Tronos de fogo e gelo escrita por Sojobox


Capítulo 7
Os amantes proibidos


Notas iniciais do capítulo

Neste capitulo vocês irão conhecer um pouco sobre o Máscara de corvo e Medneria.



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Os amantes proibidos

 

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Melia Hollard

 

— Então, era isso — enquanto falava, a princesa mexia levemente no cabelo.

 

Algo a incomodava desde que acordou, e não era apenas o sol quente, bem acima do normal, ao menos para o horário: seis da manhã.

 

Era uma sensação estranha, como se algo de muito ruim fosse acontecer a qualquer momento. Depois do que tinha ocorrido no dia anterior era difícil duvidar: a morte da rainha, Denys cortando o braço do ex-irmão, ataque de urso gigante; em resumo, um caos total.

 

Caso isso já não fosse o bastante para dar um nó em sua cabeça, ainda descobriu que tanto Denys como Desmond não eram Darklyns legítimos e sim Waters (nome dado aos bastardos criados naquela região). Denys era filho apenas do rei, e Desmond da rainha com o conselheiro dos Hollard.

 

— Ellenero era um traidor, não apenas do nosso reino, mas de toda a região — a jovem dizia enquanto ainda tentava convencer a si mesma.

 

— Princesa — comentava Medneria ao lado da princesa —, peço que fique calma, tenho certeza que irão achar os dois em breve.

 

— Achar? Como assim?! — a jovem tentava entender o que acabara de ouvir.

 

— Opa... Pensei que a senhorita tivesse sido informada.

 

— Do que exatamente achaste que eu tinha sido informada, Medneria? — A sobrancelha esquerda levantada era o sinal de que ela estava com um pouco de raiva.

 

— Senhorita, por favor...

 

— Medneria, o que você está me escondendo? — A princesa colocou as duas mãos na cintura, em sinal de desaprovação para com a atitude da criada de tentar esconder uma informação dela.

 

— Tanto o senhor Ellenero quanto o jovem Desmond fugiram de seus respectivos cativeiros.

 

Isso a pegou desprevenida, não apenas por saber que eles haviam fugido, mas também por descobrir que Ellenero ainda estava vivo. Ela não sabia dizer se gostava ou não de saber disso.

 

A jovem olhava para a janela, tentando procurar por alguém, não sabia ao certo quem, se o ex-noivo, seu ex-conselheiro ou algo totalmente diferente.

 

— E quanto ao Denys? Como está?

 

— Ele apresenta melhoras, mas… perdeu muito sangue. Caso ele não se recupere em uma semana, dificilmente vai sobreviver.

 

A princesa começou a tapar os ouvidos, sem querer saber mais de nada. Não queria ouvir que ele ia morrer.

 

Ele não pode morrer



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Medneria

 

— Minha senhora... — Enquanto encarava sua mestra, Medneria percebia que a jovem estava sofrendo muito com tudo aquilo. Apesar da pose, ela é apenas uma criança.

 

— Medy — Melia não costumava chamar a criada assim, a não ser que estivesse muito mal. — Canta para mim, por favor…

 

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, a serva sabia que quando ela pedia dessa maneira, ela não conseguia evitar. Ainda mais a chamando de Medy.

 

Medneria havia se tornado serva dos Darklyns por vontade própria, achando que conseguiria chegar mais perto das informações que tanto procurava. A localização da pessoa responsável pela morte de seu irmão: um homem que usa uma máscara de corvo.

 

Mas um dilema persistia em aparecer, poderia Medneria arriscar a vida de alguém para seguir com sua vingança?

 

Quando chegara a Westeros era a única coisa que pensava, que importava. Nesse momento que estava tão perto de cumprir sua vingança, quem imaginaria que estaria preocupada com outras pessoas como Melia ou o jovem Denys?

 

Acima de qualquer outro, pensava em Devan, afinal, foi graças à confiança e a intervenção dele que conseguira trabalhar com os Hollards.

 

Das viagens que o príncipe fazia para fins diplomáticos com o rei Davos Hollard, sempre parava para perguntar como ela estava; sua gentileza passou a ser carinho, que se tornou amizade e, com o tempo, transformou-se em amor.

