Uma Senhora Para Pemberley escrita por AustenGirl


Capítulo 26
Um Dia Para Recomeçar


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde gente! Cheguei!

Gostaria de ter postado na sexta, como prometido, mas meu computador deu problema.
Ainda bem que não era nada sério, e agora ele voltou! kkk

O capítulo de hoje será bem mais leve que os anteriores e como já tem spoiler no titulo e banner, já teremos um reencontro!

Sem mais delongas, desejo uma boa leitura! ♥



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Não demorou muito para que a novidade sobre o término do noivado de Elizabeth se espalhasse pelo condado. 

Pelos próximos dois dias que se sucederam a sua chegada em Hertfordshire, Elizabeth foi o assunto nas rodas de chá e não podia sair na rua sem que as pessoas olhassem para ela com uma certa desconfiança. Embora ninguém soubesse o motivo do fim do noivado, hipóteses não faltavam.

A senhora Bennet, embora já trocasse algumas palavras com a filha, ainda demonstrava um pouco de mágoa. Mas Elizabeth procurava entender o lado de sua mãe e sabia que o abatimento dela seria temporário. Logo a senhora Bennet acharia algo novo para se preocupar, e esqueceria do fim do noivado, pelo menos por algum tempo. 

Isso não tardou a acontecer, e logo a notícia sobre chegada de um certo morador do condado fez com que Elizabeth fosse deixada de lado, tanto por sua mãe como pelos seus vizinhos.

Ela voltava da feira com Jane e a senhora Bennet, quando sua tia, a senhora Philips, aproximou-se delas. 

— Minha querida cunhada! — Exclamou a a senhora Philips empolgada. — Já soube da novidade? 

A senhora Bennet respondeu que não.

— Acho que vai gostar muito. O senhor Bingley está voltando amanhã para Netherfield! — Falou a outra. — Mas parece que desta vez não trará ninguém com ele. 

A senhora Bennet olhou para as filhas, mas lançou um olhar mais incisivo para Jane. As duas irmãs se olharam e ambas ficaram ansiosas com aquela novidade, porém por motivos diferentes. 

Jane não sabia se queria ver o senhor Bingley novamente depois das coisas que haviam ocorrido. Já Elizabeth, que agora sabia a verdade sobre os sentimentos do cavalheiro pela sua irmã, se permitiu ter esperanças em relação aquela chegada repentina do senhor Bingley ao condado. Talvez finalmente as coisas se acertassem para Jane e Charles.

— Por que deveríamos gostar dessa novidade? Eu não faço ideia! — A senhora Bennet fingiu desinteresse. — Mas é certo que ele virá mesmo? — Perguntou e recebeu uma confirmação.

— Eu soube que os criados estão preparando a casa e comida, pois receberam uma carta do próprio senhor Bingley, avisando sua chegada.  

A senhora Bennet e a senhora Philips conversaram sobre mais alguns assuntos e depois de se despedirem, as três seguiram seu caminho de volta para casa e volta e meia Elizabeth olhava para o rosto de sua irmã, procurando identificar o que Jane estava pensando.

— Lizzy, pare de olhar-me dessa maneira. — Jane falou em um certo momento, quando a senhora Bennet estava mais afastada. — Certamente fiquei afetada com essa notícia que nossa tia acabou de nos contar, mas não é pelo motivo que está pensando, e sim por que sabia que iriam me olhar assim. Não sinto alegria, nem qualquer outro sentimento com essa novidade. Até fiquei aliviada em saber que o senhor Bingley não está acompanhando, assim não nos veremos tanto. Não que eu tenha medo de mim mesma, mas tenho horror às observações dos outros. 

Elizabeth não soube o que dizer. Embora tivesse todos os motivos para estar otimista com relação a visita do senhor Bingley, ela teve receio de compartilhar com sua irmã seus pensamentos.

Se ele por ventura não renovasse seus sentimentos para com sua irmã, seria ruim se Jane cultivasse esperança em relação. Era melhor deixar que as coisas seguissem seu curso natural. 

