Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 37
CAPÍTULO37




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742293/chapter/37

CAPÍTULO37

    - Miserável! - gritou Chapecó, o grito que esteve preso em algum
lugar da sua alma desde a noite anterior:
— Do que é que você está falando, Chapecó? - quis saber Itajaí, muito
nervosa:
— Víbora! - Chapecó tornou a gritar, agora partindo pra cima da
ex-namorada, decidida a resolver aquilo com as próprias mãos. Itajaí
jamais imaginou que um dia passaria por tamanha humilhação; estava sendo
arrastada pelo corredor do prédio da ex-namorada, e pior, arrastada por
ela:
— Some da minha vida, sua louca, desaparece da minha vida! - gritava
furiosa a engenheira no corredor, enquanto batia na ex e a arrastava até
o elevador:
— Chapecó, calma, por favor! - muito nervosa, Camila tentava separá-las:
— Você tem que me ouvir, Chapecó - tentava Itajaí, sem saber se chorava
de vergonha ou de tristeza -, você precisa me ouvir; tudo o que eu fiz
foi por amor a você!
— Que amor é esse, Itajaí? Que amor é esse? Você estava me vigiando
esses meses todos, vigiando todos os meus passos, monitorando tudo o que
eu fazia; você é doente, sua desiquilibrada, eu vou te colocar na cadeia, num ospício, em qualquer lugar mas você vai desaparecer da minha vida!
A essa altura, uma pequena multidão de pessoas que moravam naquele
andar já estava ali; alguns por curiosidade, outros tentavam separar a
briga. Chapecó soltou a ex-namorada na porta do elevador; ela caiu no
chão, chorando, vencida pela dor física e emocional; ajoelhou-se ao lado
dela:
— Presta bem atenção, Itajaí! Some da minha vida, desaparece; se alguma
coisa acontecer comigo ou com Joinville, eu juro que eu acabo com essa
sua vida miserável! Some da minha frente, infeliz, some da minha vida!
    Chapecó acabou agredindo a ex-namorada e arrastando-a para fora de
sua casa; sentiu que suas forças haviam acabado. Itajaí continuava
chorando deitada no chão, enquanto ela, ajoelhada à sua direita, também
chorava muito, já sem forças para dizer qualquer coisa.
Nesse momento, a engenheira sentiu que dois braços a envolveram com
ternura e a fizeram levantar do chão; quando ficou em pé, ela percebeu
que estava sendo abraçada por um pai, o pai de Joinville, que se tornou
seu pai também. Com uma das mãos, São José ajeitou os longos cabelos da
nora que estavam desalinhados e escondiam o rosto dela; enxugou com a
ponta dos dedos os olhos dela e depositou-lhe um leve beijo na testa,
abraçando-a em seguida:
— Ela é minha nora, gente; eu cuido dela! - determinou ele com
simpatia, apertando-a contra seu corpo; as pessoas que se
aglomeraram no corredor foram aos poucos entrando nos apartamentos,
enquanto São José levava Chapecó até a o seu.
Ele fechou a porta e a levou até o sofá; ajudou-a se ajeitar
confortavelmente e sentou-se a seu lado, sem soltá-la de seu abraço:
— Ela vai destruir a minha vida, ela vai destruir...
— Não, minha querida - interrompeu São José puxando com cuidado a cabeça
da nora para seu ombro -, ninguém vai destruir a sua vida, eu te
protejo; você não disse outro dia lá em casa que nós era-mos a sua
família agora? Então! Seja o que for que estiver acontecendo, eu vou
fazer o possível pra te defender como eu faria pelas minhas filhas!
— Eu pensei que eu fosse matar; eu pensei que eu fosse morrer, que fosse
acabar tudo!
— Não aconteceu nada, minha querida, não aconteceu nada; pronto,
passou! Tenta se acalmar, depois, se você quiser, você me conta!
    Quando já estava mais calma, Chapecó acabou revelando à São José
tudo o que estava acontecendo; sentia que podia confiar nele e não
