Hopeless escrita por vivian darkbloom


Capítulo 8
Capítulo VII - Nem Tudo é o Que Parece.


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal, tudo bem?
Novamente, eu agradeço por todo o carinho de vocês, eu sempre fico muito empolgada lendo os comentários (embora, eu sei, eu demore para responder, mas as coisas andam corridas aqui).
Para vocês terem noção da falta de tempo, eu ando escrevendo esse capítulo desde sexta kkkkk, então espero que gostem, ele é um pouco morno, mas tem Armada de Dumbledore e, principalmente, várias informações importantes para os personagens em questão.
Além de tudo, queria aproveitar para dizer que EU FIZ UM TRAILER PARA A FANFIC (aaaa, isso mesmo ♥ ) quem quiser ver, aqui o link: https://www.youtube.com/watch?v=JKoSpETEFRY&t=14s

O próximo capítulo saíra agora, só no final de semana. Porém, pretendo postar o conto do Aron entre quarta e quinta (e se tudo correr como planejado, o do Sirius na sexta).

Enfim, vou começar a responder os últimos comentários entre hoje e amanhã, nos intervalos da feira de ciências que eu estou participando. Boa leitura!



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Charles N. Fimmel.

O sentimento de euforia ainda estava permeando cada aluno de Hogwarts, desde o último jogo de Quadribol. Eles haviam passado o final de semana em suas Salas Comunais, comemorando ou se lamentando o ocorrido e alguns imaginando o que viria em seguida. As apostas já estavam começando a ser feitas e todos aguardavam ansiosamente os próximos times a se enfrentar.

Mas ninguém, em todo castelo, sentia maior deleite com toda a situação do que Charles Fimmel. Como capitão do time, ele havia dado tudo de si para vê-los ganhar e não houve maior satisfação do que pousar no campo após Draco pegar o pomo e ter todos os seus colegas lhe parabenizando. Era como estar flutuando e ele realmente precisava sentir algo tão bom assim, devido as últimas semanas exaustivas que havia tido.

Assim, quando acordou na segunda-feira, sentia-se tão bem que nem sequer lamentou que o fim de semana já havia passado e as aulas voltaram a regularidade. Na verdade, ele se levantou bastante animado, junto com os outros garotos de sua casa e começou a se arrumar para o dia que viria.

Draco, já tendo esquecido a quase discussão que tiveram no jogo, estava ao seu lado, reclamando de mais uma (das inúmeras) briga que tivera com Pansy.

— Eu simplesmente não entendo o que ela quer, cara, de verdade. — Disse, terminando de ajeitar sua grava. Os alunos da Sonserina sempre foram conhecidos, entre diversas outras coisas, por seu extremo cuidado com a aparência. — Quero dizer, não é como se a gente tivesse algo sério, ela nem é realmente minha namorada.

— Você deveria dizer isso a ela, porque todo mundo acha que é. — Respondeu, embora estivesse mais concentrado em arrumar seu cabelo em um dos espelhos espalhados pelo quarto. O Malfoy fez uma careta, antecipadamente nervoso.

— Ela vai me matar se eu disser isso.... — Sua mente foi em mil maneiras distintas pelas quais a Parkinson poderia colocar fim a sua vida, algumas bem criativas. — E eu tenho a suspeita que a Áquila ajuda.

Charles riu, conhecia o garoto há anos e, em diversos momentos, duvidava seriamente da inteligência dele para situações como aquela.

— Provavelmente, mas ninguém mandou você namorar uma das amigas dela e ainda magoar a mesma. — Explicou, pegando todos os livros que seriam necessários no dia e os colocando dentro de sua mochila.

— Ela namora um dos meus amigos e eu não a mataria por isso.

— É diferente, Draco. — Novamente, um idiota às vezes.

— Não é não. — Charles o ignorou, saindo do dormitório enquanto o mesmo o seguia, resmungando atrás. — E ela não é minha namorada.

— Se você diz... — Ambos foram interrompidos ao terminarem de descer as escadas, onde diversos alunos se acotovelavam para ler um grande aviso, pregado a uma das paredes. Eles se aproximaram devagar, ficando um pouco atrás de Jonathan e Søren, que já haviam acordado bem antes deles. — O que é isso?

