Kira escrita por zoiudinhadamamae


Capítulo 6
Capítulo 5




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5

            O dia começou cedo, com uma sirene aguda que preencheu o dormitório do B-13 às seis e quarenta e cinco da manhã. Kira estava um pouco lento para acordar, mas quando começou a olhar em volta, viu que a maior parte das pessoas já estavam de pé indo em direção ao refeitório. Levantou em um pulo e trocou de roupa, colocando a primeira que viu em sua mochila. Olhou ao seu lado a procura de Dante, mas encontrou apenas a cama arrumada e então supôs que ele já havia saído. Foi levando seu próprio corpo lentamente até a porta, e lá encontrou Dante segurando uma caneca de metal que Kira não se lembrou de tê-la visto no dia anterior.

            — Aí está você! Bom dia. — disse Dante para Kira enquanto dava um tapinha de leve em seu ombro esquerdo. — Vem, a gente precisa tomar café.

            — De onde surgiu essa caneca?

            — Ah, eu peguei na cozinha.

            — Então você já foi tomar café? — perguntou Kira

            — Não, eu fui lá porque precisava falar com uma pessoa, aí acordei mais cedo e tomei só uma caneca de café.

            Kira assentiu. Não tinha muito o que falar a respeito, mas ele ficou se perguntando, com quem Dante precisava falar tão cedo? Deixou o assunto de lado quando se deu conta de que não fazia ideia de onde era o refeitório e só estava se deixando seguir Dante.

            — Onde é o refeitório?

            — É na parte superficial.

            — Com quem você foi falar? — perguntou Kira por fim, não conseguindo conter sua curiosidade.

            — Não foi nada de mais, apenas fui falar com um velho amigo.

            — Mas precisava ser tão cedo?

            — Sim.

            Kira resolveu deixar de lado o assunto, pois percebeu que aquilo seria uma daquelas coisas que deve se esperar a pessoa dizer por si só. Tinha uma fila razoavelmente grande para pegar o elevador, os dois meninos preferiram ir de escada. Ao chegarem na superfície, dobraram dois corredores e chegaram em um salão grande e branco.

            O refeitório era bem grande, com várias mesas de metal e vários jogadores sentados e falando alto. O chão branco estava com a cor amarelada já pelo desgaste. Kira e Dante entraram na fila para se servir, o que não demorou muito. Após pegarem a comida, foram em direção a uma mesa que estivesse vazia ou com o menor número de pessoas possível, foi quando Kira viu Mia sentada acenando para que ele e Dante se juntassem a ela. Os dois meninos foram em sua direção levando suas bandejas de café da manhã.

            — Bom dia! E aí, como está? — perguntou Mia para Kira — Pelo jeito já está tendo que se acostumar com a vida aqui. Mas não se preocupe, dura pouco tempo, só até te encaixarem em uma equipe.

            — Estou bem, e até agora não achei tão puxado assim, só acho que acordamos muito cedo.

            — Fica pior quando nos fazem treinar de madrugada. — disse Dante e Kira o olhou com cara de surpresa.

            — Você não me falou isso. — disse Kira

            — Você nunca perguntou. — retrucou Dante.

            — E você está aqui pela terceira vez — disse Mia para Dante

            — Pelo jeito a fofoca corre rápido no mundo dos jogadores. — disse o garoto com um certo sarcasmo na voz.

            Kira ficou passando os olhos de Dante para Mia e percebeu que talvez eles já se conhecessem. Mia não respondeu o que Dante dissera e apenas se concentrou em comer seu pão com mel. Dante por sua vez, travava uma batalha para abrir a garrafa de suco de laranja. Enquanto isso, Kira olhava em sua volta, não conseguindo se concentrar em uma única coisa.

            — Fez amizade com mais alguém? — perguntou Mia para Kira, que respondeu com um aceno negativo enquanto mastigava seu bolo de banana.

            — Ele preferiu a minha companhia mesmo. — disse Dante, fazendo com que Mia lhe lança-se um olhar debochado. — Mas ele conheceu o Shinya.

            — Isso é bom, Shinya é uma boa pessoa.

            — É, mas ele é meio chato, ainda mais se cair na equipe dele. — disse Dante, abrindo a caixinha de plástico que embalava seu bolo de damasco.

            — Não deve ser tão ruim assim cair na equipe dele. — disse Kira — Bem, eu não o conheço muito bem, mas ele não me parece ser um mau líder.

            — Ele não é; mas é meio complexo de lidar. — disse Dante

            — Pra você sim. Não sei como, mas você consegue arranjar briga com todo mundo, nunca vi isso antes. — disse Mia dando um gole em sua caixinha de leite.

