Take me To Church escrita por Charles Gabriel


Capítulo 4
Capítulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥



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As semanas iam se passando mais rápidas do que nunca.

Ruzgar e eu continuávamos a nos encontrar.

Ao público, éramos dois amigos, apenas.

Quando nos encontrávamos na floresta, perto do rio, éramos dois namorados.

Ruzgar vem me proporcionando dias melhores.

É como se, cada vez mais, eu o amasse.

Isso seria possível?

Meu coração parecia saltar do peito toda vez que eu o vejo.

— No que você está pensando? – Ruzgar me perguntou, com seus olhos castanhos brilhando.

— Ah, nada de mais! – Respondi sem graça.

Ele sorriu, ele sabia no que eu estava pensando.

Ele me conhece tão bem, que isso até me impressiona.

Ruzgar me puxou para seu peito largo, me abraçando, escondendo seu rosto em meu pescoço.

Eu amava quando ele fazia isso.

Meu coração batia tão forte, que eu achava que Ruzgar podia sentir.

— Eu amo você! – Ele me abraçou com mais força ainda ao dizer.

— Eu também amo você! – Murmurei baixinho, sentindo meu coração quase sair do peito de tanta felicidade.

Papai sempre me dissera que o significado de meu nome é amado.

Começo a acreditar nisso.

Sou amado por meu pai e Ruzgar.

E também fui muito amado por minha mãe quando ela era viva.

Ele levantou meu queixo, me fazendo olhar para seus olhos castanhos, sua respiração quente estava batendo em meu rosto. Seus lábios tocaram nos meus, e eu não pude pensar em outra coisa, a não ser no quanto eu o amo.

Não havia mais nada naquela vasta floresta além de Ruzgar e eu.

Havia apenas a mão de Ruzgar em minhas costas me puxando para mais perto, minhas mãos passando por seus longos cabelos escuros, fazendo seu cheiro ficar impregnado ainda mais em mim.

Ele quebrou o beijo, beijando minha testa.

Sua respiração estava ofegante, assim como a minha.

Ruzgar colocou as mãos ao redor de minha cintura, começando a falar do trabalho que as duas irmãs mais novas – Neylan e Rashida – estavam o dando.

Neylan e Rashida eram adolescentes, e já pensavam em namorar.

Ruzgar não gostava da ideia.

Ele amava as irmãs e ainda as via como crianças.

Eu apenas sorria enquanto ele falava.

Eu o observava fascinado.

Ele costumava passar a mão no cabelo toda hora quando algo o irritava. Aquilo chegava a ser um ato fofo.

Eu o amava tanto que chegava doer em meu peito.

Eu amava ouvir sua voz. Era grossa, e me dava uma enorme calmaria dentro do peito.

Eu nutria um amor por Ruzgar que ninguém poderia destruir.

Pode haver várias pedras em nosso caminho, mas ainda sim, o meu amor por ele nunca irá acabar.

— Você ouviu o que eu disse, Sevilin? – Ele perguntou, levantando a sobrancelha esquerda.

— Claro! – Menti sorrindo.

— Você é um péssimo mentiroso, amor! – Ele soltou uma risada, fazendo meu coração se aquecer – Mas tudo bem, vou te perdoar.

Ele passou a mão delicadamente por meu pescoço, abaixando a gola de minha grossa roupa, e me beijou no pescoço.

Aquilo me deu um arrepio.

Ruzgar me puxou ainda mais perto dele, eu acariciava seus cabelos desalinhados.

Ele me dava beijos ardentes e intensos.

— Eu te amo! E vou te amar enquanto viver – Ele sussurrou perto de meus lábios. Sua voz transmitia uma emoção profunda e aquilo derreteu meu coração. Antes de eu responder, os lábios de Ruzgar já estavam nos meus, me beijando carinhosamente, se afastando logo em seguida – Eu tenho que ir.

Soltei um muxoxo.

— Ah, por quê? – Perguntei, pegando em sua mão forte. Nossos dedos se encaixam como se tivéssemos passado a vida inteira de mãos dadas.

— Tenho que cuidar de minhas irmãs para minha mãe – Ele tocou a ponta do meu nariz – E você tem que colher cevada.

— Nem me lembre disso – Revirei os olhos.

Os olhos de Ruzgar estavam brilhantes e pude perceber que ele estava se divertindo.

— Você precisa fazer isso – Ele passou a mão por meus cabelos de maneira carinhosa – Pelo seu pai.

— Eu sei – Suspirei – Mas é cansativo.

— Cansativo mesmo é querer poder te beijar em público e não poder – Ruzgar sussurrou, apertando minhas mãos – Eu queria poder nos assumir pra todo mundo.

— Eu também, Ruzgar – Franzi a sobrancelha – Mas não podemos.

Ele me puxou para seus braços novamente, e me abraçou ainda mais forte.

— Eu prometo que algum dia todos vão saber o quanto eu te amo! – Sussurrou contra meu pescoço, soltando-se logo em seguida – Eu tenho que ir.