— Umbridge com suas ideias idiotas de novo. — Explicou Jonathan, se afastando para que ele pudesse ler o papel.

“POR ORDEM DA ALTA INQUISIDORA DE HOGWARTS.

Todas as organizações, sociedades, times, grupos e clubes estudantis estão doravante dissolvidos.

Uma organização, sociedade, time, grupo ou clube é aqui definido como uma reunião regular de três ou mais estudantes.

A permissão para reorganizá-los deve ser solicitada à Alta Inquisidora (Profª Umbridge).

Nenhuma organização, sociedade, nenhum time, grupo ou clube estudantil poderá existir sem o conhecimento e aprovação da Alta Inquisidora.

O estudante que tiver organizado ou pertencer a uma organização, sociedade, time, grupo ou clube não aprovados pela Alta Inquisidora será expulso.

O acima disposto está em conformidade com o Decreto de Educação Número Vinte e Quatro.

Assinado: Dolores Joana Umbridge,

Alta Inquisidora.”

— Idiotice, não? — Disse uma voz muito bem conhecida as suas costas e ele se virou para Áquila, que fuzilava o papel com o olhar. Porém, ele continuava achando a sua expressão de indignação adorável. — Eu sinceramente me pergunto se ela não tem mais nada para fazer, do que ficar criando esses Decretos.

— Provavelmente não. — Respondeu, passando o braço ao redor da cintura dela e os afastando do resto dos alunos que debatiam sobre o aviso. Eles foram em direção aos amigos, sentados em um canto e parecendo tão aborrecidos quanto a loira. — Bem, isso significa que temos que pedir permissão para continuar com o time.

— Por que você não pede para ela? — Jonathan questionou, olhando para Áquila. — Ela parece adorar você e o Draco.

— Na verdade, ela adora meu pai, tem algum tipo de devoção grande demais por ele. — Explicou, revirando os olhos, irritada. Um defeito muito aparente da mesma era o ciúmes que sentia das pessoas ao seu redor e Lucius não era uma exceção. — De qualquer forma, eu vou na sala dela mais tarde.

— Bem, acho que isso garante a permissão para a Sonserina. — Draco comentou, já novamente animado. — Espero que a sangue-ruim da Johnson demore séculos para conseguir a permissão da Grifinória.

Charles se manteve quieto diante da fala do mesmo. Acreditava, como Lucius havia lhe ensinado, que os sangues-puros eram realmente mais importantes e mereciam mais respeito que os nascidos-trouxas, embora não concordasse que trata-los com violência ou priva-los de usar magia, fosse algo correto.

—  E eu estou morrendo de fome, vamos para o café? — Jonathan perguntou, ignorando Draco.

— Por favor, sim. — Lyra disse, parecendo mais animada com a ideia e entrelaçando seu braço no do primo, que continua a resmungar algo, o acompanhando para fora da sala, junto com os outros. Charles ficou com Áquila um pouco mais para trás, depositando um suave beijo em seus lábios.

— Bom dia, aliás. — Disse, colocando uma pequena mecha do cabelo dela atrás da orelha, enquanto ela sorria.

— Bom dia. — Respondeu, acompanhando-o com passos lentos pelo corredor, mais à frente o pessoal ria de alguma piada.

— Dormiu bem? — Questionou, sabendo que a mesma sempre tivera séria dificuldade para pegar no sono e, muitas vezes, ficava acordada noites inteiras enterrada em algum livro ou apenas sentada na sala comunal, diante da lareira.

— Por incrível que pareça, sim. — Ela suspirou, aliviada. — E você?

— Relativamente bem, seria melhor se você estivesse junto. — Brincou, puxando-a para mais perto de si, fazendo-a rir e corar um pouco.

— Sinto em desaponta-lo, sr. Fimmel. — Disse, enquanto começavam a subir diversos lances de escadas.

— Bem, acho que podemos resolver isso nas masmorras, depois da aula de feitiços, o que acha? — Perguntou, se abaixando o suficiente para que pudesse sussurrar essas palavras em seu ouvido, fazendo com que a garota se arrepiasse um pouco.

