O Garoto dos Olhos Castanhos escrita por Alison


Capítulo 12
Capítulo XII - Tudo culpa dele.


Notas iniciais do capítulo

Oiiii, venho aqui para um capítulo curto porém especial! Novamente voltamos ao ponto de vista do LUCAS, mas acho que esse vai ser o ultimo, então aproveitem bem!



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Ele tinha vindo! Rafael veio me ver, ainda não acreditava que ele teve coragem de vir. Por mais que eu queria o ver, eu ainda não sei como ele pode ter vindo. Talvez essa seria a única maneira de o fazer falar comigo? Quase me matando? Ele se quer conseguia olhar pra mim, ficava olhando para todos os lados, não falava nada! Ele estava me dando raiva, eu estava criando um ódio por ele!

— Eu só queria te ajudar. – Ele disse.

Me ajudar? De todas as coisas imbecis que eu pensei que ele falaria hoje essa superou todas, essa me fez quase dar risada. Aonde que ele me ajudaria? Fazendo as coisas que ele fez comigo nos últimos meses? No que isso me traria alguma ajuda?

— Me ajudar? Como que você me ajudaria cuspindo na minha cara? É assim que você ajuda os outros?

Ele não falou nada, apenas abaixou a cabeça. Eu queria poder dar um soco na cara dele, dizer pra ele honrar o nome que tem, honrar a pessoa que ele é e fazer algo decente pelo menos uma vez na vida! Naquele momento eu já queria chorar, meu peito doía de mais, eu estava totalmente acabado, sentia meus olhos pesados, a dor do meus braços ainda eram grandes, eu só estava existindo ali. Eu estava vazio e esperava que ele me fizesse sentir vivo novamente.

— Fale alguma coisa!! – Gritei.

— Lucas... Me perdoa! Eu não sei o que deu em mim... Eu estou confuso... Minha vida é uma merda!

— Sua vida é uma merda, Rafael? Você tem mesmo certeza de que é a sua vida que é uma merda? Não é você que sofre preconceito até mesmo de sua família! Não é você que leva cuspida na cara, que apanha na rua, que sofre por um cara imbecil  e infantil!

— Mas...

— Mas nada! Ninguém me ama de verdade, ninguém é meu amigo de verdade, nunca foram! Eu tinha esperanças em você! Quando eu te vi e começamos a nos falar eu senti algo dentro de mim, senti como se fosse um aviso de que você seria o anjo que me salvaria de todos os demônios em volta de mim! Mas não, parece que você é mais um demônio fantasiado de anjo que surgiu na minha vida, pra me acabar, me destruir e desejar tirar minha própria vida! Você não sabe o que é isso, Rafael! Você não sabe o que é acordar e lembrar que a pessoa que você ama cuspiu em você,  está com uma garota que estragou tudo, que te humilha, fala que tem nojo! Você não sabe como não é ser amado! Por que você é amado, e muito! Principalmente por mim!

— Mas... aposto que sua família te ama...

Eu não acredito que ele não para de falar merda! Eu não consigo acreditar e esconder minha raiva gigantesca que está crescendo dentro de mim. Eu vou explodir.

— Minha família...? Ela me amar? Me poupe, pensei que aquele dia você tinha visto o ogro que é minha mãe! Você não sabe o que é ser xingado pela sua mãe por ser homossexual. Você não sabe o que é ser humilhado por ter “roubado” o marido dela.

— O que? Roubado... você está dizendo que você roubou o seu pai de sua mãe? Como assim?

Abaixei a cabeça. Essa era uma história que doía no fundo da minha alma, era algo que eu escondia de todo mundo, apenas eu e minha mãe  sabia, mas ela não me defendia e sim me culpava.

— Sim. Meu pai é um pedófilo nojento! Que assim que pode começou a abusar de mim! Sabe o que é sofrer abuso de seu próprio pai? Ser alisado por ele? E sabe o que sua mãe depois de descobrir isso culpar você! Culpar você de ter pedido pra ser estuprado pelo simples fato de você ser gay????! Sabe o que é ser amarrado em uma cama e ter que aguentar toda dor?

Ele ficou calado, mas vi pelo seus olhos que ele estava horrorizado. Eu também estaria, na verdade eu sempre estou horrorizado. As vezes não durmo por conta disso! Eu tinha apenas doze anos... Eu era uma criança... Minha infância foi destruída por ele!

Anos atrás..

Tinha ganhado meu primeiro vídeo game! Ele era lindo e já estava jogando ele a horas de tão divertido que era! Mamãe tinha ido na casa de umas amigas e então ficou apenas eu e o papai ali. Ele estava deitado no sofá me olhando jogar! Eu estava tão feliz que não consigo descrever todos os sentimentos que corriam pelo meu corpo naquele momento.

