Hopeless escrita por vivian darkbloom


Capítulo 3
Capítulo II - Desconforto.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoa, tudo bem?
Então, primeiramente, eu queria agradecer imensamente por todos os comentários, novas fichas e as centenas (literalmente!) de novas visualizações na fanfic! De verdade, obrigada. Eu vou responder cada um de vocês calmamente a partir de agora, então podem notar que sempre que aparecer que eu respondi vocês, ou eu já postei um capítulo ou irei postar no mesmo dia, é uma forma de notificação kk.

Em segundo lugar, eu queria dizer que a participação de vocês com comentários é extremamente importante para a permanecencia do personagem interativo e, infelizmente, notei que algumas pessoas comentaram só o prólogo. Sei como a vida por ser corrida, por isso não cobro muito, mas consequentemente aqueles que deixam de comentar acabam abrindo espaço para outros novos personagens. Enfim, como eu disse, não to cobrando nem nada, só explicando que, como uma fanfic interativa, eu preciso da ajuda de vocês também, espero que entendam.

Por fim, eu mudei a photoplayer da Áquila, o que vocês acharam? Eu to adorando a interatividade de alguns no tumblr, é muito bom ver que vocês realmente acompanham as postagens e os conteúdos inéditos que eu coloco somente naquela plataforma.
Aliás, esse capítulo ficou imenso, e tem interação de diversos personagens diferentes, cujos quais eu procurei aproximar. Espero que gostem, praticamente todos os interativos aparecem aqui, mesmo que brevemente.

Por fim, espero que gostem desse capítulo e boa-leitura!



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Søren D. Le Fay.

            A seleção para os jovens estudantes costumava ser aguardada com entusiasmo pela maioria dos alunos e professores, que esperavam ter novos talentos para suas casas favoritas. Isso é, cada uma daquelas crianças nervosas, que torciam as mãos e olhavam assustadas uns para os outros, era uma faísca de esperança e um desejo de superioridade que, mesmo sem assumir, cada casa possuía.

Contudo, nem todos estavam tão concentrados assim. A mesa da Sonserina, particularmente, estava em sussurros baixos, mais ocupados se comunicando entre si, do que dando atenção ao que eles consideravam pirralhos. Ainda não eram parte de sua casa, por tanto, não mereciam muita consideração no momento. Após um rápido desembarco, os diversos grupos existentes começaram a se formar e partir para dentro de carruagens e, posteriormente, do castelo, animados entre si, planejando as novas aulas.

Em uma ponta da mesa, estava um grupo que conversava consideravelmente alto, ou pelo menos o suficiente para atrair um olhar de repreensão de Severo Snape, entre eles estava Søren Le Fay. Assim que se sentaram, Draco havia derramado uma série de repreensões a irmã, que havia se atrasado para a reunião de monitores, ganhando várias rondas a mais em seu primeiro mês, como castigo. A mesma ouvirá pacientemente toda a bronca dele e, assim que ele concluiu, se limitou a um breve pedido de desculpas e um dar de ombros, deixando-o profundamente indignado e fazendo todos ali rirem de sua cara.

— Você é uma péssima influência para Aq. — O Malfoy agora exclamava, encarando o melhor amigo, Charles, com raiva. O mesmo apenas riu, enquanto a namorada revirava os olhos e apoiava a cabeça em seu ombro delicadamente.

— Sim, eu sou, obrigada pelo elogio. — O Fimmel respondeu, voltando a se concentrar na garota.

Søren não pode evitar reparar o quão bonita ela havia ficado nos últimos meses, com alguns centímetros mais alta e o sorriso cada vez mais brilhante e estonteante. Ele arriscou um olhar de canto em direção a ela, que parecia muito concentrada em um pedaço de pergaminho em suas mãos, cujo qual segurava firme, impedindo que outra pessoa tentasse ler. Havia um vinco em sua testa, alterando sua expressão normalmente tranquila.

Seus olhos cinzas se ergueram antes que pudesse desviar o olhar e ela sorriu para ele. Sempre educada, sempre bonita, sempre inalcançável. Ele sorriu de volta, não podendo evitar, antes de voltar sua concentração a conversa do grupo.