— Acho uma ideia maravilhosa. — Um pequeno e discreto sorriso formou-se em seus lábios, enquanto eles acompanhavam os amigos até a mesa da Sonserina. Ele não podia deixar de notar o quão linda ela ficava quando o olhava dessa forma.

Eles se sentaram ao centro da mesa, com alguns alunos ao redor. Lyra estava na frente deles e Charles observou que os amigos pareciam entretidos demais em outras conversas para notar quando Áquila esticou o braço, pegando a mão da jovem.

— Você está melhor hoje? — Perguntou. Desde a festa a Lestrange parecia meio instável, tendo explicado somente para a prima o motivo de seu choro abrupto.

— Um pouco. — Respondeu, parecendo um tanto envergonhada. Eles haviam levado longos minutos para acalmar Draco naquela noite, que parecia decidido a realmente bater em Zabini.

— Se você precisar que eu converse com alguém que esteja te chateando, pode me falar. — Ele ofereceu, como uma forma de ajudar. Ele e Lyra se conheciam desde a infância, tendo se tornado amigos através dos Malfoy, de certa maneira, ela era alguém muito especial em sua vida.

— Obrigada, Charles, mas está tudo bem em relação a isso. — Ela sorriu, agradecida. — Eu só queria falar um pouco com você, Áq, antes de irmos para aula.

— Claro. — Áquila concordou rapidamente, mal tocando no café da manhã, elas se levantaram juntas e a loira virou-se para beija-lo discretamente. — Eu te vejo na aula.

— Tudo bem.

— E Charles — ela chamou, antes de se afastar com Lyra. — Responda a carta de sua mãe, já faz mais de uma semana.

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, a jovem se virou e saiu com a prima, deixando-o surpreso para trás.

Sua mãe, Elia, havia lhe escrito já havia um tempo sobre os diversos problemas que estava passando em casa, com o marido. Ela sempre tentava evitar colocar o filho no meio disso tudo, mas ele era uma das poucas pessoas, além de Narcissa, cujo qual ela poderia conversar sobre esses assuntos.

Ele suspirou, afastando o prato com torradas e puxando um pergaminho da bolsa, colocando-o sobre a mesa. Queria escrever qualquer palavra de conforto e dizer a ela que ficaria tudo bem, mas seria mentira. O casamento de seus pais já estava condenado a muito tempo e apenas ambos pareciam não ver. As traições de Anthony eram cada dia mais constantes e as brigas também. Mas Elia estava tão desesperada para ser amada, que parecia simplesmente se negar a sair de tal situação.

E no meio de toda essa confusão, estava Charles. Tentando fazê-la sentir bem, ao mesmo tempo que seu maior desejo era seu pai se afastasse de ambos. É claro que ele entendia como Elia ainda se mantinha nesse casamento, afinal o marido era um homem extremamente manipulador e tinha lá seus momentos bons, onde parecia mover o mundo pela mesma, além de ser um ótimo padrinho e um amigo importante para os Malfoy.

Contudo, se na maioria dos dias Anthony não era um marido aceitável, como pai ele era pior ainda, com seu temperamento inconstante e eterna insatisfação com tudo que o filho fazia, sendo poucas às vezes que estava realmente presente e se tornando o perfeito exemplo do que o garoto jamais iria querer ser.

Em alguns momentos, Charles tinha a impressão que havia sido mais criado por Lucius e Narcissa, do que pelos próprios pais. Às vezes, ele desejava que Lucius fosse realmente seu pai.

Merlin, às vezes as coisas eram complicadas demais, pensou, soltando um suspiro e começando a carta. No fundo, ele só queria que Elia acreditasse que tudo ficaria bem, um dia.

 

Aron Zhyra.

 

A derrota possuía um gosto amargo, difícil de engolir e ainda mais complicado para digerir. Quando sofremos algo do tipo, a primeira ação que temos é pensar que não somos capazes, que não conseguiremos vitória novamente e que estamos fadados um eterno fracasso.

Ainda bem que, para todos os parâmetros, Aron Zhyra tinha uma mente difícil de ser manipulada por tais pensamentos e um desejo de vingança muito superior a qualquer outro sentimento de fracasso. Ele sabia que antes de qualquer sucesso, é preciso aprender a lidar com a decepção de se errar.

