Estrela da Alva escrita por Princesa Dia


Capítulo 5
O demônio atende a porta


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente! De novo aqui. Como vocês tem estado? Espero que bem. De qualquer forma aproveitem o novo capítulo ♡.



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POV. Bella Swan

Meus pensamentos estavam um turbilhão. Embora eu tivesse a certeza que o melhor a se fazer era voltar para Londres, eu queria ficar e confrontá-lo, queria que Edward entendesse que o que eu fiz foi para protegê-lo, que me doeu magoá-lo da forma que eu fiz, eu precisava deixar tudo às claras, mesmo que essa fosse a última vez que o veria. Desliguei o carro pegando o celular e discando o número de Charlie, que atendeu no sexto toque.

—Delegado de polícia, Charlie Swan... -"Megan, cadê o arquivo 87?", gritou me fazendo afastar o aparelho da orelha.

—Não grita idiota, sou eu... a Bella.

—Bella? Aconteceu alguma coisa? É Virgíny? -Charlie perguntou em alerta, revirei os olhos com sua super proteção, apesar de eu ser muito mais experiente do que ele, Charlie sempre via a necessidade de me proteger, igualzinho a Tony.

—Não, é que...

—Diga logo, Bella. -Exigiu impaciente.

—Vai á merda, Charlie. Eu queria te dizer que eu vi os Cullen hoje. -Devolvi na lata, ouvi o barulho de um objeto caindo e um xingamento.

—Droga. Eu sabia que eu tinha esquecido de te contar algo importante. Eles não te fizeram nada, não é? -Perguntou preocupado. E agora, o que eu diria? Se eu lhe falasse a verdade, Charlie provavelmente surtaria

—Não. -Mas o Chefe Swan não se deixava enganar fácil assim.

—O que aconteceu, Bella? Eu espero que eles não tenham te machucado, senão eu vou caçar eles até o inferno. -Ameaçou desnecessariamente.

—Não aconteceu nada C. Eu estou bem, ok? Não precisa desse drama todo. -Resmunguei impaciente.

—Se não aconteceu nada, por que ligou? Tenho certeza de que não foi só pra me dizer que os viu. -Respirei fundo, era agora que ele teria um ataque.

—É que...

—Desembucha logo, Isabella.

—Eu quero o endereço deles. -Despejei de uma vez, ele ficou em silêncio e isso não era um bom sinal. -Charlie? -Chamei indecisa.

—Para quê você quer o endereço? -Perguntou desconfiado.

—Eu preciso falar com eles. -Ou pelo menos com dois deles, mas eu não disse isso em voz alta.

—O que você tem pra conversar com eles? -Fechei os olhos dando três batidas leves com o pulso em minhas têmporas, estava claro que ele não facilitaria.

—Droga, Charlie, não pode só me dizer o endereço e largar do meu pé?

—Não. Eu não vou permitir que você vá atrás de sete vampiros sem antes me dar um bom motivo para isso.

—Eu não tenho tempo para isso agora. -Reclamei irritada.

—Então, eu sinto muito, mas não vou lhe dar o endereço. -Meus olhos se apertaram em fendas.

—Eu te odeio Charlie Swan.

—Eu só estou te protegendo.

—Eu sei me cuidar.

—Isso não me convenceu. -Rebateu, bufei indignada.

—Cabeça dura.

—Sério, querida? -Indagou rindo, revirei os olhos mais uma vez, ultimamente eu estava fazendo muito isso. -Acho que você também é.

—Tudo bem... eu conto... -Charlie ficou mudo, surpreso pela minha rápida rendição. -Quando você chegar em casa, meu bem.

—Mas que diabos, Isabella. Eu sei que o que você está querendo é me enrolar. -Acusou frustrado.

—É claro que não. -Rebati indignada. -Sabe que eu jamais seria capaz disso.

—Sei... Olha eu não acho uma boa ideia você...

—Nós vamos ficar o dia todo assim, você sabe, não é? -O interrompi. -Eu vou ficar bem, querido. Confie em mim. -Murmurei de forma doce, Charlie deu uma risadinha nervosa.

—Você é inacreditável. Tudo bem. -Falou com um suspiro resignado, abri um largo sorriso, Charlie quase nunca conseguia me negar algo. -Eles moram fora da cidade, perto da rodovia você vai encontrar uma estradinha de terra que vai levá-la até a casa deles.

—Obrigada C. -Falei animada, podia imaginá-lo revirando os olhos.