escondeu nada. Disse que ainda estava sem coragem de contar a Joinville
que todas as suas conversas foram lidas e ouvidas durante muito tempo:
— Eu posso conversar com ela se você quiser, Chapecó - propôs São José
—, eu posso explicar isso pra ela com calma, eu acho que nem é bom você
ter essa conversa com ela no estado em que você está!
— Eu falei com ela hoje de manhã, ela percebeu que eu não estava bem mas
cadê que eu tive coragem!
— Eu vou pra casa agora, minha querida; eu vou ligar na empresa, aviso
que eu tive um problema familiar e vou pra casa conversar com ela! E
quanto à você, tenta se acalmar, você vai precisar de tranquilidade
agora!
— Eu sei! Eu queria tanto receber o senhor aqui em casa de outro jeito,
sonhei tanto com o dia em que o senhor viria conhecer o meu cantinho...
olha só o que aconteceu!
— Não pense nisso, Chapecó; a gente ainda vai ter muitas oportunidades de
sorrir, eu vou vir na sua casa outras vezes! Eu sei que minha mulher já
esteve aqui várias vezes, eu acabei me acomodando!
    São José saiu do flat deixando a nora mais calma; ela decidiu se
deitar, já que não havia conseguido dormir a noite.
No carro, ainda em frente a o prédio, ele pegou o celular e procurou na
agenda o celular de Criciúma; ligou para ela:
— Oi, meu amor - ela atendeu -, não se preocupe que eu estou sozinha na
minha sala! Pode falar!
— Criciúma - explicou-se ele -, eu saí pra ir no banco mas acabei tendo
um problemão!
— O que aconteceu?
— Ah, Joinville, a namorada... em fim, um problema gigante; depois eu te explico tudo; eu só
estou te ligando pra avisar que eu não volto pra empresa agora de manhã!
— Claro, tudo bem; a gente segura as pontas aqui! Tem aquela reunião
hoje a tarde!
— Pois é, eu não esqueci! Olha, eu vou fazer o possível pra resolver
isso tudo agora de manhã e trabalhar a tarde; qualquer coisa eu te ligo
avisando!
Criciúma percebeu que São José estava indócio; os dois eram amantes a
alguns meses mas ela já o conhecia como a palma de sua mão, já sabia que
quando ele falava daquele jeito, não devia contrariá-lo. Aquele homem
era fascinante, até mesmo quando estava preocupado, como agora.
    São José dirigiu até em casa muito preocupado, e quando chegou, foi
até o quarto de Joinville. Sua filha estava feliz, era sempre radiante,
e tudo o que aquele pai queria era não ter que fazer o que ia fazer:
— A gente precisa conversar, filhota!
— Que cara é essa, pai? - os dois estavam em pé no centro do quarto, um
de frente para o outro:
— Senta aqui! - São José pegou sua menina pela mão e foi sentar-se com
ela na cama:
— Pai, o que é que está acontecendo?
— Calma, Joinville, calma!
— Você está me deixando nervosa! Eu te conheço, pai, eu sei quando você
está preocupado...
— Eu estou vindo do apartamento de Chapecó, meu amor; eu fui no banco lá
perto do flat, decidi passar lá pra conhecer o cantinho dela! Quando eu
cheguei, encontrei Chapecó muito nervosa, uma briga horrível no
corredor, ela colocando uma moça pra correr de lá...
— Itajaí!
— É, ela mesma! Depois eu a levantei do chão, levei pra dentro do
apartamento, cuidei dela, e... em fim, Chapecó me contou o que
aconteceu! Joinville, o celular dela estava sendo rastreado a mais
de três meses!
— Como assim rastreado, pai? - Joinville estava nervosa, sua mão agora
tremia na mão do pai:
— Pra ser mais claro com você, meu amor, é como se o celular dela
tivesse sido grampeado; Itajaí estava tendo acesso a todas as chamadas e
conversas de Chapecó, inclusive as conversas dela com você!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estado de amor e de sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.