 

Um amor realmente proibido, afinal, uma serva com um príncipe? Mesmo que ela não fosse “serva de nascimento”, e sim por escolha, não faria diferença. Ou talvez isso fosse até pior.

 

Melia precisava dela e era isso o que ela precisava fazer.

 

A serva puxou sua mestra para perto e colocou a cabeça dela em seu colo. Em seguida, começou a cantar.


Suas sombras, como estrelas, irão desaparecer na manhã seguinte.
Eu não a vejo mais, mas meus pensamentos estão com você onde estiver.


Meu coração é cheio de forças e fraquezas. Desde que eu esteja com você, eu não irei temer o amanhã não importa como for.
Por favor, acredite em tempos onde nós dois estaremos andando lado a lado.


Não há verdade ou mentira; tolos irão cair e o verão chegará.
Mesmo que o céu se torne vermelho e se dissolva, eu serei capaz de achar a sua luz.


Não conhecendo o que “adeus” é,
Eu estava sonhando, o tempo que nós dois estávamos conectados, ninguém jamais será capaz de apagar.


Seja na dor ou na solidão,
Eu quero te sentir não importa quando
Se pudéssemos nos olhar mais uma vez,
Nosso desejo irá se tornar realidade.


Antes da queda, os ventos frios irão nos alcançar.
Sua voz e seu cheiro, eu jamais irei esquecer.

 

Deixe as memórias voarem,

Elas irão para o seu céu.
Mesmo quando o céu sumir,
Eu ainda serei capaz de encontrar sua luz.

 

— Sempre acaba dormindo quando ouve essa música, não é mesmo, querida? — a criada tocou no rosto macio de sua princesa enquanto falava. Melia suspirava suavemente.

 

Em seu mundo de sonhos, estarás fazendo algo bom? Espero que seja um lugar bem mais feliz do que este.

 

A serva calmamente levantou-se e colocou a jovem, de forma suave, na cama para que não acordasse.

 

Durma, minha linda. Eu juro por tudo de mais sagrado que irei lhe proteger de todo o mal, mesmo que, para isso, tenha que revelar minha localização.

 

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Devan Darklyn

 

Tudo aconteceu rápido demais. Sem capacidade para raciocinar, Devan foi até a sala real tentar refletir melhor.

 

Acho que vou ter que fazer uma lista com tudo que ocorreu.

 

Ao chegar lá, ficou boquiaberto ao ver quem estava no local.

 

— Meu amado filho Devan — disse o rei Denys Darklyn I.

 

— O que faz aqui, pai?

 

— Ora essa, está não é minha sala? Por que não estaria aqui?

 

— Entendeste bem o que eu disse. Deveria estar arrumando as coisas para a viagem.

 

— Filho... quando me tornei soberano nesta região, disse a mim mesmo que não travaria mais batalhas; estou ficando velho e não posso viajar tão longe, nem mesmo para o reino Hollard, quanto mais para a Campina.

 

— A reunião começará em duas semanas, se não sair hoje, não chegará a tempo. Os reis dos outros “cinco reinos” estão encaminhando até lá, para se encontrar com Garth.

 

— De fato, gostaria de ir ver se esse Garth é mesmo aquele que dizem ter sido o rei supremo dos Primeiros Homens, um ser quase divino, que teria no mínimo uns dois mil anos hoje, ou se é apenas um dos muitos descendentes dele; pelo que ouvi desde pequeno, ele teve muitos filhos, a ponto de não caberem no seu castelo. Imagina só! Eu tive muito menos e já estou ficando careca por causa disso.

 

— Eu reconheço que a situação não é boa, mas...

 

— Eu não seria um rei digno caso saísse num momento desses, com um filho enfermo e o reino no caos que está. Ainda tenho que informar a Davos do que ocorreu aqui. Ainda bem que, pelo menos, a questão da sucessão do conselheiro já foi definida.

 

— Conselheiro? Diz sobre Ellenero?

 

— Não, estou falando sobre o nosso, caso tenha se esquecido, ele morreu ontem.

 

Ah é mesmo! Havia esquecido... Mais uma coisa para lista.