Apesar do que Jane dissera sobre os seus sentimentos, Elizabeth percebeu o quanto sua irmã ficou afetada. Jane estava tão perturbada e agitada, assim como estivera nas vésperas do baile em Pemberley.

Agora o assunto que,à um ano atrás, fora tão calorosamente discutido entre a família Bennet, voltou a apresentar-se com força total.

— O que faremos agora? Não temos mais o senhor Bennet, então quem irá visitá-lo? — Questionou a senhora Bennet preocupada. 

— Ora mamãe, se o senhor Bingley quiser a nossa companhia, ele que nos visite. — Respondeu Elizabeth dando de ombros. — Ele já sabe onde moramos.

— Mas é uma abominável grosseria. Todos os cavalheiros da região vão visitá-lo. — Reclamou a senhora Bennet. — Nós ficaremos para trás!

— Quem sabe eu possa vestir-me de homem e o visite. — Brincou Elizabeth. — Direi que sou um primo que veio do norte. O senhor Bingley é um homem fácil de se persuadir, certamente acreditará. 

— Ora, mas que insanidade! — Exclamou a senhora Bennet e Kitty e Lydia riram. — Mas, se não podemos visitá-lo, então creio que devo convidá-lo para um jantar. 

Elizabeth​ não concordou nem discordou. Não queria interferir em um assunto que não competia a ela.

— Acha que ele veio para fazer algum pedido? — Prosseguiu a senhora Bennet.

— Creio que não deveríamos alimentar esperanças em relação a isso. — Respondeu Elizabeth. — Obviamente esta é uma hipótese, mas é bom lembrar que ele tem direito a visitar a casa que arrendou, sem despertar tanta comoção ou curiosidade .

A senhora Bennet deu de ombros, não muito contente com a resposta. Quase que imediatamente Jane entrou na sala onde a mãe e as irmãs estavam e pôde ouvir as últimas coisas que foram ditas. 

Todas ficaram em silêncio com a chegada dela e começaram a se dispersar, pois não se sentiam a vontade para falar sobre aquilo na presença de Jane. A única a ficar na sala foi Elizabeth.

— Estavam falando sobre ele novamente, não é mesmo? — Perguntou Jane.

— Você ouviu? 

— Eu nem precisaria ouvir. Apenas a expressão que fizeram quando entrei na sala as entregou. — Respondeu Jane dando de ombros. — Mas admito que ouvi a última parte da conversa.

Elizabeth preocupou-se. A última a falar havia sido ela e ela disse para que não alimentassem esperanças em relação a visita do senhor Bingley. Ela falou isso apenas para que sua mãe parasse de tentar influenciar nos acontecimentos e não esperava​ que Jane ouvisse. Talvez ela interpretasse suas palavras de maneira equivocada.

— Minha irmã... Eu não quis dizer que... — Elizabeth começou a explicar mas foi interrompida.

— Não se preocupe Lizzy. Eu sei o que quis dizer e eu compreendo. — Jane falou e deu uma curta pausa. — Nestes momentos eu quase preferia que ele não tivesse vindo. Continuo indiferente, mas não suporto mais ouvir falar do assunto. Será um alívio quando o senhor Bingley voltar para Londres. 

— Desculpe-me por isso. 

— Sei que não é culpa sua, nem das meninas. É mesmo difícil controlar os arroubos de nossa mãe. — Jane respondeu e as duas mudaram de assunto procurando se concentrar em outras coisas. 

No dia seguinte o senhor Bingley chegou ao condado.

A senhora Bennet fez o possível e o impossível para saber de todas as notícias em primeira mão. Sua ansiedade não cabia no peito e ela já planejava quando convidaria Charles para um jantar. A senhora Bennet não esperava vê-lo antes disso, então levou uma grande surpresa quando, pela janela do seu quarto, viu o senhor Bingley atravessar o portão de Longbourn em direção a casa.

Com alegria ela repassou a novidade para as suas filhas e seu único lamento era que Jane não estivesse em casa para que eles se encontrassem.

Ainda assim o senhor Bingley foi muito bem recebido por todas elas. Inclusive Elizabeth, que agora que sabia toda a verdade, não tinha mais mais nenhuma mágoa pelo rapaz. 