Portanto, perder o jogo para o time da Sonserina havia sido difícil, mas ele sabia que de forma alguma, isso significava o fim do campeonato para a Corvinal. E sua casa parecia concordar com isso. Embora estivessem decepcionados com o resultado, em momento algum expuseram isso ou fizeram qualquer integrante do time se sentir mal.

Assim, era de cabeça erguida que ele atravessava os corredores, em direção a aula de História da Magia. Alguns alunos passavam, provocando-o, mas a maioria o estava apoiando e dando palavras de incentivo. Havia já começado a treinar o time novamente, para os próximos jogos. Não aceitaria mais uma derrota.

Andava um tanto distraído, quase esbarrando em Luna, ao passar.

— Ei, Luna, me desculpa. — Pediu, sorrindo educado para ela.

— Oi, Aron — ela cumprimentou, com a voz doce que possuía, sempre muito polida e gentil. — Tudo bem? Está melhor do jogo?

— Tudo sim e definitivamente melhor, acho que o time pode fazer muito mais nos próximos. — Sorriu para ela, a garota era uma companhia constante, a sua maneira, na vida dele, sempre lhe contando alguma descoberta nova ou lhe ensinando algo que aprendeu com o pai durante as férias. — E com você, tudo bem?

— Uhun, há poucos zonzóbulos no ar hoje, acho que o dia vai ser bom! — Exclamou, parecendo animada e o fazendo rir. Ela carregava seus óculos enfeitados no topo da cabeça, em um emaranhado de cabelos loiros.

— Claro, provavelmente você está certa.

— Aliás, eu vi que você se atrasou para o café da manhã, então te guardei um pudim. — Disse, pegando um pequeno potinho na bolsa, era transparente e dava para ver alguns pedaços de pudim de chocolate lá dentro. Era adorável como, embora tivesse poucos amigos, ela se preocupava com cada um deles de maneira singular.

— Obrigada Luna, de verdade! — Aron se sentiu mais animado do que havia estado durante o final de semana inteiro, enquanto rapidamente aceitava o bom gesto da jovem.

— E aí, seus desajustados! — Os dois se viraram para ver Rionach vindo em suas direções, com seu sorriso brincalhão. Seus longos cabelos escuros balançavam conforme ela andava de maneira rápida. Era a única pessoa que conseguia chama-los de qualquer coisa, sem parecer um xingamento de verdade.

A garota se aproximou, jogando o braço ao redor do ombro dele e se pendurando de leve.

— Oi, Nach. — Luna cumprimentou, sorridente. As duas tinham uma amizade singular, visto que a jovem grifinória sempre a defendia daqueles que ousavam implicar com seu jeito... peculiar.

— Oi, Luna. — Piscou para a garota, antes de virar-se agitada para Aron. — Você está oficialmente convidado para a reunião dessa noite.

— Reunião? Que reunião? — Perguntou, confuso, enquanto terminava de comer seu pudim.

— A reunião do Harry, óbvio! — Luna respondeu, já sabendo que Rionach planejava chama-lo. Ele não havia ido no encontro que Hermione convocou em Hogsmead devido a um terrível resfriado, que só foi melhorar a noite, e acabou por preferir ficar descansando na escola.

— Ele tinha comentado mesmo. — Lembrou-se que o amigo havia passado quase uma manhã inteira reclamando da péssima ideia da Granger e como isso daria terrivelmente errado. — Mas não lembrava que era hoje.

— É sim, ele pediu para gente ir de três em três até uma passagem em um dos corredores, pensei em irmos juntos — ela gesticulou com a mão, abrangendo ele, Luna e si mesma — depois do jantar.

— Ótima ideia, eu realmente acho que o Harry vai conseguir ensinar coisas bem legais para gente, embora nem ele tenha essa noção ainda. — Comentou, andando com as meninas pelo corredor. O Potter costumava ser bem teimoso às vezes e seu humor andava pior que o normal naquele ano.

