Take me To Church escrita por Charles Gabriel


Capítulo 11
Capítulo Onze


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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— É Ayvaz – Ruzgar rosnou.

— O que ele faz aqui?

— Não faço a mínima ideia – Ele me deu um beijo, mas me pareceu brusco – Coloque sua camiseta.

Peguei minha camiseta que estava no chão e coloquei-a rapidamente. E ficando ao lado de Ruzgar, olhando para o céu. Eu sentia vontade de abraça-lo e esconder meu rosto em seus cabelos. Mas não é assim que funciona.

— O que fazem sozinhos aqui? – Ayvaz murmurou em tom de deboche.

— O que você está fazendo aqui? – Perguntou Ruzgar

— Vim ver o que vocês estão fazendo, já que vejo os dois saírem todas as noites – Colocou a mão nos bolsos da calça.

— Eu venho apenas observar o céu – Respondeu de maneira vaga.

— Sei – Soltou uma gargalhada – Cadê a menina?

— Que menina?

— Ora, a que você está apaixonado. Vai me dizer que nunca a chamou pra sair?

— Não, ela é... – Ruzgar ficou em silêncio por alguns segundos – Tímida.

— Ah, deixe de bobagem e chame-a para sair.

Senti um calafrio percorrer por minhas costas. Era óbvio que a menina sou eu.

Ruzgar riu, mas era uma risada sem humor.

— E você, Sevilin? – Ayvaz perguntou.

— E-Eu o que?

Como eu sou idiota.

— O que você faz aqui? – Perguntou.

— Ah, nada demais – Dei de ombros – Apenas conversar com Ruzgar.

— Você são muito amigos, né? – Ayvaz murmurou.

— Você não faz ideia... – Ruzgar divagou.

— Oh, sim – Murmurei – Somos grandes amigos.

Ayvaz nem percebeu nossa ironia.

Ficamos em silêncio por longos segundos, até que Ayvaz quebrou.

— Queria conhecer a menina que você gosta, Ruzgar. Por que não me diz quem é?

— Não! E eu já lhe disse isso – Ruzgar respondeu de maneira ríspida.

— Ok, ok! Não pergunto mais, nervosinho.

Silêncio novamente.

— Você nos seguiu? – Ruzgar perguntou.

— Não, eu sempre vejo vocês vindo por esses lados. Decidi vir ver o que aprontam por aqui.

— Entendi. – Ruzgar sussurrou.

— Achei que vocês trariam meninas – Ayvaz levantou as sobrancelhas.

— Você só pensa nisso, Ayvaz – Ruzgar revirou os olhos.

— E você não pensa?

 - Não, claro que não – Ruzgar falou exasperado.

— Ah, entendi!  Você pensa apenas na garota.

— Faz parte – Divagou.

— E você, Sevilin? Está a fim de uma menina também?

Olhei para Ruzgar com pavor.

— S-Sim, c-claro! – Eu sou um péssimo mentiroso.

— Quem é a menina? – Ayvaz perguntou com seus olhos brilhando de curiosidade.

— Melhor eu não falar. – Respondi rápido.

— Credo, você e Ruzgar são muito misteriosos.

Ayvaz soltou uma gargalhada alta que ecoou pela floresta.

Ruzgar deu um soco no braço de Ayvaz.

— Quer que as pessoas saibam que estamos aqui?

— Ah... É mesmo! – Falou como se tivesse voltado à realidade – Vamos embora, está tarde.

Olhei para Ruzgar, que apenas suspirou.

Eu não queria ir embora. Queria ficar ao lado de Ruzgar.

Mas nem sempre vamos ter o que querermos.

E assim, saímos daquela enorme floresta.

— Vocês estão muito calados. – Ayvaz constatou.

— Pretendo ficar calado até chegar a minha casa – Rebateu Ruzgar.

— Você está muito na defensiva, cara.

— Não estou na defensiva.

— É... – Decidi interromper – Boa noite, garotos.

— Você vai por aí, Sevilin? Ah, é mesmo! Você mora numa área mais afastada da cidade, não é mesmo? Boa noite! Até amanhã.

Ayvaz falava tanto que minhas têmporas começavam a doer.

— Até amanhã, Sevilin. – Seus olhos denotavam carinho ao me olhar e senti meu coração saltar dentro do peito.

Quando cheguei em casa, meu pai não estava. Deveria estar na igreja.

Decidi ir para meu quarto.

Joguei-me na cama e acabei dormindo logo em seguida, sonhando com Ruzgar.

*|||*

No dia seguinte, papai saiu cedo para trabalhar e eu decidi ficar em casa, já que hoje, não teria que trabalhar.

Eu estava arrumando o quarto de meu pai, quando ouvi a voz de Ruzgar me chamar.

