O Garoto dos Olhos Castanhos escrita por Alison


Capítulo 13
Capítulo XIII - Seja forte.


Notas iniciais do capítulo

Oi Oi gente! Já é dezembro, meu deus! hahaha

Tenho uma meta de postar mais 4 capítulos esse mês, será que eu consigo? Bom, agora fiquem com mais um capítulo!



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Olhei novamente pra ele esperando alguma palavra de consolo mas apenas recebi um grande julgamento pelo olhar. Naquele momento eu refleti e vi o quanto eu estava errado nas minhas coisas, o quanto eu acabei com minha vida, sim! Eu que acabei com ela e não o Lucas, eu apenas não queria aceitar isso, mas hoje depois da discussão que eu tive com ele eu percebi o quanto eu estava errado em julga-lo.

Levantei devagar, ainda estava anestesiado de tanto chorar, meus olhos estavam bem embaçados e provavelmente muito vermelhos.

— Melhor você ir embora...

— Tudo bem, mas eu irei voltar... – Limpei meu rosto com o braço.

— Mesmo que não voltar eu não ficarei surpreso. Já perdi todas esperanças em você!

O encarei por alguns segundos querendo novamente chorar, mas segurei, segurei com todas minhas forças e sai do quarto do hospital. Não sei como explicar a sensação que eu senti ali naquele quarto, era como se uma grande aura de tristeza tivesse pousado em minha mente e todas as memórias do que eu fiz pra ele apareceram em minha cabeça, me torturando e mostrando o que eu tinha feito.

Além de mim, tantas pessoas tinham feito mal a ele, tantas pessoas e a pior delas o pai dele. Como um pai faz isso com seu próprio filho? E por que ele não está na cadeia agora? Esse é o lugar de pessoas como ele!

Talvez eu não irei receber o perdão dele tão cedo. Talvez eu nunca receba, mas irei lutar por isso e também irei lutar para concertar tudo, absolutamente tudo o que eu fiz de errado nesses últimos meses! Sai do hospital e apenas olhei pra trás, a imagem de Lucas surgiu novamente em minha mente, como pude fazer isso com ele? Um garoto tão bom... tudo isso por culpa do meu preconceito.

Não, eu não sou gay. Mas percebi que tinha um grande preconceito com quem era e o medo de ser taxado me fez delirar e fazer tudo isso com o Lucas, eu sei que fiz coisas com ele que talvez provariam que eu sou gay, mas não! Essa não é minha vontade, eu quero poder ter uma família normal, quero poder ter uma esposa e filhos ao meu lado é isso que eu quero, mas mesmo assim eu posso ter tudo isso e ser amigo de um homossexual.

Respirei fundo, minha cabeça está uma completa bagunça. Sinto pontada por toda parte dela, isso deve ser por que ela não parou nem um segundo, são tantas perguntas, julgamentos, pensamentos que acabam me deixando totalmente atordoado sem um único meio de conseguir fugir.

Mas ela irá melhorar depois que eu resolver as coisas e a primeira dela é Larissa. Sim, por culpa do meu preconceito e minha preocupação em ser taxado de gay eu acabei virando o cachorrinho de bolso dela, acabei me deixando ser dominado, ser escravizado por ela! Ela me trouxe dor e sofrimento e não ele! Mas mesmo assim, mesmo ela, era tudo culpa minha e eu preciso concertar isso.

Liguei meu celular e mandei uma mensagem pra ela, disse que a estaria esperando em minha casa, seria o momento perfeito pra confrontar ela, minha mãe não está em casa e assim poderei ter toda discussão que eu preciso com ela. Não tenho medo, mas isso tudo acaba hoje.

Logo recebi a mensagem dela, ela iria e parecia empolgada. Isso é bom, assim ela tem um enorme tombo, é isso que ela merece, merece cair e nunca mais levantar, merece ser castigada por isso que fez.

Enquanto ia pra casa todos na rua ficavam olhando pra mim, claro, eu estava acabado, chorando, com os olhos vermelhos, era de se chamar atenção com toda certeza, eu ignorava todos mas não conseguia parar de deixar minhas lágrimas caírem.

Vamos Rafael! Seja forte, as coisas vão melhorar. Você irá concertar tudo, tudo irá voltar como era antes. É apenas uma fase ruim, mas você supera, imagine o quão bom será os próximos dias se você conseguir arrumar tudo o que estragou! Pense nisso, pense e não desista.

Cheguei em minha casa, respirei fundo e fui ao banheiro lavar meu rosto, olhei meu reflexo no espelho e me vi completamente diferente. Meus olhos estavam inchados, minhas pupilas totalmente mortas e todo o resto estava vermelho. Fiquei ali me encarando e me julgando, sempre vi as pessoas em filmes e séries fazendo isso, mas nunca entendi, nunca entendi como alguém se olharia e começaria a se julgar, agora eu entendi, eu entendi esse sentimento, olhar pra mim agora foi torturoso.

— Você é um pequeno monstro Rafael!