Infelizmente, a conversa sobre Quadribol, que parecia entreter a todos ali, não durou muito, visto que, finalmente, a porta principal do salão se abriu, fazendo com que Minerva entrasse, seguida de perto pelos alunos do primeiro ano. Não demorou até todos estarem posicionados e ela colocar o Chapéu Seletor no banquinho a frente deles. Toda a escola aguardava em silêncio, quando o rasgo no mesmo se abriu, e a música começou.

 Antigamente quando eu era novo
E Hogwarts apenas alvorecia
Os criadores de nossa nobre escola
Pensavam que jamais iriam se separar:
Unidos por um objetivo comum,
Acalentavam o mesmo desejo,
Ter a melhor escola de magia do mundo
E transmitir seus conhecimentos.
"Juntos construiremos e ensinaremos!"
Decidiram os quatro bons amigos
Jamais sonhando que chegasse um dia
Em que poderiam se separar,
Pois onde se encontrariam amigos iguais
A Salazar Slytherin e Godric Gryffindor?
A não ser em outro par semelhante
Como Helga Hufflepuff e Rowena Ravenclaw?
Então como pôde malograr a idéia
E toda essa amizade fraquejar?
Ora estive presente e posso narrar
Uma história triste e deplorável.
Disse Slytherin: "Ensinaremos só
Os da mais pura ancestralidade."
Disse Ravenclaw: "Esinaremos os
De inegável inteligência."
Disse Gryffindor: "Ensinaremos os
De nomes ilustres por grandes feitos."
Disse Hufflepuff: "Ensinarei todos,
E os tratarei com igualdade."
Diferenças que pouco pesaram
Quando no início vieram à luz,
Pois cada fundador ergueu para si
Uma casa em que podiam admitir
Apenas os que quisesse, por isso
Slytherin, aceitou apenas os bruxos
De puro-sangue e grande astúcia,
Que a ele pudessem vir a igualar,
E somente os de mente mais aguda
Tornaram-se alunos de Ravenclaw,
Enquanto os mais corajosos e ousados
Foram para o destemido Gryffindor.
A boa Hufflepuff recebeu os restantes
E lhes ensinou tudo que conhecia,
Assim as casas e idealizadores
Mantiveram amizade firme e fiel.
Hogwarts trabalhou em paz e harmonia
Durante vários anos felizes,
Mas então a discórdia se insinuou
Nutrida por nossas falhas e medos.
As casas que, como quatro pilares,
Tinham sustentado o nosso ideal,
Voltaram-se umas contra as outras e
Divididas buscaram dominar.
Por um momento pareceu que a escola
Em breve encontraria um triste fim,
Os duelos e lutas constantes
Em combates de amigo contra amigo
E finalmente chegou uma manhã
Em que o velho Slytherin se retirou
E embora a briga tivesse cessado
Deixou-nos todos muito abatidos.
E nunca desde que reduzidos
A três seus quatro fundadores
As Casas retomaram a união
Que de início pretenderam manter.
E agora o Chapéu Seletor aqui está
E todos vocês sabem para quê:
Eu divido vocês entre as casas
Pois esta é a minha razão de ser
Mas este ano farei mais do que escolher
Ouçam atentamente a minha canção:
Embora condenado a separá-los
Preocupa-me o erro de sempre assim agir
Preciso cumprir a obrigação, sei
Preciso quarteá-los a cada ano
Mas questiono se selecionar
Não poderá trazer o fim que receio.
Ah, conheço os perigos, os sinais
Mostra-nos a história que tudo lembra,
Pois nossa Hogwarts corre perigo
Que vem de inimigos externos, mortais
E precisamos nos unir em seu seio
Ou ruiremos de dentro para fora
Avisei a todos, preveni a todos...
Daremos agora início à seleção.

— Uau, ele foi além esse ano, né? — Lyra comentou, olhando meio espantada agora para o Chapéu, que havia voltado a se calar.

— Um bando de bobagem, como sempre. — Angus respondeu, revirando os olhos, com seu eterno ar de superioridade. Søren, entretanto, olhava para Jonathan, que parecia estar pensando a mesma coisa que ele. Era a forma de Hogwarts avisar seus alunos a como se protegerem.

