Os Filhos da Lua escrita por Lua Chan


Capítulo 11
As faces de Jace Lewis




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Jace estava ofegante, seus olhos me aterrorizavam, apesar de serem tão chamativos quanto os de Amur. Ele andava de um lado para o outro e o mais ridículo daquela situação era que eu tinha medo de alguém vê-lo se transformar. A frequência respiratória de Jace aumentava a cada instante, eu nem sabia como acalmá-lo. Até que finalmente pensei em algo realmente apavorante: ele era o lobo que Amur tanto procurava.

— Ele revelou nosso segredo! - rosna ele para o chão - Como pôde?

— J-Jace, por favor, fica calmo.

— V-Você não entende, Summer. - sua voz falha. Ele me deu um pressentimento de vulnerabilidade, mas nem por isso baixei a guarda - Ele quebrou as regras da alcateia. Um alfa não pode fazer isso.

— Alfa? Você deve estar enganado, Amur é apenas o filho do alfa. E ele não quebrou regra nenhuma. Eu que o vi se transformar na floresta. Não era pra acontecer.

— Summer, nenhuma justificativa pode torná-lo inocente. - Jace afirma, mais calmo do que antes. Uma sensação leve de entorpecimento se alastrou em meu peito, provavelmente de alívio - E ele não te contou?

— O que ele precisaria me falar?

— Ele é o futuro alfa dos Axel.

Diferentes emoções me invadiram. Eu sabia que Amur e eu não éramos melhores amigos, mas agora que eu me envolvi em sua vida, tinha o direito de saber sobre os lobos. Essa era a segunda vez que Amur me decepcionou e seria a última.

— Você está blefando. - falei, sem nenhum argumento para poder me amparar - Como sabe tanto sobre ele? Esteve seguindo Amur, por acaso?

— Oh, por favor, Summer. Todas as alcateias estão interligadas de alguma forma, sabemos tudo sobre cada sociedade. O seu lobinho será alfa daqui a alguns meses. Foi um pedido do pai dele.

— Não pode ser.

— A decepção dói, não é? - diz ele, ainda controlado, para minha surpresa - Eu sei.

Numa tentativa de se aproximar de mim, eu dou um forte tapa na cara dele. Não me senti mal, já que ele era o hipócrita, ele que era inimigo da alcateia dos Axel. Era Jace quem verdadeiramente se daria mal. Corri para uma sala vazia, sem olhar para trás, e me tranquei lá, esperando poder ser salva daquele monstro. Somente após alguns segundos eu notei que estava na sala de música.

Havia vários instrumentos ali, me senti tentada a tocar cada um para me acalmar, mas não o fiz. Apenas analisei-os. Sentei-me na mesa e pesquei meu celular no bolso da calça. Procurei desesperadamente pelo número de Amur - por mais que eu estivesse irritada com ele, ainda tinha amor a vida. Sem contar que, diferente dele, eu sou fiel ao grupo. Era obrigação dele e dos irmãos encontrar o lobo mau. Pensanso bem, se eles pegassem o intruso de uma vez por todas, provavelmente Amur iria embora da escola (e da minha vida). Chequei minhas mensagens e finalmente encontrei seu número. Eu já o tinha salvado como "Amur".

Você: Amur, eu o achei

Você: O lobo tá aqui

Ele não responderia tão cedo - nem estava online -, mas mesmo assim esperei, apertando as bordas da mesa com toda a força que o meu desespero permitiria. Quando menos espero, o celular vibra. Com a menor calma, leio as mensagens.

Amur: Oi summer. Aqui e u erik

Forço para ler sem me desconcentrar com os erros gramaticais. Yakob sempre reclamava por eu ser tão obcecada em corrigi-lo o tempo todo. Talvez, quando tudo estivesse resolvido, eu possa dar uma chance a Ricky e ensinar algumas coisas sobre Gramática.

Amur: Onde vc ta?

Digito com pressa, sem querer saber como ou por que Ricky estava com o celular do irmão. Tudo o que eu queria era que o lobo saísse daqui.

Você: Na sala de música.

Você: Fica perto do armário do zelador

Você: Pfv, Erik, venha rápido!!!