            — Eu não arranjo briga com todo mundo, já disse. Eu só não tenho medo de brigar quando é necessário.

            — Mas todas as brigas que você se meteu foram necessárias? — perguntou Mia arqueando uma sobrancelha.

            Dante bufou e revirou os olhos; Kira abriu a boca pra falar, mas fechou em seguida quando uma alta sirene de som agudo ecoou pelo refeitório, igual a que tocara no dormitório para despertar os jogadores. Imediatamente, os jogadores começaram a se levantar e ir em direção a porta.

            — O que isso significa? — perguntou Kira, ainda na metade de seu bolo.

            — Significa que se não engolir o bolo agora e levantar daí, vai tomar o primeiro esporro e não vai ser legal. — disse Dante.

            — Agora vocês tem que ir pro treinamento do B-13, assim como eu tenho que ir para o do B-15. – disse Mia.

            Kira assentiu, despedindo-se de Mia com um aceno e indo atrás de Dante. Os dois foram de escada novamente até o nível B-16, que era um grande pátio cinza que se olhasse pra cima, era possível ver os outros níveis de treinamento, exceto a superfície. Quando lá chegaram, perceberam que os jogadores haviam feito uma grande roda em volta de um garoto vestido de branco e cinza; seus cabelos eram cinzas com algumas madeixas em uma azul vibrante e esverdeado. O garoto apenas olhava em volta, não mantendo o olhar fixo em ninguém e quando percebeu que todos já haviam chegado, resolveu começar a falar.

            — Bom dia a todos. Meu nome é Eiji e sou coordenador de treinamento e mestre de simulações. Vou explicar como funcionará os treinamentos, mas falarei apenas uma vez. Vocês treinaram todos os dias, com alguns intervalos de quinze minutos cada. Na sexta feira, haverá os treinos classificatórios, que basicamente irão dizer se vocês continuam no nível em que estão, sobrem de nível, descem de nível, ou para aqueles que estão no B-12, voltam pra casa. Em geral, os classificatórios são mistos, ou seja, vocês competem com jogadores de outros níveis. Alguma pergunta?

            Nenhum dos jogadores falou uma palavra sequer, apenas acenaram negativamente com a cabeça.

            — Ótimo. — disse Eiji — Agora vocês irão para seus respectivos níveis para começar o treinamento. A primeira pausa acontecerá ao meio dia.

            Após dizer isso, Eiji saiu do centro da roda e foi em direção ao elevador. A roda também começou a dispersar, com os jogadores indo em direção às escadas para ir aos níveis para o treinamento. Kira e Dante andavam lado a lado, um pouco espremidos pelos outros jogadores. Quando chegaram no nível B-13, foram para o sentido contrário ao do dormitório, que levava a uma sala parecida com a do primeiro teste classificatório. Era grande, mas nem tanto quando a outra; haviam várias cabines abertas com capacetes de realidade virtual e uma tela de tamanho médio para se ver o que acontecia, como era nas lan-houses de Tóquio. Kira notou que as cabines formavam uma fileira bem grande, mas havia um corredor no meio da sala para haver uma melhor circulação. Na outra ponta do corredor, estava a menina de cabelos cor de rosa lisos que ele havia visto no dia anterior escrevendo na lousa o nome dos jogadores e suas classificações. Ele ainda não sabia quem ela era, e certamente se esquecera de perguntar a Dante. Ela bebeu um gole de seu copo d’água e ao colocá-lo na mesa, disse:

            — Por favor, fiquem em uma cabine e liguem o capacete, conectando o eletrodo principal na nuca.

            Todos a seguiam como se fossem súditos e ela sua rainha. Kira e Dante escolheram cabines vizinhas, mas quando cada um entrou na sua, já não era mais possível fazer contato visual, mesmo que as cabines não tivessem portas. Kira pegou seu capacete e o colocou; a princípio estava tudo escuro, mas quando conectou o eletrodo principal na nuca, teve a visão da simulação. Era um vasto campo verde sem arvore nenhuma, apenas o verde da grama e o azul do céu que tinha um caráter sintético que as simulações geralmente tinham. Aos poucos no campo foram surgindo outros jogadores que Kira apenas reconheceu de vista, então percebeu que conforme os jogadores iam se conectando a simulação, iam aparecendo. Os jogadores também não estavam com o mesmo uniforme preto que estavam vestidos nas classificatórias do dia anterior, estavam divididos em quatro cores, vermelho, amarelo, roxo e azul. Kira olhou para seu próprio corpo e viu que vestia um uniforme vermelho; Dante apareceu do seu lado usando o mesmo uniforme.