 

— O senhor já arrumou alguém para a posição? Quem exatamente? Seria o senhor Janet, ou talvez tio Deas? Ou, quem sabe, Grdare?

 

Devan ouviu alguns passos atrás dele, quando virou, para ver de quem eram, a surpresa não poderia ter sido maior.

 

— Na verdade, sou eu, jovem príncipe — disse o sujeito que apareceu, vestido com um manto negro que cobria todo seu corpo e usando uma máscara tampando seu rosto, uma máscara de corvo.

 

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Denys Waters

 

— Eu não posso, não mais — refutava Denys.

 

— Você não pode se esconder nesse quarto para sempre, meu príncipe — falava Medneria.

 

— Não sou seu príncipe, sou um bastardo, além do mais, você é serva da Medneria e não minha.

 

— Acredito que tenha aprendido que os Hollard são servos dos Darklyn, logo, também sirvo a vocês; e quanto ao fato de ser um bastardo, isso pode ser revertido.

 

— Rever... Como? — o jovem tentava acreditar no que acabou de ouvir.

 

— Ora, seu pai é o rei, ele pode te nomear um Darklyn caso queira, lembra?

 

— Sim, pode. — Uma onda de tristeza subiu pela face do jovem.

 

— Você não vai ficar depressivo novamente, né?

 

— Ele sabia, esse tempo todo, não sabia?

 

— Sobre Desmond, sim. Mas precisava ter certeza sobre Ellenero.

 

— E agora, eu...

 

— Eu disse para Melia que você ainda não acordou e que não deixam ninguém entrar para visitá-lo, apenas cuidados e alguns serviços das criadas.

 

— Que bom…

 

— Denys, não podes ficar assim pra sempre, a Melia precisa de você para cuidar dela.

 

— Ela tem você.

 

— Eu não vou estar aqui pra sempre. Ela precisa de alguém forte, não só física, mas principalmente mentalmente. Algo grande está para acontecer, eu sinto isso.

 

— Algo grande? — Denys não entendeu o que a criada quis dizer.

 

— Ah! Deixa para lá, não é nada, eu já falei demais, você precisa descansar.

 

— Medy?

 

Medneria ficou paralisada por um instante, só havia duas pessoas que a chamavam desta maneira e Denys não era uma delas.

 

— Desculpa te chamar de Medy, mas é que eu queria perguntar se você poderia ficar aqui até eu dormir.

 

— Ora, ora, se você fosse um pouco mais velho. — Denys a fitou sem entender bem suas palavras. — Digo, claro que posso ficar, e você pode me chamar do jeito que quiser, meu príncipe. Apenas durma, amanhã será um longo dia.

 

Durma bem Denys, quem sabe não se encontrem no mundo dos sonhos? Quando acordar, tens de ficar mais forte, pelo seu bem e pelo de Melia.

 

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Devan Darklyn

 

De todos que poderiam assumir essa posição de grande importância, tinha que ser ele?

 

Devan não conseguia acreditar que esse homem misterioso estava junto de seu pai.

 

Como ele conseguiu isso?

 

— Vocês se conhecem? — perguntara o rei.

 

— É claro que conheço o príncipe herdeiro, apesar de não poder dizer que o jovem tenha o mesmo nível de conhecimento sobre mim, mas tenho certeza que o jovem gostaria de me conhecer, não é mesmo?

 

— Com certeza. Conselheiro... como devo chamá-lo mesmo? — respondeu Devan secamente.

 

— Ora, não precisa usar títulos comigo, príncipe, eu sou apenas um corvo, pode me chamar assim mesmo.

 

É claro, qual outro nome ele daria. O dele que não. Mas apesar de toda a ironia da situação, ele realmente é apenas um corvo e é melhor manter seus inimigos por perto. Mas será que meu pai sabe disso?

 

— Isso facilita as coisas — disse Denys sucintamente. — O corvo me disse que esta reunião será de grande importância e, por isso, devo ir pessoalmente ou mandar alguém com uma importância similar.

 

— Essa pessoa seria eu? — perguntou Devan.

 

— Eu estava pensando em mandar o corvo até lá.

 

— O senhor não pode estar falando sério, vai mandar ele!?

