Contradições do amor escrita por MissAmelie


Capítulo 3
O plano




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Bruce respirou fundo, relembrando a si mesmo que estava fazendo tudo aquilo pelo bem dela. Ele precisava fazer com que a própria Diana desistisse dele, já que todas as suas tentativas de afastá-la foram em vão.

— Bruce... – Ela quebrou o silêncio – Você não vai me levar num desses restaurantes refinados que você costuma ir com as modelos e celebridades com que você costuma sair, não é?  – completou timidamente – Eu não acho que eu esteja vestida adequadamente e você não me disse o que eu deveria usar – Ela queria mesmo era puxar uma conversa – Nós podíamos jantar em algum lugar modesto, onde a imprensa não iria nos achar. O que você acha?

— Não se preocupe com isso, princesa. Eu não pretendo levar você a nenhum restaurante fino! – ele respondeu com os olhos vidrados no caminho, sem olhar pra ela.

Ela estava tentando decifrar se a resposta de Bruce era uma coisa boa (‘Ele não quer me levar aos lugares que costuma levar essas mulheres porque eu sou especial’) ou ruim (‘será que ele acha que eu não estou a altura de acompanhá-lo nesses lugares refinados? Será que ele se envergonha de mim?’). Mas logo dispensou as nuvens de dúvidas da mente e decidiu que deveria apenas aproveitar o momento ao lado do homem que amava.

— Pronto. Chegamos! – Ele estacionou o conversível em frente ao destino. Era um bonito corvette vermelho clássico, de colecionador.

Diana arregalou os olhos: Eles estavam na periferia de Gotham, em frente a um parque aparentemente abandonado, mal iluminado, com bancos e grades pichadas com palavrões que ela nem sabia que existiam. Ela olhou pra ele com o olhar interrogativo. Ele sentiu uma pontada de raiva de si mesmo por levá-la até aquele lugar horrível em seu primeiro encontro. No fundo, tudo que ele queria ela levá-la a um lugar especial.

Ele adentrou o parque ultrapassando uma parte violada da grade de proteção que cercava o local, ao invés de usar a entrada principal, como se o estivesse invadindo, sem permissão, chamando-a em seguida para fazer o mesmo – Venha, princesa!

— Bruce, tem certeza que é conveniente entrar ai? Não me parece que esteja aberto ao público nesse horário. – Ela ponderou – Podemos voltar amanhã, durante o dia. Eu realmente não me importo.

— Não princesa! Nós vamos entrar agora... Não me diga que você está com medo?! – Ele provocou!

— Por Hera, Bruce. É claro que eu não estou com medo. É só que... Não parece certo – ela disse entristecida, por não entender o comportamento estranho dele.

Eles caminharam de mãos dadas pelo parque durante pouco mais de quinze minutos e não havia nada de interessante ali, o que fez Diana questionar-se sobre as intenções de Bruce. Ele supunha que a este ponto, ela já estivesse furiosa com ele. Mas, de repente, ao contrário do que ele esperava, ela soltou sua mão e correu alegremente em direção a um lago, à frente deles.

Diana se deteve a olhar fixamente a paisagem à sua frente: o lindo lago projetava-se como um véu de seda escuro, banhado pelo brilho perolado da triunfante lua cheia. Ele tinha que admitir, era uma visão maravilhosa, ainda mais aquecida pela imagem da sua princesa compondo o visual, tendo apenas a luz da lua a banhar-lhe as curvas, permitindo-lhe observar seus contornos perfeitos e garantindo-lhe uma aura angelical.

— Oh, Bruce! – Ela falou com uma voz macia, voltando os olhos em sua direção – Eu sinto muito... Por favor, me perdoe?! – Ela correu em direção a ele e o apertou em um abraço de urso, com as bochechas coradas de vergonha, por algum motivo que ele desconhecia.

— O que foi, princesa? – Ele a olhou com um olhar interrogativo quando ela recostou a cabeça em seu obro – Perdoá-la pelo quê?

— Me perdoe por ter hesitado, Bruce... Eu não queria entrar aqui no começo... Você estava agindo de um modo tão estranho. – Ela confessou, reforçando seu abraço com mais carinho – Eu pensei por um momento que não fosse especial pra você, Bruce. Eu pensei que você não se importava com o quanto essa noite é importante pra mim.

Ele sentiu a onda de culpa o invadindo, mas ainda não entendia porque ela estava se desculpando.

— E você está se desculpando por... – Ele queria entender porque ela estava tratando-o como se ele fosse o melhor namorado do mundo.

