Uma Senhora Para Pemberley escrita por AustenGirl


Capítulo 5
Londres Doce Londres


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde gente! Tudo bem? Espero que sim!

Aqui estou eu para mais um capítulo! Primeiramente agradeço a Michele por comentar e pelos favoritos! ♥

Espero que curtam o capítulo!



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De dentro da carruagem, por entre as encostas e montanhas, era possível enxergar os telhados das casas na cidade de Londres.

Elizabeth já tinha ido para aquela cidade em outras ocasiões, mas sempre a passeio. Sempre olhava para tudo com olhar de visitante, uma turista que precisa conhecer o máximo de lugares possíveis antes que o passeio acabe. Agora, ela via a cidade e tinha plena consciência que não era apenas um passeio. Ela chegava para ficar.

Isso lhe causava um enorme frio na barriga.

Ela tinha plena confiança de que seria bem recebida pelos tios e primos, mas ainda assim, não poderia deixar de se sentir ansiosa sobre como seria sua adaptação a mudança .

Chegou na casa dos Gardiner um pouco antes do meio dia. Como era de se esperar teve uma calorosa recepção, e a tia havia mandado  preparar uma boa refeição para esperá-la.

As quatro crianças estavam em fila, alinhados em ordem crescente. Richard era o menor de todos, e estava distraído, praticamente alheio ao que estava acontecendo. Frederick, estava ao lado dele, porém devido a sua timidez, limitou-se apenas a dar um sorriso para a prima.

A terceira da fila era Beth, a menina fez uma pequena reverência para a prima e sorriu. Por último na fila estava Margareth, ou Maggie*, como a menina gostava de ser chamada, e a pequena deu um sorriso de satisfação para Elizabeth.

— Como está? Espero que tenha feito boa viagem! - Disse Maggie aproximando-se da prima.

— Estou muito bem, obrigado... E sim, fiz uma ótima viagem. - Elizabeth respondeu sorrindo para a pequena.

— Que bom que ocorreu tudo bem! As crianças já estavam ficando impacientes pela sua chegada! - A Senhora Gardiner falou apontando para os quatro. - Lizzy, quero que fique bem à vontade, pois agora essa casa também é sua... - Falou e Elizabeth meneou a cabeça em agradecimento. - Se quiser pode banhar-se, enquanto termino os preparativos para o nosso almoço. - A Senhora Gardiner falou e Elizabeth concordou. - Margareth irá acompanhá-la até o seu quarto! 

Margareth deu um passo a frente e com muito boa vontade, se dispôs a levar a prima até o quarto. Margareth era uma garotinha adorável, com oito anos de idade. Dentre as quatro crianças, ela era a mais extrovertida e dada a conversas. Muitos até mesmo a consideravam esperta demais para sua pouca idade.

— Sabia que mamãe me deixou escolher a decoração para o seu quarto? E sozinha! - Falou ela empolgada andando na frente de Elizabeth.

— Verdade? - Elizabeth perguntou retoricamente. - Tenho certeza que você deve ter excelente gosto!

— Sem querer me gabar, mas eu tenho mesmo! - Falou e Elizabeth riu. - Chegamos!

O quarto era simples, mas era exatamente do jeito que Elizabeth gostava. E estava certa quanto ao bom gosto de Maggie. Tudo estava muito bonito.

Havia uma cama de solteiro, coberta com uma coberta, que ao que parecia havia sido bordada a mão. Nas janelas tinham cortinas azuis, e próximo a elas uma mesinha com objetos para escrever cartas e alguns livros. Ambiente bem iluminado, para ler ou escrever.

Elizabeth aproximou-se da janela e a vista que tinha era da rua, Gracechurch Street, e podia ver os transeuntes, indo e voltando.

— Parabéns Maggie! - Elizabeth a cumprimentou. - Tem mais bom gosto do que muitas Senhoras que eu conheço. - A garota deu um sorriso orgulhoso.

— Estou tão feliz que você chegou! - Disse a pequena. - Estou ansiosa para fazermos várias coisas juntas.

Lizzy achou graça da empolgação da menina.

— E que coisas você gostaria de fazer?

— Passeios... Ir ao balneário... Fazer aulas de música... - A menina listava as coisas com empolgação.

— Faremos tudo isso então! - Afirmou Elizabeth para a alegria da menina.

— Quer que eu a ajude a desfazer a sua bagagem? - Margareth perguntou e Elizabeth assentiu.

Ambas começaram a tirar os objetos do baú e guardar os vestidos e pertences de Elizabeth nas gavetas e cabides. Até que em um certo momento, Maggie pegou no baú de Elizabeth o lenço com as iniciais de Fitzwilliam Darcy.