Rapidamente, eles desviaram os olhares do bando de alunos ansiosos, voltando a conversar, para o desgosto de Snape, que parecia que a qualquer momento iria levantar e azarar o grupo todo. Não que eles se importassem, afinal, Sonserinos tinham um certo desprezo natural por algumas regras.

— Ouvi dizer que vamos ter uma professora nova esse ano, de Defesa Contra a Arte das Trevas — Disse Jonathan, ao lado de Áquila, observando a mesa dos professores e procurando quem seria ela. Encontrou uma mulher baixa, toda vestida de rosa, que lhe parecia extremamente familiar.

— É, meu pai comentou mesmo. Embora eu ache que deveríamos ter continuado com o Crounch. — Disse Charles, com um olhar sarcástico, que sempre irritava o Le Fay.

— Ela é do Ministério, não? — Perguntou Søren, quando Jonathan lhe apontou ela. — Acho que já a vi algumas vezes que fui para lá.

— Bem, quem sabe finalmente começam a colocar ordem nesse lugar, não é mesmo? — Draco disse com uma risada, apenas meio concentrado na conversa, buscando atrair o olhar de Pansy Parkinson, que agora sentava distante deles, após uma discussão de ambos.

Infelizmente, Søren não concordava com ele. Apesar dos pesares, gostava de como a escola era gerida por Dumbledore, duvidava muito que o Ministério (e ele conhecia bem como os políticos costumavam agir) pudesse melhorar alguma coisa por lá.

— Se você quer falar com ela, apenas levante e vá. — Disse Áquila, guardando o papel que lia na bolsa e seguindo o olhar do irmão, que encarou, assustado por ter sido flagrado no que, ele acreditava, não ser óbvio.

— Eu não quero falar com ela. — Negou, fazendo todos perto rirem. Søren observou Lyra Lestrange balançar a cabeça de leve. Draco era insuportavelmente teimoso.

— Claro que não... — Áquila respondeu ironicamente. — Mas se não for, uma hora ela vai se cansar de ficar esperando por você.

Draco permaneceu em silêncio, agora olhando para a irmã. Søren achava assustadora a forma como os dois eram parecidos e tinham o dom de se comunicar silenciosamente, como se entendessem os pensamentos um do outro. Era até algo a ser admirado. Após alguns segundos, o garoto suspirou, balançando a cabeça, como se concordasse com aquilo que a jovem tentava lhe passar.

— Então... — Começou Lyra, que já estava acostumada com esses momentos que os dois tinham, onde ninguém mais ao redor parecia existir ou ser digno de entender essa singela comunicação. — Quais NOMs vocês irão prestar?

Angus foi o primeiro a reagir a pergunta, soltando um leve gemido de decepção.

— Você tinha mesmo que lembrar desses exames? — Exclamou, olhando meio irritadiço para a seleção. Pelos aplausos, a Sonserina havia acabado de ganhar um aluno novo.

— Bem, além das obrigatórias, eu vou fazer Adivinhação e Aritmância.  — Respondeu Søren, mais educado que o colega, e sorrindo para Lyra.

— Eu também vou fazer Aritmância, junto com Runas Antigas e Trato das Criaturas Mágicas. — Disse Jonathan, fazendo com que a Lestrange suspirasse aliviada.

— Que bom que alguém vai fazer Trato das Criaturas Mágicas comigo. — Ela disse, feliz. — Achei que iria ser a única de nós, meu tio disse que é uma matéria meio inútil.

—  E é mesmo. — Áquila disse, com um sorriso, que fez a prima revirar os olhos para ela.

— Eu decidi fazer só Runas Antigas, as obrigatórias já são demais. — Angus disse, com uma risada debochada. Às vezes Søren queria entender como tudo parecia sempre uma piada para ele.

— Áq e eu vamos fazer as mesmas matérias. — Draco disse, parecendo orgulhoso. — Runas, Aritmância e Adivinhação.

— Dessas três, só não vou fazer Adivinhação. — Disse Charles. — A professora sempre foi uma charlatã, não sei porque vocês vão se dedicar a isso.