— Lucas? – Falou meu pai.

— O que? Papai? – Olhei pra trás onde ele estava deitado.

— Preciso te ensinar uma coisa!

— Uma coisa? O que seria isso? – estava curioso é animado!

— Vem, vamos pro quarto.

Pausei meu jogo e fui com ele até o quarto dele e da mamãe. Ele trancou a porta e aquilo me deu um pouco de medo, mas estava com ele! Meu papai é meu herói!

— Você tem que tirar a roupa e deitar na cama do papai.

— Por que tenho que tirar a roupa?? Esta frio!

— Logo vai esquentar, filho!

Olhei pra ele e pra cama. Não sabia o que fazer então apenas tirei a roupa ficando apenas com minha cueca, e ele então grita falando pra tirar a cueca também. Assustado eu tiro a cueca e deito na cama como ele pediu. Meu coração estava disparado.

— Ótimo! Agora o papai também vai tirar a roupa.

Ele também tirou e foi se aproximando de mim, me virou de costas e iria deitar em cima de mim, eu sai rapidamente com muito medo, não sabia o que ele estava fazendo.

— Volta aqui! Lucas!

— Eu não quero fazer isso!!

— Você não tem que querer! Sou seu pai e eu mando em você! 

— Eu não quero!!!

Foi aí que ele levantou, me pegou com muita força e me jogou na cama novamente! Ele vai até o guarda roupa e pega alguma coisa, era uma fita! Ele então me pega novamente e me leva até meu quarto, me joga em minha cama mas dessa vez ele amarra meus braços na madeira da cama. Estava morrendo de medo.

— Papai, está doendo! Meus braços!

— Relaxa filho, coloca isso na boca!

Ele se aproximou sem roupa subindo na cama e ficando em minha frente. Ele enfiou aquilo que usamos pra fazer xixi em minha, ele segurava minha cabeça e me fazia engolir tudo, eu estava com ânsia e queria vomitar, não conseguia fazer ele parar! Era horrível, eu queria minha mãe! Ele soltava alguns sons estranhos pela boca e depois que parou ele foi pra trás de mim.

— Para! Pai eu não quero! Não gostei dessa brincadeira!

Senti ele subindo em cima de mim, senti ele mexendo em meu bumbum, ele estava tentando fazer alguma coisa entrar ali, e num impulso eu senti a maior dor da minha vida. Eu gritava, minhas pernas batiam pra todo lado, eu tentava sair, ele estava enfiando alguma coisa dentro de mim! A dor era enorme, eu pedia pra parar, mas ele não parava, eu gritava minha mãe mas ela não estava em cada. Ele não parava de fazer movimentos bruscos e cada vez mais doía.

Foi então que eu senti todo meu corpo adormecer. Meus olhos ficaram fixos num único lugar, sentia apenas minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Não sentia mais nada e só escutava o som da cama de mexendo...

Dias atuais...

— Lucas... seu pai...

— Sim, Rafael! Sim! Eu pensei que você seria meu refúgio! Eu pensei que você estaria com minha felicidade, por que você me iludiu tanto? Por que você me usou daquela maneira?

Ele olhou pra mim, ele estava chorando. Era um choro silencioso, apenas via as lágrimas descerem dos olhos dele, ele estava paralisado.

— Lucas... me desculpa! Eu gosto de você, mas eu não sou como você entende? E não quero ser taxado de gay...

Suspirei fundo, parece que ele só se importa com o próprio nariz. Parece que ele quer apenas o seu próprio bem estar. Como eu pude gostar de alguém assim?

— Sai daqui.

— O que? Mas eu quero ficar aqui com você!

— Você só veio aqui por que eu quase morri. É por isso que você quer ficar aqui comigo, mas quando eu estava bem você apenas queria me taxar de alguma coisa, sentir nojo ou cuspir em mim. Eu sei, Rafael! Você não é igual a mim e nunca vai ser. Por que eu tenho sentimentos outros, enquanto você só enxerga o próprio nariz! Você só quer saber do seu bem estar e está pouco se fodendo para o próximo.

— Não é verdade isso... Você não entende! Eu também estou sofrendo, eu estou confuso com tudo isso que está acontecendo! Você bagunçou totalmente minha vida.

— É você contribuiu pra destruir a minha.

Nos dois se olhamos, ambos estavam chorando. Ele estava mais do que eu. Queria poder o abraçar, queria ser feliz com ele. Eu vejo,  eu vejo que ele é o garoto  da minha vida! Mas desse jeito, do jeito que ele pensa atualmente não dá! Eu estava disposto a ajudar ele a  passar pela fase de aceitação, mas agora não estou mais, e espero que ele encontre esse caminho sozinho.


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês em breves, seu lindos ♥