Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 101
Capítulo101




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CAPÍTULO101

Laguna chegou para trabalhar na manhã do dia seguinte, mas
sinceramente, não tinha condições de atender ninguém. Não podia ajudar
seus pacientes a entenderem seus problemas, quando na verdade, ela não
estava dando conta da sua dor.
Eram umas dez da manhã quando a outra sócia da clínica, colega de
profissão de Laguna, entrou na sala onde ela atendia todos os dias. A
encontrou chorando, sentada atrás da mesa. Pegou uma cadeira e a levou
pra lá, para sentar-se ao lado dela:
— Ah, minha colega, eu não tenho atendimento agora, vim te ver; vamos
conversar um pouquinho?
Mas Laguna não conseguia dizer nada; abraçou-se à sua colega, que
carinhosamente, como uma boa amiga, a fez recostar-se em seu ombro:
— Eu sei que está doendo, Laguna, mais do que ninguém eu sei de tudo o
que você viveu com ela e por causa dela! Chore, minha colega, chore tudo
o que tiver que chorar, não tenta fingir que está tudo bem, que não
aconteceu nada porque é pior! Você não está em condições de atender
ninguém hoje, minha amiga; eu vim aqui pra te dar um abraço, conversar
contigo e pra te dizer que isso passa, uma hora passa! Vai pra casa,
Laguna, você cuida de tanta gente nesse consultório todos os dias, mas
hoje é você quem precisa de cuidados!
E de fato, Laguna precisava de cuidados, precisava cuidar da sua dor;
deixou a clínica logo em seguida e foi pra casa.
Depois que deixou sua casa e sua mulher, Itajaí passou a morar na
casa de uma ex-colega de faculdade. A tal moça que a acolheu também não
chegou se formar em direito; casou-se com um homem mais velho,
empresário mas o casamento durou pouco mais de um ano. Hoje ela estava
separada e acolheu Itajaí em seu apartamento, uma cobertura de frente
para o mar.
A jovem ainda amava Chapecó, sabia que de nada adiantaria lutar por ela
mas não podia continuar vivendo com outra mulher, isso ia além do que
ela podia suportar.

Jaraguá passou um mês em lua de mel, e quando voltou de viagem, se
deparou com uma notícia que daria tudo pra não ter recebido. Algumas
semanas antes de seu casamento, Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz
foram a uma consulta médica, pretendiam fazer alguns exames, queriam ter
a certeza de que estava tudo bem para que pudessem realizar o sonho de
ter um filho:
— Eu não posso ter filhos, Jaraguá! - a jovem ouviu essa notícia de sua
irmã na sala de sua nova casa, em uma tarde de sábado:
— Eu não posso acreditar, Palhoça! Como é que foi isso, minha irmã?
— A gente fez os exames, eu consultei com a doutora Ana inclusive! Eu
nunca vou esquecer do olhar de tristeza dela, mana; ela disse que eu
posso até conseguir engravidar, mas dificilmente vou conseguir levar a
diante!
— Palhoça, minha irmã, presta bem atenção no que você está me dizendo!
Dificilmente não quer dizer impossível; você pode...
— Não, minha irmã! Eu estou me sentindo inútil, Jaraguá; minha sogra
sempre nos disse o quanto ela queria um neto e nem isso eu vou poder dar
a ela, eu não vou poder dar essa alegria pra ela, entende?
E a realidade era essa; Palhoça se sentia diminuída diante das outras
mulheres, dificilmente poderia ter um filho seu. Embora estivesse
triste, a palavra desistir jamais fez parte de seu vocabulário; ela e o
marido pensavam inclusive em adotar uma criança, mas ainda era cedo pra
tomar qualquer decisão.
Camila estava grávida de seis meses, e de fato, seu coração de mãe
não a enganou. Ana Luísa confirmou, era uma menina.
O quarto da pequena estava sendo preparado com todo amor do mundo para a
chegada dela; era a sexta vez que São José passava por isso mas era como se
fosse a primeira. Os dois irmãos de Camila, Karlla e Davi, fizeram
questão de dar o berço para a sobrinha que ia chegar em breve; a pequena
Laura, nome escolhido para a menina, ganhou muitos presentes de amigos e
de suas quatro irmãs por parte de pai. O tempo passava, cada dia que
passava era um dia a menos de espera, de ansiedade.
Era uma tarde de domingo, festa de aniversário do pequeno Lucas,
filho de Clara e Davi. O jovem casal estava passando por uma crise,
estavam lutando com as armas que podiam para salvar seu casamento; Clara
sempre foi uma mulher vaidosa, preocupada ao estremo com a beleza, com o
dinheiro, esquecendo-se muitas vezes de que tinha um filho pequeno que
precisava de atenção.
— Oi, maninha! - Davi foi receber a irmã e o marido dela, que
acabaram chegando atrasados na festa; Camila usava um vestido azul, não
sabia exatamente o porque, mas estava se sentindo em estado de graça
total naquele dia; estava grávida de nove meses, esperando que Laura
lhe desse o sinal de que queria ver a luz do mundo:
— Oi, meu irmão, acabamos chegando atrasados mas estamos aqui!
— Você está linda, mais do que nunca!
— Dizem que a felicidade faz bem; deve ser por isso, eu estou feliz!
Cadê o Lucas?
— Está brincando por aí!
— A gente vai procurar ele por aí!
Davi cumprimentou São José e acompanhou a irmã e o cunhado até uma mesa;
depois chamou seu filho, um lindo menino, muito parecido com o pai, para
cumprimentar os tios.
— Você está de quanto tempo, menina? - assim perguntou a avó de
Clara ao se aproximar para cumprimentar Camila, com seus setenta anos e um olhar de felicidade:
— Estou de nove meses, dona Verônica - respondeu a enfermeira -,
esperando ela resolver nascer!
— É uma menina?
— Sim, é uma menina!
Dona Verônica olhou fixamente para a barriga de Camila e tocou-a com
ternura:
— A barriga desceu, ela já encaixou - falou a senhora, com a certeza de quem sabe o que
está dizendo -, não dou dois dias pra você estar com ela no colo! Eu
tive cinco, filha, sei como é isso!
Depois do parabéns e do corte do bolo, Camila saiu discretamente da
festa e foi ao banheiro; logo depois, mandou uma mensagem para o celular
de Karlla e pediu que ela fosse até lá:
— Oi, Cami, o que foi? - Karlla entrou apressada no banheiro:
— A minha bolsa estourou, Karlla!
— Calma, mana, como assim?
— Eu senti que tinha alguma coisa estranha; vim pro banheiro e...
— Calma, mana! Eu te ajudo, vamos até a sala!
Por ser uma festa só para a família e alguns amigos mais íntimos, Clara
e Davi decidiram usar o salão de festas de casa; Karlla levou a irmã até
a sala, acomodou-a e foi chamar sua mãe.
— O que foi, meu amor? - São José entrou na sala e encontrou sua
esposa com a mãe, sentada no sofá:
— A bolsa estourou, São José! - respondeu Naira sem tirar os olhos da filha:
O pai de família se aproximou e abraçou-se a sua mulher:
— São José, ela vai nascer!
— Calma, morena, está tudo bem, fica tranquila! A gente vai pra casa,
liga pra sua médica, vai dar tudo certo!
Camila precisou sair da festa de seu sobrinho, Laura iria nascer naquele
dia, no mesmo dia qe, a cinco anos atrás, Clara deu a luz ao seu filho
Lucas.
Apesar de ser enfermeira, ela sentia um pouco de medo; mas precisava
acreditar que tudo ia dar certo.


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