Tronos de fogo e gelo escrita por Sojobox


Capítulo 8
Todos são grãos perante o corvo


Notas iniciais do capítulo

Obviamente, teremos um foco no nosso vilão nesse episódio.
O que será que ele vai aprontar?
Leiam e descubram.



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Melia Hollard

 

Quando me contaram, quase desmaiei.

 

Medneria havia sido presa, suspeita de assassinar o rei Denys Darklyn I. Apesar das tentativas frustradas da serva em negar sua participação no ocorrido, diversas pessoas afirmaram que ela foi a última pessoa a ser vista entrando e/ou saindo da sala do rei.

 

Assim que soube disso, Melia foi procurar alguém que pudesse explicar o que estava acontecendo. Foi até a sala real, mas estava trancada, afinal era a cena do crime; foi até a cozinha onde sempre havia criados falando da vida de seus senhores, mas estava vazia; foi até mesmo ao quarto da criada, inutilmente, desesperada por algum tipo de informação.

 

Como isso foi acontecer? Quando adormeci estava em seu colo e agora ela está presa, acusada de algo que não fez. Não pode ter feito. Pode?

 

Antes de qualquer coisa era preciso achar alguém, pois parecia que todos no castelo haviam virado pó.

 

Ao chegar ao terceiro andar, a princesa percebeu que dois guardas, que vigiavam uma porta, conversavam sobre Medneria. Ouvindo uma parte da conversa, ela conseguiu descobrir que Medneria havia sido levada para a masmorra.

 

Melia refletiu um pouco sobre o que tinha pensado anteriormente enquanto descia as escadas até o calabouço. Será mesmo que conhecia Medneria? A serva que apareceu de uma hora para outra no castelo da família, dizendo que seu antigo mestre havia morrido e que não tinha lugar para ficar, apenas disse que se adaptava de forma rápida.

 

No início, achei-a bem estranha, mas, com o tempo, percebi que era uma pessoa gentil. E, mais relevante, importava-se realmente comigo.

 

Depois de um ano trabalhando com as demais criadas, ela recebeu um grande teste.

 

Papai colocou-a para cuidar de uma jovem que havia acabado de fazer seis anos. Eu.

 

Onde diversas servas haviam falhado antes, ela conseguiu passar; mais do que isso, ela se tornou uma segunda mãe para a princesa.

 

Depois da doença da mamãe, Medneria se tornou a única influência feminina na minha vida, ela é minha melhor amiga, minha irmã, minha mãe.

 

Melia tinha que descobrir o que estava acontecendo.

 

E é isso que eu vou fazer.

 

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Máscara de Corvo

 

O Mascarado estava ficando cada vez mais importante e poderoso na região.

 

Ele tinha conseguido quase tudo que queria em tão pouco tempo. Tivera que fazer isso de forma apressada.

 

Havia coisas a terminar ainda: o funeral do antigo rei e a coroação do novo, assim como dar um jeito naquela serva que o perseguia tanto.

 

Participou da reunião que fizera com alguns reis da região. Estranhamente sem o rei Davos Hollard.

 

Segundo o mascarado, Davos disse que estava tratando de problemas internos causados pela morte recente de seu conselheiro, o que foi aceito apesar de alguns resmungos.

 

Logo após a reunião, o conselheiro foi até o quarto do jovem Denys.

 

— Denys, como você está? — Máscara de Corvo sentou-se numa cadeira ao lado da cama do príncipe.

 

O jovem já havia sido informado de tudo, apesar de ainda tentar se convencer do contrário.

 

— Bem. — Os olhos do menino estavam vermelhos, claramente um sinal de que havia chorado recentemente.

 

— Sem dúvidas, não deverá ser fácil os dias a seguir, mas você deve permanecer forte no caminho que você escolher, isso é ser adulto — falou o conselheiro, enquanto passava a mão pelos cabelos maltratados do jovem. — Qualquer coisa que você precisar eu estou aqui. Não apenas como conselheiro, mas como seu amigo, está bem?

 

— Sim. — Antes que o homem saísse do quarto, ele perguntou algo que estava em seus pensamentos fazia um tempo: — Por que usa essa máscara todo o tempo? Seu rosto é tão feio assim?

 

— Hahaha! Vejo que seu espírito continua sendo bem engraçado... — ele olhou firmemente para o garoto e um ar de tensão se formou. — Mas atente-se a ficar pronto a tempo para o funeral.

 

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Melia Hollard

 

Um gato preto passou na frente de Melia quase como se avisasse para ela: “Não avance.”