— Ele enfrentou Você-Sabe-Quem, não é? Então acho que ele realmente tem algo de inteligente dentro de si. — Rionach disse, brincando. — Falando em algo de bom, onde você estava no sábado, depois de Hogsmead? Ainda doente? Eu e Natalie procuramos você em todo local para uma partida de Snap Explosivo e você só apareceu na segunda-feira.

— Ah... — Aron ficou sem graça quase que instantaneamente, lembrando da semana retrasada, já havia tanto tempo que não imaginou que, justo agora, Rionach lembraria. — Estava no dormitório, estudando.

— Estudando? — Questionou, não muito convencida.

— É, exatamente isso. — Repetiu, lutando para não corar.

— Sei... — No fundo, o Zhyra sabia que ela não ia deixar isso para lá, pois não havia acreditado em sequer uma palavra que ele disse.

— Falando em se divertir, o Hallowen está chegando, não? — Perguntou, desesperado para mudar de assunto.

— A escola sempre fica linda nessa época. — Luna comentou, já encantada de imaginar toda a decoração que os professores iriam planejar para aquele ano. Era realmente espetacular e as comidas eram divinas.

— E é bem perto do seu aniversário, a gente pode fazer alguma coisa depois do banquete para comemorar, o que você acha? — Rionach sempre tinha as melhores ideias do mundo e fazia o possível para que o amigo não se sentisse sozinho nessa data, já que o mesmo havia passado todos os anos desejando que a mãe pudesse estar ali, para comemorar consigo.

— Acho incrível, Nach. — Disse, verdadeiramente agradecido. Seria muito bom passar na companhia das pessoas que amava. — O banquete já vai ser maravilhoso, uma festinha depois vai ser melhor ainda.

— Nós poderíamos ir fantasiados no dia, não? — A Lovegood sugeriu, embora pelo seu tom nenhum dos dois soubesse se ela estava falando sério ou não. Quando se tratava de Luna, sempre havia a dúvida.

— Se você me arrumar algo assustador o suficiente, eu vou. — Rionach respondeu, brincando. — Mas para a infelicidade de vocês, eu tenho aula de Trato das Criaturas agora, então até de noite.

— Até! — Eles responderam, acenando para ela, enquanto a mesma se afastava em direção aos jardins.

Aron seguiu com Luna em silêncio, aproveitando a brisa suave que se infiltrava pelos corredores, enquanto desciam os lances de escadas. Essa era a desvantagem da torre da Corvinal ser tão alta, qualquer sala de aula era distante demais.

Enquanto passavam por uma das janelas, ele parou, observando um curioso animal percorrendo a orla da floresta, parecendo intrigado com os alunos.

— Testrálios, são incríveis, não é? — Luna perguntou, parando seu lado também e os observando, curiosa.

— Sim, eles são... — Ele não queria demonstrar, mas não concordava com ela. Na verdade, sentia-se péssimo cada vez que imagina o porquê conseguia vê-los e se lembrava da tragédia que havia feito sua mãe ser internada.

No fundo, Aron estava acostumado a ser visto como uma pessoa boa, um colega amigável e até mesmo um dos alunos mais aplicados. A verdade é que as pessoas não gostariam tanto assim de saber sobre seu passado. E isso lhe corroía, porque segredos, por mais antigos que sejam, uma hora sempre vêm à tona e ninguém pode prever as catástrofes disso.

Ele seguiu o caminho, ainda atordoado pela avalanche de pensamentos que se apoderou de si. Sabia que logo deveria escrever para a mãe, mesmo sem saber se ela leria as cartas ou sequer entenderia seu conteúdo. Mas precisava. Porque em alguns dias, somente lembra-la de que não estava sozinha era o que amenizava sua culpa.

— Vem, Aron, a aula vai começar. — Luna chamou, o puxando pela mão. E ele foi, com a sensação de que ela, e a maioria das pessoas ao seu redor, era muito pura para conviver com o sentimento que escurecia seu interior.

Violet Dursley.

Hogwarts escondia inúmeros segredos, que apenas os mais hábeis alunos conseguiam descobrir. Com um castelo daquela magnitude, era inevitável que a magia se espalhasse se e se manifestasse de maneiras... curiosas. Alguns tinham a sorte de, na calada da noite, em alguma escapada furtiva, encontrar a sala ideal para se esconder do zelador. Outros, infelizmente, acabavam tropeçando em algum degrau em falso, corredores sem saídas ou quadros que assustavam os que passavam por eles.