            — Você entrou antes de mim. — disse Dante

            — Você não me pediu para te esperar.

            Dante apenas revirou os olhos.

            — Sabe, da minha primeira vez aqui, também fiquei na equipe vermelha. — disse Dante.

            — Estava com saudades?

            — Só um pouco, talvez.

            — Tem alguma lógica a divisão das equipes? — perguntou Kira

            — Não, é uma divisão bem mais ou menos se for parar pra pensar. Conforme as pessoas vão se conectando, o sistema vai dividindo entre as quatro equipes.

            Kira assentiu, ia falar mais alguma coisa quando uma voz feminina ecoou dentro da simulação.

            — Atenção jogadores, esse é o primeiro treino do B-13 de vocês, ou não. Vai funcionar da seguinte maneira, vocês estão divididos entre quatro equipes, cada uma com uma cor diferente. Pode parecer que não, mas o mapa da simulação é bem grande e cada equipe se responsabilizará por um pedaço do mapa. O objetivo é conquistar o território da equipe adversária. A equipe que conquistar mais territórios, vence.

            Kira ouvia a explicação atentamente, refletindo sobre cada palavra que lhe era dita e já pensando em alguma estratégia que pudesse lhe ajudar a vencer o jogo.

            — Cada equipe terá um capitão, — continuou a voz — que já está definido. Reúnam-se em seus territórios, ao soar do canhão o jogo começa. Boa sorte e bom jogo.

            Kira e Dante seguiram os demais membros da equipe vermelha em direção a uma área que parecia um bosque. Kira ficou pensando em quem seria o capitão ou capita de sua equipe e pensou que talvez pudesse ser ele, mas isso não fazia o menor sentido.

            — Quem deve ser o capitão? — perguntou ele para Dante

            — Provavelmente, os capitães são os quatro melhores colocados na classificação do B-13. Lembra daquela lousa enorme no dormitório? Então, a Mayumi não colocou o nome de todos e a classificação à toa.

            — Então o nome da garota da cabelos rosa se chama Mayumi?

            — Sim, ele a é tipo a diretora do nível B-13. Tudo que acontece no nível passa por ela e ela coordena as simulações e treinos também.

            — Mas isso não é papel do Eiji?

            — O Eiji é mestre de simulações, isso é diferente. Ele monta as simulações para cada nível, ele é um programador. Praticamente a casta mais alta dentro dos jogos.

            — Como assim “casta”? — perguntou Kira com uma cara bem confusa.

            — Pra quem disse que era bem interessado nos jogos, até que você tá bem desinformado; mas depois eu te explico, na hora do intervalo. Agora a gente tem que se concentrar no jogo pra conseguir uma boa pontuação até pra nós mesmos.

            Dito isso, Kira e Dante chegaram numa clareira no meio do bosque com todos os membros da equipe vermelha. A capita da equipe estava no meio da roda, e Kira notou que era ela a capitã pois estava com um lenço dourado amarrado no braço. Seus cabelos eram azuis, e os olhos castanhos intensos. Os dois meninos se aproximaram para ouvir o que ela tinha a dizer.

            — Nosso território tem uma vantagem. Estamos em um bosque, então é muito mais fácil para nós armar uma defesa que se esconda no meio das árvores ou até nas copas. — disse a capitã

            — Mas como iremos defender o território? Corpo a corpo? — perguntou um garoto que estava um pouco à frente de Kira.

            A capitã olhou para ele e disse com muita frieza na voz.

            — Esse é o tipo de pergunta que um B-12 faz, se você não sabe, acho que você está no nível errado.

            Kira engoliu em seco. Não esperava essa atitude, mas já que a presenciou, sentia que devia ser um pouco mais cauteloso quanto a sua capitã de equipe. Por um segundo, pensou se Shinya seria assim na equipe dele, se ele era de exigir uma maturidade que talvez os membros de sua equipe ainda não tivessem.

            — Bem, alguém mais vai fazer um comentário ou uma pergunta estúpida, ou eu posso voltar ao raciocínio que eu estava elaborando em minha mente? — perguntou a capitã, retoricamente — Ótimo; bem, então eu vou dividir quem vai atacar e quem vai defender. 

            — Mas sabemos o território das outras equipes? — Kira perguntou, mas logo se arrependeu de tê-lo feito.

            A capitã o olhou nos olhos, como se fossem fuzis, e lhe disse de maneira amarga:

            — O que você acha?