—Não me agradeça ainda, eu vou querer saber direitinho essa história, não pense que vai escapar dessa, Isabella. -Ameaçou e eu sorri.

—É... eu sei que não. Eu te amo. -Charlie bufou.

—Disse que me odiava agorinha. -Gargalhei.

—Não tenho culpa se não consigo te odiar por mais que alguns minutos.

—Ok, ok... nos vemos mais tarde então. Tome cuidado, por favor.

—Tomarei. Tchau Charlie. -Falei desligando o celular. Desci do carro batendo a porta com força exagerada, eu sentia meus músculos tensos só de imaginar que logo eu estaria frente a frente com eles; guardei o aparelho no bolso da calça, entrei na floresta densa e corri na direção que Charlie me indicara, assim que me aproximei da estrada de terra eu senti o cheiro deles, estava por toda parte, mas o de Edward foi o que eu identifiquei com mais facilidade.

A casa era magnífica, clara, com três pavimentos, espaçosa e cercada por várias janelas de vidro, uma arquitetura que contrastava com os moradores do imóvel; sorri ao perceber a grande semelhança de gostos comigo e com a minha família.

Subi as escadas lentamente, tentando adiar ao máximo esse momento, eu já não tinha mais tanta certeza da minha decisão. Levantei a mão para apertar a campainha, mas antes que eu pudesse fazê-lo a porta se abriu em um rompante e Rosalie me encarou raivosa, engoli em seco, parecia o próprio demônio na porta.

—O que você quer aqui?

—Eu queria falar com o seu irmão Edward. -Respondi firme, seus olhos se estreitaram e um arrepio gelado subiu pela minha coluna.

—Ele. Não. Está. -Falou pausadamente, meus olhos foram instintivamente para a sua mão esquerda que apertava perigosamente a lateral da porta ameaçando parti-la.

—Pode me informar quando ele volta? -Perguntei cautelosamente e seus olhos se estreitaram ainda mais.

—Ele não vai voltar.

 -O quê!!? -Perguntei confusa. Rosalie abriu um sorriso sarcástico.

—Isso mesmo que ouviu, queridinha; Edward não vai voltar e sabe de quem é a culpa? -Eu não respondi, não precisava, mas eu sabia de quem era a culpa, mesmo que Rosalie ainda não tenha me dito. -Sua. É sua culpa. -Senti as lágrimas se acumularem em meus olhos; Emmett, o grandão, apareceu atrás dela e colocou a mão em seu ombro.

—Vai com calma aí, ursinha.

—Vai com calma porr* nenhuma. -Gritou batendo na mão dele e o afastando para longe, Emmett me lançou um olhar de pena que ignorei me concentrando apenas em Rosalie, já bastava a minha auto piedade. -Ela é a culpada pelo idiota do Edward ter ido embora sem se despedir de Esme, é culpa dela se Esme agora está enfiada no quarto aborrecida. É dela. -Gritou apontando o dedo na minha cara, recuei assustada com a sua fúria, tropecei no último degrau e quase caí.

—Me desculpe... eu... não tive a intenção. Não pensei que Edward me odiava tanto assim. -Gaguejei um pouco abalada.

—Edward nã... -Emmett começou a dizer, mas foi cortado por Rosalie.

—Mas odeia, então vá embora e não volte mais aqui. -Gritou e eu encolhi os ombros.

—Tudo bem. -Murmurei baixo. Desci as escadas e já me dirigia para as árvores quando me lembrei de uma outra pessoa. -E Alice? -Perguntei me virando para ela esperançosa, seu rosto ficou confuso por um momento e depois a raiva voltou.

—Alice também não quer falar com você. -Aquilo foi como um tapa em minha cara, Alice e eu sempre fomos muito próximas, quase irmãs, o que havia mudado? Seria possível que a raiva de Edward fosse tão grande a ponto de colocar a minha melhor amiga contra mim? Minha vontade era invadir aquela casa e exigir que Alice falasse isso na minha cara, mas eu já havia me machucado demais, não acho que conseguiria suportar mais um confronto, pelo menos não neste momento.