De certa maneira, a Sala Precisa era uma dessas particularidades do lugar. E, naquele dia, ajudava a salvar inúmeros alunos de serem pegos pela pior professora do corpo docente, Dolores Umbridge. Em grupos de três pessoas, eles se direcionavam para uma das tapeçarias do terceiro corredor, fingindo andar a esmo por ela, até que a mesma se revelasse em uma pequena abertura, cujo qual levava a uma enorme sala, totalmente equipada para que praticassem os mais diversos feitiços.

Violet Dursley era um desses alunos, passando tranquilamente pelos corredores, sempre garantindo que não havia ninguém por perto ou a seguindo, para que pudesse chegar até o destino combinado. Quando a porta finalmente se revelou, entrou timidamente, perguntando a si mesma se realmente deveria estar ali ou se era correto o que faziam.

— Que bom que você veio. — Lyanna Black a cumprimentou, amigável, assim que a viu, ainda na entrada. — Vem, as outras meninas já estão aqui também.

Ela puxou sua mão, levando-a até o grupo em que Selina, Naomi, Sophie e as Granger estavam. Hermione estava concentrada lendo um livro de feitiços, enquanto o resto conversava baixinho.

— Oi, pessoal. — Cumprimentou, já mais relaxada. Havia se reunido a elas várias vezes para estudar, desde que as aulas começaram e considerava a maioria ali, como colegas realmente próximas, principalmente Lyanna e Sophie, que sempre a faziam tentar se enturmar mais.

Ela já não se sentia mais tão sozinha, embora fosse estranho não andar mais Harry ou conviver diariamente de maneira próxima a ele. Pelo canto do olho, ela o procurou em meio a tantos alunos que chegavam e o encontrou conversando com Rony, parecendo estar ansioso.

— É incrível, não é? Parece que Hogwarts quer nos ajudar. — Selina comentou, ainda olhando espantada ao redor. Estava acostumada a crescer em um ambiente trouxa, então qualquer manifestação mais grandiosa de magia ainda a deixava maravilhada, como Violet.

— Eu tenho certeza que quer. — Comentou, sorrindo. — Dumbledore sempre diz isso, não é? Que a escola estará aqui para aqueles que a procurarem, acho que ele estava falando literalmente.

— Provavelmente, sim, o que é lindo. — Sophie concordou, parecendo particularmente interessada na prateleira enorme de livros que se fazia presente lá.

— Felizmente pouca gente sabe desse lugar. — Lyanna comentou. — O que pode ser incrivelmente útil.

— Sim, dificilmente vão descobrir das reuniões. — Natalie disse.

— Eu não estava falando somente para as reuniões, mas tudo bem. — Respondeu, fazendo-as rirem e, Violet notou, Hermione corar profundamente por trás da capa do livro.

— Acho que já deu o horário. — A mesma comentou, levantando-se e indo avisar Harry que, rapidamente, trancou a porta da sala, fazendo todos se manterem em silêncio.

— Bem — ele começou e Violet queria lhe dizer que iria ficar tudo bem, que ele não precisava estar tão nervoso, mas não podia. — Essa foi a sala que encontramos para as aulas práticas e vocês... hmmm... obviamente a acharam boa.

— É fantástica. — Cho Chang disse, fazendo várias pessoas concordarem.

— É estranho — Fred comentou, parecendo confuso. — Uma vez nos escondemos aqui, lembra Jorge? Mas era só um armário de vassouras.

 — Eu e Natalie também. — Lyanna comentou, porém mais animada que confusa. — Para gente, era uma sala com diversos pergaminhos e tintas, acho que era porque eu precisava realmente escrever uma carta naquele dia.

— Ei, Harry, que é isso? — perguntou Dino do fundo da sala, indicando os Bisbilhoscópios e o Espelho-de-Inimigos.

