Uma Senhora Para Pemberley escrita por AustenGirl


Capítulo 6
Confusão de Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

E ai gente linda tudo bem com vcs?

Espero que sim.

Primeiramente desculpa pela demora, a inspiração demorou a aparecer, e eu fiquei naquele escreve e apaga infernal. Queria entregar um capitulo digno, e hoje consegui finalizar. Espero que gostem do resultado,
Obrigado pelos favoritos e comentários, são muito importantes para mim! ♥

Boa leitura e até mais.



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Paulatinamente o sol passou a iluminar o quarto de Elizabeth aquecendo o ambiente e a seguir a acordando. Ela estava com uma leve preguiça de levantar-se, mas a suprimiu, e em questão de segundos já estava em pé, trocando de roupa.

Fez sua higiene matinal, e não tardou a ir até a cozinha para providenciar que o desjejum fosse preparado.

Já fazia quase uma semana que ela havia chegado a Londres. Embora a tia houvesse pedido para ela dar atenção para Maggie, Elizabeth insistiu em fazer mais. Ela passou a levantar mais cedo, para ajudar a tia nos afazeres da casa. Ainda não estava acostumada com essa nova rotina, mas sabia que tudo era uma questão de tempo.

Aos poucos a casa foi ficando mais movimentada, principalmente quando os pequenos acordaram. No primeiro dia de Elizabeth, os menores pouco interagiam com ela, provavelmente por timidez, porém foi só se acostumarem mais com a presença da prima que a situação mudou. Richard e Frederick eram crianças agitadas, e requeriam quase toda a atenção da senhora Gardiner.

Cuidar de Margareth e de Beth era infinitamente mais fácil, já que ambas eram mais crescidas e desenvoltas, principalmente Margareth, e Elizabeth quase deu graças a Deus por ter de cuidar das meninas e não dos meninos.

Logo que a mesa foi posta, todos faziam o seu desjejum, em um clima alegre e descontraído.

— Jane já respondeu a sua carta? - Maggie perguntou para Elizabeth enquanto comia.

— Não... Eu escrevi no início da semana, então provavelmente a resposta dela está a caminho. - Respondeu Elizabeth e a menina contentou-se com a resposta e voltou a comer.

No seu segundo dia em Londres, Elizabeth cumpriu sua promessa em escrever para a irmã. Contou-lhe sobre como foi a viagem e como fora bem recebida pela família, porém achou melhor omitir de Jane o pequeno encontro que teve com os Bingleys e com Darcy.

Cinco dias já haviam se passado desde que os encontrara, mas a moça ainda pensava muito naquele encontro. Lembrava das reações do senhor Bingley, e de como ele ficou alegre ao pensar que Jane pudesse estar em Londres, e pareceu preocupado quando soube do falecimento do senhor Bennet. Aquele cavalheiro dava todos os indícios de que era apaixonado pela sua irmã, mas por que havia desistido dela?

A resposta mais óbvia e plausível era que as irmãs o tinham persuadido a partir. No entanto, se ele se deixava influenciar com tanta facilidade, talvez não fosse merecedor de sua irmã, pensou ela.

Outro cavalheiro que passava pelos pensamentos dela, era o senhor Darcy. Ela não o conseguia compreender.

Quando ele esteve em Longbourn, mostrou-se muito acessível e cuidadoso para com ela, e agora ao encontrá-la em Londres, estando em companhia dos Bingleys, parecia que tinha voltado a postura orgulhosa de sempre. Mal trocara com ela meia dúzia de palavras. As atitudes dele a deixavam extremamente confusa.

Elizabeth estava terminando de tomar o seu café, quando Maggie e Beth aproximaram-se dela.

— Lizzy, poderíamos fazer algo diferente esta tarde, não acha? Eu queria tanto sair! - Margareth falou quase suplicando, e cutucou sua irmã por baixo da mesa, para a menor apoiá-la.

— É... Eu também quero... - Disse Beth e Elizabeth não pode deixar de rir.

— Meninas, sabem muito bem que na nossa rotina, só incluímos passeios nas sextas e nos finais de semana. - Elizabeth respondeu com firmeza. - Hoje é o dia da música.

Ambas suspiraram e aceitaram resignadamente, pois Maggie sabia que não adiantaria insistir mais. A senhora Gardiner deu um sorriso satisfeito para Elizabeth, pois ela estava se mostrando muito firme com as garotas, mostrando que antes vem os deveres, depois as diversões.

Depois dos afazeres da manhã e do almoço, logo começaram a praticar as aulas de música.