—Me perdoem, eu... eu não vou mais incomodar. -Falei com a voz embargada, senti as lágrimas transbordarem e fechei os olhos sentindo o meu coração se quebrar. Tudo que eu queria naquele momento era desaparecer dali, me esconder de todos. As lembranças do meu passado com Edward e com Alice, invadiram a minha mente, tentei me concentrar na imagem do meu quarto e um conhecido puxão me fez abrir os olhos, pelo menos eu havia chegado inteira. As lágrimas rolaram por meu rosto e eu não fiz o mínimo esforço para impedi-las, recuei um passo e minhas pernas bateram na lateral da cama me fazendo perder o equilíbrio e cair sobre ela. Me virei de bruços enfiando a cabeça debaixo do travesseiro, chorei até que os soluços fossem se reduzindo a apenas lágrimas. Não sei quanto tempo permaneci ali, mas consegui ouvir a viatura de Charlie na garagem, seus passos na entrada principal, sua voz me chamando do térreo, mas eu não conseguia me mover, eu estava entorpecida.

Senti mãos afagando minhas costas e eu tirei a cabeça de debaixo do travesseiro, Charlie se assustou ao ver o meu rosto e eu me joguei em seus braços voltando a chorar.

—O que aconteceu? -Perguntou quando eu finalmente consegui me controlar. Charlie havia se deitado comigo na cama e afagava carinhosamente os meus cabelos.

—Era ele Charlie.

—Ele quem, meu anjo? -Indagou confuso.

—Edward...

—Edward Cullen? -Questionou movendo-se ao meu lado para me observar melhor, balancei a cabeça negando.

—Masen. -Charlie franziu a testa confuso, mas logo arregalou os olhos compreendendo.

—Mas como isso é...

—Eu não sei. -Resmunguei tirando as sapatilhas e me sentando em posição de lótus, ele também sentou me analisando. -Mas era ele e Edward me odeia.

—Por que ele te odiaria? -Expliquei a ele tudo o que aconteceu e as minhas resoluções.

—Ele parecia querer me matar Charlie, Edward nunca vai me perdoar. -Lamentei escondendo o rosto entre as mãos, ele me abraçou tentando me consolar.

—Calma querida, calma. Não fique assim. Pense que ele também foi pego de surpresa, assim como você. Você acreditava que ele estava morto, mas e ele? Em que ele acreditava?

—Eu sei... -Murmurei chorosa, minha lamentação sendo abafada pela camisa de Charlie.

—Dê um tempo a ele, Edward voltará para casa quando se acostumar com a ideia e então vocês poderão conversar. -Suspirei inconformada.

—Você é a segunda pessoa hoje que fala para eu dar um tempo a alguém. -Reclamei aborrecida, Charlie riu se afastando.

—Lizzie...? -Balancei a cabeça.

—Alexia.

—E como ela está?

—Bem irritada com um processo, mas ela está bem. -Ele assentiu.

—Que bom. Agora venha, vamos jantar. Podemos pedir uma pizza, o que acha? -Minhas bochechas esquentaram automaticamente ao lembrar que eu deveria ter feito o jantar.

—Me desculpe, Charlie, mas eu não estou com fome. Acho que vou me recolher mais cedo. -Ele me encarou preocupado, vi em seus olhos que queria me obrigar a sair daquele quarto, mas logo depois ele assentiu resignado, Charlie sabia que eu precisava de um tempo.

—Tudo bem. Descanse um pouco. -Falou depositando um beijo em minha testa.

—Obrigada.

—Boa noite, Bells.

—Boa noite, Charlie. -E ele saiu fechando a porta atrás de si, encarei as paredes do meu quarto por alguns minutos, meus olhos se enchendo novamente de água; me arrastei até o outro lado da cama, onde eu havia deixado a minha mala aberta, revirei ela encontrando a minha velha caixa de recordações bem no fundo, ela era branca, de madeira, com entalhes em alto relevo de ramos e flores azuis escuras e as iniciais B.M. na tampa.

Observei a caixa por um momento deixando que as lembranças invadissem a minha mente, lembranças que estavam guardadas ali dentro. Engoli o nó em minha garganta e abri a caixa, a primeira foto era das minhas melhores amigas e eu; Kathy, Margô, Cassy, eu e Allie nessa ordem, a baixinha sorria pendurada em meu pescoço. Sorri com as lágrimas nos olhos e depositei ela na cama ao meu lado; peguei a segunda foto, era Alice, Cassandra e eu debaixo de uma árvore, estávamos em um piquenique e as outras ainda não havia chegado; a próxima imagem era um desenho de Edward que eu havia feito assim que nos conhecemos, vivíamos em pé de guerra nessa época, mas por alguma razão isso não me impediu de desenhá-lo quando não estava vendo.