 

— Tem algo contra mandar o conselheiro para uma reunião? — perguntou o pai ao filho.

 

— Eles não aceitarão. Como ele mesmo disse, é apenas um corvo. Ainda mais por esconder seu rosto por trás de uma máscara.

 

— Entendo que não confie muito em mim por isso, mas, acredite, sou uma pessoa que tem acesso a muitas informações e, por isso, tenho muitos aliados, assim como inimigos, além disso, uso essa máscara por ser muito feio e não quero assustar as crianças como seu irmão, por exemplo. Aliás, uma bruxa colocou uma maldição que quem olhar no meu rosto não terá muitos anos de vida.

 

— Mas eu não sou assustado tão facilmente como ele, nem acredito em maldições, pode mostrar — respondeu Devan rapidamente.

 

— Tudo bem, amigo — rei Denys I disse ao seu novo conselheiro —, pode mostrar, pode confiar nele. Ele será seu rei no futuro.

 

Amigo?! Meu pai conhece esse homem misterioso?

 

O mascarado pesou tudo que ouvira, talvez medindo se devia realmente mostrar seu rosto ou talvez pensando em algo que não tem nada haver com Devan.

 

— Pois bem, não diga depois que não avisei.

 

Quando o homem retirou a máscara de corvo do rosto, Devan segurou sua vontade de vomitar. O rosto estava coberto por queimaduras terríveis como o príncipe jamais vira. Ele estava sendo treinado para ser o próximo rei e evidentemente já havia visto algumas pessoas com suas faces queimadas, dependendo da gravidade, uns sobreviviam outros não tinham a mesma sorte. Porém, nada jamais poderia ser comparado com o rosto que ele via a sua frente.

 

No local do nariz havia apenas um grande buraco, havia diversos ossos expostos, além de várias manchas pretas por todo seu rosto, ele não podia fechar seu olho esquerdo ou permanecer com a boca fechada.

 

— Mas... como? — Devan não conseguia dizer mais uma palavra.

 

— Eu avisei — disse o conselheiro enquanto colocava a máscara novamente. — Como disse, tenho muitos inimigos.

 

— Acho que isso é suficiente claro para você, filho? Vamos voltar ao assunto da viagem.

 

Devan ainda estava paralisado pela visão horrenda a sua frente. Demorou cerca de dez segundos para responder.

 

— Caso o senhor desejar, eu mesmo irei e me asseguro em manter todos os seus desejos intactos.

 

— Sempre existe a possibilidade de ser uma armadilha, e caso isso se confirme... — O corvo olhou de soslaio para o rei, e então voltou seu olhar para o príncipe. — Teríamos perdido dois príncipes em um mês.

 

— Desmond nunca foi um Darklyn! — contestou o jovem.

 

— Ele era seu irmão! — rebateu o rei. — Se não de sangue, de criação, isso deveria valer algo.

 

— É claro que também pode ser uma reunião de paz mesmo, nesse caso, alguém deve ir até esta dita reunião. Se não mandarmos ninguém, poderíamos correr o risco de sermos considerados inimigos — comentou o mascarado, oportunamente.

 

Denys perguntou ao filho, se caso fosse até lá, o que faria se fosse uma armadilha.

 

— Eu negociaria com eles a paz, é claro. Se eu tentasse atacar, seria o fim, não apenas meu, como de todos nós.

 

— Pois bem, você irá representar o nosso reino, pode ir.

 

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Máscara de corvo

 

Passaram alguns anos da chegada do mascarado à Westeros. E ele está cada vez mais perto de seu objetivo.

 

Está chegando a hora de mudar essa terra para sempre.

 

Trabalhar ao lado de Ellenero por um tempo ajudou-o a ganhar muitas informações sobre a região, além de ter ganho um bom aliado.

 

E, ao “trair” esse aliado, conseguiu a atenção do rei Denys, um antigo amigo que, inclusive, ajudou-o anos atrás.

 

Depois da saída de Devan da sala real, voltou-se ao rei.

 

— Meu amigo, está chegando a hora, precisarei da sua ajuda para cumprir minha missão — disse o conselheiro.

 

— Essa reunião vai ser mesmo um marco em Westeros? — perguntou o rei.