— Por ter enganado completamente... Esse lugar é absolutamente lindo – Bruce a olhou boquiaberto – Ele me faz lembrar de casa... E você sabe, depois do exílio... eu sinto muita falta da Ilha Paraíso. – Ela não escondeu dele os olhos marejados.

— Eu costumava me banhar à noite com Artemis, em um lago parecido, na lua cheia. Ela dizia que banhar-se nas águas iluminadas pela Lua cheia revigorava o espírito cansado de um guerreiro. – ela voltou os olhos para o horizonte para encarar o brilho refletido nas águas. – Você descobriu isso para me fazer uma surpresa, não foi? Por isso você me trouxe aqui, não foi Bruce? Aposto que J’onn deve ter contado a você como essa memória é especial pra mim.

O sorriso e as lágrimas de satisfação dela eram um soco no estômago e Bruce ficou em silêncio, fazendo com que Diana tomou isso como a confirmação de suas suposições. Ele não queria mentir pra ela. Já era suficiente submetê-la a um plano estúpido para que ela se decepcionasse com ele e desistisse de um relacionamento. Mas não estava dando certo...

Diana não estava zangada, magoada ou decepcionada com ele. Ela estava simplesmente comovida com uma simples paisagem da lua cheia refletida num lago desprestigiado do Parque mais decrépito de Gotham. ‘Deus, ele amava essa mulher’.

Eram coisas assim, tão simples, ignoradas pela maioria e valorizadas por ela que a tornavam tão incrivelmente especial. Ele estava em dúvida se deveria abraçá-la com ternura ou beijá-la com fervor e urgência. Então Bruce a tomou nos braços, envolvendo-a num abraço carinhoso, embora fosse extremamente firme, beijando-lhe o topo da cabeça e sentindo o aroma inebriante de seus cabelos. Ele queria desfrutar da sensação de que ela era sua e não pretendia soltá-la... Até que ela rompeu o enlace:

— Vamos, Bruce... Vamos nadar! – Diana se desvencilhou de seus braços apenas para lançar-lhe um olhar de desejo, correndo em direção ao lago – Temos que reviver a memória por completo – Ela sentenciou, removendo o vestido e exibindo a langerie preta de renda.

Bruce estava tentando chacoalhar o cérebro após o choque causado pela visão de Diana em peças íntimas. Ele não conseguia executar qualquer ação para mover-se, hipnotizado pela perfeição das curvas da amazona. Seus olhos a acompanharam até o lago, onde ela mergulhou com a destreza e elegância de uma atlanti. ‘Obviamente Arthur deve ter-se encantado com ela por razões como estas... Aquela Sardinha inútil!’, só de pensar nos olhares de cobiça do Rei Atlanti, Bruce rosnou internamente.

Deixando o ciúme de lado, ele finalmente conseguiu mover-se, deixando as roupas à margem do lago e mergulhando atrás dela. Quando ela emergiu de seu mergulho, procurou por ele e não o achou. Foi depois do terror em seus olhos, chamando por ele, preocupada com seu sumiço, que ele emergiu ao lado dela, abraçando-a com força para conter seus gritos de pânico após o susto que ele lhe dera.

Quando Diana parou de xingá-lo, deixou-se absorver pelo seu abraço, concentrando seu olhar nos olhos dele, que já estavam fixos nela há muito mais tempo. Ela foi capaz de ver a chama intensa dentro deles. Era a tradução clara – mesmo para ela, tão inexperiente – do desejo e da fome desmedida que ele sentia por ela.

Era visceral, inegável: não era só vontade, mas necessidade; não era só atração física e sim uma fome capaz de dominar completamente a razão de um homem, obrigando-lhe a saciar-se; não era só o desejo que ela já vira dos olhos dos homens que a cobiçavam, de realizar fantasias ou fetiches... Era mais... Muito mais... Era a força esmagadora de um fogo que a consumia, mostrando através daqueles olhos cinzentos toda necessidade que aquele homem nutria por ela. Finalmente, o Batman conseguira intimidá-la com aquele olhar devorador. A ironia é que ele não estava usando o traje do morcego.

(...)

Ele a beijou com força por tempo suficiente para roubar-lhe o fôlego, mordendo-lhe os lábios e traçando com a língua caminhos ao longo do pescoço. Diana sentia-se domada em todos os sentidos, incapaz de mover-se pelos próprios comandos. Seus sentidos pareciam ter-se misturado uns aos outros, já que ela era incapaz de identificá-los. Ela sentia tudo de uma só vez, como se fosse impossível saber se as sensações de prazer vinham do tato, paladar, visão, olfato ou audição.

