Eles saíram do parque pouco antes das 22h. Diana lhe dissera que estava com fome e ele ainda estava lutando com a consciência se deveria ou não seguir com seu plano para fazê-la desistir de ter um relacionamento com ele.

Durante toda a semana fora bem mais fácil pensar nas razões que o levaram a crer que ela estaria melhor sem ele. Que ele estaria sacrificando seu amor por ela em benefício dela. Mas ao lado dela as coisas tornaram-se infinitamente mais complicadas do que ele imaginava. Era difícil manter a mente no lugar, que dirá manter o plano para afastá-la dele, se tudo que ele queria naquele momento era mantê-la cada vez mais perto.

Ele suspirou tentando encontrar forças de onde quer que fosse e seguiu em frente com o maldito plano.

— Bruce... nós podemos ir a algum lugar e comer alguma coisa? – Diana perguntou com a voz melodiosa que sempre o encantara – Eu estou com tanta fome. Achei que íamos jantar em algum lugar e acabei saindo da Torre sem comer nada.

— Claro, princesa! – Ele sorriu enquanto dirigia em direção a uma lanchonete próxima.

(...)

Diana se assustou quando Bruce a levou aquele lugar. Era um trailer bem velho. Bruce sentou num dos assentos em frente ao balcão com Diana ao seu lado. Ela ainda estava olhando ao redor tentando decifrar o tipo de decoração do lugar, quando uma velha e simpática senhora negra e corpulenta chegou para atendê-los. Ela estava com o avental sujo com várias manchas de gordura, aparentemente vinda da cozinha.

— O que vocês vão querer, filhos? – Ela perguntou sorrindo, olhando para o casal com um olhar incrédulo.

— Eu posso ver o cardápio? – Diana perguntou timidamente.

— Hehehe, Filha... Aqui a gente não tem dessas frescuras não. – Ela disse sorrindo, sem nenhum deboche – Aqui a gente tem sempre a mesma comida da Mama Brown que todo mundo já conhece. É só chegar e pedir!

— Oh, desculpe... não foi minha intenção ofender. A senhora é Mama Brown? – Diana perguntou e quando a senhora assentiu, afirmando, ela perguntou com um largo sorriso no rosto – Pois então, Mama Brown, o que a senhora recomenda para uma cliente faminta?

— Bom... se você não for do tipo dessas magrelas que só comem alface, eu tenho algo que você vai adorar, menina. – Mama retribuiu o sorriso com um entusiasmo contagiante – Eu vou trazer agora um hambúrguer com a carne e o molho especial da mama, batata frita e torradas assadas na manteiga com mel e ervas. E de sobremesa, a torta especial da Mama que você nunca vai esquecer! – Ela virou-se para Bruce – E você vai pedir o quê?

— O mesmo que ela, Mama – Ele deu a senhora seu melhor olhar conquistador e sorriu.

— Filho, se a Mama Brown fosse trinta anos mais jovem, tão certo como ‘dois mais dois são quatro’ a sua namorada teria problemas para segurar você esta noite, porque eu não ia te deixar em paz – Ela tomou seu rumo para a cozinha do trailer soltando gargalhadas estrondosas que ecoavam por todo ambiente.

Bruce e Diana também se pegaram rindo da espontaneidade ousada de Mama Brown.

(...)

Apesar de estar se divertindo, Diana resolveu perguntar a Bruce sobre a escolha do local, para não cometer o mesmo erro de julgamento que havia cometido quando ele a levou ao parque.

— Bruce, por favor, seja sincero comigo: Você queria me trazer aqui esta noite? – Ela olhou pra ele com um olhar confuso. Não estava zangada, tampouco decepcionada.

— Não, princesa. Eu não queria trazê-la aqui ­ – Era verdade. Ele não queria. – Você disse que estava com fome e a lanchonete estava bem no meio do nosso caminho. Por que, você não está gostando? – Ele perguntou nitidamente preocupado com a resposta.

Ele planejara trazê-la a este lugar para decepcioná-la, para que ela ficasse magoada o suficiente para rejeitá-lo. Bruce agradeceu o fato dela ter-lhe feito uma pergunta que não o obrigaria a admitir que ele estava tentando magoá-la propositalmente.

— Não é nada disso, Bruce – Ela respondeu com um sorriso. – É que eu nunca imaginei você num lugar assim. Você sempre aparece nas revistas e nos tabloides frequentando restaurantes premiados e finos. Eu fiquei curiosa... – Ela sorriu quando viu Mama Brown trazendo a comida.

— Espero que vocês dois gostem do tempero de Mama Brown! – a velha senhora entregou as refeições fartas e suculentas.

Diana mal deu a primeira mordida e já estava se deliciando com a comida. Ela comia com prazer e isso deixou a Mama feliz e Bruce satisfeito, contrariando suas próprias tentativas de sabotar seu primeiro encontro.

— Mas me digam, vocês são namorados? – Mama sorriu maliciosamente para ambos.

— Sim, nós somos! – Bruce respondeu.

— Hoje é o nosso primeiro encontro! – Diana falou com ingenuidade enquanto comia a torta de maçã.

— Mas então se vocês estão comemorando... a refeição é por conta da casa. – Mama disse e Bruce tentou argumentar que preferia pagar, até pela situação do lugar que indicava claramente que não circulava muito dinheiro por lá, mas ela se manteve irredutível.

Ele fez uma nota mental para dizer a Alfred que fizesse uma doação em nome da Fundação Wayne para aquela senhora.

Antes deles saírem, ela lhes deu um abraço apertado e sussurrou para Bruce: – Não deixe ela escapar, filho!

(...)

Eles estavam novamente dentro do carro, rumo ao último local programado por Bruce para arruinar seu primeiro encontro com Diana. Ele estava tenso, tentando a todo custo esconder sua preocupação com os resultados mal sucedidos de fazer com que Diana se afastasse dele por vontade própria.

Não era um plano ruim e ele tinha consciência disso. A maioria das mulheres já o teria dispensado antes mesmo de saírem da mansão se o vissem tão ridiculamente vestido daquele jeito – mas ela não se importava; Talvez uma ou outra mais insistente aceitasse a roupa esdrúxula, mas certamente o esbofetearia se ele a levasse aquele parque horroroso – Mas era capaz de captar a beleza de um lugar aparentemente tão feio; Ele a levou pra comer em uma espelunca e, no entanto, eles desfrutaram de uma refeição deliciosa.

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