Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 38
CAPÍTULO38




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CAPÍTULO38

    Joinville perdeu o chão, as palavras sumiram de sua boca:
— Ela pediu que eu falasse com você, meu amor - continuou o pai -,
Chapecó está sem chão assim como você...
— Eu não posso acreditar, pai! - lamentou a futura arquiteta, chorando,
segurando a mão do pai:
— Calma, filha...
— Pai, isso não pode estar acontecendo, Itajaí não pode ter feito isso!
— Presta atenção, minha filha! Eu entendo o que você está sentindo, você
tem todo direito de chorar, de ficar nervosa, mas Chapecó está arrasada,
você precisa...
— Me deixa sozinha, pai, por favor me deixa sozinha; eu preciso pensar,
refletir! Tudo isso foi demais pra minha cabeça, eu não posso acreditar que ela tenha ido tão longe!
— Filha, eu só quero que você saiba que seu pai está aqui, pro que der e
vier! Eu entendo que você queira colocar as suas ideias no lugar depois
de tudo isso, e pode ter certeza, meu amor, que se eu pudesse, eu
pegaria esse medo, essa incerteza que você está sentindo agora e traria
tudo isso pra mim!
    Joinville ficou sozinha no quarto por algum tempo; pensou muito,
tinha muito medo do que poderia acontecer pela frente mas seu amor era
grande demais. Se levantou, lavou o rosto e preparou-se para ir a o
flat.
Quando se maquiava em frente a o espelho do quarto, Joinville ouviu a
porta de seu quarto sendo levemente aberta; olhou pra trás e ali estava
Blumenau:
— Joinville, posso entrar?
— Pode, mana; entra!
A moça entrou, fechou a porta atrás de si e caminhou até o centro do
quarto. Ficou em pé, parada ao lado da irmã:
— Joinville, eu ouvi o papai conversando com a mamãe sobre o que
aconteceu com Chapecó; fiquei muito chocada...
— Você sabia de alguma coisa, mana? Vocês são amigas...
— Claro que eu não sabia; eu jamais seria conivente com uma coisa
dessas, principalmente vindo de uma futura advogada como Itajaí! Eu sei
que pra você pode parecer estranho que eu esteja aqui, falando sobre
isso; mas diga à Chapecó que se ela precisar de qualquer coisa, mas
qualquer coisa mesmo, ela pode me procurar! Eu não vou poder fazer muita
coisa por ela porque eu ainda não sou advogada, mas eu tenho vários
professores que atuam de forma brilhante, podem orientá-la e defendê-la
se for o caso!
Joinville jamais imaginou ouvir tais palavras da irmã mais velha; estava
chorando novamente, de emoção. Não conseguiu dizer nada, apenas
abraçou-se a Blumenau.
    Depois de algum tempo, a irmã mais velha soltou-se de vagar de
Joinville e levantou o rosto dela com as mãos:
— Você se borrou toda, mana; senta aqui, deixa eu te ajudar!
Joinville saiu de casa minutos depois; estava certa do que faria, do que
diria quando chegasse no flat.
    Chapecó estava na cama, deitada; já era quase hora do almoço e ela
estava pensando em se levantar, comer alguma coisa e ir trabalhar a
tarde. Estava se sentindo esgotada mas não podia faltar a o trabalho.
A engenheira ouviu quando a porta de seu apartamento foi calmamente
aberta com uma chave; sabia que era Joinville e permaneceu como estava,
esperando pela namorada.
A jovem deixou a bolsa no sofá, as chaves na bancada e subiu pro quarto.
    No topo da escada, Joinville viu aquela que mais amava na vida,
deitada; aproximou-se de vagar e agachou-se ao lado da cama.
Chapecó olhou nos olhos dela:
— Você veio desistir de mim, Joinville? Se for isso pode falar; eu aguento a mão! Eu vou entender, meu amor, eu sei que eu não tenho direito de bagunçar a sua vida como venho fazendo, eu te juro que se você quiser eu...
A futura arquiteta ficou olhando nos olhos da namorada, queria falar mas
não encontrava palavras que chegassem a altura do que queria dizer. Fez
a primeira coisa que lhe ocorreu naquele momento; uma lágrima rolou de
seus olhos, enquanto seus braços contornaram o corpo de Chapecó:
— Eu vim aqui pra dizer que eu te amo mais que tudo; eu vim aqui pra
dizer que a gente vai enfrentar essa barra juntas, custe o que custar!
E nada mais precisou ser dito, aquele abraço disse tudo, as lágrimas
disseram tudo, aquele amor dizia tudo. Joinville estava disposta a
vencer aquela barreira ao lado de Chapecó; as duas tinham sonhos,
estavam fazendo planos de dividirem uma casa, de terem juntas um lar e
esses sonhos eram maiores e mais fortes do que tudo.
Chapecó decidiu que não levaria o caso para a justiça; naquele mesmo
dia, ela esteve no escritório de uma advogada e conversou com ela. A
doutora Maria Goreti foi indicada por Florianópolis e conversou
francamente com Chapecó; disse que caso ela decidisse abrir um processo
contra Itajaí, seria muito desgastante para ambas as partes, mas que era
possível caso ela quisesse levar isso a diante. A engenheira decidiu que
não faria isso.
    São José estava vivendo o pior momento de sua vida; sua esposa
estava grávida de quase sete meses, e ele, bem, ele a estava traindo.
Criciúma tornou-se sua amante; ele não sabia se amava de verdade ou se
ela se tornou apenas um vício para ele; não conseguia ficar longe dela,
mas ao mesmo tempo, sentia-se o pior dos homens por estar traindo
Florianópolis naquelas condições.
    Em casa ele continuava o mesmo; um pai maravilhoso, um bom marido;
sentia que precisava disso para que a culpa não tomasse conta dele.
    Em uma daquelas tardes em que São José saiu do escritório e foi para
o apartamento da amante, os dois decidiram que passariam alguns dias
fora; a ideia partiu de Criciúma, que disse que queria ir
para um lugar onde pudesse andar com seu homem de mãos dadas, sem sentir
medo, sem que ninguém os conhecesse.
O destino escolhido pelo casal de amantes foi Campos do Jordão, em São Paulo;
uma saída do Brasil naquele momento não seria uma boa ideia.
São José tomou a decisão de viajar com Criciúma às preças; marcaram
passagem para a próxima segunda feira, conseguiram hotel na cidade
escolhida. No fundo, ele tinha medo de que algo acontecesse e ele não
estivesse ali; queria aquela viagem, mas deixaria uma parte de si com
sua família. Foram pouquíssimas as vezes que se separou de suas filhas.
    A desculpa da vez foi uma viagem à trabalho; Florianópolis não
deixou de achar aquela história meio estranha, pois geralmente, quando
surgia algum compromisso de trabalho fora, São José fazia o possível
para enviar alguém de confiança em seu lugar. Mas desta vez ele decidiu
ir; a esposa jamais imaginava o real motivo dessa viagem.
    Era madrugada de domingo para segunda feira, uma hora da manhã. São José, ainda acordado,
prestava atenção hora na televisão do quarto, hora em sua esposa, que dormia
tranquila ao seu lado. De repente, o pai de família foi surpreendido
pela entrada de sua filha Caçula no quarto; Jaraguá trazia uma
expressão que ele não conseguiu definir no primeiro momento, uma das
mãos na cabeça:
— Oi, filha! - ele sorriu:
— Pai - reclamou a garota, nervosa -, minha cabeça está doendo muito!
— O que foi, filha? - a pergunta agora vinha da mãe, que em um segundo,
estava de pé:
— Minha cabeça, mãe, está doendo muito!
Florianópolis se aproximou e abraçou a caçula; recostou seu rosto no
dela:
— Você está com febre, filha - constatou a mãe -, vem, deita aqui na
cama!
A mãe cuidou para que Jaraguá ficasse o mais confortável possível,
depois, saiu do quarto para pegar a caixinha de remédios:
— Eu estou com frio, pai! - reclamou a menina achegando-se a ele; São
José a abraçou com cuidado e deixou um beijo leve em sua testa:
— Fica quietinha, meu amor; relaxa, vai ficar tudo bem!
— Fica comigo, pai! - murmurou Jaraguá:
— Eu estou aqui com você, eu vou estar sempre aqui com você aconteça o
que acontecer; agora tenta relaxar!


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