            — É até legal, se você vai mais pelos livros, do que pelo o que ela diz. — Disse Áquila, parecendo animada de falar sobre as matérias. — E eu espero que abra uma turma para Alquimia esse ano, seria realmente interessante. Mas de qualquer forma, quero pedir aulas particulares para o Snape.

— Você é doida. — Lyra disse, olhando abismada para ela. — Você tem noção da quantia de dever que vai ter? Boa sorte se quiser respirar ou se alimentar durante esse ano.

Ela deu de ombros, parecendo não se importar. Søren não podia negar que além da beleza, Áquila era uma garota extremamente inteligente. Parte dele, cujo qual tentou sufocar, ficava feliz que teria duas matérias com ela.

— Bem, segundo meu pai, se eu continuar com a maioria dessas matérias ano que vem, posso conseguir um ótimo cargo no Ministério quando sair da escola. — Quando ela disse isso, o garoto tentou imaginar qual carreira gostaria de seguir, se já não tivesse o que fazer após a escola. Se espantou ao perceber que nunca havia pensado nisso.

Por um instante, ele imaginou como seria ter planos que você mesmo poderia fazer. Ele nunca teve escolha sobre o que seguir, principalmente após a morte do pai. Já sabia que era seu dever gerenciar os negócios da família.

Infelizmente, a conversa ao seu redor lhe impediu de pensar mais afundo sobre isso.

— Ministério? Achei que quando se formasse ia se dedicar a vida de esposa exemplar e do lar, sra. Fimmel... — Angus disse, com uma voz debochada de riso, cujo qual fez a garota apenas revirar os olhos.

 — Eu posso ser uma esposa e, ainda sim, ter um ótimo cargo, Grant. Quem sabe Ministra um dia. Sou mais que capaz disso, muito obrigada. — Ele não ousou responder, embora o deboche não saísse de seu rosto. Pelo canto do olho, o garoto notou que Charles tinha sorrido com a fala da namorada.

— Vai ser um ano puxado para todo mundo, pelo visto. — Lyra comentou. Søren foi obrigado a concordar, mal haviam começado e ele já se sentia profundamente cansado, embora, é claro, fosse se esforçar para manter as notas extremamente altas.

Antes que qualquer um pudesse responder, eles foram calados pela voz de Dumbledore, que anunciava o início do banquete. Não havia percebido a fome que sentia até aquele momento, se direcionando a encher seu prato com diversas porções.

Era ótimo finalmente estar em Hogwarts.

Lyanna Andrômeda R. G. Black.

 

O banque era sempre muito bem apreciado pelos estudantes, que se serviam animados. Todos ali tinham que admirar com respeito o esforço dos elfos domésticos em preparar tais iguarias. Contudo, após maravilhosa refeição, foram atormentados com o discurso entediante de Dolores Umbridge. A mulher se estendeu por longos minutos e, quando finalmente se calou, todos pareciam meio sonolentos e muito dispostos a correrem para o dormitório em busca de suas confortáveis camas.

Lyanna Black, contudo, parecia muito disposta. Havia escutado cada palavra da mulher atentamente e, não podia evitar, a cada minuto que passava pegar mais raiva dela, sem nem ao menos ter tido sequer uma aula com a mesma. Ela era, em muitas questões, insuportável.

Sem esperar muito, ela disse ao seu grupo (que incluía as Granger e Rionach) que já voltaria e se enfiou entre o mar de estudantes que buscava sair para fora do salão. Essa era uma dificuldade de ter suas duas melhores amigas em outras casas, era quase uma guerra para chegar até elas.

Enquanto empurrava alguns e era empurrada por outros, sentiu alguém atrás de si segurando sua mão com um pouco de firmeza, se virou para ver Selina Campanella, uma lufana, que parecia aliviada em finalmente ter lhe encontrado.

— Lya! — Ela exclamou, lhe puxando para um breve abraço. — Senti sua falta essas férias.

— Eu também. — Sussurrou, com as mãos ao redor dela. Não era muito dada a afetividades, mas suas amigas, totalmente opostas de si, sempre foram, por isso não havia muito como resistir. — Já encontrou a Aq?