Lizzy não era a pessoa mais entendida do ramo musical e reconhecia que isso era culpa dela própria, pois nunca se interessou em treinar, porém, agora que deveria ensinar Margareth, ela decidiu praticar mais, e também aprender mais sobre os grandes musicistas. Mozzart, Chopin, Beethoven.

Abriram o piano e Margareth já arriscava as primeiras notas. O desempenho dela era bom, pois a garota era inteligente, mas ainda era bem deficiente, então precisava de bastante treinamento.

— Que tal um dueto? - Propôs Elizabeth. - Margareth tocará, e você cantará. - Falou para Beth.

— Pode ser! - As duas meninas responderam animada. - Posso escolher a música? - Maggie perguntou e Elizabeth concordou, então a menina logo escolheu uma entre as partituras.

Enquanto as crianças tocavam e cantavam animadamente, uma criada entrou na sala, solicitando falar com Elizabeth.

— Há um cavalheiro na entrada. Apresentou-se como Fitzwilliam Darcy, quer falar com a senhorita. Devo deixá-lo entrar? - Perguntou a Senhora, e Elizabeth hesitou por um instante.

Uma visita do Senhor Darcy, era algo que ela definitivamente não esperava.

— Claro, deixe-o entrar. - Confirmou ela, e voltou-se para as meninas que estavam distraídas com o piano. - Maggie, Beth, vou ter de receber uma visita, podem continuar tocando, mas quero que me esperem aqui, está bem?

As garotas concordaram e continuaram a tocar.

O senhor Darcy foi convidado pela criada a entrar, e assim o fez. De onde estava era possível ouvir a música mais ao longe. Percebia-se que quem tocava era inexperiente, mas logo deu-se conta de que tanto quem tocava como quem cantava, eram crianças.

Ele se encontrava na sala de visitas, carregava em suas mãos um livro e sua ansiedade para ver Elizabeth era quase palpável.

Aproveitou que ainda estava sozinho, e passou analisar o ambiente. A casa dos Gardiner era simples, mas se via que tinham muito bom gosto. Ele estava distraído, olhando pela janela da sala, que nem percebeu quando Elizabeth finalmente entrou na sala.

— Boa tarde, Senhor Darcy! - Ouviu a voz dela o cumprimentando e prontamente virou-se para vê-la. - Que surpresa!

Darcy fez uma breve análise da moça quando a viu. Estava mais corada e não haviam mais olheiras em seus olhos. A sua expressão era leve e ela sorria amigavelmente.

— Senhorita Bennet... - Respondeu ele depois de alguns segundos. - É um prazer revê-la.

— Por favor, queira sentar-se. - Falou ela apontando para o sofá. Assim que ele o fez, ela também sentou-se em uma das poltronas que ficavam de frente para ele.

— Como encontrou o nosso endereço?

— Me lembro de Jane ter comentado que seus tios moravam em Gracechurch Street, e seu tio Edward é um advogado bem conhecido na redondeza, então não foi difícil encontrar. - Respondeu ele. - Espero não atrapalhar.

— Claro que não. É uma honra recebê-lo. - Disse ela sorrindo, e em um tom muito amigável.

— E como tem passado?

— Muito bem! - Respondeu ela. - É uma rotina muito diferente da que eu tinha em Longbourn... Mas estou muito feliz aqui.

— Que bom. Deve sentir saudades de casa. - Falou ele, a olhando verdadeiramente interessado na resposta.

Ela pensou um pouco. Ela sentia falta do que Longbourn era antes da morte do seu pai. Depois do falecimento do senhor Bennet, o ambiente na sua casa tornou-se  pesado e desgastante demais para que ela sentisse saudades. Porém não entraria em detalhes com o senhor Darcy.

— Sim. - Respondeu ela. - Sinto saudades de muitos aspectos, mas minha mudança foi o melhor para todas nós.

Ele concordou com ela e então passaram a conversar sobre outras amenidades, em um teté a teté amigável. Continuaram assim até que Elizabeth ouviu risinhos abafados, vindo da sala onde havia deixado as meninas. Ao olhar para a porta, identificou a fonte dos risos.

Maggie e Beth espremiam-se próximas ao umbral da porta, espiando Elizabeth e Darcy. Cochichavam entre si, especulando se aquele seria algum namorado da sua prima, e que ele até que era um homem bonito. No entanto, pararam logo de rir pois ao serem vistas por Elizabeth, esconderam-se rapidamente, temendo uma reprimenda por estarem espionando as conversas dos adultos.

— Senhor Darcy, pode me dar licença um minuto? - Falou ela, e ele assentiu. - Eu já volto.