Ela observou o comportamento dele e Charles continuava o mesmo homem animado e agradável que ela conheceu quando ele chegou no condado pela primeira vez. Notou que ele estava ansioso e hora ou outra olhava para a porta, esperando que Jane passasse por ela, mas isso não aconteceu. 

Depois de tomar um chá com as mulheres e conversar por alguns minutos, Charles decidiu ir embora. 

Enquanto isso, Jane ainda estava na casa da senhora Allen e já era tardinha quando ela foi liberada para voltar para casa. Ela estava cansada e percorria a passos rápidos pelo trajeto que ela estava bem-acostumada. 

Faltavam alguns metros para que ela chegasse em casa, quando notou que havia um cavalo amarrado próximo ao portão de Longbourn. Quando se aproximou um pouco mais, viu ninguém menos que o senhor Bingley saindo de sua casa. 

Seu coração bateu forte e ela ficou sem reação por alguns segundos. Seu primeiro pensamento foi esconder-se atrás de alguma árvore para não ser vista por Charles, porém antes que ela fizesse isso, ele a viu.

Sem demora ele caminhou rapidamente até ela, enquanto Jane permanecia parada no mesmo lugar. 

— Senhorita Bennet! — Falou ele sorrindo e fazendo uma pequena reverência. —Eu estava ansioso para vê-la. 

Jane também fez uma reverência, de acordo com a etiqueta, mas estava tão nervosa que não conseguiu dizer nada.

— Há muitas coisas que eu preciso lhe dizer... — Revelou ele. — Será que eu poderia entrar novamente, para conversarmos melhor?  

— Senhora Bingley... Se é sobre o que aconteceu no baile... Não se preocupe. Está tudo bem. — Falou ela e ele negou com a cabeça. 

— Não é apenas sobre isso. — Charles falou olhando nos olhos dela, mas ela parecia relutante em conversar com ele. — Por favor, Jane. — Suplicou ele.

O coração dela batia forte e embora sentisse um certo receio, acabou concordando com o pedido dele. 

— Há um jardim, nos fundos da casa. Será melhor conversarmos lá. — Falou Jane. Preferia que sua mãe e irmãs não os vissem juntos, já que ela não sabia qual seria o resultado daquela conversa.

Ambos foram até o jardim e ao notar que estava realmente sozinha com ele, Jane o olhou e incentivou-o a falar o que queria. 

— Primeiro, eu preciso pedir-lhe perdão por minha atitude grosseira no baile. Não sou dado a tais arroubos, e realmente me envergonho de minha atitude. — Falou ele e Jane assentiu. 

— A segunda razão, pela qual quero seu perdão, é por ter ferido o seu coração. — Disse ele e sua voz transparecia toda sua emoção. — Eu parti de Netherfield com a certeza de que tinha o seu amor. Eu a pediria em casamento ao voltar, mas ao chegar em Londres convenceram-me de que a senhorita era indiferente a mim. 

— Como pôde pensar isso se eu fui até Londres na esperança de vê-lo? — Perguntou Jane. — Se eu fosse indiferente ao senhor eu teria permanecido no conforto de minha casa. 

— Eu não sabia que você estava em Londres. Se eu soubesse, certamente tudo teria sido diferente! 

Jane não conhecia aquela informação, pois quando esteve em Londres, Caroline Bingley disse que Charles sabia que ela estava na cidade, mas estava ocupado demais para vê-la. Era óbvio que as irmãs de Charles não a queriam como cunhada e certamente, ambas haviam mentido para ela e também persuadido seu irmão a crer que ela não o amava. 

— Eu sempre a amei. — Continuou Charles. — Todos os dias que passei acreditando em seu desprezo foram um verdadeiro tormento. Por isso estou aqui, de corpo e alma, para entregar-lhe meu coração e pedir para que jamais nos separemos novamente. Quer se casar comigo, Jane Bennet? 

Jane sentia as lágrimas molharem seus olhos. Ela estava emocionada e comovida com aquela declaração. Muitas coisas agora faziam sentido e ela sentiu um alívio imenso em saber que sempre foi correspondida por ele.