— Quem é F.D.?  - Perguntou ela com uma curiosidade típica de crianças. 
Elizabeth olhou na hora para as mãos da menina que segurava o lenço para o alto, analisando o objeto.

— São as iniciais de um amigo. - Respondeu Lizzy, sem muita delonga.

— Um amigo? - Maggie perguntou estreitando os olhos, desconfiada da resposta da prima, comprovando o quão esperta era. - Amigo mesmo?

— Sim... Um amigo!- Elizabeth respondeu sorrindo com a menina e seu jeito desconfiado.

— Espero que não seja um namorado... Por que você não pode casar logo... tem que ficar aqui na nossa casa por mais tempo! - Maggie falou, com verdadeira preocupação, devolvendo o objeto para Elizabeth.

— Não se preocupe pequena... - Elizabeth falou afagando os cabelos da garota e a seguir guardando o lenço na gaveta. - Não tenho namorado... E acho que não vou ter um tão cedo. Agora acho melhor nos prepararmos, pois sua mãe já está terminando o almoço.

(...)

O almoço foi muito animado. A chegada de Elizabeth deu um novo ânimo na residência dos Gardiner.

Quando a refeição terminou, a senhora Gardiner convidou Elizabeth para um passeio pela cidade, pois queria conversar com a sobrinha em particular, e falar com Elizabeth sobre o que esperava dela como governanta.

Andavam pela calçada, onde haviam várias lojas, mas o fluxo de pessoas não era tão grande.

— Eu fiquei muito feliz que você aceitou nosso convite. - A Senhora Gardiner falou assim que elas pararam em frente a uma vitrine. - Estou realmente precisando de ajuda.

— Estou aqui para o que precisar.

— Bom... Lizzy, a minha preocupação maior é com Margareth. - Confessou a senhora Gardiner.

— Por que? Ela é tão esperta! Nem parece que tem apenas oito anos.

— E é isso o que me preocupa. Ela é realmente uma boa menina, muito esperta como você mesma observou. Mas quero que essa esperteza dela seja bem direcionada.

— Começo a entender o seu ponto. - Murmurou Elizabeth. Pensou em sua irmã mais nova. Lydia era uma garota esperta, porém como a senhora Bennet não se preocupou em direcionar bem a filha, de nada lhe adiantou ser esperta, se não usava bem a sua inteligência.

— Eu quase não tenho tempo de sair com ela, lhe ensinar as coisas, apresentar-lhe novas pessoas. Então eu acredito que tendo você por perto, Maggie terá uma boa influência, para se tornar uma boa moça. O que eu quero, é que dê uma atenção especial a ela. Seja uma amiga para ela. Faça com que ela se aplique a leitura, aprenda um pouco de música... Essas coisas que são saudáveis para uma menina da idade dela aprender.

— Claro, tia! Ela já é esperta por natureza, e tem boa inclinação... Acredito que meu trabalho não será muito difícil. - Elizabeth respondeu e a tia sorriu satisfeita.

— Tenho certeza que sim. - Falou ela sorrindo para a sobrinha.

Enquanto ainda conversavam, Elizabeth viu através do reflexo na vitrine, uma das pessoas que ela menos queria ver. Caroline Bingley.

Morando em Londres, Elizabeth tinha plena consciência de que cedo ou tarde, inevitavelmente encontraria com os Bingley’s, porém não esperava que esse encontro ocorresse tão cedo. Por sorte, ela não foi vista pela jovem Caroline, que estava distraída, do outro lado da rua, conversando com sua irma, a senhora Hurst. A seguir juntaram-se as damas o senhor Hurst, senhor Bingley, e para a surpresa de Elizabeth, o senhor Darcy estava junto.

Elizabeth virou-se para ver os dois cavalheiros, e não demorou muito para que o senhor Bingley a notasse. Ele sorriu e acenou para ela, e chamou os outros para que juntos fossem até onde Elizabeth estava.

Atravessaram a rua, e era nítida a má vontade na expressão de Caroline Bingley e da senhora Hurst. Porém todos foram até a loja onde Elizabeth e a senhora Gardiner estavam.

— Senhorita Bennet, que grande prazer em vê-la! - Exclamou ele fazendo uma reverência para ela. - Está passeando aqui em Londres?

A jovem guardava uma certa mágoa do rapaz, devido ao fato de ele ter abandonado sua irmã, porém não quis ser indelicada.

— Não senhor... Cheguei ainda hoje, mas para morar!