Chegou até as sobrinhas, e controlou-se para não rir da expressão das duas ao serem pegas no flagra. Era muita falta de educação o fato de as duas estarem espionando, mas ela própria se lembrava de sua infância, e de como era curiosa, então achou melhor não repreendê-las naquele momento.

— Meninas, venham comigo, não querem conhecer o nosso visitante? - Convidou ela, e as duas embora ficaram surpresas com o convite, prontamente o aceitaram.

Entraram na sala e o Senhor Darcy viu Elizabeth chegando agora acompanhada das duas crianças.

— Senhor Darcy, permita-me apresentar minhas primas. Margareth e Beth. - Falou e as meninas fizeram uma tímida reverência.

— É um prazer conhecê-las. - Falou ele. - Então são vocês que estão sob os cuidados da senhorita Bennet? - Perguntou olhando para as meninas que acenaram positivamente.

— Então o senhor que é o F. D.? - Margareth perguntou o examinando curiosamente, como se fosse uma pequena detetive.

— Sim. São minhas iniciais. - Respondeu ele ficou e momentaneamente confuso.

Elizabeth achou que morreria de vergonha, mas para não se delongarem naquele assunto e para evitar que Maggie acabasse revelando sobre o lenço, ela mudou o foco da conversa.

— Hoje nós estávamos treinando um pouco de música. - Falou ela atraindo a atenção do senhor Darcy. 

— Pude ouvi-las tocando quando cheguei. - Disse ele. - Estão se saindo muito. Também estão sendo acompanhadas por uma excelente tutora! - Darcy elogiou direcionando-se as meninas e Elizabeth quase corou.

— Quanto a esse elogio, não cabe a mim concordar ou discordar. Mas posso afirmar que estou seguindo o conselho de sua tia Lady Catherine e tenho praticado bastante! - Falou ela com um certo divertimento e ironia, que Darcy apreciou.

— Isso é excelente. - Concordou ele. - Com certeza formará duas meninas muito prendadas.

— Claro, com certeza. - Disse ela. - Dentro em breve o senhor poderá afirmar que conhece oito garotas prendadas e não apenas seis.

Quando ela disse isso, ele não pode evitar sorrir. Era evidente que aquilo era uma provocação. Uma clara referência a conversa que tiveram em Netherfield, a respeito do que significava ser uma mulher prendada. Porém ao contrário de sentir-se provocado, ele se sentiu aliviado, por ver que ela estava voltando a ser a Elizabeth de antes.

— E não se esqueça de incentivá-las a extensiva leitura. - Complementou ele com um sorriso de canto, e Elizabeth riu, ao perceber que ele se lembrava da conversa em Netherfield tão bem quanto ela.

— A propósito... - Continuou ele. - Eu trouxe esse livro para a senhorita.

Ele alcançou a ela o objeto, e ela ficou claramente surpresa com o presente.

— Oh senhor Darcy. Não precisava se incomodar. - Falou ela um tanto constrangida.

Quando ela pegou o livro que ele estendia, suas mãos se tocaram brevemente. Ela sentiu sua face esquentar, e torcia para não estar corada. Quanto a ele, quando sentiu a mão de Elizabeth sobre a sua foi como se uma inexplicável força percorresse todo o seu corpo. Se aquele toque aparentemente insignificante provocava tudo aquilo, o que um beijo dela seria capaz de fazer? Imediatamente afastou aquele pensamento inapropriado e retirou sua mão, deixando o livro com Elizabeth.

Nada daquilo passou despercebido aos olhares atentos e analíticos de Maggie, que não sabia se ficava feliz ou triste por haver um cavalheiro apaixonado por sua prima.

— Não foi incomodo. - Ele disse depois de um tempo recuperando-se do rubor que aquele contato com Elizabeth havia lhe causado. - Lembro que a senhorita comentou que gostava dos livros da Senhora Radcliffe. Achei que gostaria de ler esse lançamento.  - Explicou ele dando de ombros.

— Udolpho! - Ela leu o título. - Ouvi dizer que é muito bom.

— Eu confesso que não o li... Mas minha irmã leu e gostou muito. Então espero sinceramente que aprecie essa leitura.

— Tenho certeza que apreciarei. O lerei assim que puder! - Ela disse e colocou o livro sobre a mesinha de centro.

— Mas e então... O que está achando de Londres? - Perguntou ele, antes de ficarem sem assunto.

— Bom eu já conhecia a cidade. - Respondeu ela. - Sempre que possível Jane e eu visitávamos nossos tios. Sempre gostei de Londres, mas a sensação é diferente quando se chega para ficar.

— Claro, eu compreendo. - Disse ele. - E a senhorita já foi ao teatro ou a ópera?

— Não... Ainda não me sobrou tempo. - Respondeu ela.

