Meetings At Midnight escrita por Yokichan
Notas iniciais do capítulo
Eu acredito, ok? u_u
“Não me deixe mal, não me deixe sozinho.”
Durante aquele dia, até que a noite chegasse, sorrisos nasceram do silêncio enquanto eu estive observando o tênue sol do inverno através da janela de meu quarto. O frágil e fugidio sol melancólico que escapava por entre as nuvens a deslizarem pelo céu, o sol frio que me fazia querer estar com você. No entanto, nossa vida era exclusivamente noturna, e o único sol que poderíamos admirar era o da meia noite.
Nosso sol prateado não era como o das outras pessoas.
E quando os ponteiros do relógio se uniram na passagem para a madrugada, eu me transportei para perto de você. Tudo novamente havia ficado para trás, docemente esquecido naquele passado que logo voltaria a se tornar meu presente. Mas não agora, não quando você estava magicamente diante dos meus olhos. Meu coração afogou-se na emoção, naquela mesma emoção que me tocava todas as vezes que você havia partido e voltado para minha vida. A única diferença era que naquele momento, a viajante do tempo era eu, e não você.
Você poderia explicar isso pra mim, amor?
Sentado no chão da sala, recostado ao sofá, você apenas me fitava perplexo, e eu sabia que você havia me visto aparecer fantasiosamente no vazio. Seus olhos escuros invadiam os meus, e ao som das batidas eufóricas de meu coração, eu corri para afundar em seu abraço. Você sempre soube que eu não era capaz de medir nada entre o excessivo e o insuficiente, e naquele momento eu provei que mais uma vez você estava certo. Meu sorriso dançou na penumbra, e eu mergulhei sobre seu corpo com nenhuma hesitação. Suas costas encontraram o chão quando meu peito pesou sobre o seu, forçando-lhe a soltar um suspiro que logo se perdeu. Meus braços apertavam-se ao redor de seu pescoço, enquanto tudo o que eu sabia fazer era sorrir e tremer sobre você.
Eu também queria chorar, mas não o fiz.
Encolhi-me ao sentir o hálito quente de sua respiração a tocar minha orelha, escondendo a vontade de morder a sua. Pousei as mãos espalmadas no alto de seu peito coberto pelo suéter preto e afastei meu rosto do seu, permanecendo sentada – inconvenientemente, imagino – sobre suas pernas. Seu sorriso incentivou o meu, e novamente eu havia sido rendida.
- Como você faz isso? – você perguntou, apoiando os braços debaixo da nuca.
- Eu não sei ao certo. – confessei sorridente, dando de ombros.
- Simplesmente acontece? – suas sobrancelhas tornaram-se sutis arcos.
- É. Incrível, não? – meus olhos agora eram duas esferas reluzentes.
- Tanto que isso me parece loucura. – você sorriu, irônico.
- Parece? – franzi o cenho. – Pensei que você tivesse me dito para acreditar.
- E você acredita agora? – seu olhar me desafiou.
- Eu acredito o tempo inteiro. – suspirei, abrindo meu sorriso óbvio.
- Por quê? – você insistiu, fitando-me com ternura.
- Porque eu te amo, oras. – e o silêncio nos envolveu, confortavelmente.
Subitamente, seu sorriso desapareceu, arrastando o meu para longe também. Eu apenas queria descobrir o que havia nos seus pensamentos naquele momento, mas na falta desta habilidade, só me restava tentar ler seu olhar absorto. Você ergueu o tronco, sustentando-o com as mãos apoiadas no tapete, e trazendo seu rosto perigosamente para perto do meu. Eu podia sentir o calor de sua respiração alcançando meu rosto, e ainda estar sentada no alto de suas pernas me fazia corar de um modo insustentável.
Porque estar tão próxima de você sempre seria especial.
- Quanto tempo mais você pode ficar? – você perguntou, com a voz rouca.
- Pouco. – murmurei, apertando as mãos no tecido de seu suéter.
- E se eu quiser que você não vá embora? – seus olhos invadiam os meus.
- Não é algo que eu possa controlar. – confessei, suspirando demoradamente.
- Prometa que vai tentar. – você pediu, afundando uma mão nos meus cabelos.
- Eu prometo. – e meu corpo inteiro estremeceu sob efeito do seu toque.
- Não sei por que você ainda está com ele. – seus lábios eram uma linha tensa.
- Eu já pertencia a um mundo antes de conhecer você. – lembrei, melancólica.
- Agora você pertence ao meu mundo, não pertence? – você sondou, sério.
- Eu tenho medo. – sussurrei, aproximando meu rosto do seu.
- Medo de quê? – sua mão deslizou de meus cabelos para minha nuca.
- De que você vá embora outra vez. Medo de largar tudo, tirar meus pés do chão por você, e ficar sozinha. – murmurei, fechando os olhos. – Medo de que você perceba que eu sou apenas uma parte da sua vida, e não seu futuro.
- Isso não é uma brincadeira, e eu não quero ir embora. – você prometeu.
- Desculpe, eu estou machucando você. – minha boca quase tocava a sua.
- Eu posso agüentar isso. – e não houve mais espaço para palavras.
Nossos lábios se tocaram, as perguntas estavam acabadas – ao menos naquele momento. Seus braços ajustaram-se ao contorno de meu corpo, abraçando-me firmemente como se percebesse que nosso tempo estava por um fio. Oh, sim! Você sempre sabia das coisas antes que eu notasse que elas aconteciam comigo, e embora nossa relação fosse instável e complexa, aquele era um dos motivos que eu tinha para lhe ver como a parte forte de nosso elo.
O problema sempre fora eu, armada com meus “porém’s”.
Meus dedos enroscaram-se em seus cabelos revoltos, enquanto seus lábios devoravam os meus com a intensidade do último segundo. Você me apertou de um modo que me fez ofegar, e eu sabia que aquilo era uma tentativa de não me deixar ir embora. Era tarde demais para tentar, tarde demais para querer ficar, e como fumaça que se perde no ar, eu desapareci.
Ao me encontrar na brancura angustiante de meu quarto, eu apenas consegui enrijecer os punhos e chocá-los enfurecidamente contra o chão que, silenciosamente, zombava da luta estabelecida entre meus dois corações. Meus dois, e tão distintos, corações.
“Observando todo o chão abaixo de você desabar.”
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Ah, deols. Nem acredito que vocês estão gostando desses capítulos loucos. Amo vocês. ♥