            Kira engoliu em seco e disse:

            — Eu acho que já sabemos, mas você é a capitã. E se está comandando a equipe, deveria ao menos falar para as pessoas que você quer que vão pro ataque quais territórios elas devem atacar, pois se atacarmos apenas uma equipe, perderemos para outra. Estamos em um bosque, mas ele não vai nos ajudar se não pensarmos em algo também.

            Todos os demais jogadores estavam em silencio, apenas esperando qual seria a reação de sua capitã. Ela apenas olhou e disse para todos os jogadores ouvirem, ainda com os olhos presos aos de Kira:

            — A equipe amarela está na beira do rio, a leste; a azul está no centro da floresta, a oeste, é um terreno bem parecido com o nosso; e a equipe roxa está perto dos contêineres, ao norte. — a capitã se virou para o resto da equipe — Vamos começar atacando a equipe amarela e por estarem em uma planície, é bem capaz que eles procurem um combate corpo a corpo. Portanto escolham suas espadas e armas que tenham lâminas afiadas. Depois que atacarmos a amarela, conquistaremos a vitória, erto?       

Todos da equipe assentiam enquanto a capitã escolhia a dedo as pessoas que iam ficar na defesa e as que iam atacar.

             — Você eu quero na defesa; pra me ajudar caso algo dê errado. — disse a capitã quando pousou seus olhos novamente em Kira.

            Kira apenas assentiu e quando ela foi embora, olhou para Dante que o fitava de maneira incrédula.

            — Você é lobo em pele de cordeiro. — disse Dante

            — Por quê?

            — Do pouco que te conheço, não estava esperando que você fosse enfrentar um líder de equipe assim.

            — Não sei se a enfrentei, apenas disse pra ela fazer o que achava que seria mais eficiente e menos arriscado pra equipe. Não acho que seja nada demais.

            — Para de fingir que é humilde e que não sabia o que estava fazendo. Você a enfrentou, não precisa necessariamente brigar pra enfrentar alguém. — Dante dizia enquanto ia com Kira para o lugar combinado onde ficaria defendendo. — Bem, de qualquer forma, ela até que estava merecendo, foi bem chata com aquele garoto.

            Kira assentiu, e pensou se tinha tomado tal atitude por se irritar com o modo como a capitã agiu com o garoto.

            — É, ela foi bem grossa. E isso porque ela é do B-13, imagina se fosse de um nível mais alto. — disse Kira

            — Se ela fosse de um nível mais alto, não agiria assim. Em geral, as pessoas do nosso nível são as mais chatas, não sei porque. Jogadores do B-14 ou B-15 são mais sossegados, mas se bem que no B-15 tem algumas pessoas que se acham bastante, mas em comparação ao B-13...

            A conversa foi interrompida por um som de canhão que quase ensurdeceu Kira, e então ele se lembrou de que estava em um jogo e que tinha de ganhar.

            — Prestem atenção! A linha de frente deve estar com as armas carregadas e na mira para atacar qualquer intruso que se aproxime; a segunda linha de defesa deve ficar com as katanas na mão! — disse a capitã a uns cinco metros dos garotos.

            Kira acessou seu inventário e escolheu uma katana de lâmina vermelha, e logo que o fez, já empunhou sua espada. Sua atenção estava toda voltada para o jogo, atento a cada som e cada movimento estranho que significasse que algum membro de alguma equipe inimiga estava perto. A verdade é que ele odiava jogos assim, detestava não saber o que estava acontecendo e o que os outros membros da equipe estavam fazendo. Precisava ter noção das coisas.

            — Eu devia ter usado o resto da coragem que sobrou pra dizer que eu preferia atacar. — disse Kira

            — Ah, agora já foi. Mas você prefere atacar? Você tinha me dito na lan-house que tinha caído no B-13 justamente por causa daquela simulação que era de luta.

            — Pois é, mas o que me dá agonia é não saber o que está acontecendo, não saber como que a nossa equipe está se saindo.

            — Ah, já sei. Isso é complexo de quem joga mais pelo computador do que pelo simulador. Quem joga pelo simulador já tá acostumado a não ter uma visão de cima sobre tudo o que está acontecendo.

            — Mas eu jogo em simulador também na lan-house que eu frequento, é só que é uma coisa pessoal mesmo.

            — Entendi, mas olha, uma dica que eu vou dar, sempre pega a katana com as duas mãos, e nunca, em hipótese alguma decapite seu inimigo, a dor que ele vai sentir depois do jogo vai ser quase letal, o que me leva a próxima dica, faça de tudo para não ser atingido. Você não vai morrer na vida real se morrer aqui, mas a dor que sentirá depois pode ser tão insuportável que o corpo começa a acreditar que a lesão é real.

            — Não foi o caso da Mia, né?