Contudo, por mais que ela o amasse, ela ainda tinha seus medos e suas dúvidas.

— Charles, eu também o amo. — Disse ela e o senhor Bingley sorriu. — Mas, não posso aceitar o seu pedido de casamento. 

— Por que não? — Perguntou ele em um tom surpreso. Afinal, aquela resposta não fazia sentido, já que ela havia acabado de dizer que o amava também. 

— Entendo que a culpa não foi inteiramente sua, mas a minha vida não parou quando o senhor​ foi embora. Muita coisa mudou e eu não sou mais a mesma Jane que o senhor conheceu há um ano atrás. — Explicou ela. — Meu pai faleceu, e isso me trouxe responsabilidades. Minha família precisa de mim e eu não posso deixá-las por alguém que até agora se mostrou vacilante. Não posso trocar o certo pelo duvidoso. 

Charles ficou em silêncio e tentava compreender aquela resposta. 

Embora o senhor Darcy e suas irmãs tivessem sua parcela de responsabilidade sobre o que havia acontecido entre ele e Jane, a culpa não era apenas deles. Nada teria acontecido se o senhor Bingley fosse um pouco mais confiante e não tivesse se deixado persuadir pelas opiniões dos outros.

— Eu compreendo sua insegurança. — Disse ele. — Eu realmente fui tolo e fraco, mas meu amor nunca foi vacilante. E se eu aprendi algo com tudo isso, foi a ser mais persistente. Eu a amo, e agora que sei que sou correspondido, não desistirei de nós.

— Então o que o senhor pretende? 

— Podemos recomeçar​! — Disse ele e então ajoelhou-se diante dela. — Por favor, dê-me a oportunidade de conhecer a nova Jane. Tenho certeza que me apaixonarei por ela, tanto quanto sou apaixonado pela antiga. Dê-me a oportunidade de provar o meu amor e que sou merecedor de sua afeição e confiança.

Naquele instante Jane já estava chorando. 

As pessoas tantas vezes perdem a possibilidade de felicidade, por se preparar muito para recebê-la ou simplesmente por medo.

A felicidade estava diante dela, então, por que não agarrá-la toda de uma vez? 

Jane havia esperado tanto por aquele momento, então por mais que tivesse seus receios, resolveu dizer que sim para a proposta do senhor Bingley.

— Sim... Eu aceito... — Disse ela com a voz embargada. 

O senhor Bingley também chorava e sorriu de alegria com a resposta dela. 

— Prometo que não a deixarei nunca mais. — Falou ele e lentamente se pôs de pé, ficando frente a frente com sua amada. 

Ambos estavam em silêncio e o senhor Bingley tomou as mãos de Jane entre as suas, beijando-as a seguir. 

Jane corou, pois não estava acostumada com aquela proximidade. Vagarosamente ele se aproximou dela e a jovem podia sentir a respiração dele próxima do seu rosto. Suas pernas ficaram bambas quando os lábios do senhor Bingley tocaram os seus.

Era uma sensação maravilhosa, quase mágica. Tantas vezes ela imaginou como seria seu primeiro beijo, e agora podia constatar que a realidade era muito melhor que a imaginação. Porém ela logo o afastou, pois seria um escândalo se alguém os visse.

— Está ficando tarde. — Disse ela um pouco ofegante. — Creio que o senhor deveria ir. 

— Sim. — Disse dando alguns passos para trás. — Eu irei. Mas volto amanhã.

Os dois se despediram sem mais delongas e Jane o acompanhou até a saída. Ela ficou no portão e quando a imagem dele sumiu no horizonte ela se permitiu sorrir. Um sorriso de alívio, alegria e realização. 

E este foi o fim de todos os cuidados e precauções de um amigo e das mentiras ardis de irmãs. Não poderia haver um final mais feliz, justo ou razoável. 


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam?

Finalmente Jane e Bingley se acertaram :) O que acharam da atitude da Jane?

Não tenho data para postar o próximo capitulo, mas deixo um pequeno spoiler: Alguém visitará Elizabeth e terão uma conversa que a fará repensar suas atitudes. Teorias?

Aguardo os comentários! :)



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