— Detectores de bruxaria das trevas — disse Harry passando entre as almofadas para se aproximar. Ele passou ao lado de Violet, demorando um pouco o olhar sobre ela. — Basicamente eles mostram quando bruxos das trevas ou inimigos estão por perto, mas você não pode confiar neles totalmente porque podem ser enganados... Bom, estive pensando no tipo de coisa que devíamos fazer primeiro e... hum... — Ele reparou que havia uma mão erguida. — Que foi, Hermione?

— Acho que devemos eleger um líder — disse ela.

 – Harry é o líder – disse Cho, olhando para Hermione como se ela tivesse enlouquecido. Até mesmo a Dursley ficou surpresa.

— É, mas acho que devíamos votar isso como deve ser — respondeu Hermione sem se perturbar. — Torna a coisa formal e dá a ele autoridade. Então: todos acham que Harry deve ser o nosso líder?

Todos ergueram as mãos, Violet com certo entusiasmo e sorrindo para ele. Para sua surpresa e contentamento, Harry retribuiu.

— Hum... certo, obrigado — disse Harry, parecendo corado. — E... que foi Hermione?

— Acho também que devemos ter um nome — disse ela, animada, a mão ainda no ar. — Incentivaria o espírito de equipe e a união, que é que vocês acham?

— Será que podemos ser a Liga Anti-Umbridge? — perguntou Angelina, esperançosa.

— Ou o Grupo Ministério da Magia Só Tem Retardados? — sugeriu Fred.

— Eu estive pensando — disse Hermione franzindo a testa para Fred – mais em um nome que não anunciasse a todo o mundo o que pretendemos fazer, de modo que a gente possa se referir ao grupo fora das reuniões sem correr perigo.

— A Associação de Defesa? — arriscou Cho. — A AD, para que ninguém saiba do que estamos falando?

— É, a AD é bom – concordou Gina. — Só que devia significar a Armada de Dumbledore, porque o maior medo do Ministério é uma força armada de Dumbledore.

Ouviram-se vários murmúrios de agrado e gargalhadas à sugestão.

— Todos a favor da AD? — perguntou Hermione com um ar autoritário, ajoelhando—se na almofada para contar. — Há uma maioria a favor... moção aprovada!

Ela prendeu o pergaminho com as assinaturas de todos na parede e escreveu em cima, em letras garrafais:

  Armada de Dumbledore.

— Certo — disse Harry, quando voltou a se sentar —, vamos começar a praticar então? Eu estive pensando, devíamos começar pelo Expelliarmus, sabem, o Feitiço para Desarmar. Sei que é bem básico, mas eu o achei realmente útil...

— Ah, corta essa — disse Zacarias, virando os olhos para o alto e cruzando os braços. — Não acho que o Expelliarmus vá nos ajudar a enfrentar Você-Sabe-Quem, vocês acham?

— Usei-o contra ele — disse Harry calmamente. — Salvou minha vida em junho.

Zacarias boquiabriu-se feito bobo. O resto da sala ficou muito silenciosa. Violet ficou muito orgulhosa de seu primo, ele realmente estava aprendendo a se defender da implicância idiota do Smith.

— Mas, se você acha que não está à sua altura, pode se retirar.

O garoto não se mexeu. Nem os demais.

— O.k. Acho que todos deviam se dividir em pares para praticar.

Violet se virou meio perdida para o lado, mas antes que pudesse imaginar em acabar ficando sozinha, Sophie puxou sua mão.

— Vem, faz par comigo. — Pediu, sorrindo para ela.

— Claro. — Respondeu, se posicionando. Olhou ao redor rapidamente, vendo que as Granger praticavam juntas, enquanto Lyanna e Selina riam, lançando os feitiços. — No três?

— No três. Você primeiro. — Violet ergueu a varinha, enquanto a menina contava. — Um, dos, três...

— Expelliarmus! — A varinha de Sophie rapidamente voou de sua mão, indo parar do outro lado da sala.

— Muito bem! — Ela comentou, animada, enquanto a jovem a convocava e entregava na sua mão.

— Obrigada. — Sorriu, tímida. — Sua vez agora... um, dois três...

— Expelliarmus! — Violet tentou agarrar a varinha, mas ela saiu de sua mão e foi parar em cima de uma pilha de livros, em um dos cantos.