— Senhorita Bennet... Eu tenho ingressos do teatro, para a próxima quinta-feira. - Começou ele. - A família Bingley, bem como minha irmã irão. Gostaria de nos acompanhar?

— Ela não pode! - Maggie apressou-se em responder. - Nós só passeamos nas sextas e nos finais de semana. - Explicou citando as palavras que a própria Elizabeth lhe dissera no início da manhã.

Elizabeth olhou espantada com o atrevimento da menina. Não ficou zangada pelo que ela disse, mas era muito indecoroso uma criança intrometer-se na conversa dos adultos. O que o senhor Darcy pensaria? Com certeza estava achando Elizabeth uma péssima governanta.

— Maggie, Beth... O que acham de voltarem a tocar? - Sugeriu ela, olhando incisivamente para as duas, indicando que não era apenas uma sugestão, era uma ordem.

As meninas mais do que depressa atenderam a “sugestão” e se dirigiram a outra sala.

— Ah senhor Darcy... Me desculpe por isso! - Falou ela olhando para Darcy, que ao contrário de sentir-se ofendido, achou até graça da sinceridade da pequena. - Maggie é muito espontânea. Sempre fala o que pensa.

— Não precisa se desculpar. Isso é sinal de muita esperteza. - Comentou ele. - Se parece muito com uma certa senhorita que eu conheço. - Falou olhando nos olhos de Elizabeth, que por alguns milissegundos ficou desconcertada. - Mas e então, o que me diz sobre o teatro?

— Eu adoraria sair um pouco , mas não sei se será possível. - Disse ela. - Agora tenho o dever de ficar com as crianças, e não sei se poderei sair.

— Compreendo. - Murmurou ele com um certo desapontamento. - Mas então converse com seus tios. Independente de qual for a resposta, mande um bilhete para mim. Vou deixar o endereço do meu escritório.

Ele deixou um cartão com o endereço, de uma rua no centro da cidade.

— Tudo bem. Darei uma resposta. - Disse ela pegando o cartão das mãos dele.

— Aguardarei! - Falou ele. - Senhorita, agora eu preciso ir. Tenho mais alguns assuntos a resolver. - Ele disse já pondo-se de pé.

— Tudo bem. - Disse ela. - Muito obrigado pela visita e pelo presente. - Disse ela apontando para o livro sobre a mesa.

O homem fez uma pequena reverência e foi até a porta.

— Até mais ver, Senhorita Bennet!

— Lizzy. - Falou ela sorrindo. - Já disse que pode me chamar de Lizzy.

Ele deu um pequeno sorriso e ambos se despediram amigavelmente.

Assim que ele passou pela porta e Elizabeth a fechou, ela escorou suas costas na mesma e sentia seu coração batendo forte. Parecia que quanto mais ela conhecia o senhor Darcy, menos ela o entendia. Aquela visita repentina, o presente, o convite... Tudo isso a deixou confusa, e pela primeira vez ela pensou que talvez Charlotte estivesse certa, quando uma vez supôs que o senhor Darcy estava apaixonado por ela.

(...) 

Assim que teve oportunidade de conversar a sós com Maggie, Elizabeth a repreendeu por seu comportamento inadequado. A garotinha estava visivelmente arrependida de sua atitude impulsiva, pediu desculpas e prometeu não fazer mais aquilo.

Quando anoiteceu e Elizabeth ficou sozinha em seu quarto, ela sentou-se próximo a janela e ascendeu um pequeno lampião para ler o livro que o senhor Darcy lhe deu .

Correu os olhos pela primeira página, mas não conseguiu se concentrar em nada do que estava escrito. Ela só conseguia pensar na tarde que tivera, e principalmente na visita do Senhor Darcy. No entanto, parecia que quanto mais ela pensava, mais confusa ela ficava.

Suspirou frustrada e fechou a capa do livro, segurando-o em suas mãos. Em sua mente ela reproduzia o instante em que suas mãos se tocaram quando ela pegou o livro. Podia sentir a mesma tensão novamente, só por lembrar do ocorrido.

Nesse momento ela ouviu leves batidas na sua porta ela pediu que a pessoa entrasse e era sua tia.

— E então, como passaram o dia? - Perguntou a Senhora Gardiner, sentando-se na cama de Elizabeth.

— Muito bem. Fizemos aulas de música. As meninas estão aprendendo muito. - Disse ela. - Também tivemos uma visita.

— Sim... Maggie me contou. Ela está até agora impressionada com o senhor Darcy. - Falou a senhora e Elizabeth sorriu. - E então, acha que agora ele está fazendo um ritual de purificação?