 

A menina parou pensativa. Foi quando ela viu o Máscara de Corvo se aproximar de uma das portas onde havia um guarda.

 

— Vou entrar — disse o homem ao sentinela.

 

— Sim senhor.

 

Após o vigia sair da frente, o mascarado entrou por uma porta.

 

— Deve ser lá que a Medy está... E agora?

 

E o Denys? Como será que ele está? Agora não posso pensar nele, tenho que ver o que aconteceu com a...

 

Uma mão se fez pesar em seu ombro; a jovem, assustada, virou para conferir quem a havia pegado desprevenida.

 

— Melia, o que fazes aqui? — perguntou o príncipe Denys.

 

— Eu vim ver a Medneria. Saber se está bem.

 

— Ela está presa por matar meu pai — falou sem cerimônias o menino.

 

— Você não pode estar acreditando mesmo nisso.

 

— Eu não sei no que acreditar. O conselheiro disse que não devia crer no que escuto ou vejo, e sim no que sinto que é certo. Ela sempre foi legal comigo, mas e se isso tudo foi fingimento ou...

 

Antes que terminasse de falar, a jovem deu um tapa no rosto do príncipe.

 

— Não acredito que esteja acusando a Medy de fazer algo assim. E pensei que você fosse diferente, mas estava enganada, é só mais um Darklyn metido que só olha pro próprio umbigo.

 

A princesa saiu correndo do lugar, chorando, não apenas pelos olhos, mas também pela alma.


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Medneria

 

 

Quando estava ainda em Essos, Medneria morava em um palácio cheio de serviçais para lhe servir. Uma jovem linda que era bajulada por mulheres e desejada por homens de todo o reino. O que acabou mudando tudo isso foi o fogo, o fogo de um dragão.

 

Medneria, fuja! — dizia a pessoa em sua frente.

 

A voz ainda estava fresca em sua memória, assim como as chamas na sua frente.

 

Não! Não vou deixá-lo aqui! — respondia Medneria em prantos.

 

Vai! — A pessoa acenou para uns guardas que estavam no local. — Levem-na daqui.

 

Não! — Medneria ainda gritava enquanto podia ver as chamas.

 

No meio de suas lembranças dolorosas, uma pessoa entrara na masmorra e se aproximava lentamente de onde ela estava.

 

Quem será que... Você!?

 

— Oi, minha querida — o Mascarado, sarcasticamente, apareceu dizendo isso.

 

— O que você quer aqui?

 

— Vim ver se está você tudo bem contigo.

 

— Não brinque comigo! — Medneria irritou-se com a brincadeira de mau gosto. — Como se você fosse se importar comigo. Diga logo o que quer.

 

— Estou profundamente magoado, é claro que me preocupo com sua segurança. Deixei você viver naquele dia, não deixei?

 

Talvez Medneria não pudesse salvar ninguém naquela época, mas agora era diferente, havia se transformado em uma assassina e iria fazer com que “ele” pagasse pelo que fez.

 

— E eu vou agradecer-lhe, matando você.

 

— Me matar? Como, na situação que está?

 

Medneria estava do outro lado da cela, presa numa cadeira com seus braços e pernas amarrados por uma corda.

 

— Entre aqui e vai descobrir.

 

— Hahaha. Não duvido que possa fazer algo mesmo nesse estado, afinal, é uma assassina famosa em Essos. Porém, tenho que fazer os preparativos para o funeral do rei e depois ainda para a coroação de Denys.

 

A moça pensou ter ouvido errado, Denys seria coroado? Mesmo que Devan estivesse fora, o correto seria aguardar ele voltar da viagem.

 

A menos que...

 

— O que você fez com ele! — Medneria usou tanta força que mesmo com os pés amarrados na base da cadeira conseguiu pular até a grade da cela, embora tenha caído, ainda presa ao objeto.

 

Mas não ficou deitada por muito tempo. Usou seus dentes para morder as barras da cela, uma a uma foi subindo até estar de pé — até onde se podia, pelo fato de ainda estar presa a cadeira. — e olhou para seu carcereiro.

 

— Eu? Como posso ter feito algo com ele se permaneci aqui o tempo todo? Acho que você está ficando maluca. Por qual motivo isso pode estar acontecendo? Será que é por estar presa?

 

Medneria cuspiu no buraco que a máscara dele tinha para os olhos e disse:

 

— Eu vou arrancar seu coração nem que seja a última coisa que faça na vida.

