Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 102
Capítulo102




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CAPÍTULO103

Camila estava na sala de parto, com sua médica e grande amiga Ana
Luísa e com algumas colegas de profissão e de equipe à sua volta.
Trabalhava naquele hospital a bastante tempo, já havia perdido a conta
de quantos bebês ajudou a nascer, mas agora era ela quem estava ali,
sendo atendida, sendo assistida por suas colegas.
Sentado ao seu lado estava São José, seu marido, segurando a sua mão.
— Cami - falou calmamente Ana Luísa -, não se preocupa, estamos
todas aqui do seu lado nessa hora; você já ajudou tantas mamães a terem
seus bebês aqui mesmo nessa sala, chegou a hora da gente retribuir o seu
carinho e cuidar de você e da Laura! Quando você sentir a contração,
faz aquela forcinha pra ajudar ela a nascer, minha amiga!
Ao sentir a contração, Camila apertou a mão do marido:
— Ana! - disse a enfermeira como se quisesse alertar a amiga:
— A gente está aqui, amiga; força, vamos ajudar a Laura?
E Camila já sabia o que teria que fazer; pensou em sua filha, que teria
uma vida toda pela frente, iria nascer, crescer, iria lhe fazzer sorrir
e chorar; esse pensamento lhe deu coragem pra enfrentar tudo o que
viesse pela frente:
— Força, meu amor, trás a Laura pra gente! - São José segurava a mão
esquerda da mulher entre as suas, lutando ao lado dela com a única arma
que tinha nas mãos naquele momento, o seu amor por ela e pela filha que estava
nascendo.
Quando já estava cansada, Camila ouviu a voz da sua médica, aquela a
quem confiou sua gravidez, sua filha:
— Força, Cami, só mais um pouquinho, ela está aqui na minha mão!
E bastaram alguns segundos para que a pequena anunciasse para quem
quisesse ouvir que havia chegado:
— Laura! - o grito que esteve preso em algum lugar da alma de
Camila durante nove meses, saiu; veio acompanhado por um choro de emoção
incontrolável:
A pequena recebeu o primeiro atendimento do pediatra e depois foi
levada para sua mãe; Camila ainda estava chorando quando lhe trouxeram
seu bebê:
— Oi, meu amor - disse a mãe ao receber a pequena das mãos de uma
enfermeira -, seja bem vinda, minha mocinha! A mamãe te ama muito,
muito!
São José, sentado ao lado da mulher na sala de parto, chorou ao ver sua
filha; deu um beijo leve na testa da esposa e outro na mãozinha da
pequena Laura:
— Oi, filha - sussurrou o pai de família -, oi, amor, seja bem vinda!
A equipe que estava dentro da sala se emocionou com a cena que viu;
Laura, ainda deitada junto com a mãe, parou de chorar quando ouviu a voz
do pai:
— Reconheceu a voz do pai! - comentou uma das enfermeiras:
São José voltou a segurar a mão de Camila:
— Tudo bem por aí? - a pergunta dele veio em um sussurro, acompanhada
por um sorriso leve:
— Melhor do que nunca! - respondeu ela sorrindo de volta para o marido.

— Mamãe - Içara entrou correndo, com um sorriso maior que ela no
escritório do apartamento onde vivia com sua mãe:
— Que foi, senhorita? - Blumenau sorriu para sua menina, o sorriso que
só Içara conseguia arrancar dela:
— Será que a Laura já nasceu?
— Não sei, meu amor; a mamãe também está ansiosa! Daqui a pouco a gente
vai ter notícias!
Içara pegou uma echarpe azul clara que sua mãe acabou deixando pendurada
na cadeira e a enrolou no pescoço, imitando com perfeição os movimentos
que Blumenau fazia; a mãe ficou observando, com um sorriso de orelha a
orelha.
Depois de colocar a echarpe, Içara se sentou na cadeira do escritório,
onde sua mãe costumava ficar quando levava trabalho pra casa:
— Agora eu preciso fazer alguns contatos, mamãe!
— Aé, doutora? - Blumenau se divertia com a situação -, e será que eu
posso ajudá-la em alguma coisa?
— Pode sim; primeiro eu preciso falar com o papai, pra contar pra ele
que a Laurinha está nascendo; depois com São Lourenço, quero combinar
umas coisas com ele!
— Eu posso fazer as ligações pra senhora!
— Por gentileza, mamãe!
Blumenau pegou o celular, e antes de qualquer coisa fez uma foto da
filha sentada na cadeira do escritório de casa, usando sua echarpe.
Enviou no grupo da família, com a legenda:
— Futura doutora; vê se eu posso com isso?