 

— Não, vai ser um marco no mundo.

 

— E o que eu teria que fazer?

 

— Antes, atenda sua visita, eu aguardo.

 

— Visita? — perguntou o rei, confuso.

 

Após Mascarado se esconder, bateram na porta, era Medneria.

 

Depois de uma curta conversa entre os dois, a serva saiu da sala e o conselheiro reapareceu.

 

— Então o que dizia? — perguntou novamente Denys I.

 

— Duas coisas. Primeiro: é verdade que você tem uma passagem secreta aqui nessa sala, não é?

 

— Sim — respondeu o soberano sobre seu trono. — Bem abaixo da cadeira ao lado dessa. E o segundo?

 

— Hum... Você conhece o material dessa adaga? — o mascarado perguntou, retirando a arma de seu manto, esquivando-se da pergunta.

 

— Jamais vi nada igual — Denys I olhava espantado para a lâmina. — Parece bem afiada, onde conseguiu?

 

— Com uma velha conhecida.

 

— Mas é muito pequena para uma batalha, no máximo poderia ser usado para atacar de surpresa.

 

— De fato, de surpresa causaria um estrago. A segunda coisa que preciso que faça é morrer.

 

E, com isso, fincou friamente a adaga em seu coração.

 

— Desculpe, meu amigo, mas matá-lo é necessário para concluir minha missão, nossa missão. Sua morte abrirá a porta para algo muito maior.

 

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Devan Darklyn

 

A cor laranja preenchia o céu com o pôr do sol, que fazia parecer que o céu estava pegando fogo; os animais estavam tensos, escondidos, com medo de algo. Talvez pudessem prever o que estava para acontecer de fato.

 

Devan havia pensado bem se era mesmo a melhor opção sair do reino agora, levando em consideração o homem que agora se tornou o conselheiro de seu pai; ele, inclusive, tentou convencê-lo de que não era para confiar demasiadamente no mascarado, pois era perigoso e estava armando algo.

 

Porém, seu pai não deu ouvidos, disse que foi o próprio que avisara da armação de Ellenero e Messaea e que Devan provavelmente estava ficando cansado.

 

Eu sei bem que ele está aprontando, só não sei exatamente qual é o plano dele. Não importa agora, “ela” vai protegê-lo.

 

Naquele momento, Devan estava se preparando para sair, amarrando as coisas no cavalo; ele já havia se despedido de seu pai, mas outra pessoa queria falar com ele antes dele cavalgar. Essa pessoa era Medneria.

 

— Meu príncipe — disse a serva, curvando-se ante ao jovem.

 

Devan não entendeu o que ela fazia ali, naquele momento. Já havia se despedido dela quando foi ao quarto de Melia.

 

— O que você quer aqui? — disse de uma maneira tão fria quanto pareceu.

 

— Eu vim da sala real. Seu pai ordenou-me dizer algo para o senhor antes de partires.

 

Devan fez um sinal para os criados que estavam por perto entrassem no castelo. Agora estavam sozinhos.

 

— Eu irei, não adianta pedir para que eu permaneça só porque você viu minha morte no fogo. Você já errou antes — Devan falou de um jeito mais acalorado.

 

— Minhas visões não erram nunca. Às vezes, são apenas interpretadas de forma equivocada.

 

— Eu não posso ficar baseado em visões. Além disso, esse seu deus, é o mesmo da minha mãe; ele não fez nada para salvá-la.

 

— Você não precisa acreditar nele agora se não quiser. — Aproximou-se dele e o beijou, colocando os braços sobre seus ombros, enquanto ele contornava um em sua cintura. — Apenas confie em mim. — Medneria foi descendo uma das mãos pelo corpo, pescoço, peito, barriga de seu amado príncipe...

 

Devan sabia que a posição atual como criada não era a verdadeira de Medneria, porém, ninguém mais sabia disso, e ele não podia dar-se ao luxo de verem ambos juntos.

 

Por isso, mantinha distância e indiferença quanto estavam próximos. Havia um motivo para a moça se passar por criada, e ele não queria atrapalhar.