 

— Quanta força de vontade. Porém, temo que seja uma missão impossível, eu não possuo mais um coração. Eu mesmo o arranquei.


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Devan Darklyn

 

Quando acordei, percebi que estava preso em uma cela. Minha cabeça presa numa corda e minhas mãos amarradas. Estava em cima de uma cadeira. Eu não sei bem como vim parar aqui, mas sei que podem ser minhas últimas horas de vida.

 

Não lembro de muita coisa, estava viajando rumo à Campina, porém, em algum momento, eu havia parado. Por quê?

 

O príncipe sentiu uma dor de cabeça muito forte e tentou, instintivamente, tocá-la; porém, percebeu que não conseguia mexer nenhum de seus braços.

 

O que aconteceu?

 

A porta abriu, e um idoso vestido com um manto com capuz, que cobria todo seu corpo, aproximou-se da cela.

 

— Oi, enfim acordou. Pensei que desmaiaria por dias depois que prensei seus braços. Lembra de mim? — perguntou o senhor a frente dele.

 

— Quem... Agora eu lembro!

 

Enquanto cavalgava rumo a Campina, Devan avistou um homem se afogando no riacho próximo a estrada. Saltou do cavalo e prendeu-o ao lado de uma árvore e pulou na água para salvar a pessoa.

 

Depois de arrastá-lo até a terra, pressionou o peito do homem para expelir a água que ele tinha engolido. Porém, não saía quantidade suficiente da boca do homem.

 

Está me ouvindo, senhor? — Devan percebeu que o idoso não tinha um dos braços, sem dúvidas isso dificultou tentar nadar.

 

Mas o que ele fazia, então, no meio do riacho?

 

O rosto do homem estava estranho, embora problemas de pele sejam naturais, principalmente em pessoas com uma idade avançada. Sua face enrugada estava descascando e por baixo uma pele lisa como de um jovem era parcialmente vista.

 

Esse homem parece uma cobra. Como é possível?

 

Vou ter que fazer respiração boca a boca.

 

Quando o príncipe se aproximou do rosto dele, o idoso empurrou-o.

 

— Tá maluco?! Saí para lá! — disse o homem.

 

Essa voz!? Você é...

 

Antes de poder terminar seu raciocínio, Devan levou uma flechada no braço esquerdo e, em seguida, o homem ao seu lado pegou um pedaço de madeira que estava no chão e usou para bater na cabeça do príncipe.

 

Apenas conseguiu ouvir a voz do homem que batera nele mais uma vez.

 

Boa noite, irmão.

 

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Denys Darklyn

 

A cerimônia do enterro do rei começara como planejado. Diversos lordes e reis de toda região estavam presentes no salão, mas Denys estava inquieto com a falta de Davos Hollard, pai de Melia. Para ele não estar ali, algo muito sério devia ter ocorrido.

 

Diversas pessoas vinham dar seus pêsames ao jovem e davam as costas falando coisas ruins.

 

Denys não ligava para nada disso. Ele só queria que seu pai estivesse ao seu lado, vivo. Mas sabia que era impossível, então desejou que, pelo menos, Devan voltasse logo. Gostaria de abraçá-lo firmemente e chorar com força, não queria saber se tinha de ser forte por causa da sua posição, ou por ser um homem crescido — segundo o próprio —, queria que Melia estivesse ali com ele para segurar em sua mão, sentiria-se melhor com isso.

 

Por falar nisso, onde ela está?

 

Enquanto ainda pensava na princesa, ele a viu falando com o mascarado e pensou em ir a sua direção. Mas depois da última vez que conversaram, ela não iria querer falar com ele.

 

Enquanto a cerimônia ia se iniciar, o jovem foi chamado a ficar ao lado do corpo do pai e, ao chegar lá, estava a princesa.

 

— Oi, Melia — disse Denys ao chegar perto.

 

— Olá, meu príncipe; sinto muito pelo que ocorreu com seu pai, não tenho como saber a dor que o senhor está passando, mas desejo de coração que a pessoa responsável pela morte do rei seja punida severamente.

 

— Ahn? Melia, tudo bem com você?

 

— O senhor é muito gentil, apesar de todo seu sofrimento ainda se preocupa comigo.

 

Os olhos da princesa estavam sem o brilho natural que aquele verde trazia. Seu rosto estava pálido, sem vida. Sua voz não era mais alegre como sempre ouvira, estava fraca, quase como se repetisse um discurso ensaiado em que ela acreditava completamente o contrário.

 

— Mas... Você também está sofrendo por causa da Medneria. — Denys tentou entender o que estava acontecendo com ela.