— Parabéns. — Elogiou, enquanto a mesma convocava sua varinha de volta. Ambas praticaram por um bom tempo, sendo atrapalhadas vez ou outra por Lyanna e Natalie, que ficavam fazendo pequenas graças.

Ao olhar ao redor, Violet viu que a ideia de Harry era realmente boa, porque nem todos os seus colegas conseguiam praticar o feitiço tão bem assim. Ele, agora, se dividia em andar pela sala, observando as diversas duplas e parando vez ou outra para corrigi-las (ou mandar os gêmeos Weasley pararem de atrapalhar os outros).

— Você está incrível. — Ele disse, passando do seu lado em um momento que ela desarmava Sophie.

— Obrigada, Harry, sua aula é realmente muito boa. — Elogiou, um pouco corada. Estava realmente orgulhosa dele.

— Obrigada, Vi... Olha, desculpa não ter conversado com você direito... — Começou, parecendo tão sem graça quanto ela.

— Tudo bem, eu entendo.

— Não, eu tenho sido meio babaca e...

— Harry, é sério. Tudo bem. — Algumas pessoas pareciam prestar atenção em ambos. — A gente pode conversar quando não tiver tanta gente ao redor, okay?

— Tudo bem, é melhor mesmo... — Concordou, dando um fraco sorriso em direção a ela, que prontamente retribuiu.

— Ótimo.

— Bem, continuem praticando. — Sugeriu, antes de dar as costas e voltar a andar pela sala.

— Seu primo é meio engraçado. — Sophie comentou, enquanto elas davam uma pequena pausa nos feitiços.

— Harry é.... complicado. — Violet respondeu, sendo que essa era a melhor definição que poderia dar sobre ele naquele momento.

Antes que pudessem responder, foram cortadas por um apito alto, que Harry fez soar por toda sala.

— Não foi nada mau, mas decididamente há margem para melhorar, vamos tentar outra vez.

Ele tornou a circular pela sala, enquanto algumas duplas trocavam. Agora, Lyanna era seu par e, vez ou outra, no lugar de fazer sua varinha voar, ela arrepiava seus cabelos ou fazia um feitiço de cócegas, que fazia Violet rir abertamente. Ela era realmente divertida.

— Tudo bem, sério agora. — Disse, encarando a Dursley. — Vamos ver quem consegue se desarmar primeiro.

— Expelliarmus! — Gritaram juntas, porém a Black foi mais rápida, fazendo sua varinha voar em direção ao teto e cair em cima de uma pilha de almofadas.

. — Você é realmente boa nisso. — Elogiou, enquanto recuperava a varinha.

— Obrigada, eu acho que é de família. — Respondeu, parecendo bastante orgulhosa com o elogio. Pela memória, Violet sabia que ela era filha de Sirius Black, padrinho de Harry e... bem, um criminoso, embora seu primo tivesse lhe contado há anos atrás que o mesmo era inocente. E, bem, ela realmente duvidava que Lya teria orgulho de sua família, caso não fossem realmente pessoas boas.

— Ei, Harry — elas ouviram Hermione o chamar, próxima as garotas. —, você viu que horas são?

Ele apitou; todos pararam de gritar “Expelliarmus!”, e o último par de varinhas bateu no chão.

— Bom, foi bastante bom — disse Harry —, mas passamos da hora, é melhor pararmos por aqui. Mesma hora, mesmo lugar, na semana que vem?

— Antes! – pediu Dino, ansioso, e muitos concordaram com a cabeça, inclusive Violet. Angelina, porém, apressou-se a dizer:

— A temporada de Quadribol já vai começar, as equipes também precisam treinar!

— Digamos, na próxima quarta à noite, então — sugeriu Harry —, aí podemos decidir se queremos mais reuniões. Vamos, é melhor ir andando.

Violet acompanhou Lyanna e o resto das garotas para fora da sala, em direção ao dormitório da Grifinória, sentindo-se realizada. Realmente, valia a pena lutar pelo o que se acredita. E ela sabia que eles não desistiriam tão fácil assim de resistir. Aquele era só o começo.

 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Gostaram?