— Como disse? - Elizabeth perguntou confusa.

— Recordo que certa vez você disse, que se o senhor Darcy passasse por Gracechurch Street, ele ficaria dias purificando-se das impurezas da nossa rua. - Elizabeth riu e lembrou-se dessa conversa que teve com a tia.

— A um certo tempo, eu não penso mais isso sobre ele. - Falou ela. - Receio ter me apressado em julgar o caráter dele. 

— Compreendo. - Falou a senhora Gardiner. - E quanto ao que o senhor Wickham lhe contou, acha que ele mentiu?

— Não... Quero dizer, eu acho que ele guarda uma mágoa muito grande do senhor Darcy, mas não tenho certeza da veracidade de todos os fatos que ele relatou. - Disse ela. - Toda a história tem dois lados e eu não tenho motivos para pensar mal do senhor Wickham, mas também não tenho motivos para pensar bem. Não tenho nada a lhe recomendar, a não ser suas boas maneiras. Já o senhor Darcy, fez muito por mim, quando meu pai morreu. Devido a isso, decidi não tomar partido nesse problema que houve entre eles.

— Elizabeth, tenho de lhe dar os parabéns. - Disse a senhora Gardiner. - Vejo o quanto amadureceu nesse aspecto. Mas agora me diga. Por que acha que o senhor Darcy veio lhe visitar?

— Tia... Eu gostaria tanto de ter essa resposta! - Falou Elizabeth e soltou um pequeno suspiro. - Dentre os seres mais complicados que Deus criou, acho que o senhor Darcy está no topo da lista! - Falou ela e a senhora Gardiner riu.

— Por que diz isso?

— Ele me deixa confusa! - Admitiu a moça. - Eu sempre achei que ele me detestasse. Me lembro com detalhes das palavras dele, dizendo que eu era apenas tolerável, e não era bela o suficiente para tentá-lo... E agora ele me trata com tanta cortesia. Me trouxe até um livro...

— Talvez a opinião dele tenha mudado. - Falou a senhora, e Elizabeth franziu as sobrancelhas. - Você também mudou sua opinião a respeito dele, não é mesmo?

— Sim, minha opinião sobre ele hoje, é muito melhor do que a que eu tinha a dois meses atrás. - Afirmou ela.

— Se a sua opinião mudou... A dele também, certamente deve ter mudado. Já pensou na hipótese de ele estar apaixonado por você?

Elizabeth corou, mas acenou a cabeça positivamente, naquela tarde essa possibilidade havia passado pela primeira vez na sua mente.

— E você acha que pode corresponder aos sentimentos dele? - Perguntou a experiente senhora, avaliando cada expressão da sobrinha.

— Eu não sei, tia. - Falou ela e levantou-se da cama passou a andar nervosamente pelo quarto. - Essa possibilidade me assusta, acho que não sei lidar com ela. - Confessou ela. 

— Margareth contou-me que ele lhe convidou para ir ao teatro. Acho que deveria aceitar o convite.

— Acha mesmo?

— Será uma boa oportunidade de você avaliar melhor as atitudes e os sentimentos dele. - Disse a senhora. - Você sempre foi muito boa em analisar as pessoas. Conforme as atitudes dele, você poderá estabelecer um padrão para as suas próprias atitudes.

— Mas e quanto ao meu serviço?

— Não se preocupe com isso. Nada vai acontecer se você ficar algumas horas fora. - A senhora Gardiner falou dando de ombros.

A moça concordou com a cabeça, mas ainda tinha uma expressão de dúvida. A senhora Gardiner sorriu e deu um beijo carinhoso na testa de Elizabeth.

— Não fique excessivamente preocupada com isso. - Disse ela acariciando o rosto da moça. - Tente descansar, e logo tudo se resolve. Já ouviu falar que conforme o andar da carroça as melancias se ajeitam? - Falou e Elizabeth riu. - Vou deixar você sozinha. Descanse e tenha uma boa noite.

Assim que a senhora Gardiner saiu, ela escreveu o bilhete, que deveria ser remetido pela manhã, confirmando que aceitaria o convite do senhor Darcy.

Ela ainda não sentia sono, pois sua mente estava muito agitada. Apoiou o cotovelo na escrivaninha, e escorou o rosto sobre a mão e queria muito seguir o conselho da sua tia e não se preocupar tanto, mas não era como se ela tivesse escolha. A verdade era que o senhor Darcy ocupava seus pensamentos, muito mais do que ela desejava.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Sobre a carta que o senhor Darcy escreveu no capítulo passado, ela não era para Elizabeth. Em breve saberemos para quem foi. Porém, podem dar seus palpites.



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