Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 103
Capítulo103




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CAPÍTULO103

Chapecó nunca se sentiu tão mal, nunca sentiu tanta raiva, só que de
si mesma; parou o beijo ao se dar conta do que estava acontecendo, olhou
para Joinville e percebeu a dor nos olhos dela:
— Joinville, não é nada disso que...
— Então quer dizer que você sai do escritório mais cedo pra receber
Itajaí na nossa casa?
— Ela estavva lá embaixo, meu amor, não estava passando bem, eu...
— E você ficou com pena dela; o que eu vi aqui foi um ato de
solidariedade, é isso? Como é que você tem coragem, Chapecó? Cadê o meu
filho? Como é que você tem coragem de trazer essa mulher pra dentro de
casa com o meu filho aqui dentro?
Itajaí decidiu entrar na conversa:
— Joinville, não aconteceu nada, nada que fosse tão inesperado assim! Você se
lembra, quando a geente se encontrou a anos atrás na frente do flat onde
Chapecó morava? Eu te falei, eu te falei que ela ia te trair como traiu
todas as namoradas que teve! A diferença das ooutras vezes é que não foi
com uma mulher desconhecida; ela te traiu comigo, que já estive na vida
dela e ninguém pode apagar isso!
Joinville, Itajaí e Chapecó tiveram uma briga horrível; a babá, que
ainda estava no apartamento, se incarregou de segurar São Lourenço no
quarto para que o pequeno não percebesse o que estava acontecendo.
Itajaí foi embora minutos depois, e Joinville foi para o quarto de
casal.
Chapecó, depois de algum tempo sentada em uma das poltronas da sala,
tomou coragem e foi conversar com sua mulher; a encontrou no quarto,
colocando algumas roupas em uma mala de tamanho médio, com os olhos
avermelhados:
— Joinville - a engenheira tentava vencer as lágrimas mas era quase
impossível -, eu juro pela vida do meu filho que eu não queria; eu só
deixei ela entrar porque ela estava passando mal lá na porta do
edifício, e quando eu fui levá-la até a saída do nosso apartamento...
— Não, Chapecó, por favor, não fala mais nada, porque quanto mais você
fala mais dor eu sinto aqui por dentro! Eu vou até a casa de Jaraguá,
talvez eu passe a noite lá e vou levar o meu filho comigo!
— Você não pode fazer isso comigo!
— Posso, Chapecó; enquanto Itajaí continuar tendo acesso à nossa casa, São
Lourenço não volta pra cá! Ele não é meu filho de sangue, eu sei; mas
eu não vou permitir que ele conviva com ela, ou você se esqueceu do que
ela fez a anos atrás quando você estava grávida? Eu amo você, eu amo
você mais do que tudo, mas por enquanto eu não estou sabendo lidar com
isso!
No início daquela noite, Joinville deixou sua casa levando o filho;
São Lourenço, ainda muito pequeno não entendia o que estava acontecendo,
para o menino, aquele seria um simples passeio. Ela saiu dirigindo,
chorando ao volante, e da varanda do quarto, Chapecó viu o carro de sua
mulher partir, levando o filho e os seus sonhos. Não soube dizer por
quanto tempo ficou ali, chorando, na varanda de seu quarto.
Joinville esteve primeiro na casa de sua mãe, contou a ela o que
aconteceu e deixou seu filho lá, na companhia do irmão mais novo,
acreditava que seria bom pra ele estar na companhia de outra criança.
Depois, foi até a casa de sua irmã.
Naquela noite, São Miguel do Oeste estaria cumprindo plantão no
pronto socorro, por isso, Jaraguá passaria a noite sozinha. Recebeu a
irmã em casa com carinho; sabia que nada do que ela issesse iria
diminuir a dor que Joinville estava sentindo, por isso, sentou-se com
ela no sofá da sala e a deixou desabafar. Ouviu tudo o que sua irmã
tinha pra dizer, e só depois teve coragem de falar alguma coisa:
— Mana, você lembra daquela noite, quando eu fui na casa de São Miguel
pela primeira vez? Eu saí de lá desnorteada, fui pro shopping, te liguei
e você foi me buscar! Eu lembro que enquanto a gente estava indo pra
casa, Chapecó estava dirigindo e eu fiquei deitada praticamente no seu
colo, no banco de trás; você cuidou de mim, minha irmã, e agora chegou a
minha vez de cuidar de você! Quer dizer, chegou a nossa vez de cuidar de
você!
Joinville, com a cabeça deitada no ombro da irmã, não entendeu o que ela
estava querendo dizer:
— Nossa vez, mana?
— Nóssa vez, minha querida; eu e o seu sobrinho, que está começando a crescer
aqui dentro de mim! Você vai ser tia outra vez, Joinville! Eu ia contar
pra todo mundo no próximo fim de semana, por enquanto só o meu marido
está sabendo mas diante do que aconteceu eu resolvi te contar agora,
porque eu queria ver um sorriso nesse rosto lindo!
Joinville sorriu, chorou, fez tudo o que seu coração queria naquele
momento; teria mais um sobrinho, e desta vez, nascido de Jaraguá, sua
melhor amiga, aquela com quem sempre dividiu tudo.