— Ainda não, acho que ela deve estar ajudando o pessoal mais novo da Sonserina. — Lyanna concordou com um aceno, e, ainda segurando sua mão, ambas se enfiaram novamente no meio dos alunos, buscando agora encontrar uma cabeça platinada perto da mesa verde e prata.

Não foi difícil, na verdade. Selina havia sido a primeira a lhe encontrar, apontando e acenando para ela. Áquila, junto com o irmão, tentava reunir os alunos do primeiro ano para que pudessem ir para o dormitório. Era claro que sua falta de paciência estava levando o melhor.

— Olhem aqui! Ou vocês se reúnem e seguem o Draco, ou vão ficar sem senha e terão que dormir nos corredores frios das masmorras, junto com o Barão Sangrento! — Ela berrou, fazendo todos se calarem e lhe olharem um pouco assustados. Lyanna riu, sentindo um pouco de dó deles. — Ótimo.

A garota parecia bem satisfeita de seu trabalho, enquanto deixava que Draco os guiasse e se virava para ver as amigas, que aguardavam um pouco distantes, para que ela terminasse seu dever.

Não demorou até Áquila estar se lançando nos braços das duas, apertando-as forte contra si. Haviam se visto pouco durante as férias, principalmente porque a mesma tinha raras permissões para sair sem o irmão lhe acompanhar, Selina era uma mestiça, não tinha sobrenome famoso, então os pais da Malfoy não a deixavam ir até a mansão e Lyanna não gostava muito de ir lá, principalmente pelos olhares tortos de Lucius, devido a ser filha de Sirius. Eles eram estupidamente rígidos, na opinião da Black, mas ela nunca ousou falar isso alto na presença de sua melhor amiga.

— Eu senti tanta falta de vocês. — Áquila disse, quando finalmente as soltou, embora permanecesse segurando suas mãos. — Nós precisamos fazer um piquenique nos jardins amanhã, depois das aulas! Eu tenho tanta coisa para contar!

Lyanna riu da empolgação da jovem, que, entre as três, era a mais agitada e sempre com uma ideia diferente de programa, mesmo que as opções fossem limitadas dentro do castelo.

— Eu não tenho a última aula, então acho que podemos... — Comentou, quando Selina concordou com a cabeça, afirmando que também não teria. Ela já sabia os horários da Sonserina, devido ao seu irmão Jason fazer parte daquela casa, então imaginou que seria razoável para as três.

— Combinado então. Mas preciso ir para o meu dormitório, ainda não sei a senha. — Selina disse, observando que haviam poucos alunos da lufa-lufa no salão. — Vejo vocês amanhã, acho que teremos algumas aulas juntas.

As garotas concordaram, se despedindo dela com um abraço. A mesma partiu sorridente. Se Lyanna era o espírito aventureiro da amizade e Áquila o lado racional, Selina seria definitivamente a parte amorosa e calma, que sempre unia as outras duas em qualquer discussão. Eram totalmente diferentes uma da outra, mas se completavam de forma singela e doce e, desde que se conheceram no primeiro ano, jamais haviam se separado ou tido alguma briga séria. Pelo menos, ainda não.

— Eu acho que a Sonserina vai fazer uma festa no dormitório nessa sexta, posso tentar te colocar lá. — Áquila comentou, com um sorriso ao lembrar que havia passado os dois últimos anos infiltrando a grifinória nessas festas particulares. Ela já era uma visão conhecida entre as cobras.

Infelizmente, a ideia não lhe pareceu tão atrativa, visto que tinha péssimas lembranças desde a última festa que foi.

— Hm, é... eu vou ver, se não tiver muitos deveres.... — Tentou desconversar, sem que a garota notasse. Se havia uma coisa que odiava nesse mundo, era mentir para a Malfoy. Seus olhos cinzas sempre interrogadores deixavam essa tarefa quase impossível.

Arriscou uma olhada no grupo de alunos atrás dela, entre eles o namorado de Áquila. Charles costumava ser seu melhor amigo, mas as coisas haviam mudado quase que radicalmente em uma pequena fração de tempo. Era incrível como as tudo desandavam tão rápido.