            — Não, a Mia de fato perdeu a perna, mas mesmo assim, fique atento.

            Kira assentiu, guardando aqueles conselhos em sua mente pois sabia que usaria novamente e talvez em um futuro não tão distante assim. O bosque estava todo em silêncio, a defesa da equipe vermelha estava atrás de arvores com as armas em mãos. Kira passou os olhos pelas árvores a procura da capitã, mas não a encontrou, ela provavelmente estaria atrás de alguma árvore. Olhou para frente e não vu movimento algum, mas algo se mexeu em seu capo de visão periférica e quando foi olhar, já era tarde demais. A dor que percorria seu braço era inacreditavelmente insuportável. Uma flecha havia lhe atingido e o arqueiro ou arqueira continuava lançando mais flechas.

— Estão atacando! Estão atacando! — gritou Kira se afastando de seu posto de guarda

— O que está acontecendo?! — disse a capitã — Por que você não está no seu posto?!

— Estão nos atacando, veja, fui atingido.

Enquanto Kira falava, algumas pessoas da equipe vermelha se aproximavam para ver o que estava acontecendo, uma dessas pessoas era Dante. Quando a capitã olhou para o braço de Kira, arrancou a flecha com brutalidade, fazendo o menino gritar de dor.

— Não me interessa se você foi atingido ou não, era pra você estar defendendo no seu posto, e não aqui chorando igual uma criança. — ela se virou para os membros da equipe que estavam próximos — Quero que vocês todos voltem aos seu pos-

Sua fala foi interrompida por uma flecha que lhe atingira nas costas, fazendo-a não ter reações mediatas perante a dor.

            — Todos com armas de fogo, AGORA! — gritou a capitã se ajoelhando no chão por conta da dor que sentia.

            Kira ficou sem saber o que fazer, seu braço ainda doía e não sabia direito como ajudar a equipe, e esta por sua vez parecia estar desmoronando com membros da equipe verde atacando por todos os lados. O garoto olhou para a capitã da equipe ajoelhada no chão, as costas curvadas em sinal de dor. Sem hesitar, Kira abaixou-se ao lado dela  tocou sua costas carinhosamente em sinal de consolo, mas a reação da garota oi fuzilá-lo com os olhos.

            — Isso só está acontecendo por sua causa. — começou ela ainda olhando-o de maneira penetrante e cruel — Não era pra você ter saído de onde estava.

            — Eu não sabia o que fazer e estava com dor, ainda estou alias.

            — Não interessa! — a capitã grito com um pouco de sangue escorrendo de seus lábio, e o fato fez com que Kira se surpreendesse com o nível de realismo que as simulações carregavam — Você devia ter engolido seu egoísmo e pensado no bem da equipe.

            Kira pensou em responder, mas chegou a conclusão de que tudo o que a capitã iria fazer era insultá-lo e falar em como ele deveria ter ficado em seu posto sem sair de lá mesmo que estivesse sentindo uma dor estúpida. Resolveu se afastar ao poucos e quando olhou pra trás pra ver a capitã ainda estava lá, ela tinha desaparecido.

            — Ei, onde você tava? — perguntou Dante — Achei que na hora que ela nos mandou atacar, você tinha ido também.

            — Queria saber se podia fazer ela se sentir melhor.

            — Acho que ela não vai ficar melhor tão cedo, especialmente com relação a você. Mas desencana, deixa eu ver seu braço.

            Kira estendeu o braço para que Dane pudesse vê-lo.

            — Não vai doer tanto quanto as costas dela, mas vai doer.

            — Por falar nisso, ela estava lá atrás há um minuto e agora ela simplesmente sumiu.

            — Isso não é bom... — Dante respondeu com um tom de voz distante — Ela deve ter morrido, não de verdade, mas aqui. E se ela morreu aqui, a dor que ela vai sentir quando for desconectada, vai ser insuportável.

            Kira até adoraria continuar a conversa, mas os membros da equipe verde estavam cercando todos da equipe vermelha; ele só se deu conta disso quando estava correndo com Dante na direção contrária de dois garotos a equipe verde que estavam com lanças. 

            — Que horas acaba esse jogo?! — perguntou Kira

            — Quando só sobrar uma equipe.

            — Mas nós já perdemos nosso território, é só desconectar!

            — Kira, para de reclamar! — disse Dante — Juro que já está acabando.

            Dante estava certo, a partida já estava acabando, mas pra Kira acabou antes que ele começasse a acreditar no que o amigo havia lhe dito. Uma bala lhe atingiu a cabeça e antes que pudesse gritar, já estava no chão e fora automaticamente desconectado.


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