São José entrou no quarto de sua filha caçula em silêncio e Camila
estava lá, sentada na poltrona, com a filha no colo:
— Tudo bem por aí? - ele perguntou sentando-se ao lado da esposa:
— Tudo certo; ela acabou de mamar!
São José teria que contar, Camila ia acabar sabendo e era melhor que
fosse por ele, por seu marido:
— Cami, eu preciso te contar uma coisa, meu amor! Mas fica tranquila,
está tudo bem...
— Quando você fala desse jeito é porque vem problema gigante por aí, São
José! Pode falar; com a nossa filha no colo eu posso aguentar qualquer
coisa!
— Joinville saiu de casa, meu amor!
— Como assim?
— Florianópolis me mandou mensagem agora a pouco; minha filha está
separada de Chapecó! Parece que ela chegou em casa agora no fim da
tarde, encontrou Itajaí lá, em fim, elas estavam se beijando quando
Joinville pôs os pés em casa!
— Isso não pode estar acontecendo, São José! Chapecó perdeu o juizo!
— Joinville está arrasada; está na casa de Jaraguá!
— Eu preciso falar com Chapecó, São José! Fica um pouquinho com essa
moça, eu vou ligar pra ela do escritório!
Com cuidado, o pai pegou a pequena Laura do colo da mãe e a aconchegou-a
junto a o peito:
— Cuidado com a cabecinha dela, amor!
— Pode deixar, mamãe coruja; não se esqueça que eu tive cinco antes
dela!
Antes de deixar o quarto, Camila olhou pra trás e sorriu, era realizada
em todos os sentidos e não fazia questão nenhuma de esconder isso.

A felicidade, que era para ser completa com a gravidez de Jaraguá,
veio pela metade; Joinville e Chapecó estavam separadas, Itajaí
conseguiu fazer com que as duas se afastassem pela segunda vez.
Depois de alguns dias, de cabeça fria, Joinville decidiu levar o filho
de volta para o apartamento delas; afinal de contas, foi lá que ele
cresceu, seu quarto estava lá, não seria bom para o pequeno ficar longe
de casa.
Florianópolis, que agora morava sozinha com o filho pequeno, precisou
receber Joinville novamente em casa; a mãe de família não podia negar
que era um sonho ter seus filhos sempre por perto, se possível vivendo
com ela, mas não queria que fosse assim.
A mãe de família perdeu a conta de quantas vezes entrou em seu próprio
quarto e encontrou Joinville deitada ali mesmo, na cama da mãe,
chorando. Numa dessas vezes, Florianópolis se sentou e puxou a filha
para seu colo, como fez por tantas vezes quando ela era pequena.
Joinville já não ia mais ao escritório, durante dias ela só quis a
companhia da mãe e dos irmãos:
— Eu sinto muito que tudo tenha terminado assim, mana; apesar de saber
que isso podia acontecer! - disse Blumenau, em uma noite em seu
apartamento:
— Vocês duas vão acabar voltando, tenho certeza! - afirmou Palhoça com
alegria, em uma tarde em seu estúdio de fotografia:
— Daqui uns meses você vai ter o seu sobrinho pra se alegrar! - dizia
Jaraguá:
— Mana, vamos assistir alguma coisa; daí você fica feliz! - São Joaquim
dizia com a alegria de quem sabe o que está falando.
Quem mais sofria era São Lourenço, que sabia que alguma coisa estava
acontecendo, mas com sua pouca idade não conseguia entender.
Quando o garotinho perguntou para Chapecó porque Joinville não estava em
casa, a mãe respondia que ela estava na casa da vovó, matando a saudade
dela.
Em uma noite, Joinville precisou ir até o apartamento; seu filho teve
febre o dia todo e chamou por ela.
Depois de ter separado Joinville e Chapecó, Itajaí passou a viver um
verdadeiro inferno; ainda estava morando com a ex-colega de faculdade,
na cobertura de frente para o mar, mas já não conseguia dormir à várias
noites, e quando o sono finalmente chegava, ela tinha pesadelos,
acordava chorando e já não podia mais suportar aquilo.

Era uma manhã de muita chuva; depois de fazer alguns atendimentos,
Laguna foi até a recepção e ficou ali, conversando com a recepcionista.
De repente, a psicóloga foi surpreendida pela ex-companheira, que entrou
pela porta da frente da clínica, chorando e chamando por ela:
— Calma, Itajaí, calma, estou aqui! O que foi?
A jovem abraçou-se à Laguna, estava transtornada:
— Eu sei que eu estou doente, Laguna, eu sei que eu estou muito doente!
Me salva, por favor, me ajuda!
Laguna amava demais aquela moça, amou desde o primeiro momento e só
conseguiu chorar abraçada a ela. Itajaí não estava bem, foi
diagnosticada com depressão e acabou voltando a viver no apartamento de
Laguna, que prometeu cuidar dela.
As duas dormiam em quartos separados; Laguna afirmava que não se
deitaria ao lado de Itajaí sem que ela também quisesse.


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