— Verdade? Toda sua família está aqui? - Perguntou ele, com ávido interesse. Seu coração bateu mais forte só de pensar que Jane poderia estar em Londres, tão perto dele.

— Não... Apenas eu... - Respondeu. - Vou trabalhar como governanta na casa dos meus tios. A propósito, essa é minha tia, senhora Gardiner. - Apresentou ela. - Tia, esse é o senhor Bingley, senhorita Bingley, senhor e senhora Hurst e senhor Darcy, a senhora já conhece.

Todos, com exceção do senhor Darcy, estavam intrigados com aquela informação. Estranharam muito o fato de Elizabeth estar em Londres para trabalhar, pois desconheciam o fato da morte do senhor Bennet. Já o Senhor Darcy compreendeu na hora os motivos de Elizabeth ter começado a trabalhar. Com certeza foi a única saída que achou depois da morte do pai.

O cavalheiro sentia um misto de sentimentos ao observar Elizabeth. Ele permanecia calado, mas analisava com cuidado as expressões da moça.

Ela estava tão diferente!

Tinha uma feição cansada e triste. Os olhos dela não tinham mais o mesmo brilho de antes. Enquanto ela falava, Darcy percebeu que ela não era mais a mesma que ele conhecera em Longbourn. Onde estava a garota que ele conheceu? Onde estava a Elizabeth que era capaz de desafiá-lo apenas com um olhar? Onde estava a sua Elizabeth?

Repreendeu-se mentalmente por aquele pensamento possessivo. Elizabeth não era sua... Pelo menos não ainda.

— A senhorita nunca para de me surpreender, Eliza. - Caroline Bingley comentou. - Não esperava vê-la trabalhando. O bom é que agora terá seu próprio dinheiro. Quem sabe poderá fazer sua própria fortuna.

Elizabeth respirou fundo, não queria ser grosseira, pois percebeu o tom de escárnio contido naquela frase.

— Não creio que farei uma fortuna com meu trabalho, senhorita Bingley. - Elizabeth respondeu. - Mas com certeza poderei ajudar minha mãe e minhas irmãs, já que não temos mais o nosso pai.

— O que houve ao senhor Bennet? - Charles perguntou com curiosidade e espanto.

— Não souberam? - Elizabeth perguntou e recebeu uma negativa. - Meu pai faleceu a cerca de um mês. - Respondeu.

— Senhorita Elizabeth, sentimos muitíssimo! Não sabíamos de nada! - Senhor Bingley falou, verdadeiramente triste.

Elizabeth ficou surpresa por Darcy não ter contado nada a seus amigos, porém não se ateve muito nesse pensamento.

— Obrigado pela consideração senhor Bingley! - Falou ela.

Houve um período de silêncio e o senhor Darcy queria falar algo, mas não sabia o que dizer. Lamentavelmente ele não havia sido abençoado com o mesmo dom de Charles, de ser expansivo e dado a conversações. Então, antes que qualquer palavra saísse de sua boca, Elizabeth quebrou o silêncio.

— Bom, já está na hora de irmos, não é mesmo tia? - Perguntou ela para a senhora Gardiner, que compreendeu logo que a sobrinha não queria estar na companhia dos Bingley’s.

— Sim, de fato! - Respondeu ela. - Temos muitos afazeres a cumprir!

Ambas despediram-se do grupo e saíram, Charles e Fitzwilliam acompanharam as damas com olhar. Bingley preocupado com Jane e Darcy com Elizabeth.

— O Senhor não demonstrou nenhuma surpresa, quando ela falou sobre o pai. Sabia sobre o senhor Bennet? - Perguntou Charles para Darcy.

— Sim... Eu sabia. Estava em Rosings, quando a própria Elizabeth recebeu a notícia. - Confirmou ele e viu a decepção na expressão de seu amigo.

— Poderia ter me contado! - Falou ele.

— E o que o senhor faria? Iria a Longbourn prestar suas condolências depois de tudo o que ocorreu?

O senhor Bingley manteve silêncio. Darcy tinha, razão. Ele realmente não teria tido coragem de ir visitar Jane. Não depois de ter a certeza de que Jane não o amava, não depois de sua partida repentina.

O grupo ficou caminhou por mais um tempo, e depois foram para a casa de Charles.

Senhor Darcy não parava de pensar em Elizabeth um só momento. Recordava-se bem de sua promessa de visitar Longbourn, e realmente pretendia cumprir sua palavra. Porém assuntos de negócios o levaram até Londres, e não iria liberar-se tão cedo. Agora ele estava em Londres e Elizabeth estava em Londres. Era como se o destino estivesse conspirando ao seu favor. 