 

— Não! Aqui não, agora não. Eu vou voltar, prometo — Devan disse isso e montou rapidamente no cavalo, sem dar oportunidade para a amada reclamar, ou impedir.

 

— Não! — Uma lágrima caiu do olho esquerdo de Medneria, levemente, e morreu em seus seios. — Você não vai voltar.

 

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Medneria

 

Doía muito se despedir de alguém para Medneria, ainda mais para sempre. Quando não dava mais para ver o cavalo do príncipe no horizonte, uma sombra se fez presente, seguida de uma voz estridente.

 

— Que triste, eu realmente estou com o coração partido vendo essa cena — Máscara de corvo dizia, aproximando-se da jovem.

 

— Não se meta, corvo maldito.

 

— Ora, eu estava sendo cordial.

 

— Você sabe que eu só não mato você agora por...

 

— Porque tem medo do que eu posso fazer a garota. Não se preocupe, não permitirei que nada aconteça com ela ainda.

 

— Se você tocar em um fio de cabelo dela, eu juro por deus que...

 

— Por deus? Não pelos deuses? Minha cara, deve tomar cuidado com o que fala, você não está mais em Essos. E você não é a rainha para poder escapar de punições.

 

— O que você quer aqui, corvo?

 

Ela não aguentava ter que aturar dividir o mesmo teto do que este homem, gostaria de poder matá-lo, porém, ele estava certo, não poderia arriscar a vida de Melia para isso.

 

— O que eu quero? O que um corvo deseja? O que um corvo precisa? Grãos é a resposta, e todos são grãos perante o corvo.

 

— Quer me matar? — Ela colocou uma de suas mãos por baixo do vestido, a procura de sua arma. Conseguiu sentir o cabo da lâmina entre os seus seios.

 

— Fique tranquila, não pretendo começar uma guerra, pelo menos agora. Pode guardar essa sua faca de aço valiriano.

 

Ela afastou a mão do cabo da arma, perplexa com o fato dele saber que tinha uma faca escondida ali, principalmente do material que ela era feita.

 

Como ele sabe? É claro que ele sabe.

 

— Eu tenho que ir, os preparativos tem de ser iniciados.

 

— Preparativos para quê?

 

— Para o enterro do rei e a cerimônia de sucessão.

 

— Enterro do rei... O quê!?

 

— Isso mesmo. Lamento dizer que o Rei Denys foi encontrado morto há pouco na sala do trono.

 

Impossível! Eu acabei de encontrar com ele antes de vir para cá. Como pode ser?

 

— Mas como... Quem?

 

— Ah! Quase esqueci de dizer, eles encontraram uma arma no corpo, uma arma pequena de um material desconhecido, fazes ideia de quem ela poderia pertencer?

 

Ela rapidamente tirou a arma dos seios, mas só havia parte da bainha, a lâmina havia sido tirada.

 

Não é possível! Como ele tirou a lâmina e deixou apenas o cabo? E quando ele pode ter feito isso? Ah não ser quando eu estava dormindo no quarto do Denys.

 

— Quem diria, não? A assassina sempre é a amada vingativa. Você sabia que era um amor proibido, então matou o pai para que seu amado se tornasse o rei e vocês pudessem viver juntos... Que triste. — O mascarado fez um aceno leve com as mãos, e vários soldados apareceram. — Prendam a assassina do rei.

 

— O quê!? Eu não fiz nada, sou inocente! Me solta!

 

Você foi a última a ser vista saindo da sala do rei. Você mesma disse há pouco que havia se encontrado com ele antes de vir para cá; há diversas testemunhas.

 

Os soldados agarraram e levaram Medneria para a prisão.

 

— Tudo está acontecendo como planejado. Em breve, tudo estará acabado.


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Notas finais do capítulo

Estou pensando a história de qual das casas fazer na segunda parte: vocês gostariam que fosse qual? Prometo levar opinião de vocês em consideração kkk

1- Greyiron nas Ilhas de Ferro (nada a ver com os Greyjoy);

2- Lannister no Rochedo Casterly;

3- Gaedenner na Campina;

4- Durrandon nas Terras da Tempestade;

5- Mudd nas Terras Fluviais;
Desculpa, mas a parte dos Stark tem que ser por último.



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