Os soluços voltaram, dessa vez eu estava sufocando com a dor, eu havia perdido tudo e continuava perdendo mais, eu me perguntava por que ainda eu estava aqui, por que ainda não havia desistido? O celular tocou me fazendo pular assustada, pensei em ignorar, mas eu sabia que ele continuaria tocando se eu não atendesse.

—Porr*, Bella, eu preciso dormir. -Lizzie praguejou aborrecida, me encolhi.

—Desculpa. -Sussurrei baixinho.

—O que você tem? -Perguntou com a voz terna. Tentei conter o tremor em meu corpo, eu não queria preocupá-la, mas seria difícil esconder o que eu estava sentindo.

—Não é nada.

—É sério, mamãe? -Questionou incrédula, dei de ombros mesmo sabendo que ela não podia me ver. -Você sabe que eu posso senti-la, me diz o que está errado. -Tentei me manter firme ao ouvir a sua súplica, mas foi impossível refrear os soluços. -Oh meu Deus, eu tô indo para Forks, chego em algumas horas. -Exclamou em alerta, escutei alguns ruídos do outro lado da linha e eu sabia que ela revirava o quarto em busca das suas coisas.

—Lizzie... não... -Minha voz saiu quebrada demais para que ela me desse alguma atenção. -Elizabeth.

—Estou procurando uma roupa, espera.

—Lizzie...

—Ai, que diabos... -Praguejou depois de gritar.

—O que foi isso?

—Eu bati a porcaria do mindinho. -Reclamou, soltei uma risada leve.

—Volte para a cama Elizabeth. Você ainda está dormindo.

—Você precisa de mim. -Tentou argumentar

—Sto bene, bambola. Sono solo i ricordi. (Eu estou bem, boneca. São apenas as memórias.) -Lizzie ficou em silêncio por um tempo terrivelmente longo.

—É aquela caixa, não é? -Eu não respondi, não precisava. - Maledizione. Ho chiesto di lasciarti a Londra, mamma. (Maldição. Eu pedi para deixá-la em Londres, mamãe.) -Reclamou irritada, suspirei.

—Lo so, dolcezza. (Eu sei, querida.)

—Hai detto che avresti ricominciato. (Você disse que ia recomeçar.)

—Lo so... (Eu sei...)

—Allora perché l'hai preso? (Então por que a levou?)

—Non lo so... (Eu não sei...) -Lizzie falou um palavrão em italiano que eu não consegui entender.

—Pelo amor de Deus, você e Tony vão me levar a loucura, eu não sei mais o que fazer com vocês dois. -Apesar da sua irritação, eu ri.

—Você falou como uma mãe agora. -Lizzie bufou, mas eu sabia que ela também havia achado engraçado.

—Acho que é o que eu estou me tornando nos últimos anos. -Suspirou. -Você precisa superar Bella, eles estão no passado. -Sua voz era afetuosa, mas isso não impediu o nó que se formou em minha garganta ao lembrar da ferida recentemente reaberta, Lizzie nunca esteve tão errada como estava agora.

—Eu vou ficar bem. -Ela sorriu.

—Eu sei que vai, você sempre fica. Você é incrível. -Eu ri em meio às lágrimas.

—Grazie piccolo. Adesso vai a dormire, devi essere stancoz. (Agora vá dormir, deve está cansada.)

—Starai bene? (Você vai ficar bem?)

—Lo farò, non ti preoccupare. (Eu vou, não se preocupe.)

—Tudo bem, eu vou aceitar a sua sugestão. -Lizzie bocejou. -Eu estou mesmo cansada.

—Descanse querida, boa noite.

—Boa noite, Bella. Murmurou sonolenta desligando logo em seguida.

Voltei a olhar o desenho em minhas mãos, eu havia mandado emoldurá-lo muitos anos depois que eu o fiz, a fim de preservá-lo. Embora houvesse muitos outros desenhos de Edward, aquele era especial, eu havia flagrado ele dormindo debaixo de uma árvore e havia aproveitado a oportunidade, sorri ao me lembrar disso, foi o primeiro que fiz dele. Coloquei as fotos de volta na caixa, ficando apenas com o desenho, e a devolvi para a mala, me deitei na cama deixando o celular no criado-mudo e voltei a olhar o quadro, não deixei a dor vir à superfície, mas deixei que a minha mente vagasse através das nossas melhores lembranças. Adormeci abraçada ao desenho, sem deixar cair mais nenhuma lágrima.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, pessoal. Desejo a vocês uma semana radiante, bye bye ♡.



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