Assim que chegaram na casa dos Bingleys, Elizabeth passou a ser alvo de toda a sorte de comentários críticos vindos da parte de Caroline Bingley e de sua irmã, a senhora Hurst.

— Confesso que até senti pena dela. - A Senhora Hurst em um dado momento falou. - Lamentável que uma moça tão jovem tenha perdido o pai tão cedo, e ainda tenha de trabalhar para sustentar a família!

— Realmente lamentável! - Caroline Bingley concordou. - Mas por um lado, essa situação triste serviu para que Elizabeth diminuísse aquele ar petulante que ela tinha. Não achou?

— Nisso tenho de concordar! - A Senhora Hurst afirmou. - As vezes as pessoas precisam passar por situações assim para baixar um pouco a crista! A garota tinha um rei na barriga.

Sr. Darcy, permanecia calado diante daquelas afirmações das irmãs, mas não indiferente. Ele sempre soube que Caroline e a senhora Hurst não gostavam de Elizabeth, porém não esperava uma atitude tão baixa daquelas duas mulheres. O ímpeto que ele tinha era de dizer a elas o quanto estavam sendo indelicadas e cruéis, tripudiando no sofrimento de Elizabeth. Contudo, em respeito ao irmão das moças, o senhor Bingley, Darcy decidiu que era melhor permanecer calado e ignorar a atitude delas.

No entanto Caroline não estava satisfeita com o silêncio do Sr. Darcy. Ela queria que ele participasse da conversa, e pior, queria que ele concordasse com o que elas diziam sobre Elizabeth, então em uma tentativa desesperada por atenção, direcionou o assunto a ele.

— E como ela estava feia. Estava tão pálida! Deve trabalhar muito! Eu sempre ouvi que ela era considerada uma das joias do Herdforthshire, mas confesso que nunca a achei muito bonita... Agora então acho menos ainda. - Disse e Sr. Darcy levantou-se inquieto e foi até a janela. Caroline estava testando a paciência dele. - Receio Senhor Darcy, que as olheiras fundas nos olhos de Elizabeth, tenham afetado a admiração que o senhor sentia olhos dela, não é mesmo?

Quando Caroline disse isso, Darcy não pode mais se controlar. Aquela mulher havia passado dos limites. Ele respirou fundo, para controlar o tom da sua voz, mas resolveu falar o que pensava.

— Muito pelo contrário, senhorita Bingley. - Darcy falou olhando incisivamente para a irmã de Charles. - As olheiras nos olhos dela, ou mesmo a palidez dela, como a senhorita se refere, tornaram Elizabeth ainda mais digna de minha admiração. - Falou e respirou fundo antes de prosseguir, Caroline engoliu em seco. - São evidências do seu excelente caráter, e que ela está colocando as necessidades da sua família, na frente das dela. Isso a torna muito mais bela e digna de admiração, do que algumas mulheres que se preocupam com demais com a aparência, e esquecem completamente de aprimorar o seu caráter.

Caroline abaixou a cabeça, evidentemente constrangida pelas palavras do cavalheiro e não disse mais nada. Percebeu o quanto foi infeliz suas observações sobre Elizabeth. Falou o que queria, ouviu o que não queria.

Darcy ficou satisfeito em ter defendido Elizabeth das palavras maldosas de Caroline, mas não estava satisfeito o suficiente. Ele precisava fazer mais do que isso.

Saiu da sala de visitas e foi para o  seu quarto para repousar.

Embora as afirmações das mulheres sobre Elizabeth tivessem sido ofensivas e de cunho maldoso, ele não podia negar, que ele próprio achou Elizabeth diferente. Sua mente não parou de trabalhar um só momento, pensando em como poderia ajudar Elizabeth, e melhorar o ânimo dela.

Foi então que uma ideia lhe surgiu. Chamou um criado até seus aposentos.

— Por favor, quero que traga para mim, um tinteiro, penas e papéis de carta. - Pediu ele e o criado o atendeu depressa.

Assim que recebeu os objetos, senhor Darcy começou a escrever uma carta, torcendo para que sua ideia desse certo.


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Notas finais do capítulo

* Na história original, é citado que os Gardiner tem 4 filhos. A mais velha uma menina de oito anos, mas nada se diz sobre ela, Então Maggie será totalmente baseada na minha imaginação, e é uma pequena referencia a Maggie de The Walking Dead, minha série favorita :)

O que acharam?

O que acham que Mr Darcy vai fazer?



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