— Bem, se mudar de ideia me avise, eu realmente gostaria que você fosse. — A jovem disse, atraindo novamente sua atenção.

— É claro. — Tentou lhe passar confiança e verdade em suas palavras, mas sabia que falhava miseravelmente. Pensou em qualquer assunto que pudesse desviar o foco da sonserina. — Você conversou com sua mãe nas férias? Sobre aquele assunto?

— Shiu! — Áquila respondeu nervosamente, olhando ansiosa ao redor, garantindo que ninguém a tivesse ouvido, como se fossem capaz de se entender alguma coisa em somente uma discreta frase. — Sim, eu conversei sobre a maior parte. Amanhã eu te explico melhor, mas precisa ser quando estivermos sozinhas.

Lançou um olhar inquisitivo a mesma. O último ano havia sido complicado de diversas formas, às vezes Lyanna se surpreendia em como a Malfoy conseguia ser tão displicente, levando-as a uma situação crítica que, por pouco, não acabou em desastre.

— Está bem, mas é melhor você ter colocado um pouco mais de juízo nessa sua cabecinha loira. — Resmungou, batendo o dedo delicadamente na ponta de seu nariz, fazendo a mesma lhe olhar feio.

— Eu tenho muito juízo, Black. — Disse, erguendo o rosto de uma forma arrogante que se assemelhava muito a de Narcissa Malfoy e até si mesma, segundo Selina. Talvez fosse uma característica de família.

— Claro, Malfoy. — Respondeu ironicamente, revirando os olhos. — Eu preciso ir, vê se sobrevive até amanhã sem mim. — Brincou, enquanto a mesma colocava a mão no rosto e a encarava tragicamente.

— Tentarei, m’lady, embora seja um sacrifício a sua ausência. — Ambas riram, enquanto soltavam as mãos lentamente. De uma forma quase caótica, sentiam-se como irmãs, sendo que nunca haviam se acostumado a convivência separadas por serem de casas diferentes. — Até amanhã!

— Até! — Acenou, enquanto ela se afastava em direção ao grupo. Charles, que lhe aguardava, lhe deu um aceno de cabeça, cumprimentando-a, cujo qual a Black retribuiu hesitante.

Enquanto virava as costas e atravessava o salão, buscando ir em direção a sua sala principal, sentiu um aperto em seu coração. Realmente odiava mentir.

Ela subiu diversas escadas, fazendo o caminho mecanicamente. Mal havia chegado em Hogwarts e, apesar de reencontrar seus amigos, já sentia falta de casa. Havia passado pouco tempo com o pai, Sirius, durante essas férias, visto que a casa dele havia virado sede para Ordem e, muitas vezes, ela preferia o silêncio de sua casa adotiva, embora estar lá significasse estar em eterno conflito com Jason. Sua família era uma bagunça, pensou, subindo mais um lance de escadas. Uma bagunça generalizada, cujo qual ela amava infinitamente.

Não demorou até parar em frente ao quadro da mulher gorda, que lhe encarou impacientemente. Por sorte, ela e Natalie haviam arrancado a senha de Hermione ainda no caminho para o castelo.

— Mimbulus mimbletonia.

— Precisamente. — A mulher respondeu, deixando-a passar. Assim que adentrou o salão, notou que provavelmente tinha demorado em sua conversa com Áquila mais do que imaginava, visto que a maioria dos alunos já estavam no dormitório, restando apenas alguns estudantes do último ano e um casal se agarrando no canto.

Subiu as escadas lentamente, notando que sentia-se pesada de sono. Infelizmente, havia dormido terrivelmente mal nas últimas semanas, se revirando em pesadelos terríveis, principalmente envolvendo a morte de sua mãe. Eles eram os piores, sempre lhe assombrando, sempre fazendo-a acordar suada e sem ar, sentindo o peso de quase um mundo em cima de seus pulmões. Era horrível.

Assim que adentrou o dormitório, buscou procurar seu malão, já encostado em uma das confortáveis camas, a única, na verdade, sem estar ocupada. Andou até ele, fuçando para encontrar uma roupa mais confortável e, assim que se viu livre do uniforme, se jogou na cama, se entregando a mais uma noite de sonhos conflituosos, permeados por gritos, feitiços e uma terrível luz verde que parecia inundar tudo.