Eu mesmo disse olhando pra mim, olhei pra baixo e comecei a chorar, eu não estava conseguindo ser forte, não estava conseguindo pensar positivo, tudo voltava as coisas que eu fiz. Eu sempre me achava a pessoa perfeita, sempre! As pessoas que conviviam comigo me chamavam de anjo, meus professores, meus amigos, meus familiares, mas hoje eu vi que não sou nenhum anjo, eles estavam errados e decepcionei todos...

Num impulso de raiva eu dei um soco no espelho, não foi por que eu quis, foi instinto. O espelho se quebrou inteiro, minha mão também ficou toda machucada, sangrava muito e nesse momento comecei a xingar todos os nomes possíveis. Abri a torneira e comecei a lavar, aquilo ardia e meus olhos ficavam ainda mais cheios de lagrima. Pensei como Lucas aguentou aqueles cortes... Ele sim é forte...

Ouvi a campainha tocar. Era ela! Era Larissa. Lavei as mãos mais uma vez e fui, fui atender ela.

— Rafa, meu amor! 

— Entra, precisamos falar.

Ela entrou, fomos até a sala e até lá ela se quer tinha notado minha mão pingando sangue.

— Aí meu deus, o que aconteceu?

— Dei um soco no espelho.

Ela estalou os olhos e deu uns passos pra trás, talvez estivesse com medo?

— Ah... por que fez isso?

— Não importa, Larissa! Eu não aguento mais sua chantagem, não aguento mais você na minha vida!

Ela deu risada, uma risada tosca. Queria poder matar ela, de todas as formas, nunca tive esse sentimento tão forte quanto hoje.

— Você sabe que não pode. Sabe que eu tenho algo no meu celular que vai acabar com sua vida.

Ele tirou o celular da bolsa e levantou ele o balançando pra me provocar. Eu não aguentei, aquele foi o basta, fui pra cima dela, aperta o braço dela e a coloquei contra a parede. O olhar dela era desespero, pra onde foi toda aquela confiança? 

— Você não sabe com quem está mexendo, Larissa. Você despertou algo em mim que não existia, você me deixou desse jeito, eu não aguento mais ouvir na sua cara, não quero nem mesmo te ver na rua. Não me importa o que você faça com a merda da foto, mas saiba que se fizer algo, eu acabo com sua vida, eu acabo com você e nenhuma maquiagem nesse mundo vai esconder todas as cicatrizes que farei em você!

— Me solta! Eu vou gritar!

Coloquei minha mão sobre a boca dela.

— Eu ainda não terminei de falar. Esqueça tudo o que tem entre nós, eu não me importo mais com você! Não me procure mais, nunca mais!

A joguei pro outro lado perto da porta, tirei a aliança nojenta que ela tinha comprado e joguei nela, acertando seu rosto, gritei como nunca tinha gritado pra ela sair da minha casa, tinha gritado tão alto que aposto que os vizinhos escutaram. Eu estava pelando de raiva, tinha perdido o controle de mim mesmo e não acalmei até ver ela correndo pra fora, ela indo embora.

Cai de joelhos, vitorioso por isso mas triste por ver o que eu tinha me tornado. Nunca tinha tratado alguém assim, na verdade... talvez tratei Lucas desse jeito. O que estava acontecendo comigo? Meus sentimentos todos bagunçados, minha cabeça toda misturada, não conseguia mais ser feliz do jeito que eu era. Não tinha mais nem vontade de falar com Guilherme, não falava mais com minha mãe, se quer lembrava da existência do meu pai. O que esta acontecendo comigo??

— Filho?

Olhei pra porta e minha mãe estava ali, com um rosto muito assustado, assim que me viu ali ajoelhado, com a mão machucada e acabado ela se aproximou e ajoelhou do meu lado.

— O que aconteceu, Rafinha? – ela me abraçou.

Não conseguia responder ela, por mais que queria falar tantas coisas, parece que minha voz tinha se perdido. Eu apenas deitei minha cabeça no peito dela e fechei os olhos tentando me livrar dos pensamentos ruins.

— Vai ficar tudo bem! Certo?

Queria poder contar pra ela tudo o que eu fiz, mas talvez ela me odiaria, queria pedir conselhos. Queria pedir ajuda, mas... quem me ajudaria? Depois de tudo que eu fiz?

— Espero que sim, mamãe...

Fiquei ali, nos braços de minha mãe, meu porto seguro de toda a vida. Ali estava me sentindo bem, me sentindo seguro e confortável, mas meus pensamentos não paravam um segundo se quer. Fiquei pensando no Lucas, novamente não paro de pensar nele. Ele não tem ninguém... Não tem uma mãe como a minha pra abraçar ele e falar que está tudo bem, sim... foi por isso que ele fez tudo o que fez. Eu era sua última esperança de ter uma vida boa e tranquila, mas parece que eu estraguei tudo... Olhei pra minha mãe e decidi perguntar algo que dependendo da resposta dela, minha vida mudaria totalmente.

— Você me aceita de qualquer jeito? Não importa o que eu for.

Ela me olhou surpresa e sorriu.

— Sim, afinal eu sou sua mãe. Vou te aceitar de qualquer forma.

Soltei um sorriso.


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Notas finais do capítulo

É isso, seus lindos! O que acharam?