outra pessoa fosse contra o meu sentimento por ele.

*|||*

Na manhã seguinte, acordei animado.

Eu veria Ruzgar!

Depois que começamos a namorar escondido, todos os dias, pela manhã nos encontrávamos.

— Qual o motivo de tanta alegria, Sevilin? – Meu pai me perguntou quando eu estava me arrumando para sair.

— É que...

— Ah, já sei! – Ele sorriu – Vai encontrar-se com a menina que você está apaixonado?

— Ér... S-Sim – Gaguejei, sentindo meu rosto queimar.

— E ela é bonita? – Ele perguntou, me olhando com seus olhos escuros e astutos capazes de desvendar qualquer mentira.

— Ah... Ela é muito linda – Respondi, soltando um risinho bem sem graça.

— Quando você a trará aqui em casa? – Perguntou, levantando a sobrancelha esquerda.

— E... Ela é muito tímida – Murmurei fracamente.

— Espero algum dia conhece-la! – Me lançou um sorriso gentil.

Ah, papai! Se você soubesse que já conhece...

Será que ele teria orgulho se soubesse que amo outro homem?

Eu acho que não!

Ninguém gostaria de ter um filho doente.

Despedi-me de meu pai e fui para o único lugar onde eu teria meu refúgio.

Ao chegar lá, encontrei Ruzgar distraído, olhando o céu, fiquei parado de longe o observando, meu coração pareceu triplicar os batimentos cardíacos. Eu amo Ruzgar e acho que seria capaz de amá-lo para o resto da vida se fosse preciso.

— Ei – Sussurrei, aproximando-me dele.

Ele para de olhar o céu, encontrando seus olhos castanhos com os meus.

E assim o castanho se encontra com o verde.

O castanho de seus olhos me lembra de troncos de árvores e meus olhos deveriam ser tão verdes quanto folhas. Talvez, fôssemos feitos um para o outro, não existe Sevilin sem Ruzgar, assim como não existem árvores sem folhas.

Ele dá um leve puxão na minha mão, pegando-a e passando o polegar entre os dedos até o pulso, cada parte do meu corpo parece em chamas.

Ele me puxa para seu peito largo, me apertando com força. Seu coração batia tão frenético dentro de seu peito, o meu não deveria estar diferente.

— Como você está, Sevilin? – Ele sussurrou contra meu pescoço, fazendo meu estômago dar cambalhotas.

— Eu estou bem e você? – Respondi, colocando minhas mãos em seu pescoço.

— Eu estou bem melhor com você aqui – Ele me soltou, acariciando meu rosto – Eu senti sua falta.

— Eu também senti a sua falta.

Ele aproximou seu rosto do meu, e me deu um beijo rápido nos lábios. Isso foi o suficiente pro meu coração entrar em agitação.

— Me conte o que fez ontem – Entrelaçou seus dedos nos meus.

Estremeci, lembrando-me de Nuray.

— Nuray foi me procurar – Admiti, não olhando em seu rosto.

— Nuray? – Havia confusão em sua voz – O que ela queria?

Engoli em seco.

— Ela me pediu para que eu a ajudasse a ficar com você – Respondi cansado.

Aquilo estava me matando.

Como eu poderia ajudar uma menina a ficar com o que é meu?

Isso é impossível. Totalmente impossível.

— Essa garota é impossível, eu já deixei bem claro que não quero nada com ela – Ruzgar sussurrou.

Eu me sentia quebrado por dentro.

Se eu tivesse nascido uma mulher, talvez não houvesse tantas complicações em minha vida.

Olhei em seus olhos, que pareciam tão tristes, ele me puxou para seu peito largo e me apertou com tanta força, que até parecia que ele queria afastar toda a dor que havia dentro de meu peito.

Minha mãe dizia que toda rosa tem seus espinhos, talvez, meu relacionamento com Ruzgar fosse isso, apesar de ser tão belo e macio como as pétalas das flores, haveria um espinho para nos machucar de alguma forma.

Mas não me importava, se fosse possível, eu sempre me espetaria nos espinhos apenas para ficar ao lado de Ruzgar.

*|||*

Depois de um tempo passado com Ruzgar, me senti melhor.

Naquele dia, não trocamos tantas carícias, apenas ficamos em silêncio nos abraçando. Era como se ele quisesse me proteger de tudo.

Ruzgar é meu amuleto, sempre me trazendo calmaria e alegria em minha vida.

Eu sinto muita sorte apenas em tê-lo ao meu lado.

Hoje eu não iria trabalhar, ficaria em casa ajudando meu pai em alguns afazeres.

Ruzgar iria cuidar das irmãs mais novas.

Eu adorava observar o céu pelas manhãs, é algo tão lindo. É como se depois que Ruzgar e eu estivéssemos juntos, eu passasse a ver o lado bom de cada coisa.

— Pelo que vi hoje, você já se encontrou com Ruzgar – Ouvi a voz cínica de Nuray, quando eu passava perto do comércio onde meu pai trabalhava – Você já está agindo no nosso plano?

Virei-me para olhá-la.

— Nosso? – Perguntei embasbacado.

— Sim, querido! – Ela se aproximou, passando a mão pelo meu peito de forma sedutora. Se fosse com outro homem isso funcionaria, mas comigo, não – Se você me ajudar a ficar com Ruzgar lhe proporcionarei muitas coisas.

Ela olhou para os lados e me puxou para um lugar mais afastado do comércio.

— Me proporcionar o que, Nuray? Dinheiro? Eu não quero nada que venha de você.

— Você é um estúpido! – Nuray chiou – Você deveria aceitar minha proposta e assim pararia de ser um miserável.

— Eu não posso fazer isso, Nuray! – Minha voz estava calma, mas por dentro eu estava fervilhando de raiva – Ele é meu melhor amigo, e é apenas ele que deve escolher com quem quer ficar e não eu.

Seus olhos castanhos pareciam os olhos de uma cobra prestes a atacar.

— Não interessa, Sevilin! – Gritou – Você vai me ajudar a ficar com ele, ou eu acabo com sua raça!

E assim, saiu. Me deixando sozinho com uma enorme vontade de chorar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥
Até mais.



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