Nossos Pequenos Segredos escrita por deadlikeme


Capítulo 2
Capítulo 2




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Uma semana depois, Charlie começaria a quimioterapia. Ele estava empolgado. Muito. Mas ninguém sabia o porque de tanta animação. Minha mãe saíra com ele novamente, e Tyler tinha ido junto. E eu iria a escola, eu nunca estava preparada para isso. Acordei pulando da cama e correndo pelo quarto enquanto me trocava, escovava os dentes e jogava minha mochila nas costas. Eu sempre saía atrasada, mas dessa vez eu estava muito, talvez tenha sido pela noite mal dormida. Desci as escadas sem ver ninguém e corri pela manhã gelada em direção a escola. Cheguei atrasada no sinal do fim da primeira aula, corri pelos corredores da escola chegando ao lado da porta da minha sala que se abriu bruscamente enquanto eu me encostava nos armários ao lado respirando descompassadamente depois de tanto correr. Jeff surgiu dentre os alunos ao lado de Mary.

— Bom dia, bela adormecida.

Mary falou vendo meu estado. Meu cabelo bagunçado preso em um coque e a roupa torta no corpo.

— Dormi mal.

— Dá-se pra ver.

Jeff resmungou enquanto olhava para a garota que passava ao seu lado, uma líder de torcida do terceiro ano.

— Seu nojento!

Mary lhe deu uma cotovelada e eu ri.

— Que é? Eu sou homem, Maria.

Mary revirou os olhos quando Jeff riu passando por nós para me dar um beijo na bochecha dizendo.

— Vou falar com os meninos.

Ele se afastou de nós. O único motivo para aguentar a inutilidade do Jeff, é por conhecermos ele desde crianças.

— E ai, Suzana?

Ouvi uma voz conhecida quando abri meu armário e levei um esbarrão em minhas costas. Me virei para trás para ver Luke Hemmings e sua turminha que me perseguia todas as manhãs, o por que disso? Nunca soube.

 Voltei da escola a tarde com Mary que me acompanhara para ver Tyler, seu interesse amoroso desde a infância quando ela vinha a minha casa. Ele não estaria em casa mesmo. Ela não sabia de nada que estava acontecendo, e eu nem pensava em contar algo para ela ou Jeff. Me despedi dizendo: "IIh Mary, o carro da minha mãe não está, então provavelmtente Tyler saiu com o carro, ele está empolgado para dirigir." E entrei em casa gritando.

— Mãe?

— Tyler!

— Vovó.

— VOVÓ!

— Aqui, querida.

Subi as escadas correndo e indo até onde ela me chamava. Abri a porta do quarto de Charlie vendo minha avó arrumando os carrinhos na estante do quarto azul e bem arrumado de Charlie. Ele tinha mapas de onde ele queria visitar na parede. Tinham carros por todos os lados, e três bolas diferentes de futebol americano dadas por Tyler.

— Onde estão todos?

Ela segurou o espanador na mão se virando para mim com seus cabelos quase brancos.

— Eles levaram Charlie para sua primeira quimioterapia. Oh Deus, estou tão preocupada.

— Mas, mamãe me disse que avisaria quando fosse a primeira quimioterapia dele. Ela disse que me levaria.

Minha avó se aproximou colocando suas mãos em meus ombros. Eu não sabia que eles haviam ido, achei que ela me buscaria na escola como havia me prometido.

— Todos estamos tão preocupados quanto você querida. Venha. Vamos tomar um chocolate quente.

O tempo tinha passado. Eu estava com meus cadernos espalhados sobre a mesa da cozinha. A noite já tinha caído quando o som do carro da minha mãe parando ecoou até a cozinha. A porta bateu e Charlie apareceu correndo na cozinha com os cabelos bagunçados e um sanduíche do McDonalds na mão. Ele puxou uma cadeira na minha frente e se sentou sorrindo.

— A mamãe trouxe um lanche pra você também. E olha o que ganhei.

Charlie colocou sobre a mesa um gibi.

— Agora vou colecionar gibis.

Ele sorriu mais mordendo seu saboroso lanche.

— Charlie, querido!

Minha avó sorriu abrindo os braços entrando pela porta dos fundos, já que estava cuidando de sua pequena horta á mais de uma hora. Charlie pulou da cadeira largando o lanche sobre a mesa e a abraçando também. 

— Eu já disse que não, Tyler!

Minha mãe entrava em casa colocando a mochila de Charlie e sua bolsa sobre o sofá enquanto Tyler a seguia reclamando de algo.

— Eu vou precisar de você semana que vem.

— E por que a Suzana não pode ir?

Tyler ainda reclamava enquanto ela não parava de mexer em suas coisas.

— Porque eu quero que VOCÊ vá, Tyler.

— Mas você tem a vovó.

— TYLER! - Minha mãe se virou respirando fundo e passando as mãos sobre o rosto. - Tyler, eu já disse que vou precisar de você. E você sabe que vou precisar de toda a ajuda o possível. Então por favor, não insista!

Jane - minha mãe, o deixou ali sozinho no meio da sala, ela caminhou pelo corredor e passando a mão em meu cabelo.

— Oi minha querida.

Eu não estava com raiva dela.

— Oi mamãe.

Mas ela não parou indo direto para a cozinha.

— Ninguém merece!

Tyler esbravejava sozinho na sala quando me sentei ao seu lado no sofá.

— O que foi?

Ele bateu as mãos fechadas no sofá.

— Eu preciso tirar a carta para finalmente poder dirigir.

— Então vai.

Liguei a Tv em alguma coisa qualquer.

— Não é simples assim! Ela precisa ir comigo, mas por causa de tudo isso que está acontecendo a Jane nem olha para nós. Você já percebeu isso?

— Não é assim, Ty.

Tentei acalmá-lo, mas piorei a situação. Ele se levantou do sofá esbravejando e balançando os braços conforme falava.

— Como não, Suzana? Como não? Você sabia que faz três jogos meus que ela não vai assistir, e nem você também porque ela não conta pra vocês. Já faz uma semana que estou pedindo que ela me leve para tirar a carteira, e nada! Nada, Suzi! Ela só pensa no Charlie agora. Eu sei, eu sei o que está acontecendo e também estou preocupado, mas ela tem outros filhos. E você acredita que ela ainda não contou pro papai e com certeza ela vai esperar o dinheiro acabar, porque nós não temos dinheiro o bastante pra pagar esse tratamento do Charlie, e só então ela vai contar para o papai por telefone ainda por cima. Eu não entendo o que ela faz. Eu não entendo como ela pensa e o que ela pensa que vai ser melhor para nós, porque nada está sendo melhor!

— Eu sinto muito, Tyler.

Tyler balançou a cabeça bufando e se jogando no sofá de novo ao meu lado.

— Pelo menos você me escuta!

Ele encostou a cabeça em meu ombro nervoso, e só então eu percebi que a situação estava realmente ruim, pois eu e Tyler nunca fomos próximos e agora estávamos, não sabia se isso era bom ou ruim, mas acho que ele precisava de ajuda, talvez até mais que Charlie.


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