Violet Dursley.

O primeiro dia de aula era sempre aterrorizante para os novatos, mas, depois de alguns anos, os alunos se acostumavam a inicia-lo com uma preguiça quase displicente e silenciosa. Por tanto, no dormitório feminino da Grifinória, várias garotas do quinto ano se levantavam lentamente, buscando seus pertences e procurando acordar de maneira mais efetiva.

Violet Dursley estava entre elas. Parada em frente a um grande espelho, ela tentava decidir o que fazer com seu cabelo, que caía delicadamente pelo seu rosto. Seu uniforme já estava vestido e todos os livros para a primeira aula, devidamente arrumados em sua pequena mochila. Seu horário, entregue por Minerva na noite passada, repousava ao seu lado. Ela tinha passado a manhã o avaliando. Sua primeira aula era com os alunos da Corvinal, nas estufas de herbologia, infelizmente a mesma não era uma de suas matérias favoritas.

Por fim, decidiu deixar os volumosos cachos livres, como usualmente estavam. Pegou sua mochila e jogou por cima do ombro e pegou alguns livros em cima de sua mesinha, notando que era a última a permanecer dentro do dormitório. Suspirando, ela saiu, descendo as escadas de maneira um tanto ágil e passando pelo salão comunal.

A solidão nunca havia realmente lhe incomodado, visto que com o passar dos anos, havia se tornado habitual. Estava acostumada a passar longas horas na biblioteca, na companhia somente de seus livros e, quando ia para o salão comunal, costumava se resguardar em um canto e se entregar a uma leitura ou responder alguma correspondência.

Violet apreciava estar sozinha. Mas sentia falta de alguém para rir de alguma piada ou comentar sobre algum acontecimento aleatório do dia. Balançando a cabeça de leve, ela continuou descendo as intermináveis escadas do castelo. As estufas eram longe, algumas mais antigas já haviam sido abandonadas pela professora e costumavam servir de refúgio para os adolescentes durante as noites.

Ela caminhou rapidamente, sabendo que se demorasse um pouco mais, estaria atrasada para a primeira aula do dia. Enquanto passava pelas portas abertas do castelo, acabou sentindo alguém esbarrar fortemente em seu ombro, na pressa de também descer as escadas, fazendo com seu livro de herbologia e o caderno que carregava, voassem para longe de seus braços.

— Merlin, me desculpa! — Exclamou uma garota atrás de si, que aparentemente havia derrubado alguns rolos de pergaminho. — Foi realmente sem querer.

— Tudo bem. —  Violet disse, se abaixando e ajudando ela a pegar o material espalhado pela escadaria. — Eu também estava com pressa.

— Aqui, acho que isso é seu. — Ela disse, lhe estendendo um livro delicadamente. Foi só então que a jovem grifinória ergueu o rosto, notando estar frente a frente com Lyra Lestrange.

— Obrigada. — Agradeceu educadamente, surpresa por a jovem ter sido tão gentil em seu tratamento, sendo uma diferença notável entre a mesma e os primos platinados.

— Imagina, você é a Violet, certo? — Perguntou, endireitando o corpo e olhando curiosa para a garota. Ela assentiu, surpresa por ter sido reconhecida. Estava acostumada a passar seus dias na escola com um desejo irrefreável de não chamar muita atenção. — Bem, nos vemos por aí.

A jovem acenou, enquanto a garota retribuía.

— Claro, até mais, Lyra. — Elas se despediram, cada uma seguindo seu caminho, embora a Dursley suspeitasse que havia algo muito errado com as estruturas do mundo naquele dia. Desde quando sonserinos costumavam ser tão educados, ainda mais pela manhã?

Dando de ombros, ela decidiu parar de questionar muito e apenas agradecer a própria sorte.

Não demorou até entrar nas estufas, que já estavam cheias com alunos de ambas as casas. Seus olhos esquadrinharam o local, procurando um lugar vazio em que pudesse sentar. O único era ao lado de seu primo, Harry Potter. Ao que parecia, as pessoas andavam querendo distância dele nos últimos dias, desde o acontecimento com Cedrico. Ela lamentava profundamente por ele e sabia que isso o estava perturbando, mas infelizmente ambos haviam se afastado gradativamente, perdendo a amizade tão valiosa que possuíam antigamente.

