Meetings At Midnight escrita por Yokichan


Capítulo 8
VIII - A Promessa


Notas iniciais do capítulo

Uaw, delirei sonhando. HEUAHEUHAUEH



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“Acreditar é tão fácil ao seu lado.”

 

 

 

         O tempo estava brincando conosco, eu sabia. Enquanto nos rendíamos e entregávamos nossos corações àquela inverossímil brincadeira que tanto se parecia com um sonho, o tempo se preparava para nos arrancar de nosso prolongado deleite. Após aquela noite, eu abandonei a idéia de que Deus estivesse por trás daquilo. Não, Deus não poderia ser tão cruel, porque eu entendia a cada instante que nossa fantasia não duraria para sempre. Era como uma anormal tarde quente em pleno inverno. Todos sabiam que a tempestade viria, e arrasaria seus sonhos até o último fio de esperança.

 

 

Mas eu estava armada e preparada para quando ela chegasse.

 

 

         Voltei a fechar meus olhos, desta vez com decrépita força. Passei meus braços ao redor do seu e o apertei, ternamente. Eu quis acreditar que os primeiros raios de sol não nasciam do lado de fora da janela, empurrando sua luz para dentro do quarto através das finas cortinas. Quis acreditar que nossa doce noite não tivesse acabado, e ainda fossem três da madrugada, quando você suspirou pela última vez antes de adormecer e recostou sua cabeça em meu ombro. Quis acreditar que eu ainda dormia, e que por algum motivo, demoraria muito a acordar. Infantilmente, eu agarrei-me à você e acreditei em tudo.

 

 

Acreditei em minhas mais melodiosas mentiras, amor.

 

 

         Encolhida e nua debaixo dos cobertores, eu aconcheguei-me ao seu corpo e novamente afundei o rosto no alto de seu peito enquanto meus braços permaneciam bem presos à você. Minha boca tocava delicadamente sua pele pálida abaixo do pescoço, e eu me lembrei de como você havia me tornado sua naquela madrugada. Eu jamais me esqueceria de sua calorosa ternura ao me beijar, de seu doce cuidado ao me tocar e me apertar debaixo de seu corpo, de sua total e pura entrega ao suspirar sobre minha orelha enquanto nossa amável noite de núpcias era consumada.

         Eu sorri em silêncio, sentindo-me a mais vitoriosa das criaturas. Mesmo que logo eu fosse arrancada de seus braços e novamente cuspida na brancura e na frieza de meu mundo, nada seria capaz de me privar daquela lembrança, daquele amor agora não tão distante da realidade. Apesar do longo caminho que ainda nos separava, havíamos ficado irrevogavelmente mais próximos.

 

 

Incondicionalmente eternos.

 

 

         Você virou-se para o meu lado, estendeu um dos braços debaixo de minha cabeça como se mo oferecesse como travesseiro, e pousou delicadamente sua mão quente sobre a curva de minha cintura. Eu não sabia explicar o quanto amava o toque de sua mão, possessivo e zeloso. Eu apenas sabia estremecer.

         Espiei por cima do cobertor na direção da janela, e agora o dia estava claro. Seu queixo tocava o alto de minha testa, e sua respiração lenta tinha o dom de me acalentar, de amenizar meus medos até que eles estivessem esquecidos. Eu me mantive imóvel, escondendo-me do tempo que despertava.

 

- Por que você não dorme? – sua voz calma e sonolenta me surpreendeu.

 

- Desde quando você está acordado? – sondei, espichando meu rosto para cima.

 

- Desde quando você começou a se esconder debaixo do cobertor. – você sorriu.

 

- Ah, eu perdi o sono. – argumentei, deslizando sutilmente para cima.

 

         Agora meu rosto estava na altura do seu, e eu podia contemplar suas pálpebras caídas com serenidade, seus lábios corados e entreabertos. Abracei sua cintura com uma das pernas, e você se moveu para mais perto de mim.

 

- Ainda é tão cedo. – você murmurou, em um lamento. – Já é dia?

 

- Claro que é. – sorri, afagando seus cabelo. – Devem ser quase seis horas.

 

- Ah. – você gemeu. – Minha mãe logo vai estar batendo na porta. – e riu.

 

- Não! – ofeguei, sentando na cama e puxando o cobertor para me cobrir. Eu corei só em imaginar a embaraçosa situação. – Então eu devo ir embora!

 

         Eu estava pronta para saltar da cama, catar minhas roupas perdidas pelo quarto e correr para qualquer lugar antes que sua mãe resolvesse aparecer, quando você cingiu minha cintura com o braço e me puxou de volta para o calor de nosso ninho de amor. Meus cabelos esparramaram-se novamente sobre o travesseiro e você então abriu seus olhos noturnos para mim, sorrindo graciosamente com o rosto tão perto do meu.

 

 

Você iria me manter ali para sempre, se pudesse.

 

 

- Vai embora para onde? Pretende se esconder dentro do guarda roupas ou debaixo da cama? – seu sorriso era um convite para ficar, e eu aceitei.

 

- Mas ela vai ficar louca, sem entender nada. – resmunguei, encarando-lhe.

 

- Ah, tenho certeza que ela entenderia tudo. – você afirmou com escárnio.

 

- Você é tão antiquado. – rolei os olhos, rindo com ironia.

 

- Se ela bater na porta, eu direi que não irei à escola hoje. Tudo resolvido, a porta está trancada. – você arqueou as sobrancelhas, esquemático. – Você não sairá daqui. – e seus olhos se encarregaram de me fazer entender aquilo.

 

- Eu não quero sair. – sorri, enlaçando meus braços em seu pescoço.

 

- Sou seu marido agora, me obedeça. – você lembrou, sarcástico.

 

- Eu te amo. – puxei seu rosto para perto do meu, gentilmente.

 

- Eu também. – seu murmúrio foi parcialmente abafado por nosso beijo.

 

         Você afundou a mão em meus longos cabelos desgrenhados enquanto nossos lábios se tocavam com amor. O sol entrava austero pelo quarto em desordem, e a cada instante, eu sabia que estava partindo. Oh, não! Eu estava novamente indo para longe de você, indo contra a minha vontade.

         Interrompi nosso terno e lento beijo para lhe fitar uma última vez naquela manhã. Meus olhos marejados analisavam seu rosto iluminado pela claridade que entrava pela janela, e você logo entendeu que eu estava desaparecendo. Um último beijo rápido, um último sorriso triste.

 

- Eu estarei esperando hoje à noite. – você afirmou, em sutil desespero.

 

- Eu voltarei. Sempre. – murmurei, acariciando seu rosto com saudade.

 

- Prometa. – seu pedido era um suplício.

 

- Eu prometo, amor. – sorri, e tudo se perdeu.

 

         Eu havia desaparecido, abandonado o calor de seu corpo. A cama havia ficado fria, eu sabia e sofria por isso. No entanto, eu havia prometido que sempre estaria ali, e aquilo me moveria para perto de você quando a noite chegasse. Novamente.

 

 

 

 

“Nosso amor sempre permanece.”


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Notas finais do capítulo

______________
Isso está feliz demais, hm?



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