 

— Não tenho como me desculpar pelo ocorrido. Apesar de não ter ordenado nada a ela nesse sentido, é minha serva, peço encarecidamente que puna com rigor pelo que ela fez.

 

— Do que está falando, Melia?

 

Denys não conseguia entender o que aconteceu com a princesa, mas sabia que algo grave deve ter acontecido para ela falar essas coisas assim.

 

O príncipe tentou esticar sua mão para ela, mas a jovem se encolheu em seus próprios braços, com os olhos lacrimejando.

 

Ela está com medo de mim?

 

— Jovem senhor — disse Máscara de Corvo ao se aproximar do casal —, tente entender que deve ser difícil para ela também, afinal, foi a criada dela que fez isso e ela poderia ser acusada de ter orquestrado crime.

 

— A Melia acusada de... Ela nunca faria algo assim.

 

— Certamente que não, meu senhor, ela sabe as consequências de tentar uma insubordinação dessas. — O mascarado olhou mais uma vez para a princesa, que começou a tremer. — Mas pode entender seu temor, não é?

 

— Senhor, por favor, peço humildemente que permita me retirar, não estou me sentindo muito bem.

 

— Anh? Claro, eu levo você até o quarto — respondeu o príncipe.

 

— Isso não seria aceitável, jovem senhor — interveio Máscara de Corvo —, eu mesmo levarei a princesa, fique aqui até a cerimônia encerrar.

 

O olhar que a princesa mostrou ao príncipe enquanto saía do salão em direção ao seu quarto ao lado do conselheiro era uma mistura de medo com um pedido de socorro.

 

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Devan Darklyn

 

— Você é Desmond.

 

— Uma salva de palmas para o vencedor! — Desmond usou um grande pedaço de madeira para acertá-lo novamente, dessa vez na barriga.

 

Ele colocou as mãos sobre a face e retirou a própria pele. No fim, era apenas uma máscara, uma bem feita por sinal, algo bem diferente da usada pelo novo conselheiro dos Darklyns; essa parecia ter sido esculpida do próprio rosto de um idoso. Por baixo, estava o rosto do garoto que conviveu a vida inteira.

 

— Parece que ainda não consigo fazer com que resista bem a água como deveria. — Desmond olhava para o rosto do idoso em suas mãos. — Mas é mais difícil retirar um rosto em perfeitas condições de um velho do que de uma criança.

 

Devan olhava aterrorizado para a cena a sua frente.

 

Como assim tirar o rosto de... Ah! O que você está fazendo?

 

Desmond jogou a máscara de idoso no chão e bateu mais uma vez em Devan.

 

— Seu prêmio por ter acertado. — E mais uma vez. — E esse é o prêmio por ter salvado “o velhote”.

 

— Por que você está fazendo isso?

 

— Por quê? — Sua face foi tomada pela ira. — Você é o motivo!

 

Desmond largou o pedaço de madeira e começou a socá-lo com seu único braço.

 

— Você sempre foi o nobre que se preocupava com todo mundo — falava enquanto surrava o irmão. — Salvou até um idoso plebeu, mas não me salvou!

 

— Você teve o que merecia. Desafiou e perdeu para o Denys, tentou matar o rei.

 

— Ele matou a minha mãe! A nossa mãe!

 

— Ela mereceu. Você sabe bem disso.

 

— Chega! Eu deveria torturar ainda mais você, até que morresse. Ah! Lembrei, mandaram dar um recado para você. “Ele” disse que você saberia o que quer dizer: “Todos são grãos perante o corvo.”

 

— Você está envolvido com aquele cara!

 

— Ele me deu poder! Poder! Algo muito maior que você pode imaginar.

 

Isso não é bom, meu pai corre perigo.

 

— Antes que você comece a se preocupar com o seu papai, nem tente, ele já está morto.

 

— O que disse? Ele traiu a amizade do meu pai! Eu sabia que não podia confiar nele.

 

— Pelo que fiquei sabendo, foi aquela serva dos Hollard a culpada. A bonitinha. Como era mesmo o nome dela?

 

— Medneria!? Impossível! O Mascarado armou para ela.

 

— Isso, Medneria, tinha me esquecido; aquela puta que se achava uma grande coisa só porque era serva pessoal da princesa Melia. Tanto faz pra mim se foi armado ou não. O que importa é que ela vai ser bastante torturada. Ah, como queria estar lá para cuidar eu mesmo dela.

 

— Não ouse a chamar dessa maneira novamente.