Lentamente, Violet se aproximou, sentando silenciosamente ao seu lado e decidindo prestar atenção na aula. A professora Sprout encarava os alunos animadamente, embora ninguém ali parecesse exatamente feliz àquela hora.

— Pois bem, vocês estão no 5º ano e logo irão prestar seus NOMs, o que significa que iremos deixar de focar em aulas práticas e começar a se aprofundar nas teóricas, principalmente sobre plantas venenosas. Com base nisso, alguém poderia me dizer quais os efeitos do Hemeróbio e em quais poções ele é utilizado?

Rapidamente, um aluno da Corvinal ergueu a mão. Se não lhe falhava a memória, Violet acreditava que ele se chamava Franklin. A professora indiciou que ele poderia responder.

— As folhas do Hemeróbio são usadas na Poção do Acônito e na Poção Polissuco, ela não produz muco, mas quando entra em contato com a pele, causa irritação e efeitos alucinógenos. — Ele respondeu rapidamente, ela notou que havia um certo olhar de desdém em sua expressão e se perguntou se ele era sempre assim.

— Muito bem, sr. Boudrot, dez pontos para a Corvinal. — A professora deu segmento a aula, fazendo os alunos examinarem, muito bem protegidos por luvas, um pequeno ramo da planta, onde ela continuou em como deveria ser feito o tratamento e quais são os cuidados ao manuseá-lo em uma poção.

Por fim, terminaram a aula com dever de casa, listando todas as propriedades e fazendo uma análise da periculosidade da planta apresentada. Violet já sentia dor de cabeça em pensar na quantia de deveres que teria até o final da semana.

Não se demorou na sala, não queria ter que falar com Harry ou com Ron, seguindo rapidamente Hermione e um outro grupo de alunos para fora. Respirou profundamente o ar limpo, lamentando seu próximo horário de poções, nas fechadas masmorras.

Continuou seu caminho em silêncio, enquanto diversos alunos passavam ao seu redor.

— Ei, Dursley! — Uma voz um tanto conhecida lhe chamou e a garota se virou, surpresa, ao notar Sophie Lewis, uma corvina, lhe chamando. Havia conversado com a garota algumas vezes apenas, mas sabia que a mesma era bastante amiga de Hermione, que estava ao seu lado, junto com a irmã, Lyanna e Rionach.

— Oi? — Ela respondeu, meio insegura, chegando perto do grupo de garotas.

— Nós vamos nos reunir na biblioteca na hora do almoço, para começar os deveres, queria saber se você não quer ir junto. — Lyanna respondeu, parecendo realmente simpática, enquanto atrás dela, Natalie e Rionach faziam uma careta de desgosto com a menção de ficar quase uma hora presas na biblioteca. Ela sufocou uma risada. — Você parece meio sozinha.

— É claro, eu iria adorar. — Sentiu-se animada, sempre havia gostado muito de Lyanna e Natalie, as duas tinham um espirito agitado e contagiante, mas infelizmente nunca haviam sido muito próximas. Parte de si não queria que elas a chamassem somente por pena ou algo do gênero, mas uma companhia sempre seria bem-vinda.

— Ótimo, estamos indo para as masmorras também, vamos juntas? — Rionach perguntou, já entrelaçando seu braço no dela, fazendo a garota soltar uma risada diante da espontaneidade.  

— Sim. — Concordou, já deixando que a menina lhe arrastasse em direção ao castelo, com as outras ao lado.

— Tenho aula de Transfiguração agora, vejo vocês depois. — Disse Sophie, se despedindo das garotas com um aceno.

Bem, talvez ela não fosse tão solitária e invisível quanto pensava...


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Eu adiantei a postagem desse capítulo, já que o próximo vai sair só lá por domingo, visto que sábado, como eu disse, tenho um vestibular de faculdade para fazer. Obrigada pelas boas vibrações de todos vocês, se eu passar comento aqui kk.
No mais, obrigada pela leitura!