Depois que abandonou Laguna, Itajaí passou a acompanhar de longe a
vida de Chapecó, Joinville e do filho delas. Já faziam três meses que
Laguna estava sozinha, ela nunca pensou que doesse tanto. Mergulhou de
cabeça no trabalho depois da sua separação, foi a única forma que ela
encontrou de sobreviver a aquela situação.
Itajaí passou a mandar flores para o apartamento de Chapecó e Joinville
quase todos os dias, sempre acompanhadas por um cartão que dizia que ela
ainda amava a ex-namorada e que vinha acompanhando a vida dela de longe.
Isso começou a causar algumas discuções entre Chapecó e Joinville, cada
vez mais frequentes e o casamento delas entrou em crise.
Em um fim de tarde, Chapecó saiu do escritório um pouco antes do
horário e foi buscar São Lourenço na escola. Quando chegou em casa com o
filho, a engenheira deixou o carro estacionado na frente do edifício,
pois teria que buscar sua mulher no escritório dentro de uma hora.
Encontrou Itajaí na porta do edifício, muito pálida, chorando e sentiu
medo naquele momento:
— Itajaí! Itajaí, o que é que você está fazendo aqui?
A jovem não estava passando bem; havia ido até lá pra conversar com
Laguna, explicar seus motivos para ela mas sentiu uma dor forte na nuca,
uma tontura e precisou parar ali mesmo. Abraçou-se à ex-namorada e
chorou como a muito tempo não conseguia chorar; um filme passou pela
cabeça de Chapecó naquele instante, lembrou-se de tudo o que passou a
anos atrás por causa de Itajaí mas não podia deixá-la ali, daquele
jeito. Jamais pensou que faria isso um dia, mas levou a ex-namorada pra
dentro de casa e lhe ofereceu um copo'd'água.
— Obrigada, Chapecó! - já mais calma, Itajaí deixou o copo vazio na
mesinha de centro da sala:
— Eu não podia te deixar lá embaixo, daquele jeito! O que foi que você
veio fazer aqui, Itajaí?
— Eu vim conversar com Laguna; você já sabe que...
— Sim, eu sei! Você está jogando a sua felicidade pelo ralo, Itajaí;
essa mulher te ama, essa mulher esperou que você cumprisse sua pena pra
poder viver ao seu lado!
— Como é que você sabe disso?
— Isso não importa!
— Eu não podia continuar dando esperanças a ela, Chapecó; Laguna não
merecia o que eu estava fazendo com ela, vivendo com ela, me deitando
com ela pensando em você! Foi bom a gente ter se encontrado, eu vou
embora, vou tentar refazer a minha vida bem longe daqui, eu vou sumir da
vida de vocês pra sempre!
— Você sabe que isso não vai resolver nada, Itajaí!
— Mas eu preciso tentar; eu ainda te amo, Chapecó, eu vou te amar pra
sempre mas eu preciso tentar!
Itajaí ficou em pé e Chapecó fez o mesmo; as duas se entreolharam
por um instante e puseram-se a caminhar juntas em direção a porta do
apartamento. No corredor de entrada, Chapecó foi surpreendida pela
atitude da ex-namorada, que com uma das mãos lhe segurou pela cintura e
com a outra o seu rosto:
— Itajaí, você não pode sair por aí assim; eu te encontrei na porta do
edifício passando mal, se você quiser, eu ligo pra clínica, falo com
Laguna e explico que você está aqui pra conversar com ela...
Itajaí pretendia ir embora, desaparecer pra sempre e não teria outra
chance como aquela; sem pensar em nada, ali, no corredor de entrada do
apartamento de Chapecó, ela beijou a ex-namorada.
Chapecó era completamente apaixonada por Joinville, mas sentiu como se
estivesse voltando no tempo, e sem se dar conta acabou correspondendo.
Naquele instante, a porta do apartamento foi aberta; Joinville colocou
os pés dentro de casa e seu mundo desabou; ali, diante de seus olhos.


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