Você: Ele está perto

Amur: Istamos a caminho

Aguardei ansiosamente, sem conseguir ficar parada. Dei algumas voltas pela sala, checando de vez em quando a porta. No momento, eu só tinha duas alternativas.

A) Sair da sala e esperar pelo pior
B) Ficar na sala e torcer para que Erik viesse me resgatar.

A última parecia ser mais prudente, então lutei contra a vontade de sair e escolhi ser paciente. Após exatos 6 minutos de terror, alguém bate na porta com aflição.

— Summer, abra logo! - a voz de Erik mal dava para ser ouvida claramente, devido as tão revestidas paredes do lugar.

Corri até a porta, mas parei no mesmo momento em que ouvi um rugido de cachorro.

— Summer!

Ignorei a parte sã do meu cérebro que me alarmava como um despertador. Girei a chave e afastei-me depressa. Erik correu para perto de mim e tentou trancar novamente a porta, mas uma força maior o impediu de realizar tal ação. Subitamente, uma figura pouco menor que a mesa do professor se projetou em minha frente. Era um lobo - Jace - de pelagem negra, igual a que eu vira nos meus pesadelos com Amur. Tinha a mesma ferocidade, inclusive. Ele revesava olhares entre Erik e eu, mas, direferentemente de mim, o garoto estva mais determinado de tirar a fera dali.

— Então esse é seu novo amigo? - pergunta Erik, num tom de brincadeira e nervosismo - Que bonitinho.

— Bom saber que seu senso de sarcasmo é mais apurado que o de Amur. - comento - Agora precisamos tirá-lo daqui logo!

O plano parecia óbvio, afinal, não queríamos ser atacados por Jace e Bertram ficaria mais do que satisfeito se seus filhos conseguissem expulsá-lo de seu território, mas ainda havia um problema: não poderíamos simplesmente expulsar um lobo da escola. Muito provavelmente, isso iria expor todos da alcateia. A ideia de praticidade foi sendo substituída pelo instinto de sobrevivência.

— Precisamos de Amur e Crystal. Onde eles estão? - questiono, sem abandonar Jace de vista. Por enquanto, ele estava apenas na posição de ataque.

— Espero que estejam chegando.

Erik sempre estava na minha frente para me proteger do lobo. Percebendo que os dois estavam demorando a chegar, ele me jogou o celular e me pediu para ligar pra Crystal.

— O número dela está salvo nas últimas ligações. - exclama ele - Summer, preciso que você confie em mim.

Assim que ele disse aquilo, lembrei da promessa que me fizera há quase um mês. Erik dissera que iria me atualizar sobre o estado de Amur até ele melhorar, mas nunca o fez. Apesar disso, me contive, pois sabia que não era culpa dele. Sabia que realmente poderia confiar em Erik, um dos únicos garotos lobo que foi simpático comigo (sem contar com o pai).

— Tudo bem.

E então Erik ficou de joelhos na frente do lobo negro. Quando menos espero, ele começa a se metamorfosear num lobo de palagem mesclada. Os dois se encaravam, enquanto um ousava dar uma mordida no outro, apesar de não se acertarem. Disquei o número de Crystal, esperando que ela não desligasse na minha cara ao saber que era eu. Depois de algumas chamadas, ela finalmente atendeu.

— Alô, Crystal? Sou eu, Summer. Onde vocês estão?

— No corredor. - grita ela, aparentemente correndo - Afaste-se da porta!

Fiz o que ela pediu, ouvindo o barulho de passos pesados do lado de fora. A porta se abriu com um baque medonho e um Amur bastante raivoso atacou o lobo negro e o lançou contra a parede. Incrível como mesmo assumindo a forma humana ele era forte. Jace começou a se transformar de volta em homem, cambaleando enquanto levantava. Amur não perdeu tempo e o agarrou pelo colarinho, farejando o garoto.

— Droga, não pode ser! - murmura Amur para o garoto, que estava igualmente irritado. Resolvo questionar qual o problema.

— O que foi?

Amur toma uns passos para trás e joga o agora consciente Jace no chão.

— Esse não é o nômade. - responde Crystal pelo irmão.

— É o filho da alfa dos Lewis.


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