Encaminhei-me para fora de casa e o vi.

Meu coração pareceu retumbar dentro do peito ao vê-lo. Ele estava todo molhado.

— Ei, posso entrar? – Ele falou com um suspiro.

Afastei-me para que ele entrasse, e em seguida fechei a porta.

Antes mesmo de olhá-lo, ele me puxou para seus braços.

— Eu senti sua falta – Sussurrou.

— Eu também senti a sua falta – Falei sorrindo.

— Fui dispensado mais cedo do trabalho.

— Por quê? – Perguntei passando a mão em seu rosto.

— Porque estou trabalhando demais e isso não é bom – Ele sorriu e não pude evitar sorrir também.

— Por que você está todo molhado?

— Ah, Ayvaz jogo água em mim.

— Ele parece uma criança – Constatei.

— Sim, parece – Sorriu e aproximou seu rosto do meu, beijando meus lábios.

Eu o levei para meu quarto e assim, deitamos na cama e ficamos conversando sobre assuntos banais, até que ele se calou, cobrindo os olhos com o braço.

— Você está nervoso? – Perguntei.

— Não, Sevilin – Sussurrou – Só estou me preparando.

— Se preparando para o que?

— Para uma companhia. Sempre durmo à esquerda. Fique sabendo para futuras ocasiões. – Sorte ele estar cobrindo os olhos, se não veria o quanto estou corado.

— Você é um romântico incurável. – Sussurrei.

— Sim, sim.

Ficamos calados. Eu o observando e ele ainda cobrindo os olhos com o braço.

— É, estou nervoso – Ruzgar fala depois de uns instantes.

— Por que, Ruzgar?

— Nunca senti por ninguém o que eu sinto por você e isso me assusta.

— Te assusta?

— Sim – Ele tira o braço de seus olhos, e me observa – Estar apaixonado por você parece ser a primeira, a última e a única vez.

Ele me puxa para seu corpo e me aninho entre seu pescoço e seu ombro.

— Amo você, Ruzgar.

— Também amo você, Sevilin.

Ouvi um prato se quebrar, levantei-me rapidamente e abri a porta do quarto. Era Nuray.

Parada. Estática. Pálida.

— Nuray – Sussurrei.

Logo senti Ruzgar se aproximar.

— Agora eu entendi tudo – Nuray falou baixinho – Não existia menina nenhuma.

Engoli em seco.

— Nuray, calma – Ruzgar tentou acalmá-la.

— Não venha com calma! – Gritou – Eu ouvi tudinho o que vocês disseram.

— O que você ouviu? – Perguntei com a voz falhando.

— Que Ruzgar disse estar apaixonado por você e vocês falando que se amam – Seu rosto se contorceu em uma careta – Que nojo eu tenho de vocês.

Senti meus olhos encherem de lágrimas.

Eu estava perdido.

Ruzgar estava perdido.

Iriamos morrer.

— Vocês praticam o homossexualismo – Arregalou os olhos – Vocês vão pro inferno, pervertidos! Desde quando praticam isso? Desde a infância? Vocês querem contaminar nossa cidade ou até mesmo nossas crianças?

— Não, Nuray – Ruzgar se aproximou.

— Não se aproxima de mim, seu nojento! Como eu pude ser apaixonada por você? Eu vim aqui apenas para te ver e ouço você falar que ama outro homem? Vocês são doentes!

Lágrimas quentes e grossas caiam em meu rosto.

Não poderíamos fazer nada.

Tudo ao meu redor fazia eco.

Eu não queria ver meu pai sofrendo. Ele seria humilhado por ter um filho como eu.

Que vergonha.

— Eu vou contar tudo para a igreja! – Nuray gritou.

— Não, você não vai! – Ruzgar falou exasperado.

— Vou sim, pervertidos! – Antes de sair, cuspiu no chão.

Ficamos em silêncio por vários minutos. Até que senti os braços dele ao meu redor.

— Eu estou com medo, Ruzgar – Admiti.

Ele apenas concordou com a cabeça. Ele não precisava falar para eu saber que ele também estava com medo.

Ruzgar não quis ir para casa, alegando que se fôssemos morrer, morreríamos juntos.

Chorei em seus ombros por minutos, talvez horas.

Algumas horas mais tarde, Papai chegou em casa. Seus olhos castanhos estavam arregalados e me viu ao lado de Ruzgar. Seus olhos alternaram para Ruzgar e eu, mas ele me puxou para seus braços e me abraçou ternamente.

— Filho! – Senti suas lágrimas banhando minha camiseta – Aconteceu uma tragédia.

— O que aconteceu, senhor Alp? – Ruzgar perguntou por mim.

Papai me soltou antes de responder.

— Nuray foi queimada na estaca por levantar falso testemunho.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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