 

— Ahn, por quê? Ah! Já sei! Vocês dois tinham algo... Hahaha. O grande e nobre príncipe herdeiro ao trono dos Darklyns e uma reles serva. Impagável. Veja pelo lado bom, você vai encontrar com ela em breve, seja lá onde for que vocês forem depois da morte.

 

— Eu tenho que sair daqui.

 

— Gostaria de ver essa façanha.

 

Uma pessoa apareceu na porta, também com um manto e capuz que cobria seu corpo.

 

— Precisamos ir, agora — disse a pessoa na porta.

 

Essa voz é do Ellenero!

 

— Tá, eu sei, já estou indo. — Desmond fez um sinal para o pai, que saiu e fechou a porta.

 

— Entendo... foi ele que atirou em mim — disse Devan.

 

— Sim, foi ele. Agora vamos acabar com isso de uma vez por todas. Quer dizer suas últimas palavras?

 

Isso explica muita coisa.

 

— Me desculpe.

 

— O quê? Acha que dizer isso vai salvar sua vida?

 

— Não, eu sei que não vai adiantar — disse, e sua consciência estava quase deixando o corpo —, mas eu realmente sinto muito por não ter percebido que você precisava de mais carinho. Eu sempre pensei que você só queria atenção, mas não era uma pessoa má e talvez não fosse, mas se tornou. Sinto por tudo: pelo que fez e pela pessoa que irá se tornar.

 

— Quem você pensa que é para dar sermão em mim? — A fúria subiu a cabeça de Desmond. — Eu não estou nem aí para o que você pensa! Eu vou me tornar alguém que você jamais poderia ser. Um herói.

 

— Eu tenho pena de você.

 

— O que disse? Como ousa dizer que... — olhando para o meio-irmão ele percebeu que não havia mais vida em seus olhos.

 

O príncipe herdeiro dos Darklyns não aguentou a perda de sangue, somado ao tempo que ficara sem beber algo, sem cuidados e as demais torturas que sofrera, que não valem a pena mencionar aqui.

 

— Como ousa! — Desmond pegou a espada de aço valiriano que ganhara de seu pai e começou a perfurar por diversas vezes o corpo já falecido. — Você só pode morrer quando eu disser que pode!

 

Depois de alguns segundos de ira e ódio, o jovem saiu da sala, não antes de chutar a cadeira e deixar o corpo pendurado na forca.

 

— Eles vão pagar! Todos vão pagar. Não permitirei que nenhum deles viva. Sejam Darklyns ou Hollards. Vou matar todos.

 

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Máscara de Corvo

 

— Entendeu, princesa? — disse o mascarado.

 

— Sim senhor. Farei tudo que mandares.

 

— Se não o fizer, sabe o que acontecerá com seu pai.

 

— Nossa palavra, Nossa dívida.

 

— Sim, conheço o lema da sua casa. E sei que irá obedecer. Mas tenho que ter minha segurança, não é?

 

— Por favor, solte a Medy. Ela não faz mal a ninguém.

 

— Não faz mal a ninguém — o mascarado repetiu isso com se fosse um mantra. — Você não faz ideia mesmo, não é?

 

— Do que está falando?

 

— Medneria é uma assassina famosa em Essos. Ela pode não ter matado o rei, mas, dizer que ela é inofensiva, chega a ser um piada.

 

— Do que está falando? Medneria é uma assassina?

 

— Pense por você mesma, minha jovem, não escute com as palavras que saem da boca, e sim do coração e descobrirá que esse é apenas um de muitos segredos que ela esconde de você. Não ensinaram isso para você? O que ensinam para princesas hoje em dia?

 

— Só pode ser mentira! Ela não esconde segredos de mim! Ela é minha melhor amiga.

 

— Eu não minto, princesa, se quiser, pergunte a ela.

 

— Posso vê-la?

 

— Agora não, mais tarde. — Já ia saindo do quarto quando se virou novamente para Melia. — Mais uma coisa: não digas que ela é sua melhor amiga, pois vou acabar sendo forçado a prender você também.


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Notas finais do capítulo

Vocês ppdem ajudar a decidir qual casa será a protagonista do próximo arco.

1- Greyiron nas Ilhas de Ferro (nada a ver com os Greyjoy);

2- Lannister no Rochedo Casterly;

3- Gaedenner na Campina;

4- Durrandon nas Terras da Tempestade;

5- Mudd nas Terras Fluviais;

Desculpa, mas a parte dos Stark tem que ser por último.



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