Deu um beijo em minha testa e se afastou, me deixando sozinho.

Uma parte de meu coração iria com ele.

*|||*

Havia colhido cevada a tarde toda.

Após receber o pagamento, decidi voltar pra casa o mais rápido possível. Estava muito cansado.

Quando cheguei a minha casa, ela estava fechada. Será que papai havia saído? Abri a porta de madeira chamando por meu pai.

— Oi, Sevilin! – Meu pai saiu de seu quarto entrando na sala – Nuray esteve aqui te procurando.

Franzi o cenho.

Nuray me procurando? Isso é novidade!

Desde minha infância, Nuray nunca falara comigo.

Ela gostava mesmo era de ir atrás de Ruzgar e falar com ele.

Quando conheci Ruzgar, não tínhamos tempo para brincar, já que a igreja nos tratava como pequenos adultos e nos colocavam para trabalhar. Conheci-o numa vez que estava colhendo cereais. Ele me chamou a atenção, por ser sempre simpático com as outras pessoas, por mais que elas não merecessem.

Fizemos amizade de uma maneira tão rápida.

Tão rápida quanto o sol nasce e se esconde atrás das nuvens.

Quando eu ia para sua casa, sempre íamos para o fundo do quintal, observar o céu azul das tardes e ficar debaixo de uma enorme árvore que eu não sabia identificar qual era.

Sempre conversávamos sobre o cotidiano.

Uma vez, Nuray apareceu por lá, se jogando nos braços de Ruzgar, ele parecia não gostar muito daquilo, mas sempre a tratou muito bem.

Nuray parecia não ligar muito para mim, que sempre estava por perto quando ela chegava. Eu era um fantasma para ela; Era como se só existisse Ruzgar por ali.

Aquilo me incomodava. Óbvio. Tanto que eu me intrometia na conversa dos dois, mas Nuray sempre ignorava.

Ela só me dizia Oi Tchau de maneira tão ríspida, que era como se não gostasse de mim.

Talvez até hoje não goste.

Para ela vir me procurar, com certeza, ela estava querendo alguma coisa.

— Ela disse o que queria falar comigo? – Perguntei me sentando na velha poltrona.

— Não – Ele torceu os lábios – Mas disse que era algo sério e que depois voltaria aqui.

Franzi a testa surpreso.

O que ela queria falar comigo de tão importante?

Decidi ir para meu quarto descansar um pouco, se Nuray quisesse falar comigo, ela voltaria.

*|||*

Acabei acordando um tempo depois com a voz de meu pai me chamando.

— Nuray está aí, filho! – Papai falou baixinho, me sacudindo e saindo do quarto.

Passei a mão pelo rosto e me sentei na cama, saindo do quarto logo em seguida.

Saí do quarto, meu cabelo deveria estar totalmente desarrumado, mas eu não me importava.

Encontrei-a na varanda de casa, seus cabelos loiros estavam numa longa trança que caía por seu longo vestido azul.

— Sevilin, preciso de sua ajuda! – Os olhos castanhos eram de súplica.

Pra vir me procurar, deve estar desesperada mesmo.

— No que exatamente? – Perguntei levantando a sobrancelha esquerda.

— É algo complicado – Ela baixou os olhos – É algo pessoal.

— Eu não estou entendendo, Nuray – Admiti balançando a cabeça levemente em negativa.

— Me prometa que não contará a ninguém! – Ela levantou os olhos, me olhando de maneira mortífera. Nuray é alguns centímetros mais alta do que eu, isso lhe proporcionava vantagem.

— Eu só vou prometer no momento que você me disser o que é – Falei crispando os lábios.

Ela suspirou.

— Eu sou apaixonada por Ruzgar! – Admitiu de maneira cansada.

Aquilo foi como uma facada no peito.

Eu deveria imaginar que seria isso.

Como eu sou burro.

— Você é o único garoto que sempre foi amigo de Ruzgar, você deve saber de quem ele gosta, ou se gosta de alguém – Continuou.

Eu não sabia o que dizer.

— Você vai me ajudar a ficar com Ruzgar, Sevilin! – Falou de maneira autoritária.

Eu não sabia o que fazer.

Fiquei olhando seus grandes olhos castanhos.

Nesse momento ela já não mais parecia àquela garotinha que eu conheci na infância, que parecia doce e ingênua.

Minhas têmporas começaram a doer.

— Eu preciso pensar! – Falei com a voz fraca.

— Você não precisa pensar! – Ela segurou meu pulso com força – Você vai me ajudar sim.

— E-Eu não posso! – Falei gaguejando, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas, ela soltou meu pulso de maneira ríspida.

— Ruzgar gosta de outra pessoa, não é mesmo? – Estreitou os olhos – Eu deveria imaginar isso!

Fiquei em silêncio.

— Eu não quero saber, Sevilin! – Ela colocou a mão em sua cintura de maneira desafiadora – Você vai fazer Ruzgar se esquecer dessa vadia, e ele ficará comigo!

E saiu de maneira apressada.

Além de ser burro eu sou uma vadia.

Não importa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! ♥



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