Take me To Church escrita por Charles Gabriel


Capítulo 10
Capítulo Dez


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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— Ei, dorminhoco – A voz rouca de Ruzgar despertou-me.

Resmunguei, abrindo os olhos e olhando-o com raiva. Ruzgar já estava vestido. Senti meu rosto esquentar, já que eu ainda estava sem roupa alguma.

Ele riu, passando a mão por seus cabelos negros desgrenhados.

— Você sabe que se dependesse de mim, eu não sairia de seu lado – Ele passou a mão por meu rosto de um jeito carinhoso – Mas temos que ir.

Olhei em seus olhos profundos e castanhos.

Eles estavam tristes. E eu sabia muito bem o motivo.

A pior coisa é termos que fingir na frente de todos que não nos amamos.

Temos muitos sentimentos um pelo outro.

E ainda agimos como se não ligássemos.

Tudo isso, me sufoca.

Deve ser isso o que acontece quando se ama demais alguém.

Ruzgar deixou minhas roupas perfeitamente dobradas em cima da cama e saiu, deixando-me sozinho naquele cômodo. Ele deve ter percebido que estava com vergonha.

Eu estava dolorido, mas poderia suportar.

Após colocar minhas roupas saí daquele quarto, encontrando Ruzgar encostado numa janela observando algo lá fora.

Aproximei-me, abraçando-o por trás e descansando o rosto em suas costas e fechando os olhos. Respirei seu cheiro, que fazia lembrar-me da noite que tivemos ontem.

Ruzgar virou seu corpo, ficando de frente e puxou meu rosto para perto do seu, e me beijou, com carinho, para depois me abraçar com força.

— Eu amo você – Sussurrou baixinho contra meu pescoço.

— Eu também amo você! – Sussurrei.

—É melhor irmos embora – Murmurou ainda me abraçando – Antes que alguém chegue.

— Você não parecer querer ir embora – Sorri.

— Nem você – Acusou.

Ficamos alguns minutos nos abraçando e depois fomos embora.

Foi difícil ter que me separar dele depois daquela noite maravilhosa que tivemos

Eu não queria ir embora, eu queria ficar ao lado dele.

Mas nem sempre acontece o que queremos.

Então pude perceber que, não importa quantas vidas eu viva, em todas elas, eu sempre amarei Ruzgar.

*|||*

— A única coisa que eu sei é que Ruzgar está apaixonado – Ayvaz um garoto murmurou para Nuray, horas mais tarde, quando eu estava fazendo compras no comércio para meu pai, decidi fingir estar muito concentrado olhando alguns tecidos, apenas para poder ouvir a conversa com mais clareza – Ele fala para todos isso.

— Eu sei disso! – Chiou furiosamente – Quero que você saiba quem é a garota.

— Ele não fala, Nuray!

— Você é um imprestável! – Ouvi Nuray bufar de raiva.

— E você é uma mentirosa – Quase gritou – Você me disse que daria um trabalho se eu descobrisse algo, e até agora não fez nada a respeito disso.

— Você não descobriu nada, infeliz! Só irá ter seu bendito trabalho quando descobrir quem é a vagabunda.

— Qual é a sua com o Ruzgar? – Perguntou exasperado.  

— Eu sou apaixonada por ele! – Respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Se ele está a fim de outra, por que fica querendo saber quem é? Isso é burrice!

— Você não entende! Ele é meu.

 Se fosse seu não estaria apaixonado por outra – Debochou.

— Calado, imbecil! Sevilin está ali, ele pode ouvir.

— Se ele tivesse ouvido algo, estaria olhando pra cá agora – Rebateu.

— Ele é tão patético quanto você! – Falou de maneira acusatória.

— Se Sevilin e eu somos patéticos, vá lá e descubra tudo sozinha! – Ayvaz respondeu furioso – Não é você a esperteza em pessoa?

— Ah, cala a boca!

— Cala a boca você! E é bom mesmo que Ruzgar esteja apaixonado por outra pessoa, ele não merece você, na verdade, ninguém merece.

Silêncio.

— Você vai descobrir por quem Ruzgar está apaixonado! – Falou de modo desafiador – E você o fará ficar comigo.

— Não, eu não...

— Vai sim! Ou eu falo que você me roubou.

— Você não faria isso! – Falou chocado.

— Faria – Riu maliciosamente – Descubra quem é a vadia por quem Ruzgar está apaixonado e eu não farei isso.

— Você é impossível...

— Em quem você acha que irão acreditar? Em um favelado como você, ou em mim? Eu sou a filha de um comerciante, e você é um nada.

— Cala a sua boca!

— Por isso você continua pobre, sua mãe nunca trabalhou na vida.

— Minha mãe é doente, sua idiota! – Ayvaz chiou baixinho.

— E daí? Continua sendo um peso.

— Não fale assim dela, você não sabe pelo que ela está passando!

— Pouco me interessa saber o que a vadia da sua mãe está passando.

— Eu não vou admitir você chamando-a assim... – Ayvaz falou com a voz calma – Eu não quero ser queimado na estaca por bater numa desgraçada como você.