Bruce tinha um poder sobre ela que nenhum homem jamais alcançara. Ela seria capaz de qualquer coisa por ele. Ela o amava. Ela o desejava. O admirava e compreendia.

— Grande Gaia... Bruce!! – Diana arregalou os brilhantes olhos azuis, reagindo com surpresa, voltando à realidade – Oh! Minha doce Afrodite... Bruce, você está nu?! – ela abafou seu gemido levando uma das mãos aos lábios. A rudeza  crescente do membro enrijecido do Cavaleiro das Trevas tocando-lhe o corpo, acabou por trazê-la ao mundo real.

Ele respondeu com um sorriso inocente descaradamente falso, fazendo-a corar imediatamente. Podia sentir a crescente excitação dele em contato direto com a renda e, depois, com a pele, ainda envolvida em seu abraço.

Diana se deixou levar pela inebriante sensação de prazer que a dominara. Os beijos calorosos e as carícias feitas por seu príncipe valente lhe roubaram completamente o juízo. Com muito esforço, ela conseguiu manter-se dentro desses limites e, com um tanto mais de dificuldade, Bruce também. Ela tomou a decisão de que só dormiria com ele depois de ter certeza de que seu relacionamento era sério e Bruce não iria afastá-la bruscamente.

Já era difícil para eles terem que lidar com os sentimentos reprimidos de um para com o outro sem um envolvimento sexual. Logo, aprofundar as coisas nesse sentido – que para ela era algo especial – tornaria a dor de uma separação insuportável.

Eles nadaram nas águas mornas do lago, aquecidas pelo verão de Gotham e depois deitaram-se na margem gramada, conversando sobre milhões de coisas, enquanto admiravam as estrelas.

Agora ambos estavam molhados e abraçados. Vê-la seminua diante dele o fez lembrar que ela dominava completamente seus sonhos mais eróticos. Embora ele quisesse possuí-la, ele sabia que sabe que não pode dar-se ao luxo de satisfazer seus desejos sexuais sem dar a ela o pacote completo de uma relação séria. Ela não foi feita para uso deliberado do sexo sem compromisso. Embora a perfeição e o apelo sexual de seu corpo acendam em um homem todos os sentidos da libido, há uma infinidade de outras belezas que ela carrega capazes de suavizar até o mais depravado dos homens.

Ele sabia que ela era virgem e essa era uma de suas grandes preocupações. Ele abominava o pensamento de alguém – que não fosse ele – tocando nela, dormindo com ela, fazendo amor com ela. Ele já tentou se convencer de que seu instinto protetor só estava tentando garantir que sua primeira vez fosse especial, com um homem experiente o bastante para fazê-la sentir-se segura e amada. Mas logo se convenceu que na verdade ele a queria para si. Queira ser seu primeiro e único homem da vida dela.

(...)

Estar com ela naquele lugar o fez ter certeza de como ele amava a desesperadamente. Cada vez que ele a via empunhar a espada na batalha, com a ferocidade de um predador e a graça de uma bailarina. Cada vez que ele derramava seus olhos ao longo de suas curvas, desejando tomar para si cada pedaço dela. Sempre que suas atitudes espelhavam sua compaixão.

Ele amou verdadeiramente poucas mulheres na vida. Amou Talia... Amou Selina... Amou Andrea e talvez Lois! O sofrimento dilacerante que a saída delas de sua vida provocou em seu coração levam a crer que ele as amou de verdade, se não, não haveria dor.

Ele havia desistido de amar depois de tantas tentativas frustradas. Ele percebera que sua vida dupla jamais o permitiria viver a felicidade de um amor duradouro. Era impossível qualquer mulher aceitar o fato de que ela não seria prioridade em sua vida... Até conhecer Diana. O sentimento por ela era completamente diferente do que sentira pelas mulheres que amou antes e isso era uma das coisas que o assustavam.

Todas as mulheres de seu passado eram emocionalmente aleijadas, assim como ele. Eles compartilhavam corações partidos e um árduo caminho de sofrimento. Nenhuma delas se sacrificou pela felicidade deles, muito embora ele estivesse disposto a fazê-lo, por elas. Essa lógica melancólica progressiva das suas relações, de certa forma, o levaram imediatamente para longe de Diana. Ele achava que jamais a faria feliz.

Mas ela, diferente de todas as outras, estava disposta a lutar por ele. Ela estava disposta a sacrificar a sua luz para adentrar o seu mundo escuro!

 

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