A risada venenosa de Nuray ecoou.

— Faça o que eu estou mandando!

— Não vou fazer isso!

— Fará sim! – Disse de maneira autoritária – Eu prometo dar-lhe um trabalho e muito, muito dinheiro.

— E se eu não fizer?

— Eu contarei para todos que você é um ladrãozinho de primeira! E você sabe o que a igreja faz com quem rouba, não é mesmo?

Ayvaz ficou calado por vários minutos.

— Aceite, logo de uma vez! E você não sairá como o ruim nessa história. – Nuray continuou.

Silêncio novamente.

— Vamos, imbecil! Não tenho o dia todo.

O silêncio de Ayvaz era perturbador.

— Eu não quero fazer isso...

— Mas fará! – Riu Nuray – Caso contrário, te denunciarei para a igreja e mandarei alguém muito mais corajoso que você, matar sua mamãezinha.

— Não coloque minha mãe no meio disso! – Ayvaz respondeu, sua voz denotava medo.

— Prometa então, querido! – Disse de maneira melosa.

— Eu prometo descobrir! – Respondeu com a voz trêmula.

Senti meu estômago se revirar.

Nuray realmente não prestava.

*|||*

— O que está acontecendo, Sevilin? – Papai me perguntou – Por que motivo de tanta ansiedade?

Meu pai me olhava de cenho franzido.

Eu tinha que contar a Ruzgar sobre o que eu tinha ouvido de Nuray, porém, estava demorando a escurecer.

— Nada, papai! Eu só preciso falar com Ruzgar.

— Sobre o que exatamente? – Ele sentou-se ao meu lado.

Respirei fundo.

— É sobre Nuray, papai.

— O que a garota fez dessa vez?

— Ela ameaçou Ayvaz, papai.

— Como assim?

— Ela quer que Ayvaz descubra quem é a garota por quem ele está apaixonado.

Meu pai ficou calado.

Acho que ele já entendera tudo.

Meu pai me puxou para um abraço.

Encostei minha cabeça em seu ombro.

A vida é tão triste.

Tudo é tão triste. Por que as coisas tem que ser assim?

— Se acontecer algo, saiba que eu vou estar ao seu lado para te apoiar, nem que para isso, eu tenha que dar a minha vida para proteger você – Afagou meus cabelos – Eu amo você, meu menino.

Agarrei-me ainda mais a meu pai.

Bem que mamãe sempre dissera que eu não deveria ter tanta pressa em crescer.

*|||*

Papai me deu tanto carinho antes de sair, que senti até tristeza em deixa-lo sozinho para encontrar Ruzgar.

Mas isso é preciso.

Eu tenho que contar a ele, antes que aconteça qualquer coisa.

Ao chegar à vasta floresta, vi Ruzgar.

Ele não estava olhando as estrelas, estava sentado no tronco de uma árvore, olhando para alguma coisa no chão.

— Por que não está olhando o céu hoje? – Perguntei ao me aproximar.

Ele sorriu.

— É mais legal observar você.

Meu coração se acelerou.

Ele me puxou para seu colo, fazendo-me deitar minha cabeça em seu ombro.

— Eu senti sua falta – Sussurrei.

— Eu também senti sua falta.

Ele ergueu meu rosto e me beijou.

Um beijo lento e caloroso, que poderia afastar até a sensação de frio.

Quebrei o beijo, me lembrando de contar a ele sobre Nuray.

— Eu preciso te contar algo – Olhei em seus olhos.

— Aconteceu alguma coisa? – Ele passou a mão por minha cintura.

— Ainda, não! – Suspirei – Nuray ameaçou Ayvaz, e quer que ele descubra por quem você está apaixonado.

— Como você descobriu isso? – Ele falou exasperado.

— Eu ouvi hoje quando estava no comércio.

Ruzgar bufou.

— Achei que Nuray já havia desencanado dessa ideia estúpida – Rosnou.

— Não fique assim – Falei de maneira carinhosa, passando a mão por seu rosto, tentando acalmá-lo.

Ele suspirou e me abraçou com força.

— Eu te amo, não importa o que aconteça, quero que saiba que o meu coração sempre será seu. – Sussurrou em meu pescoço.

— Mas por que está dizendo isso? – Perguntei choroso.

— Caso aconteça alguma coisa, amor.

— Você está com medo? – Perguntei, soltando-me de seu abraço e olhando-o nos olhos.

— Sim, Sevilin! Nuray é maluca – Seus olhos estavam tristes – Temos que aproveitar cada segundo.

— Como?

Ele me puxou para outro beijo.

Um beijo bem mais intenso, bem mais voraz.

Cada célula do meu corpo parecia estar em chamas.

Ele arrancou minha camisa com raiva e começou a beijar meus ombros subindo logo em seguida para meus lábios.

Eu queria ter seu corpo sobre o meu novamente.

Seus lábios desceram para meu pescoço, me fazendo soltar gemidos altos.

— Ruzgar? Você está aí? – Uma voz masculina ecoou.

Oh, não...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :D ♥



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